Haiti, hoje

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Hoje, Haiti. Um homem caminha de forma cuidadosa por entre corpos amontoados à porta da morgue de Port-au-Prince. Imagem de JUAN BARRETO/AFP/Getty Images, no Big Picture.

O Gharb Al-Andalus

al-Wâsitî, Yahyâ ibn Mahmûd

Ilustração do livro Maqamat Al-Hariri de 1237 executada por Yahya Ibn Mahmud Al Wasiti

O Gharb Al-Andalus, ou Ocidente do Al-Andalus, é o nome do território da Península Ibérica durante o período Árabe, “grosso modo” correspondente à antiga província da Lusitânia Romana. Inclui o actual Sul de Portugal, limitado a Norte de forma inconstante pelos diferentes traçados que a linha de fronteira com os Reinos Cristãos apresentou, e parte das actuais Andalusia, Extremadura e Castilla e Leon Espanholas.

Este artigo pretende descrever os acontecimentos mais relevantes da história do Gharb Al-Andalus, no contexto da sua cronologia, desde a nomeação de Mussa Ibn Nussayr como governador da Ifriqya em 698, até à conquista de Aljezur por D. Paio Peres Correia no ano de 1249. [Read more…]

Carlos Santos fez bem em separar as águas…

É que uma coisa é ser um blogue que se identifica com as políticas do actual Governo. Outra, bem diferente, é ser um blogue controlado directamente pelo Governo.

Pedro Passos Coelho almoça com Blogger – Parte III:

O prometido é devido, aqui fica a terceira parte do almoço com Pedro Passos Coelho:

Termina hoje a série “Almoço de Pedro Passos Coelho com bloggers” com a divulgação dos temas: Regionalização, PSD, Liberalização das Drogas Leves e a adopção por casais homossexuais.

Ficou para o fim por ter sido, igualmente, o tema de final do encontro. Vou procurar ser breve e sucinto.

No tocante à Regionalização deu para perceber que não quer a Regionalização. Mesmo afirmando que a não quer para já, entendendo que é necessário fazer uma ampla discussão sobre os poderes que serão atribuídos às regiões e a forma como as mesmas se terão de organizar, levei deste encontro que Pedro Passos Coelho não quer a Regionalização.

É claro que se afirmou, em termos de princípio, como favorável. Considera é que não temos hipótese de a realizar nos próximos anos, mais precisamente, quatro a seis anos:

“Desenvolver um processo destes agora seria um erro”

Defende é que em sede de revisão constitucional se deveria avançar para a criação de uma região piloto, testando modelos de competências, de recursos humanos e de financiamento. Pois. Obviamente, algo obrigatório em todo o programa eleitoral, é a favor da descentralização. Pois.

Em suma, como venho afirmando junto de alguns amigos regionalistas, isto só lá vai pela força!

Quanto ao PSD, preferia ter concorrência. Se ganhar vai criar um governo sombra a trabalhar a tempo inteiro. Afirmando-se Liberal nos princípios mas de esquerda na medida em que não é um conservador, diz não ter nada contra a direita mas não gosta desta simplificação classificativa por a entender como um referencial muito pobre. Acha que o PSD ainda é muito pouco liberal nos costumes sendo mais liberal em termos económicos. O resto, foi em off, eheheheheh.

“É necessário melhorar os mecanismos de adopção”

No tocante à adopção pelos casais homossexuais tocou numa tecla diferenciadora: O actual regime de adopção é péssimo e o caminho, desde já, é alterar o modelo e, alterando-o criar novas fórmulas, novos modelos onde o que importa é o interesse da criança, a idoneidade dos adoptantes, a garantia de meios de subsistência e não o “tipo de casamento”.

“A repressão não é a solução”

Na sua opinião, as vias convencionais de combate à droga não estão a resultar, hoje temos mais consumidores e os estados estão mais desprotegidos. Entendendo que a repressão não é a solução, admite descriminalizar o seu consumo e liberalizar a sua venda mas numa escala mais alargada. Alguém comentou: é necessário mudar o paradigma, ao que ele respondeu: “exactamente”.

