A “culpa” do jornalismo

[Miguel Carvalho*]
Ah, e tal, o jornalismo é o principal culpado do resultado de André Ventura. Sempre a dar-lhe voz, a fazer pé de microfone, a execrá-lo ou a pensar no próximo bitaite incendiário que virá dali, pois sempre virá alguma coisa.
Bem, sou capaz de concordar que Ventura e o Chega têm tempo de palha em demasia. Digo tempo de palha porque uma boa parte da antena está sempre a salivar com zaragata.
Mas o que sugerem: que o jornalismo se demita da sua responsabilidade de investigar, de escrutinar, de contrastar, de trazer a público aquilo que leve os cidadãos a tomar decisões mais responsáveis e aprofundadas, mesmo se escolhem não o fazer?
O que sugerem: que fiquemos sentadinhos a ver o andor passar e fazer de conta que não há um entertainer político hábil que ocupou o espaço de sucessivas irrelevâncias partidárias, do esquecimento a que foi votada parte do País, do ressentimento acumulado por tanto submundo engravatado e promessa por cumprir?
O que sugerem: que o jornalismo abdique de prestar um serviço público, independentemente da sociedade valorizar esse esforço, ainda por cima em tempos de recursos esganados?

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Imperativo

rumoao35

Paul Moakley for TIME [http://ti.me/1IK15Wa]

I’m addressing you.
Are you going to let our emotional life be run by Time Magazine?
I’m obsessed by Time Magazine.

— Allen Ginsberg, America

Levez-vous vite, orages désirés, qui devez emporter l’âme de René dans les espaces d’une autre vie !

ChateaubriandRené

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aqui vimos que foi “o risco de ser considerado hiperativo [?]”. Ora, como é sabido, “ser acusado de hiperatividade [??]” e “ser considerado hiperativo [?]” não correspondem exactamente à mesma coisa, ainda por cima, entre aspas. Se não ouviram bem a entrevista (seja por terem problemas em identificar palavras “no meio de uma torrente”, seja por outro motivo qualquer), leiam o Aventar.

Sim, leiam o Aventar.

Não vão chatear o Camões

BXK8813_tumulo_de_luis_de_camoes_lisboa800Incapazes de uma abordagem ao mesmo tempo séria e holística da coisa educativa, os responsáveis pela Educação, políticos e não só, têm contribuído para a destruição do currículo, entre muitos outros malefícios provocados no sistema educativo.

Várias ideias (mal) feitas se foram instalando e ocupando demasiado espaço na reflexão sobre ou na concepção do currículo: ir ao encontro dos interesses dos alunos, transformar o lúdico na essência do acto de ensinar ou simplificar conteúdos ainda antes de se saber se são complicados. Em duas palavras: facilitismo e deslumbramento.

Ao comemorar vinte anos, a revista Visão resolveu pedir a José Luís Peixoto que transformasse em contos os cantos d’Os Lusíadas, publicitando a ideia de que o escritor irá actualizar a epopeia camoniana. [Read more…]