“Cerca de 40 detidos por escravizarem centenas de imigrantes em campos agrícolas”

Não fazia ideia de que no Catar havia um lugar chamado Beja.

O porco e a lama

Uma das maneiras mais claras de ser desonesto consiste em fazer generalizações. Uma pessoa quer dar a sua opinião sobre um assunto, franze um sobrolho experiente e descarrega a sua generalização: os pretos, as mulheres, os ciganos, os homens, os professores, os médicos, os adolescentes, as enfermeiras, as crianças, os jovens de hoje em dia. Dessa descarga nascem injustiças, racismos vários e xenofobias laborais (porque há muita gente com certezas absolutas sobre profissões que nunca exerceu).

Macário Correia afirma que a maioria dos desempregados no Algarve não quer trabalhar. Por uma razão muito simples: Macário Correia conhece todos os desempregados algarvios, o que lhe permite chegar à conclusão de que a maioria não quer trabalhar.

Se Macário Correia não conhecesse todos os desempregados do Algarve, estaria a ser um porco que, ao refocilar na televisão, espalharia lama sobre milhares de algarvios, o que seria inaceitável. Macário Correia não quereria decerto estar ao nível de um católico como Pedro Mota Soares ou de um holandês que reduz tudo a gajas e vinho ou de um alegado jornalista.

De qualquer modo, quero que fique claro: os porcos não são todos iguais.

Inês Sousa Real meets Ricardo Robles

A confirmar-se que as empresas das quais Inês Sousa Real é ou foi proprietária recorrem a práticas pouco sustentáveis e amigas do ambiente, nomeadamente a agricultura intensiva e o uso de pesticidas, podemos estar perante o princípio do fim da carreira política da líder do PAN, que ainda agora começou. O episódio traz imediatamente à memória o caso Robles, também ele uma figura que teve uma ascensão meteórica, para de seguida cair com estrondo e desaparecer do mapa, descobertos que foram os seus negócios imobiliários. Tal como Sousa Real, Ricardo Robles não cometeu nenhuma ilegalidade. Mas feriu de morte parte essencial da narrativa do seu partido. Não é coisa pouca.

O momento em que este caso surge não é inocente. Ao colocar-se na posição de potencial muleta do PS, num hipotético cenário pós-eleitoral em que os deputados eleitos pelo PAN cheguem para António Costa conseguir maioria absoluta, Inês Sousa Real ficou na mira da direita, mas também dos partidos de esquerda, que disputam a parte do eleitorado mais sensível ao problema das alterações climáticas. Fez o pleno, portanto.

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Usemos o pedacinho de poder que temos nas mãos

Este post é um apelo, uma súplica: dentro do possível, compre alimentos produzidos localmente, sazonais e em modo de produção ecológica; no supermercado, olhe para os rótulos; se não houver rótulo, pergunte. Insista. Reclame. Faça escolhas que encurtem a cadeia de valor, compre regional. Se conseguir, compre directo do produtor ao consumidor (há cada vez mais produtores que fazem entrega de cabazes). É difícil? É. Porque tudo está montado para concentrar o poder nas grandes cadeias de intermediários e na produção intensiva, à custa de precariado.

A forma que temos de cortar as vazas a estes políticos irresponsáveis e à sua paixão pelo meganegócio é consumirmos responsavelmente. Produção, transformação, distribuição local dos alimentos é um contributo para a urgente transformação deste modelo económico de globalização obtusa em que andamos há anos, importando carne de suíno do Canadá (CETA) e exportando aquela que produzimos para a China. Uma aberração só possível devido às externalidades (subsídios e não contabilização das emissões que a produção e o transporte produzem) e porque não são consideradas normas (fitossanitárias, laborais, etc.) que são válidas para a UE, mas que lá longe já se acha que não são precisas.