Em jeito de conclusão, Pedro Passos Coelho apresentou-se cordato, bastante calmo, suficientemente preparada em diversas matérias, minimamente consistente e, acredito, franco. Não é fácil enfrentar mais de uma dezena de bloggers, todos em roda livre e representativos de alguns dos mais lidos blogues em Portugal, o que me levou a pensar que teria à minha espera um político receoso, calculista e procurando agradar a tudo e todos. Não vi pinga de receio, não o vi a querer agradar a tudo e todos e não me pareceu minimamente receoso.

Não vai ser pêra doce ganhar a Pedro Passos Coelho: é um excelente comunicador, está atento à realidade, é menos liberal do que pintam e, certamente, conhece bem o partido.

Entendo que o actual PSD necessita de mudar, de mudar de vida (como na canção…), precisa de ser mais liberal nos costumes, utilizando uma sua expressão, deixar-se de complexos e ser um verdadeiro partido reformista largando a costela conservadora. Mas será que Pedro Passos Coelho é a “revolução” que o PSD precisa?

O Aventar disse presente. Como dirá sempre que for convidado por qualquer candidato, seja de que partido for. Para todos nós, estou certo, estes convites (e outros que sei já estarem a caminho) são o reconhecimento de que vale a pena apostar em juntar pessoas tão diferentes sob a égide de um blogue profundamente pluralista e defensor intransigente de um valor supremo: a Liberdade.

O Aventar é, quiçá, o único blogue nacional que junta indivíduos politicamente tão diferentes, da extrema-esquerda à extrema direita, republicanos e monárquicos, ateus e crentes mas todos com um objectivo comum: exercer o seu direito à livre expressão. Não somos nem melhores nem piores, somos apenas e só o Aventar.

A excelência do ensino no Externato Carvalho Araújo em Braga

Em relação ao meu «post» sobre o tiroteio de anteontem, uma aluna do Externato Carvalho Araújo, em Braga, brindou-nos com este comentário de fino recorte literário:

ya mete mesmo piada estes comentários fogo. ve-se mesmo que nao conhecem o externato… e qto aos meninos ricos , e aos bmw’s audis e mercedes ha algum problema ? dor de cotovelo talvez nao ? e crescer ? dava jeito (;

Muito mal vai o ensino público quando…
Ai é privado? Ah… Então não faz mal, era a brincar.

Mais sobre o EXternato Carvalho Araújo aqui e aqui

Professores : aberta a caixa da Pandora

Muitas vezes dizemos coisas desagradáveis mas que têm que ser ditas, correndo o risco de sermos mal compreendidos, e até de perder amigos ou relações que estimamos.

Quando abordo a questão dos professores e da escola pública, faço-o por uma única razão. Porque se há coisa que me fez feliz foi a escola; se há coisa em que acredito é que só a educação nos tira da pasmaceira e da miséria, e não só cultural; porque se há profissão que tem influência nas nossas vida é a de professor.

Devo grande parte do que sou a dois/três professores, nada tenho contra os professores, mas tenho contra o estado a que chegou a educação e a dependência da escola pública dos burocratas quer do ministério quer dos sindicatos. E não vejo os professores a lutarem contra isso. Há aqui e ali quem o perceba, mas a maioria está convencida que tudo se resume à bulha de burocratas.

Leiam o editorial de hoje do “Negócios”, está lá tudo o que  escrevi aqui no Aventar. Tudo! Não sou adivinho, nem estou “a armar aos cucos” porque é fácil perceber que ,mais uma vez, o país vai pagar muito caro. Há mesmo frases iguais às minhas, com a diferença que o meu texto foi escrito há 3/4 dias.

Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública: “Exigimos a suspensão da avaliação. Vamos travar uma batalha por causa disto”.

Nobre dos Santos, coordenador da FESAP: Os professores têm que seguir um regime equiparado aos dos restantes profissionais”.

A comparação entre as condições dos professores e os outros profissionais são gritantes, desde logo na Carreira.Mais breve nos escalões e com menos escalões; Quotas: regime francamente melhor; Orçamento: a progressão dos professores não está sujeita a disponibilidade orçamental para além de ser mais breve  ; Bonificações: não há bonificações para os restantes funcionários.

