Acompanhei as Presidenciais 2016 com pouco interesse, visto que não existiu nenhum debate sobre Portugal, sobre o seu futuro e sobre a forma como nos devemos organizar – as reformas só serão possíveis depois de uma reflexão profunda sobre o país, criando consciência pública sobre a necessidade urgente de resolver os nossos problemas organizativos, de representação, de deficiente responsabilização, transparência e ética. Alguns dos candidatos tentaram colocar esses temas em cima da mesa, sem grande sucesso infelizmente, pois a força mediática desviava a atenção para os aspetos mais populistas. Prevaleceu a notoriedade pública e o prestigio mediático, o que é uma pena, mas é o que é. Ficam, no entanto, algumas notas que vale a pena realçar.
A natureza afectiva e o cumprimento afectuoso

© Presidência da República Portuguesa (http://bit.ly/1Sf7vhO)
Ontem, depois do acto, ouvimos Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que a escolha da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa para o discurso da noite eleitoral fora «de natureza afectiva». Não compreendo a razão pela qual alguns órgãos de comunicação social decidiram transmitir a ideia de que Rebelo de Sousa dissera “de natureza afetiva”. Afetiva ([ɐfɨˈtivɐ])? Não disse. Verifique-se:
Efectivamente, afectiva [ɐfɛˈtivɐ].
Marcelo Rebelo de Sousa, ao contrário daquilo que se lê por aí, não referiu qualquer “cumprimento muito afetuoso”. Não. Rebelo de Sousa mencionou um “cumprimento muito afectuoso”:
Exactamente, afectuoso. E especial.
E hoje? Hoje, ficámos a saber que, no sítio do costume, não houve nem sobressaltos, nem perturbações, nem estrangulamentos, nem constrangimentos.

Pedro Duarte o homem que esteve na sombra da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa

foto@dn
Pela primeira vez, depois do General Ramalho Eanes e passados 30 anos, o País volta a ter como Presidente da República um cidadão que não é um político profissional.
Ontem foi o dia de Marcelo Rebelo de Sousa que conseguiu ter uma grande vitória à primeira volta.
Muito do mérito desta vitória é inequivocamente do recém-eleito presidente da República.
Mas hoje, depois de todos discursos e de todas as análises politicas, é o dia de enaltecer o trabalho muito importante, mas quase imperceptível aos olhos dos portugueses, de Pedro Duarte, o homem que dirigiu de forma exemplar a campanha imaculada de Marcelo Rebelo de Sousa.
Esta magnífica vitória é tambem do Pedro Duarte e da sua reduzida equipa que o acompanhou neste combate político.
Parabéns ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, mas também ao Pedro Duarte.
PS Gaia sofre segunda derrota nacional
O concelho de Vila Nova de Gaia sempre foi considerado sociologicamente socialista. Normalmente o Partido Socialista ganhava folgadamente as eleições nacionais.
Gaia sempre foi um terreno difícil para a direita, nomeadamente para o PSD, tirando o consulado de Luis Filipe Menezes à frente da Câmara Municipal de Gaia, em que os sociais-democratas em coligação com os populares, conseguiram vitorias avassaladoras nas eleições autárquicas.
Porém as ultimas eleições nacionais têm desmentido a teoria sociológica que Gaia é socialista.
Marcelo vai ser o presidente de todos os portugueses
Esta noite ouvi um discurso, do recém eleito presidente da República Portuguesa, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, de unidade nacional, de diálogo, convergente, pacificador a pensar no futuro do País e dos Portugueses.
Confesso que não esperava outra coisa de Marcelo Rebelo de Sousa. Estou convicto que vamos ter um novo presidente para um novo tempo político, um presidente da República humanista, de afectos, de proximidade, independente, um presidente de todas as portuguesas e de todos os portugueses.
Presidente eleito por 25% dos portugueses, mas presidente de todos os portugueses

Declaração de vitória de MRS. Imagem: RTP3
Os 8.96 milhões de eleitores dividiram-se entre se absterem (cerca de 52%) e entre votar. Destes, cerca de 52% votou em Marcelo. Um vitória construída com cerca de 2.3 milhões de votos. São números que nos deveriam fazer reflectir sobre a representatividade dos políticos que elegemos.
Em termos de espectro político, o que é que representa o resultado conseguido por Marcelo? PSD e CDS tiveram, juntos, 2.9 milhões e 2.1 milhões de votos nas eleições legislativas de 2011 e de 2015, respectivamente. Constata-se que Rebelo de Sousa conseguiu, essencialmente, os votos da direita. A esquerda agiu de forma amadora e, ao não ter conseguido construir uma candidatura forte, foi o maior aliado daquele que vai ser Presidente da República.
Marcelo fez um discurso de vitória a apelar à inclusão. É um bom começo para quem se espera que seja o presidente de todos os portugueses.
Nota: Repare-se na bandeira monárquica presente na imagem. Além da ironia da situação, é capaz de ser assunto para o Ministério Público.
Chuva de rãs
Entre campanhas vazias, ganhou a do genuíno, o Tino de Rãs. Mas Maria de Belém não é a única a engolir sapos. Edgar Silva também tem a sua dose, à conta de Marisa Matias.
António Costa pode sorrir com este este resultado, mesmo que o seu candidato tenha ficado pelo caminho. A facção dissidente no PS perde força e Costa fica com créditos de apoios prometidos para cobrar a Marcelo.
Parabéns a Marcelo pelo resultado conseguido com anos de preparação. Não foi a minha escolha, mas agora é esperar que exerça o cargo com equilíbrio.
Marcelo Rebelo de Sousa será o novo Presidente