Há uns dias fiz uma visita à Cooperativa Minga, em Montemor-o-Novo. Um projecto que aposta no local e na economia solidária e consegue vender na sua loja de produtos agrícolas e artesanais a preços idênticos ou até inferiores aos das grandes superfícies e promove várias actividades, tendo uma facturação total de €50.000 por mês. Fiquei a saber que a lã produzida localmente passou a ser exportada para a China e depois é reimportada, causando um forte aumento do seu custo enquanto, por outro lado, os produtores, que antes recebiam €1,50 por quilo, passaram a receber 0,25cc; e também que sendo a região de Montemor uma das maiores produtoras carne, só pode vender carne viva, por não haver um único matadouro.

É absurdo, não é? E essa mesma UE que se considera líder no combate às alterações climáticas, continua a aprovar e implementar PACs (Política Agrícola Comum) e acordos de comércio (EU-Mercosul entre tantos outros) que atiçam o fogo para a destruição do planeta.

De Portugal, sabemos como estão a aumentar as explorações agrícolas superintensivas que alavancam as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a escassez e a poluição de água, a degradação do solo e a resistência aos antibióticos, além de fazerem uso de trabalho precário.  E vai tudo continuar no mesmo sentido nos próximos longos cinco anos.  A ministra da agricultura aposta na alteração da alimentação do gado para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa produzidas pela pecuária. Isto não é piada.

Não é fácil, mas contribuirmos com o nosso quinhão para a relocalização das cadeias de valor e comermos menos carne é o nosso pequeno contributo para criarmos nichos de resistência contra a insanidade de quem nos governa. Façamos o que podemos.

Imagem: Campanha alemã denuncia a destruição ambiental causada pela agricultura superintensiva no Alentejo e Algarve e o uso de trabalho precário e pede boicote a produtos assim produzidos.

Dia Internacional da Biodiversidade sabotado

 

É hoje. E são inúmeras as vozes que dizem: isto não faz sentido nenhum, há que inverter a marcha.

Mas os chefes de estado da UE, subservientes face aos grandes interesses económicos, estão prestes a aprovar uma Política Agrícola Comum 1]  que devora muitos milhares de milhões de euros e continua no mesmo sentido: atirar a maioria dos subsídios agrícolas para os bolsos das grandes empresas industriais, em vez de proteger o ambiente,a biodiversidade, o clima e a saúde.

Há décadas que se fazem as mesmas críticas, os mesmos apelos. Mas nos seus fatinhos, nos seus carrões, nos seus salões, são imunes ao direito à vida futura.

 

1] A Política Agrícola Comum (PAC) da UE paga subsídios aos agricultores da Europa. Este enorme negócio ascende a 400 mil milhões de euros distribuídos entre agora e 2027. Com uma percentagem de 35%, este é o maior item do orçamento da UE. Os maiores beneficiários são as grandes explorações industriais que cultivam intensivamente as suas terras, cultivam monoculturas, criam grandes quantidades de animais e utilizam enormes quantidades de fertilizantes artificiais, pesticidas químicos e antibióticos. Tudo isto alimenta a crise ambiental, polui os solos e as águas subterrâneas e destrói a biodiversidade; mas mesmo assim, as grandes explorações agrícolas recebem, de longe, a maior parte dos subsídios. Isto porque os subsídios se baseiam principalmente na dimensão dos campos dos agricultores e no número de animais que possuem. O acordo agora negociado para os próximos 7 anos (!) não altera nada de substancial neste sistema prejudicial ao ambiente e ao clima. Os detalhes finais do acordo serão discutidos no chamado trílogo. As reuniões entre os líderes da Comissão, do Parlamento da UE e do Conselho de Ministros da Agricultura terão lugar nos dias 25 e 26 de Maio.

Bidonville-sur-Odemira

Em Odemira, Portugal olhou-se ao espelho e contemplou um dos resultados de anos de abandono e negligência a que o país profundo foi condenado pelo eucalipto centralista, comandado por um centrão incompetente que se está nas tintas para aquilo que se passa para lá da sua bolha, com uma ou outra excepção pontual.