A CGTP e a UGT limpam armas : …”um técnico superior pode terminar a sua vida activa sem sequer ter chegado a meio da tabela salarial…mesmo que tenha desempenho “relevante” ou “excelente” a progressão depende das decisões dos dirigentes e da existência de verba para o efeito.”

O meu texto chama-se ” A lógica do Estado Corporativo”, incomodou muita gente, mas não foi preciso esperar muito, em dois/três dias as corporações estão aí !

Um Estado fraco, balofo, acossado por escândalos, com um primeiro ministro que faz da mentira um argumento político, com responsáveis a ganharem balúrdios porque são deste ou daquele partido, ou são família ou são amigos, fortunas individuais a subirem à mesma velocidade que o país empobrece…

Quem chega primeiro ao pote do mel! Eis a questão, o objectivo, o modo de vida!

A política socialista em todo o seu esplendor!

SIGNIFICADO – A música Portuguesa se gostasse dela própria #2

Trata-se do novo filme de Tiago Pereira, uma produção/encomenda da d´Orfeu Associação Cultural. Estão disponíveis três trailers para divulgação, com grandes e não tão grandes nomes, todos eles importantes para que a música portuguesa goste de si própria.

PS: Por motivos a que somos alheios, estes vídeos foram retirados, dando lugar a um único trailer. Pode ser visto aqui.

http://www.facebook.com/v/242508386529 [Read more…]

a lição do professor: o contexto social da criança

Ensaio de Antropologia da Educação

Conceição Lopes, a Sardinheira

Conceição Lopes, a Sardinheira

1. Abertura com todos os instrumentos.

Costumamos pensar que é o professor quem ensina. Na pré primaria, ensino básico, ensino secundário, nos outros ciclos, no ensino denominado superior. Os primeiros ciclos, formam um cidadão; os segundos, orientam para um trabalho ou profissão que, os habilitam para tarefas técnicas ou académicas. Todas as alternativas são necessárias e respeitáveis. Todos os de diferentes ciclos, em permanente debate. Nunca há pleno acordo em relação à maneira de ensinar e sobre o que deve ser aprendido pelos mais novos. Mais novo que, pela sua vez, andam a aprender nos seus próprios ciclos de vida: na escola, na casa, no bairro. Crianças nascidas numa sociedade de quem são herdeiros, entendam ou não, saibam ou não, aceitem ou não, mudem ou não.

Normalmente, acabam por retirar da memória social esse palavrão usado por mim e por outros em tantos textos e que consiste em transferir as ideias de uma geração à seguinte – da memória social, o que deve ser feito e o que não. Por outras palavras e de forma simples, retiram de memória social o bem e o mal. Branco e preto. Sem gradações pelo meio, sem mais alternativas que as usadas e inventadas pelos seres que manipulam a vida para continuar, para produzir, para reproduzir. [Read more…]

Arrastão de Carácter:

O Daniel Oliveira ficou muito irritado com o CAA por algo absolutamente simples: o Carlos denunciou uma verdade, a encenação a que genialmente Alberto Gonçalves chamou de “O Casamento Postiço”, hoje na Sábado.

Claro que o motivo apresentado pelo Daniel Oliveira para tanta indignação contra o CAA não foi ESSE mas na verdade ESTE post. Uma boa técnica de disfarce. Aquilo que CAA escreveu e que muitos repararam é simples: o defensor da família conservadora, o paladino dos usos e costumes sociais de certa direita retrógrada preferiu esconder-se na última fila da sua bancada em vez de, com coragem e determinação, defender as suas convicções. E não, caro Daniel, nada disso significa uma opção de vida nem ingerência na sua esfera privada. Aliás, a reacção de Daniel Oliveira e de outras virgens ofendidas de certa esquerda caviar é que nos leva para caminhos de ingerência na vida privada de Paulo Portas.

