Prestígio não paga dívidas

Fotografia: Francois Lenoir/Reuters@Dinheiro Vivo

A cada vez mais provável escolha de Mário Centeno para liderar o Eurogrupo tem coisas fantásticas, entre elas a oportunidade de expor o ridículo absoluto a que desceu a propaganda bafienta da direita PàF, desta feita protagonizada pelo jornalismo desonesto e faccioso de pasquins como o Sol, que no final de 2016 noticiou a saída de Centeno do governo no início do ano que agora chega ao fim, por opiniões que contam quando se é adepto da degustação de gelados com a parte da cara compreendida entre os olhos e a raiz dos cabelos e pelo Fórum para a Profetização de Desgraças e Invocação de Demónios.

Tirando as tristes figuras dos supracitados, que muito me divertem e proporcionam saudáveis gargalhadas, ter um português a liderar o Eurogrupo será mais ou menos o mesmo que ter um letão, um dinamarquês ou um cipriota: tudo muito democrático até que chega a hora de decidir sobre o que realmente importa, e sobre o que realmente importa decide o eixo franco-alemão, que de resto já deu a sua bênção para que Centeno ocupe o lugar do holandês com nome estranho, que acha que gastamos tudo em putas e vinho verde.

Ai e tal e o prestígio, ò João?

O prestígio é muito bonito, mas não paga dívidas. A malta do PS deve estar felicíssima, por colocar o seu homem onde Maria Luís Albuquerque alguma chegou, mas a verdade é que o presidente do Eurogrupo manda e influencia tanto como o Tusk, o esquentador de evasão fiscal luxemburguês ou o primeiro-ministro da Estónia. Na Europa manda a geringonça da Merkel e o Macron, que por sua vez dão a pata e rebolam a toque de caixa do HSBC, BNP Paribas, Deutsche Bank, Barclays, Santander, de meia-dúzia de gigantes multinacionais e da alta maçonaria internacional, que se reúne anualmente num Bilderberg qualquer que controla Bruxelas, o BCE, os mercados, os especuladores, as bolhas e a puta que os pariu a todos. A realidade, por conspirativa que possa parecer, é que até o Rato Mickey poderia presidir ao Eurogrupo e o resultado seria o mesmo. E o mesmo será enquanto a humanidade não se unir para depor a oligarquia internacional que nos comanda e que nos leva a acreditar que vivemos em democracia. Até lá continuaremos a ser explorados, iludidos com a possibilidade de eleger quem essa oligarquia nos permite eleger, em sucessivas experiências laboratoriais controladas, para pagar uma dívida eterna, criminosa e impagável. Mas antes o Centeno que um Vítor Gaspar ou uma funcionária incompetente de um fundo especulativo qualquer.

Comments

  1. Carlos Almeida says:

    Correcto e afirmativo ó João

  2. Ana A. says:

    “E o mesmo será enquanto a humanidade não se unir para depor a oligarquia internacional que nos comanda e que nos leva a acreditar que vivemos em democracia.”

    Ora, aqui está o lema que devíamos seguir e “obrigar” a seguir, qual fundamentalismo humanista!

  3. Fernando says:

    Eu preferia que o Rato Mickey fosse o rei da €urolandia do que a Merkel, Macron, Junker ou qualquer outro desta clique de cabrões e putas!

  4. JgMenos says:

    Em que serve a eleição de Centeno à Europa?
    A validação da austeridade, em dois andamentos:
    – vejam como estão felizes, depois da bruta austeridade
    -…e continuam a baixar o défice.

    Mas seguramente valerá a pena ficar à espera que um tipo com cara de mimalho faça frente aos poderes na Europa…

    • Paulo Marques says:

      Os 20% de subemprego, a precariedade laboral, a Le Pen, o AfD, o Brexit, a continuada falência de toda a banca, a estagnação económica, os camiões que não atravessam o Rheine e muitos outras factos dizem o que chegue sobre a validade da austeridade. O Centeno pouco ou nada conta para o falhanço do Euro.

  5. ..facilitando o acesso a quem interessar, eis a “minha” opinião de alguém que aprecio :
    Daniel Oliveira no Expresso diário de 04.12.2017:
    http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/

  6. anti pafioso. says:

    A direitalha Pafiosa sempre ao ataque ,cuidado com os abutres

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