Poderíamos falar sobre os danos profundos que alguma daquela agricultura intensiva causa nos solos, esgotados e envenenados por fertilizantes cancerígenos, ou na quantidade absurda de água que algumas daquelas culturas consomem, que aprofundou a sua escassez, num distrito onde sempre falta água e pouco ou nada chove.

Poderíamos falar sobre o abandono e o esquecimento a que está entregue o Alentejo, seja Beja ou o monte mais recôndito, com uma população envelhecida, empobrecida e que se sente invadida – e é manipulada a senti-lo – por imigrantes mais novos, diferentes, com uma língua e uma religião diferente, e tudo isto no quadro de uma estrutura social incapaz de absorver o impacto da nova realidade populacional, sem forças de segurança, cobertura de serviços de saúde ou infraestruturas básicas adequadas. [Read more…]

O acordo UE-Mercosul: impactos para a agricultura europeia

[Francisco Burnay]

Sou agricultor, e como tal, tenho algumas preocupações com as consequências de grandes tratados de comércio, como é o caso do acordo da UE-Mercosul.

O desenvolvimento das relações económicas entre países é algo desejável em princípio porque pode ajudar ao desenvolvimento, colmatar dependências e resolver ineficiências para benefício mútuo, criando e redistribuindo riqueza.

Por outro lado, a existência de diferenças profundas entre economias pode levar à disrupção de algumas cadeias de valor, e ao declínio de padrões produtivos que foram construídos a muito custo.

No caso da agricultura, os benefícios podem ser a criação de emprego, e a sustentabilidade das empresas agrícolas, por via da abertura do mercado e aumento das exportações e consequente aposta nas comunidades que estão empregadas na área.

Por outro lado, os riscos da competição entre bens produzidos em circunstâncias desiguais são, essencialmente, a concorrência desleal, o aumento da precariedade laboral e a manutenção de más práticas ambientais.

Na Europa, a tendência das últimas décadas tem sido a aposta na qualidade, na segurança alimentar, na qualificação profissional, na inovação tecnológica e na protecção do meio ambiente.

Ou seja, atingir níveis de elevada produtividade subindo de forma progressiva e sustentada os padrões nas várias etapas da cadeia de valor. [Read more…]

Crónicas do Rochedo 38 – Tempos de Excepção, medidas de Excepção

economiaacair

O que acontece se o sector da Restauração e similares (restaurantes, bares, cafés, confeitarias, etc) não recupera rapidamente?

Nenhum problema, eu sou agricultor e produtor de fruta e legumes, continuo a plantar e a mãe natureza encarrega-se do resto”. Errado: o sector da Restauração e Similares é o principal consumidor de frutas e legumes. Sem ele o agricultor terá de fazer como já se vê em muitos dos países atingidos pela pandemia: deixar na terra a maioria da sua produção por não ter quem compre. O mesmo no caso dos produtores de gado.

Nenhum problema, eu sou produtor de vinhos e as uvas continuam a nascer e o vinho a produzir-se”. Errado: o sector da Restauração e Similares é o principal comprador de vinhos a nível mundial. Sem restaurantes e bares bem que os produtores de vinho terão de reduzir em 75% a sua produção.

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Há que proteger os monstros

bayer

A compra da Monsanto pela Bayer representa mais um ponto alto neste absurdo sistema insustentável que tão bem serve os interesses dos grandes e no qual os pequenos engolem tudo por mor do existencial argumento do emprego.