Que eu saiba, não existem dois Paulo Portas, o Portas do Independente e o Paulo do CDS. Eles são uma e a mesma pessoa. O Portas do Independente era um liberal nos costumes representando uma direita diferente, para melhor. Já o Paulo do CDS e pós PP prefere seguir um caminho conservador, escondendo-se em falsos moralismos. Mas não deixa de ser o Paulo Portas, apenas utiliza uma personagem diferente por diferentes serem as circunstâncias. Claro que prefiro o primeiro.

Pertenço a uma direita que abomina o conservadorismo nos costumes, uma direita que defendeu e defende a liberdade de opção das mulheres no aborto, que não se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ou seja, a mesma direita do CAA.

Provavelmente, por isso mesmo, somos mais duros quando confrontados com estas hipocrisias da direita dita conservadora. E o facto de o CAA ter escrito DESTA forma, a qual subscrevo palavra por palavra, desencadear semelhante ataque de carácter por parte de Daniel Oliveira cheira-me a, como costumo dizer ironicamente, a “rabo escondido com o gato de fora”.

Verdadeiramente, o que irritou Daniel Oliveira foi ESTA posta e irritou-o por um motivo muito simples, mesmo que não queira assumir, por lhe reconhecer toda a razão. Eu que defendi aqui no Aventar esta lei, ao ponto de ter irritado alguns leitores e chocado um ou outro amigo de direita, fico envergonhado com a estupidez da encenação, do folclore a que alguns se prestam na defesa de certos direitos – que são tão óbvios que nem deveriam, num país civilizado, necessitar de tanto alarido. Foi, como escreveu hoje Alberto Gonçalves, uma forma de achincalhar não apenas o casamento entre pessoas do mesmo sexo como, igualmente, todos aqueles que defenderam a decisão do Parlamento.

O ataque de carácter a CAA só demonstra, isso sim, a falta de carácter de certa esquerda que prefere matar o mensageiro a condenar quem anda entretido em paródias vexatórias como essas.

O que se diz por aí

Para quem quer ajudar as vítimas do sismo no Haiti pode informar-se aqui.
Parece que o aluno que alvejou um colega, num externato em Braga está em casa “por razões psicológicas”. Já o seu colega não está em casa por razões físicas.
Até agora a questão anda à volta do adolescente, mas interessa apurar a origem da arma e possível irresponsabilidades de adultos.
Ainda o filme “Avatar” a ser dado como causador de uma onda de depressão. Parece que já temos mais uma pandemia. Fala-se em “Desejos de Pandora”, o que para muitos maridos e namorados deve ser preocupante pois devem estar já com medo que as respectivas exijam colares, peças e anéis da Pandora. Um bilhete de cinema pode ficar bem caro.
De Espanha, pelos vistos, nem bom vento, nem bom casamento, nem boa água . Há muito que se fala nos incumprimentos espanhóis na reposição dos caudais, mas parece que se trata de um problema de “comunicação”. Estava em crer que Sócrates falava de telemóvel com Zapatero. Até acho que vi isso na televisão…

Acção de nulidade da Licenciatura de Sócrates

Recebido por mail:

Acção de Nulidade da Licenciatura de José Sócrates

Como todos sabem fui eu que entreguei uma queixa-crime para se
averiguar da veracidade ou falsidade da licenciatura de José Sócrates,
depois da investigação do Prof. António Caldeira, do blogue «Do Portugal Profundo”

Apesar de o Ministério Público ter arquivado o processo (como vem sendo hábito quando se trata de Sócrates), com argumentos que não nos convencem, decidi intentar acção judicial de nulidade da licenciatura de José Sócrates.

Entendo que não é verdadeira, nem válida, face a todos os elementos disponíveis.

Desde logo a Universidade Independente não possuía o órgão legalmente estabelecido para aprovar as equivalências, pelo que o processo está viciado. Para além de vários outros dados que não posso aqui revelar.

Depois, não se pode dar equivalência a cadeiras que ainda não estavam feitas.

Por fim, a UNI não reunia os requisitos legais necessários.
Assim, logo que o Tribunal de Instrução Criminal me entregue a certidão que já pedi – na semana passada – será intentada a competente acção de nulidade da licenciatura em Engenharia Civil do actual Primeiro Ministro.

