Portugal República das Bananas, perdão, dos Abacates

Portugal, uma República das Bananas onde os abacates crescem à grande, até ilegalmente, saqueando a água e depois se lhe chama seca.

É ignóbil um país que permite que os seus cidadãos sejam roubados do bem mais precioso e encolhe os ombros. Isto não é um país, é um luna parque da impunidade.

Alterações climáticas, em Portugal um não-tema

Bem podem o Alentejo e o Algarve estar em situação de seca severa, as temperaturas a níveis cada vez mais extremos: a única coisa realmente interessante é o PIB – mesmo que as pessoas continuem a fazer equilíbrios para chegar ao fim do mês. Não se larga o osso do modelo de agricultura super intensiva – que contribui para agravar a situação – nem a construção de enormes hotéis e resorts.  É sabido de cor e salteado que não é possível continuar com a ideia fixa do crescimento e delapidação de recursos, é sabido que há que priorizar a acção climática AGORA, se se quer evitar os pontos de ruptura climática, mas segue-se o caminho errado até ao fim, agarrados ao status quo que já nos trouxe aqui onde estamos. O governo/os governos/os presidentes de câmara querem ser eleitos; regulamentar bens escassos como a água – acabar finalmente com monoculturas exigentes em água, onde ela é exígua, acabar com piscinas em cima de cada apartamento dos condomínios de luxo, dimensionar o turismo em vez de o alavancar a todo o vapor – tudo isto não é nada favorável à obtenção de votos. Portanto adiante. Dessalinização para continuar no ritmo predador. Os preços da água aumentam? Paciência, o agronegócio precisa.

Este governo demonstra todos os dias que a preservação do ambiente lhe é igual ao litro e o ministro do ambiente só aparece para anunciar e justificar medidas com impactos negativos para o ambiente. Um pseudo-ministro do ambiente, com a função de legitimar os negócios. E pelo poder local abaixo, afinam-se todos pelo mesmo diapasão.

Os negócios. O crescimento. O PIB. A alimentação do sistema insaciável. A corrida para o precipício, ao som dos estridentes gritos neoliberais pela liberdade de conduzir um SUV em cidades enfartadas.

Bens escassos como a água terão, obrigatoriamente, que vir a ser racionados e terá de haver ALGUMA justiça nisso. Bem podem espernear os neoliberais: Quando chegar o momento da sobrevivência do e no planeta, a liberdade não lhes vai servir um tusto. E ainda vão clamar pelo estado para vir gerir a escassez. Como aliás já clamam quando há disrupções.

À míngua

Seca: baixo nível dos aquíferos no Algarve pode aumentar salinização da água

Os lençóis freáticos no Algarve apresentam níveis abaixo do que seria previsível para esta altura do ano, originando perda de qualidade da água subterrânea e aumentando o risco de salinização, advertiu nesta segunda-feira o director regional de Agricultura. “Não sabemos como vai ser o amanhã.” Ainda não foram comunicadas “situações dramáticas”, mas o risco de intrusão salina nas águas subterrâneas é maior em zonas costeiras e em períodos de seca.”

Pois, Sr. director, o que não se percebe é como nos últimos anos permitiram o aumento avassalador das culturas intensivas no Algarve e ainda agora continuam a ser feitas terraplanagens para novas, destinadas a plantações de abacates. Querem mesmo desertificar, é??? Sempre com o paleio (de si ouvido) de que é preciso alimentar o mundo. Pois agora se vê que destruindo o ecosistema, não há produção para ninguém. Anda-se-lhes a dizer as coisas há décadas, fazem ouvidos moucos e só quando a crise desaba é que ai Jesus. Sempre tarde demais, porque a avidez do negócio é sempre insaciável.

Aleluia, parece que foram obrigados a perceber!

Seca extrema e severa no sul leva Governo a impor já restrições no uso da água

Ministros admitem interdição de uso de água para a rega em algumas zonas do país e querem proibir instalação de novas culturas permanentes e novas estufas no Alentejo e Algarve.

Anda uma pessoa há anos de coração apertado e a mente revoltada a ver o aumento desnaturado do regadio no Algarve e Alentejo e pensa que estes governantes querem estoirar o país e pronto.

Isso será secundário para eles, mas parece que não dá mesmo para continuarem a fechar os olhos para a realidade. A ver, a ver, se de facto proíbem novas monoculturas e estufas. E depois falta suspender os resorts de luxo por todo o lado (Comportas, etc.)., os campos de golf e por aí fora. E vão para o caraças com as vossas dessalinizadoras que vamos nós pagar primeiro e depois no preço da água, para não falar no impacto das salmouras (para cada litro de água potável produzido, gera-se em torno de 1,5 litro de líquidos poluídos com cloro e cobre) e no elevado consumo de energia.

Poupar, tratar, reutilizar, há muitas coisas a fazer. Mas chega de nos iludirem, a parte de leão é da agricultura, bem mais de 70% e nem sabem quantos furos há que não entram nas vossas contas. Escusam de falar em gota a gota, o problema é a quantidade desmesurada.