Nunca uma empresa alemã pagou um valor tão elevado (66 mil milhões de euros) por uma empresa estrangeira e, mesmo sob o ponto de vista empresarial, ainda está para se ver se o espectacular negócio irá dar certo. Não raro, a fusão de duas culturas empresariais diferentes acaba em pesadelo, como aconteceu com a Daimler, que pagou 40 mil milhões de dólares pela americana Chrysler. Mas isso é um problema deles. O nosso problema é que este tubarão da indústria química adquire um bombástico “valor sistémico” e catapulta-se para posição ainda mais confortável no que concerne à manipulação de governos e coacção de cidadãos. A Monsanto – conhecida pelas suas obscuras práticas, como a proibição de utilização de sementes provenientes de colheitas das suas sementes transgénicas e pelas funestas consequências do pesticida glifosato – passa agora para as mãos de uma empresa farmacêutica que já tem que se lhe diga. [Read more…]

Assunção Cristas critica colegas de governo

“Inspirei-me em Jesus, que nunca teve medo de se meter com gente pouco recomendável”

Vai mas é trabalhar Ricardo Salgado!

Ricardo RSI

Imagem@Notícias ao Minuto

Para além da intensa actividade no âmbito do terrorismo financeiro, descobrimos esta semana que Ricardo Salgado é também um alegado mandrião, um parasita diriam alguns, pois ao invés de ir trabalhar, prepara-se para pedir o Rendimento Social de Inserção. Pelo menos é o que avança a imprensa cor-de-rosa e o PT Jornal.

Apesar de insultuoso para quem verdadeiramente precisa deste apoio social, é interessante ver o Dono Disto Tudo nesta posição, principalmente quando há exactamente dois anos atrás surgiam declarações deste sujeito que, relativamente à entrada de mão-de-obra estrangeira em Portugal para trabalhar em explorações agrícolas na zona do Alqueva, diziam assim:

Há imigrantes que substituem os portugueses que preferem ficar com o subsídio de desemprego (…) Se os portugueses não querem trabalhar e preferem estar no subsídio de desemprego, há imigrantes que trabalham, alegremente, na agricultura e esse é um factor positivo.

Tanto quanto sei, até porque metade da minha família vive no Alentejo profundo, continua a existir muito trabalho nos campos e escassez de mão-de-obra em algumas zonas da região. E nesta altura do ano, com as temperaturas a subir em flecha e o clima cada vez mais hostil para a labuta na aridez do Baixo Alentejo, estou certo que haverá um óptimo emprego à espera de Ricardo Salgado, o precário. A menos que, tal como as pessoas que criticou em tempos, Ricardo Salgado não queira trabalhar e prefira agarrar-se a um subsídio ao invés de, por uma vez que seja na vida, enveredar por um trabalho honesto. Nesse caso (e noutro qualquer) faço votos de que o seu pedido seja prontamente negado porque Portugal não está em condições de sustentar mais parasitas. Se não estiver bem pode sempre ir para a Comporta, brincar aos pobrezinhos. Com sorte, alguém há-de reconhecê-lo por lá e dar-lhe uma côdea de pão.

Mais Notícias da Horta (isto anda tudo ligado)

cavaco-lavoura

Mais Notícias da Horta

(versão integral)

via João de Sousa / ergoressunt

E o Zip-Zip não? E a Vaca Cornélia?

PSD e CDS querem o regresso do TV Rural

Uma história de borralho

O tronco de oliveira verde ardia já desde ontem, numa chama contida mas constante. Ao contrário do pinho enresinado que se consome num fogo rápido e exuberante, a oliveira, mesmo que verde, leva o seu tempo para se transformar em cinzas.

“É a que cortei agora”, dizia-me o Ti Manel enquanto nos aquecíamos com um tinto novo, sentados no borralho. Deve ter sido a última das oliveiras que faziam a estrema no Vale Raposo, agora transformado em eucaliptal. “Eu não queria arrancar a vinha mas deram-me quase mil contos de subsídio. Era muito dinheiro”. Este arranque passou-se nos noventas, era primeiro-ministro o actual presidente da República. “Quando foi aprovado não consegui lá ir fazer o serviço mas a Maria juntou umas mulheres e cortaram as varas todas. Ficaram só cepas. Até chorei mas depois a máquina entrou por ali fora e rompeu tudo. Acabou.”