Os portugueses necessitam de saber a verdade!

Dr. José Maria Martins

Tu lá, tu cá

Hoje temos de aturar o tratamento na segunda pessoa do singular. Principalmente de de prestadores de serviços: “manda mensagens”, “navega à borla”, ” adere”, etc.

A sociedade de consumo parece estar só virada para “os jovens”, e, pelos vistos, acha bem tratar tudo da mesma forma.

É moderno (agora diz-se “radical”). É a lógica do “tu lá, tu cá”, a querer passar a mensagem de proximidade, para depois, na prática, quando temos algum problema para resolver, lá vem a distância, e o custo.

Exemplo desta falsa mensagem de proximidade que depois desemboca em distância, é a prática comum do método dos centros telefónicos de atendimento (agora diz-se “call center”), do atendimento à distância, em que um cliente para resolver um problema qualquer – a Internet não funciona, o telefone não tem linha, o sinal de televisão por cabo pifou, etc -, tem de pagar para ser ouvido.

Os números grátis são muito bons para promover produtos, ou dar informações genéricas. Já para se resolver uma falha de serviço que é da responsabilidade do respectivo prestador, tem de se ligar para uma “linha de atendimento” a pagar, um 808 ou 707 qualquer coisa. Sim, paga-se para se reclamar, paga-se para se exigir que alguém faça aquilo que é devido, ou seja que cumpra com a sua parte do contrato.

É tudo “tu lá, tu cá”, é tudo muito amigo, muito próximo. Até haver problemas.

Direita securitária quer aprovar "lei mata-processos"

Parece um contra-senso, mas acontece em Itália, onde Berlusconi perdeu definitivamente algum resto de vergonha que alguma vez possa ter tido. Leis fortes contra os fracos, fracas contra corruptos poderosos. Com canções de amor à mistura.

Mário Nogueira dá as respostas a TODAS as perguntas

Numa entrevista exclusiva ao Topo da Carreira Mário Nogueira responde a tudo sobre o acordo com o ME – é uma entrevista de Leitura Obrigatória!
E no site da FENPROF podemos ter acesso a alguns quadros que também são interessantes para perceber o que está no acordo.

Memória descritiva: um pormenor insignificante

Já aqui contei há meses a história de uma tele-confusão – convidou-me a RTP para ir falar sobre o local de nascimento do D. Afonso Henriques e, quando a entrevista, em directo, começou, fizeram-me perguntas sobre as origens do fado. Tenho uma história do género, mas passada num jornal diário em que colaborei.

Era o «Página Um», um diário ligado à esquerda extra-parlamentar. Depois de acabado o meu trabalho na empresa, ia para a redacção, na Rua Braamcamp, e encarregava-me da crítica de livros, de temas culturais e de um ou outro fait-divers. Com o Fausto, esse mesmo, o Fausto Bordalo Dias, o excelente cantautor, ocupava um pequeno gabinete. Ele fazia crítica de discos e espectáculos musicais. A política corrente é que estava a dar, por isso éramos uma espécie de párias, defensores de causas perdidas. Não nos ligavam nenhuma. Uma tarde, vinda de uma agência, chegou-me uma fotografia de um miliciano maronita sentado num degrau de uma casa destruída, descansando da fatigante tarefa de assassinar muçulmanos. [Read more…]

Pedro Passos Coelho almoça com Bloggers – Parte II:

O prometido é devido, aqui fica a segunda parte do almoço com Pedro Passos Coelho:

Se antes Pedro Passos Coelho nos falou sobre questões económicas, referindo a necessidade de introduzir princípios de co-financiamento nalgumas áreas da economia pública e reafirmando a necessidade de caminhar para uma diminuição do peso fiscal – alguém lembrou que os portugueses não sentem qualquer retorno dos impostos que pagam – sublinhando, inúmeras vezes, a necessidade de se fazer uma clara destrinça entre o que são operadores públicos e privados, não deixou de afirmar que, exceptuando as matérias que implicam uma alteração da constituição, as reformas devem ser feitas independentemente de existir ou não acordo com o PS.

