Acordo – o que lá está, não está… Deveria, poderia… parte VI

6 – Horários de Trabalho

Tenho dito a muitos Professores que não podemos colocar na nossa argumentação a questão da quantidade de trabalho porque seria, do ponto de vista da comunicação, um erro. É que do outro lado teríamos o “povo” a dizer:
– ” E daí? Eu também trabalho essas horas todas e ganho o salário mínimo, isto quando o patrão me paga!”

Claro, que tal como escrevi num dos posts anteriores, a nossa luta pode ser vanguardista e catalisadora de outros movimentos – nesse sentido, sim, faz sentido colocar em cima da mesa as questões do horário de trabalho, se quiserem de forma abrangente.

De forma simples e sem entrar em todas as variantes, um horário de um professor tem 35h – destas, 22h são aulas, 2 substituições, 5 para outros trabalhos na escola e … sobram 6 horas por semana para o trabalho individual que a profissão exige. Acontece que a vida das escolas (ler post anterior) anda envolvida numa praga controleira que gera um número absurdo de reuniões. De papel em papel, de relatório em relatório ou de projecto em projecto, todas as semanas há n reuniões… pela noite dentro que nos levam a estar na escola… muito mais que as 35h e com o trabalho de casa (preparação de aulas, elaboração de materiais, correcção de trabalhos, investigação, leituras…) todo por fazer.
O que esta situação está a provocar é a diminuição da qualidade do trabalho que não se tem tempo para fazer – isto, claramente está a prejudicar os alunos.
O Luís costuma apela à autonomia das escolas – TOTALMENTE de acordo! Só com essa autonomia poderemos resolver esta praga dos horários de trabalho – uma anormalidade que está a minar a qualidade da escola pública.
Apesar de ser insuficiente, a abertura do ME, na sequência do acordo, para negociar esta questão é positiva porque mostra que o ME reconhece o problema e que pensa fazer algo para o resolver antes que tudo fique perdido.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    João Paulo, hoje falei com a minha amiga Gina (pedi-lhe para vir ao Aventar e comentar os teus textos) professora que se confessou muito desiludida com o acordo.

  2. Luis Moreira says:

    …com esta questão específica do número de horas de trabalho.Diz que na escola dela 70 professores (não sei o que isto representa) deram baixa por não aguentarem a pedalada.

  3. Meu caro,
    a fuga das escolas está a ser algo sem precedentes – gente com muitos anos, gente com muita experiência, com n anos de vida escolar de investimento… está a fugir porque a praga centralista, controleira e administrativa não larga ninguém… Não deixa pedra sobre pedra!
    E essa fuga tem uma consequência – a qualidade do trabalho nas escolas está pior e a matriz essencial desta instituição secular está a pior por se estar a aproximar de uma visão burocrática, do pior que se faz nas empresas que vão falindo!
    JP

    • Luís Moreira says:

      Completamente de acordo contigo quanto à concentração controleira do Estado. Os professores têm que ser os responsáveis pelas escolas. O Estado só tem que regular.

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