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A vaca não sei, mas Maria e o burro continuam em Belém

Papa reafirma virgindade de Maria e diz que o burro e a vaca não estavam no presépio

Cavaco Silva anda muito esquecido, Coitado!

ACTO DE CONTRIÇÃO, ANEDOTA, OU SIMPLESMENTE BRANQUEAMENTO DE ACÇÕES PRÓPRIAS?

Durante dez anos (1985/1995), o sr. Presidente de Portugal, ajudou a desmantelar as pescas, a indústria e a agricultura, a troco de alguns muitos milhões que da Europa (CEE) vieram, para torrar em cimento e alcatrão.

Hoje, o inevitável e escandaloso esquecimento veio a terreiro pela voz do próprio.
Porra que é preciso ter lata (que tem) ou/e andar muito adoentado.

Pontaria

É tudo uma questão de pontaria!

De qualquer modo é sempre a somar: foi o Crato, o Gaspar e agora a Farmgirl.

Preparem-se boys and girls!

Parece que o povo acordou!

a terra para quem gosta dela

Entendo que a virtualidade canse, e que vos dê gosto meter as mãos na terra, e rebolar nus por uma ladeira, cada um expressa a sua vitalidade como entende, mas comigo é que não vale a pena contar. Lamento muito, eu também tentei, mas não lhe vejo a graça. Depois de uma tarde de enxada, formigas, minhocas, sol impiedoso e dores nas costas cheguei à conclusão de que a agricultura não é para mim.

Se estamos a falar daquela versão benigna, que é o vaso na varanda, controladinho, metido no seu sítio, ali à espera do regador, sem bichos maiores que formigas, sem enxadas nem ancinhos, lá nos vamos entendendo. Também tenho as minhas beringelas, também tenho o meu alecrim, e umas flores muito bonitas que só floriram no segundo ano e por essa altura já eu me tinha esquecido do que lá tinha plantado, de maneira que não sei como se chamam nem falta faz. Tenho e rego, às vezes esqueço-me mas depois compenso, e salvo algumas espécies que não vingaram a coisa até nem tem corrido mal. [Read more…]

O importante é vender a alface

No admirável mundo moderno do João Miranda:

produzir uma alface é mais fácil do que colocar uma alface onde eu a quero comprar, com o aspecto que eu quero, no dia e na hora a que eu quero e a um preço que eu esteja disposto a pagar.

A ideia de que o valor acrescentado pelo distribuidor é mais importante do que a mercadoria produzida é fascinante. Deixem-me incluir nesse valor acrescentado o da publicidade, que me garante ser aquela alface a verdura que eu desejo. E ter em conta que dada a mísera margem de lucro do produtor da alface numa economia com 1,2% de peso da agricultura essa percentagem se pode aproximar do zero.

Em breve atingiremos o nirvana do absolutismo do mercado: um empresário bem sucedido será aquele que coloque à venda um pacote de merda onde ele quer, com o aspecto de uma alface que ele gostaria de comer, e no dia e na hora em que lhe dê o apetite estará então disposto a pagar por uma salada de merda. Regue com óleo de urina e bom apetite João Miranda.

Por falar em idiotas

Considera-se perfeitamente normal um quilo de alface que custa ao consumidor 1,8€ ter sido comprado ao produtor por 0,4€. São os custos de:

transporte, refrigeração, armazenamento, mais os salários das pessoas envolvidas, mais os custos do supermercado, rendas ou amortizações, salários dos funcionários, bem como provisões para as várias alfaces que vão se estragar e ter de ser deitadas fora, mais a quota parte dos salários dos empregados nos serviços centrais, mais a publicidade na TV, os folhetos e sabe-se lá que mais

O sabe-se lá que mais deve incluir o lucro, cuidadosamente escamoteado nesta descrição toda, feita por um Absolutista dito Liberal.