Aqui chegamos ao Investimento Público. Reconhecendo que as Obras Públicas são investimento, relembra que as mesmas se projectam, em termos de dívida pública, por muitos e longos anos e, por isso mesmo, “temos de ter uma estratégia lógica de médio/longo prazo e o critério não pode ser o de animar ou não, a curto prazo, a economia mas se são realmente estratégicas para o futuro do país”.

“É essencial diminuir a dependência energética do país”

Sobre o Nuclear não está convencido que o investimento necessário possa ter o retorno que se espera e que necessitamos. Não tendo qualquer preconceito sobre a questão e lembrando que a questão de “segurança” não se coloca uma vez que temos duas centrais nucleares espanholas na fronteira, prefere o investimento nas eólicas e nas barragens.

“Se a Alta Velocidade é para parar em todo lado mais vale não avançar”

Já quanto ao TGV afirma entender ser mais urgente investir na ferrovia de mercadorias e consequente ligação desta a Espanha e ao resto da Europa. Mas defende a ligação Lisboa-Madrid embora julgue ser mais prudente adiar por dois ou três anos e que a ligação Madrid – Paris esteja concluída. Um adiamento fruto das actuais circunstâncias económicas, preferindo utilizar os meios de financiamento no apoio às PMEs, permitindo criar algum alívio ao tecido empresarial privado.

“O novo código de custas apenas resolveu em termos estatísticos”

No tocante à Justiça entende que é fundamental combater a actual morosidade que é geradora de injustiças e atrofia a economia mas entende que a filosofia subjacente à despenalização de certos comportamentos económicos, ou seja, de retirar dos tribunais determinados assuntos, é a correcta e inevitável pois nem toda a litigância terá, necessariamente, que estar nos tribunais e o caminho é a arbitragem na figura do Juiz Auxiliar/Juiz Assistente. Mas desde que o essencial da justiça seja realizado.

Defende ainda a criação dos “Gestores de Tribunais” para a gestão de recursos humanos e físicos existentes. Além de entender que é necessário, ao nível do processo, avançar para uma maior agilização.

Para mais logo ficam os temas: Regionalização, PSD, Liberalização das Drogas Leves e a adopção por casais homossexuais.

As conchas de Neruda

Pablo Neruda a recolher conchas em Cuba (Foto de Mario Carreño)

Pablo Neruda, o grande poeta chileno, coleccionava conchas e búzios. Fê-lo ao longo de décadas, recolhendo exemplares um pouco por todo o mundo. Doou a sua colecção à  Universidade do Chile, mas durante décadas, e por dificuldades várias, essa colecção ficou semi-oculta, estando apenas uma pequena parte em exibição. Recentemente, e com a colaboração de instituições espanholas, a colecção foi reorganizada, e mostra-se agora em Madrid, na sede do Instituto Cervantes, sob o título “Amor al mar”.

São perto de quatro centenas de exemplares, que Neruda recolheu e preservou ao longo de vários anos, desde os seus quinze anos, quando viu pela primeira vez o mar, até cerca de 35 anos depois, quando decidiu oferecer a sua colecção à Universidade, em conjunto com a sua vastíssima biblioteca, dizendo:

“El esplendor de estos libros, la gloria oceánica de estas caracolas, cuanto conseguí a lo largo de la vida, a pesar de la pobreza y en el ejercicio constante del trabajo, lo entrego a la Universidad, es decir, la doy a todos.” [Read more…]

A EDP e a sub-estação do meu bairro…

A EDP está em grande, avultados investimentos no Mar do Norte, e nos Estados Unidos, em energia do vento em off e em on shore. Associada com empresas de tecnologia de ponta, a EDP diz que quer ficar detentora desse know how e arrancar com um cluster no país, com outras empresas portuguesas.

Eu por mim acho bem, o pior é a mesma EDP tão avançada tecnologicamente, dar-me cabo, ano após ano, do meu frigorífico.