foto@rtp
Marcelo Rebelo de Sousa será eleito, à primeira volta, presidente da República Portuguesa.
Tendo em linha de conta os resultados oficiais já conhecidos posso apontar que Marcelo Rebelo de Sousa deverá ser eleito com 51% a 52% dos votos.
Parabéns Professor Marcelo Rebelo de Sousa pela sua eleição como novo Presidente da República Portuguesa.
Estou convicto que será um Presidente novo para um tempo novo.
Maria de Belém perde, com mau fígado
Um porta voz da candidata de Maria de Belém acabou de falar. Evocou, indirectamente, o caso das subvenções para justificar o mau resultado. No entanto, ao fim da primeira semana de campanha, antes do caso vir a público, já se antecipava o mau resultado que a candidata poderia vir a ter (cerca de 8%). Depois do caso das subvenções, piorou. Não só porque é mortal alguém ter-se mexido em luta pelos seus direitos, tendo ficado caladinha quando direitos de outros já tinha sido cortados, mas também porque a campanha que fez foi, desde o primeiro momento, um vazio. Vamos lá ver se o Tino não lhe passa a perna.
Marcelo quase, quase presidente

foto@rtp
Marcelo quase, quase presidente devera ficar entre os 49% e os 53% dos votos estando no limiar para ser eleito à primeira volta.
Sampaio da Nóvoa devera fica entre os 20% e os 25% dos votos.
Marisa Matias faz um excelente resultado ficando em terceiro lugar segurando o eleitorado do BE alcançado nas legislativas.
Maria de Belém afunda-se completamente ficando entre os 3% e os 6 %.
O candidato do PCP, Edgar Silva, deverá ficar abaixo dos 5%, sendo que é um péssimo resultado para Jerónimo e para o PCP.
Tino de Rans deverá ter entre 2% a 4% dos votos liderando o lote dos candidatos ” outsiders”.
Paulo Morais deverá ficar entre o 1% e os 3% dos votos.
A surpresa pela negativa ao nível dos ” outsiders ” deverá ser Henrique Neto que ficará atrás de Morais e à frente de de Jorge Sequeira.
O ultimo lugar deverá ficar reservado para Cândido Ferreira.
Unir um país partido
As últimas eleições legislativas revelaram um país dividido. Norte e sul, distritos mais ricos versus os mais pobres, novos contra velhos, privado e público em confronto, empregados e desempregados.
2015, o ano de confirmação do país dividido
Hoje termina a ” rodagem ” do maior clássico da política portuguesa
Hoje, 24 de Janeiro de 2016, termina a célebre rodagem do Citroën BX do Professor Aníbal Cavaco Silva que se iniciou no dia 19 de Maio de 1985 na Figueira da Foz.
Hoje o famoso Citroën BX, com mais de 25 anos, é considerado um automóvel clássico, com toda a certeza com muitas centenas de milhares de quilómetros.
Do mesmo modo Cavaco Silva tornou-se o maior clássico da vida política portuguesa apesar de, passados mais de 30 anos, continuar a negar ser político.
AO135
Há cerca de duas semanas, tivemos dois exemplos de adopção do AO135 (45+90). Hoje, temos esta imagem, proveniente de vídeo criado por Daniela Marinho e divulgado pela página do Facebook da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
O Cavaco é um mono. Um grandessíssimo mono.
Foi o que Marcelo ouviu hoje de uma eleitora. “Acha que sou um mono?” perguntou-lhe Rebelo de Sousa. Não percebi a resposta.
Votar em dissimulados? Não obrigado.