A alface não foi semeada, regada, adubada nem colhida e a terra (provavelmente a estufa) também não deve ter tido os seus custos a precisarem de amortização. O agricultor não correu o risco, durante semanas, de uma geada lhe destruir todas as alfaces. O agricultor trabalha generosa e graciosamente para a malta comer alfaces.

A lógica das cadeias de distribuição (que substituíram os velhos intermediários precisamente porque têm uma estrutura que lhes permite baixar os custos, e que têm feito mais pela destruiçãoo da agricultura portuguesa que a própria CE) não é nada idiota, nem é uma batata, é uma alface. Idiotas, nós é que somos.

Só lhes falta o vinagre

A ministra da agricultura e etceteras anunciou que

  1. os preços dos alimentos poderão aumentar por causa da seca e que
  2. haverá uma linha de crédito de 50 milhões para ajudar a vida dos porcos (nomeadamente, pelo apoio à pecuária, que privará os suínos da fome e da sede).

Em consequência, antevê-se que

  1. os hipermercados tenham uma desculpa para aumentar o preço dos bens alimentares, já que um representante dos agricultores afirmou que a tendência dos preços na produção é de baixa e que
  2. a banca agradeça mais esta oportunidade de negócio, desde que os agricultores já tenham conseguido pagar as últimas linhas de crédito criadas para tapar problemas anteriores.

A política portuguesa está, portanto, no momento linha de crédito, saído do baú das soluções recorrentes que nada resolvem. Já tivemos o momento aumento de impostos (repetição Sócrates 2005+etc.), o momento obras públicas é que nos salvam (repetição Sócrates Parque Escolar+Aeroporto Beja+autoestradas+etc.) e, claro, o momento nomeações não poderia faltar. Falta o arrogante azedume e o delírio do excedente orçamental para que ambos os governos se confundam. Ah!, sim, faltam as causas fracturantes. Ai, as causas fracturantes que entretiveram uma legislatura. O tempo dirá se também aí virão os momentos paixão educativadeslumbramento tecnológico e  ópramim tão verde tenham lá paciência com a factura da EDP.

Agricultura e tempo – parte III

camélia

O movimento do Século XIX vincula-se à esquerda obreira, aos republicanos e ao partido socialista e aparece com as teses de Marx e Engels. As suas reivindicações fundamentais eram: abolição dos foros e das rendas forais, com a reclamação de ter acesso pleno à propriedade das terras que cultivavam, lutar contra o caciquismo que impedia a livre vontade de semear o que melhor podia parecer ao trabalhador. Não eram sempre batatas, milho, trigo, que se vendiam bem por causa do consumo das novas colónias da Espanha que nada sabiam de cultivo. A batata foi trazida desde as novas terras e vendia bem por toda a Europa: A batata contém uma elevada percentagem de água. É uma boa fonte de amido (hidrato de carbono complexo), mas também de alguns minerais como o potássio. O seu teor em proteínas, fibras e vitaminas é escasso. Destacam-se as vitaminas C e B6, que existem sobretudo na pele do tubérculo. No entanto, nas batatas descascadas e nas que são submetidas a processos de cocção, este

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Enxadas para que te quero!

Torna-se cada vez mais notória, a falta de consistência demonstrada pelos agentes políticos. Cada mês, cada desígnio, cada semana, cada objectivo. Se há uns tempos se falou no mar, agora volta-se o olhar para a agricultura, coisa tão sólida e viável a curto prazo, como a chegada a Orion.

Cavaco Silva foi um entusiasta de um certo tipo de modernização que passava antes de tudo, pelo obliterar de um passado que abusivamente confundia com atraso. Esse passado era uma montra de exposição de produtos agrícolas, de têxteis e pescas. Desapareceu. Trocaram-se alfaias agrícolas por jeeps e os filhos dos lavradores passaram a gerir cafés e croissanterias na periferia das grandes cidades. Idem quanto à frota pesqueira que virou Pescanova, pois no que aos têxtis se refere, as importções Zara, Mango ou Pull & Bear fizeram o resto.