Não faço ideia como conseguem dormir em paz, com tanta destruição que andam a provocar.

Hoje Choveu em Couto de Cambeses

Concelho de Barcelos, num sítio antigo onde passa o comboio Braga-Porto desde 1875. Hoje choveu; não sei se agradeça as preces da senhora ministra Assunção Cristas.

Só lhes falta o vinagre

A ministra da agricultura e etceteras anunciou que

  1. os preços dos alimentos poderão aumentar por causa da seca e que
  2. haverá uma linha de crédito de 50 milhões para ajudar a vida dos porcos (nomeadamente, pelo apoio à pecuária, que privará os suínos da fome e da sede).

Em consequência, antevê-se que

  1. os hipermercados tenham uma desculpa para aumentar o preço dos bens alimentares, já que um representante dos agricultores afirmou que a tendência dos preços na produção é de baixa e que
  2. a banca agradeça mais esta oportunidade de negócio, desde que os agricultores já tenham conseguido pagar as últimas linhas de crédito criadas para tapar problemas anteriores.

A política portuguesa está, portanto, no momento linha de crédito, saído do baú das soluções recorrentes que nada resolvem. Já tivemos o momento aumento de impostos (repetição Sócrates 2005+etc.), o momento obras públicas é que nos salvam (repetição Sócrates Parque Escolar+Aeroporto Beja+autoestradas+etc.) e, claro, o momento nomeações não poderia faltar. Falta o arrogante azedume e o delírio do excedente orçamental para que ambos os governos se confundam. Ah!, sim, faltam as causas fracturantes. Ai, as causas fracturantes que entretiveram uma legislatura. O tempo dirá se também aí virão os momentos paixão educativadeslumbramento tecnológico e  ópramim tão verde tenham lá paciência com a factura da EDP.

De Um Homem Assim É Que Portugal Precisa

E Eu A Pensar Que Isto Se Resolvia Com Chuva

“Viver no interior é muito difícil”, constatou o líder do Partido Socialista em Bragança, pensando por certo que os Brigantinos o não sabiam. O senhor Seguro falou assim no início de uma semana de visitas aquelas zonas do país, com o objectivo de “ter um conhecimento mais aprofundado das regiões” e propiciar o que definiu como “um novo olhar”. Atitude que, enfatizou, “não passa por políticas de encerramento, extinção ou deslocação de serviços, colocando áreas tão importantes como a saúde ou a justiça distantes das pessoas”.

E eu a pensar que era com chuva que a seca se resolvia. Na verdade porque raio é que o senhor Primeiro Ministro não chama este senhor para Ministro da Agricultura. Faria melhor figura que a senhora que por lá anda que até tem fé que a chuva venha, mesmo sendo ela bem mais interessante que ele.
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Isto é uma seca mesmo quando chove…

Querem saber porque temos a economia e os empresários que temos ?

Quando há seca o agricultor perde tudo ou quase tudo e quando chove tambem. O Estado, poderia fazer uma conta-corrente, ajudava quando havia prejuízo e recebia quando o agricultor tivesse dinheiro.

As verbas atribuídas, ou melhor, envolvidas, pelo Estado num esquema destes, seriam uma gota de água comparadas com as que são envolvidas nos negócios de “casino” em que a Caixa Geral de Depósitos é perita!

No BPN foram lá metidos dois mil milhões, que grande parte nunca ninguem mais vê. No BPP, foram lá metidos mais uns quantos milhões (não se sabe quanto, pois falta saber a quanto montam os avales que o Estado deu aos outros bancos que meteram lá dinheiro), no BCP está para se saber que montante foi necessário para o Estado ter o controlo do banco privado, na Cimpor a massa que lá anda a sair e a entrar é toda da CGD…

O negócio destes grandes empresários é ir pedir dinheiro emprestado à CGD e depois paga “com o pêlo do mesmo cão”. Se a coisa der para o torto, fazem-se uns ajustamentos “finos”…

Agora choveu e o que se ouve é a EDP dizer que nada tem a ver com o facto dos postes terem caído ( a ideia, muito boa, é que a culpa do temporal é dos agricultores por cujas terras passam as linhas de alta tensão…) a EDP só paga se não houver temporal, isto é, não paga nunca!

Seguros privados para a seca e para o temporal não há, e se há, são de tal maneira caros que inviabiliza a agricultura e as pescas.

Os meus caros leitores sabem como apareceu a “letra comercial”? Um vendedor de alfaias agrícolas nos US percebeu que, quando os agricultores precisavam das alfaias não tinham dinheiro e quando tinham dinheiro não precisavam das alfaias. Já tinham vendido a produção do cereal! Então ele passou a colocar as alfaias no campo contra um papel assinado, e o agricultor usava-as quando precisava delas e pagava-lhe quando vendia a produção. Foi o factor mais importante no desenvolvimento da agricultura nos US!

Pois é, é tudo o ovo de Colombo, o problema é que cá, enquanto se ganhar dinheiro com o “casino ” ,ninguem está preocupado com a lavoura…