Marcelo, spin doctor
Marcelo Rebelo de Sousa, é público, foi declarado apoiante de Pedro Passos Coelho, Durão Barroso, Cavaco Silva e demais destacadas personalidades do PSD. Ele próprio é um destacado militante laranjinha. Mas, para fugir a uma segunda volta eleitoral, procurou reescrever o seu passado, por actos tais como o afastamento do líder do PSD da sua campanha, pela sua afirmação supra partidária e pela camuflagem da sua vida partidária.
Mas Rebelo de Sousa é, simplesmente, quem sempre foi. Uma destacada personalidade do PSD, que sempre defendeu o seu partido. Os militantes partidários não perdem o direito de se candidatarem por o serem. Mas se procuram esconder a sua natureza, não se queixem de ser apontados por tal. Num contexto onde os políticos, tão despudoradamente, têm um discurso em campanha e uma acção muito diferente no exercício dos cargos, votar em quem se apresenta dissimulado é o primeiro passo para se ter aquilo que não se antecipou. Por isso, não votarei em Marcelo Rebelo de Sousa.
Grandes frases
Sampaio da Nóvoa afirmou ontem que “Marcelo já negou nesta campanha mais vezes Pedro do que Pedro negou Cristo.” Com a Páscoa à porta, falta saber quem vai parar à cruz.
Marcelo, um novo presidente para um tempo novo
É publico que fui, desde a primeira hora, um apoiante de uma eventual candidatura de Pedro Santana Lopes à presidência da República. Aliás, também como foi público, cheguei mesmo a administrar a página no Facebook – Pedro Santana Lopes 2016 – de apoio a uma sua candidatura.
O actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tomou, em devido tempo, a decisão pessoal de não avançar com a sua candidatura facto que respeitei pela amizade e estima pessoal que tenho pelo ex-primeiro-ministro e antigo presidente do PSD.
Agora estamos a três dias das eleições. A campanha está no seu final. Esta é a altura de fazer opções. Eu já fiz a minha. No próximo Domingo votarei Marcelo Rebelo de Sousa para presidente da República.
A campanha de Marcelo: Pedro Duarte, um táxi, dois carros e oito pessoas

foto@expresso
A campanha do Professor Marcelo Rebelo de Sousa será com toda a certeza a mais espartana da história da nossa democracia.
A escolha para director da sua campanha vai de encontro àquela que foi, desde o início, a linha orientadora da sua candidatura.
O Director de Campanha é o meu estimado amigo Pedro Duarte, ex-deputado e secretário de estado, desempenhando actualmente as funções de director na Microsoft.
Talvez a escolha do Prof. Marcelo não tenha sido por acaso.
Pedro Duarte é muito discreto, mas extremamente eficiente. É uma pessoa honesta, acima de qualquer suspeita, inteligente, com pensamento próprio e visão estratégica.
É um jovem quadro do Partido, que esteve afastado do consulado liderado por Pedro Passos Coelho, em quem muitos sociais-democratas depositam muita esperança em relação ao futuro do PSD.
O ” messias ” Francisco Assis ficou sem espelho em casa
O auto-denominado ” messias ” do Partido Socialista, Francisco Assis, acusa o agora candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa de ” messianismo “.
Ainda não vai muito longe o jantar da Bairrada, após as últimas eleições legislativas, em que o anfitrião Francisco Assis reuniu os amigos João Proença, José Junqueiro, Eurico Dias Brilhante, António Galamba, Manuel dos Santos e até Narciso Miranda para debaterem o futuro do PS e do País.
Na altura o País rapidamente percebeu que o único objectivo do repasto era criar uma solução ” messiânica ” à volta de Francisco Assis de forma a tentar fazer cair António Costa no Partido, bem como a solução governativa que estava a construir com o apoio parlamentar do BE, do PCP, Verdes e o PAN.
Aliás consta mesmo que este foi o jantar que teve muito mais ” leitão ” que convidados. Atendendo ao inequívoco insucesso da iniciativa política rapidamente o ” leitão ” deixou de fazer parte da ementa – leia-se agenda política do ” messias ” Assis – para se colocar ao lado do novo Primeiro-Ministro, António Costa.
Agora que a festa é outra – leia-se eleições presidenciais – estará Francisco Assis a pensar organizar um novo jantar na Bairrada agora de apoio a Maria de Belém?
Será que Marcelo também não se engana e raramente tem dúvidas?
Marcelo diz que ninguém altera o seu sentido de voto a dez dias das eleições. Estudos dizem que não é bem assim!
O candidato de Fação
Segundo o Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa ter-se-á dirigido a António Sampaio da Nóvoa, durante o debate de ontem, nos seguintes termos: “O senhor é um candidato de fação”. Lembrei-me do episódio ocorrido há uns anos, com órgãos de comunicação social a insinuarem que João Semedo teria acusado Cavaco Silva de fazer um “discurso de fação”.
Como acontecera com Semedo, [faˈsɐ̃ũ̯] foi aquilo que Rebelo de Sousa efectivamente pronunciou e, por isso, teremos «não pode ser de facção» (4:41) e «de uma facção contra outra facção» (18:14), em vez de «não pode ser de fação [?]» ou «de uma fação [?] contra outra fação [?]». Aliás, para se perceber aquilo que aconteceu, basta consultar jornais de referência:
Ele alinha com uma parte do país contra a outra parte do País. O Presidente não pode ser de facção.
Durante o debate, não ouvi aquilo que o Expresso diz que Rebelo de Sousa disse: «O senhor é um candidato de fação [?]». Talvez nos bastidores, mas não me chegou qualquer registo dessa ocorrência: por isso, para já, ficamos sem saber se Rebelo de Sousa insinuou que Sampaio da Nóvoa era um candidato de Fação. Como sabemos, há quem seja acusado de contra Fação. Exactamente: contra Fação.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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