Não se pode fazer passar a ideia de facilidade no regresso ao campo. As vilas estão despovoadas de gente jovem e aquilo que se investiu no autoestradismo militante, poderia ter sido aproveitado para criar as condições destinadas a garantir a permanência de gentes e actividades. Essa era a modernização desejável, até porque teria uma componente industrial – a tal maquinaria que denota a modernidade tão evocada – muito acentuada. É que sendo Portugal um país tradicional, a sua razão de ser aí está, precisamente naqueles sectores que Adam Smith nos apontava há mais de duzentos anos. No  entanto, torna-se impossível a satisfação de um capricho – porque é disso mesmo que hoje politicamente se fala – para agradar a potenciais estômagos roncantes de fome. Em suma, o medo vai-se instalando e para o contrariar, apresentam-se promessas recheadas de batatas, nabos ou grelos.

O novo governo bem poderá ir preparando o caminho que sem dúvida será longo e quase imperceptível. Talvez os bisnetos de Cavaco Silva tenham as condições materiais, anímicas, para esse regresso à terra. Por enquanto, contentemo-nos com A Portuguesa que, tal como ontem muito bem dizia Adriano Moreira, faz soar o necessário “sobre a terra, sobre o mar”. Sem isto, nada feito.

Agricultura e tempo

 

 Os tempos mudam como o comércio. Estamos falidos, mas sabemos como nos defender. O que era agricultura´hoje em dia é jardinagem de plantas exótica que vendem como um raio de luz 

Ao longo do tempo, durante milhares de anos, a horticultura, a fruticultura, as ervas e as plantas, têm sido a base da dieta, têm sido a base do sustento dos seres humanos. A jardinagem, no começo dos tempos da agricultura, não era uma actividade usada de forma sistemática. Comia-se do que a natureza dava, como prova Roy Lewis no seu livro The Evolution of Man, 1960, Editora Hutchinson, versão portuguesa intitulada Por que como o meu pai? Editora Hagá, 1992, com versão francesa do mesmo ano, editado por Actes Sud: Pourqoi j’ai mangé mon père, pergunta afirmativa nas versões britânica e francesa, mais duvidosa na portuguesa, facto que me parece natural. O nosso País tem sempre duvidado dos seus afazeres, como temos observado recentemente na guerra política que se tem desenvolvido na nossa República nos anos recentes. A agricultura britânica e francesa, foram prósperas não apenas por ter boa

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Lágrimas de Cavaco

“Tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas”, escreveu Miguel Pinheiro na edição da revista Sábado de 27 de Janeiro.

O procurador-geral da República entendeu haver matéria para processozinho judicial e Cavaco deu o amém. Longe de mim, portanto, vir agora questionar o milagre da multiplicação do preço das acções da famigerada SLN ou a clareza do negócio da casa da praia da Coelha azul. Ou as actuais lágrimas de crocodilo a propósito da destruição da agricultura nacional (sem subtrair ao assunto, e só a título ilustrativo, o “giracídio”, os “jipes ifadap” e a Odefruta – 6 milhões de euros, bingo! – em governos do agora mui impoluto e venerando chefe de Estado).

Afinal, no entender desta gente, o voto é como uma esponja a legitimar tudo. E o estado de direito uma carapuça para patego ver. Sobretudo agora, quando a gula de dezasseis anos sente as costas quentes de uma maioria, um governo e um lá o que quer que seja. É fartar, vilanagem!

Eis que descubro que Cavaco Silva andou à pancada e acha que é agricultor

Estou deslumbrado. E tudo em pouco mais de 24 horas.

Até ontem a pré-campanha eleitoral estava a ser uma perfeita chatice, feita de frases e ideias banais, em redor de questíunculas bancárias do BPN e do BPI, em jeito de rodriguinhos de jogadores da bola pouco habilidosos mas muito convencidos. Estava a ver que nada de novo iria surgir do sexteto, com excepção do assertivo Coelho, da Madeira.

cavaco_silva_1001

De repende, fez-se luz. Tudo mudou. Comecei a aprender. E sempre graças ao mesmo candidato. Num dia descubro que Cavaco Silva "era tão normal, que até andava à pancada com os outros miúdos". Numa penada, duas descobertas. Primeiro que é preciso andar ao estouro com outros putos para se ser normal. Depois que o pequeno Cavaco era rapaz para esfregar os nós dos dedos na cara de outros petizes. Vá lá, também deve ter despachado um ou outro pontapé.

Poucas horas depois, novo momento extraordinário.

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Mel do Cacém

Todos gostam do “mundo rural”…

Subsídios, a nova agricultura

É um produto dada à cultura biológica, rico em proteínas, sais minerais, vitamina C que baste. Útil na confecção das mais variadas sopas. Cultiva-se em terrenos pobres e ricos, no sequeiro ou no regadio.

Importado da Europa o subsídio  veio substituir com vantagem muita batata e muita couve e mostra-se bastante rentável. O parque automóvel de veículos todo-o-terreno está aí a atestá-lo.

Para quando o mestrado para orientador de aparcamento de viaturas?

Para quando o mestrado para “orientador de aparcamento de viaturas”? Ou, como denominam os invejosos e os ignorantes, para “arrumador”?

É mais do que tempo, que diabo!

Para quem queira inteirar-se melhor, é só clicar aqui.

Entretanto, ao ler o anúncio, vem à minha memória os discursos acerca do Alqueva, do Alentejo, do regadio, da agricultura, das prioridades, etc. Não sei porquê…

FMI – a falta de liderança em Portugal

O relatório do FMI para além de arrasar a visão ídilica do governo, e de propor uma série de medidas que pouco ou nada têm a ver com a política do governo, termina com uma recomendação "letal". Portugal precisa de liderança!

 

O que devemos entender aqui por liderança? Que Sócrates não é um líder ?

 

Na minha opinião Sócrates não é um líder, é um guerrilheiro, isso sim, mas líder nem pouco mais ou menos. Mas no que ao FMI diz respeito, julgo que o que está subentendido é não haver uma "ideia" para o país.

 

Portugal, após o grande desígnio nacional de se juntar à UE, quer ser o quê enquanto país?

O país injusto e pobre que é, após os muitos milhões que vieram da UE ? Viver do turismo, dos campos de golf, das autoestradas e das pontes?

 

Qual é a política para o mar, sendo nós o país que maior área  tem de água salgada sob sua supervisão? Retomamos as pescas, desenvolvemos a piscicultura, melhoramos os estaleiros, colocamos o país no mapa mundial no que aos portos diz respeito ?

 

Na agricultura, somos capazes de desenvolver "fileiras" no azeite, no vinho, na fruticultura, na floricultura, encontrar novas aplicações para a cortiça ?

 

Nas energias renováveis, em vez de uma empresa pública andar a investir milhões nos USA, somos capazes de aproveitar as milhares de horas de Sol que mais ninguem tem na UE, as magníficas condições de vento em off-shore e territoriais, apoiar engenheiros e cientistas que se dedicam com mérito ao desenvolvimento de novas aplicações?

 

Apoiar os investigadores na área da saúde e de novas tecnologias, juntar-lhe  empresas capazes de colocar no mercado os novos conceitos e transformá-los em negócios exportáveis? Ou vamos continuar a deixar morrer grandes descobertas, como aconteceu com a dos novos transistores feitos a partir da celulose, e que uma empresa Brasileira está a desenvolver industrialmente por ninguem se ter interessado, neste país de betão?

 

Construir autoestradas, pontes, e aeroportos é uma ter uma "ideia" para o país? Andar de braço dado com a Banca, as grandes empresas públicas e os grandes grupos económicos, que são "absorsores" de  riqueza, é ter uma "ideia" para o país?

 

O FMI diz que não!

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