É que vivo aqui há 30 anos e não há ano nenhum que não aconteçam, nesta zona, vários apagões. Lá se vai o frigorífico e os alimentos que lá estão, a TV e a box ficam a piscar, o PC troca tudo, as lampadas fundem…

Para além das chatices tudo isto custa dinheiro, é preciso chamar várias entidades para repôr a minha comodidade e, isto, é todos os anos. Como se compreende que uma empresa internacional, que é só tecnologias e investimentos internacionais, entre os grandes do mundo, não seja capaz de arranjar de vez, a sub-estação do meu bairro?

E pagar os prejuízos dos agricultores do Oeste?

Ainda um dia destes vamos ter a EDP a fazer uma “joint-venture” com uma grande empresa internacional, para enroscar as lampadas da minha rua…

Tudo, porque pagamos o preço mais alto de energia e estamos entregues à prepotência de uma empresa monopolista que não está sujeita à concorrência. (agora está aí a espanhola Endesa…)

Nestas condições todos podem “armar” em “super gestores”…

O que se diz por aí

No Haiti, a ajuda humanitária passou a ser a grande preocupação, com com corpos empilhados nas ruas, urge assegurar a saúde pública. De Portugal vai seguir a AMI, e um pouco por todo o mundo seguem auxílios. Mas é já mais do que tempo de começar a ouvir os especialistas para evitar mais catástrofes no futuro. A ciência humana deve ser de todos e para todos.
Por cá o mau tempo continua a fazer das suas e são já dez distritos em alerta, tudo a norte e centro do país. Pelo menos em em Gaia já fez das suas. A malta aguenta…
Também é notícia que em Palmela um café foi assaltado à mão armada e levaram tabaco e a máquina registadora. Vamos lá ver: à mão armada tinha de ser, pois não iam conseguir os seus intentos doutra maneira pois as pessoas ainda não se habituaram a serem assaltadas. Se nós colaborássemos, tudo seria mais pacífico.
Entretanto o Governo vai começar a negociar com a Oposição a viabilização do Orçamento do Estado. Sabemos que estas coisas resolvem-se por telefone, em “encontros informais” e conversas de corredor, mas protocolo é protocolo.

Apontamentos de Inverno (19)

(Lamas de Mouro, Melgaço (3))

Deus contraria Jesus

O empate do Benfica frente ao Vitória de Guimarães poderá ser muito mais grave do que se pensava.
Isto porque o treinador do Benfica, Jesus, afirmou quanto á táctica do jogo: ”Jogamos no seja o que Deus quiser”.
Certamente que a ideia de Jesus era ganhar, mas Deus não terá querido tal coisa, entendendo por bem o empate.
Este é um caso que poderá ser bem mais grave do que pode parecer. Poderá não ser apenas um desacordo entre Jesus e Deus. Poderá haver algo mais profundo: Jesus e Deus poderão ter preferências diferentes em matéria de clubes. E nada garante que o Patriarca não tenha achado que era tempo de mostrar ao filho quem manda.
Grandes mudanças poderão estar em perspectiva, acrescentando-se mais uma dúvida: alguém já avisou o Vaticano?

Laurinda Freitas: um depoimento

Neste pobre país é proibido ser bom trabalhador mas honesto, isto desde o escriturário ao administrador.

Trabalhei como 1ª escriturária durante 35 anos numa empresa do ramo automóvel, pertencente a um Grupo Económico deste País. Neste espaço de tempo exerci algumas funções onde fui muito bem sucedida, mas por inveja dos meus chefes e porque à empresa não interessava trabalhadores que não lhes mereciam confiança para exercerem manobras contabilísticas /  corrupção, nunca me deram a oportunidade de subir na carreira.

Nos últimos dez anos que trabalhei na empresa procuraram todos os meios possíveis para me desgastarem, para que eu tomasse a decisão de sair da empresa, pois fui marginalizada, realizavam-se reuniões com os trabalhadores dos sectores a que eu pertencia e eu era proibida de participar.

Excluída, todos os trabalhadores tinham formação de informática e eu não, eram colegas que me explicavam depois o mínimo necessário para eu trabalhar. Era a única trabalhadora que não tinha impressora, pois tinha de me deslocar a gabinetes de colegas, para retirar os documentos que punha a sair nas impressoras delas.

Humilhada, enquanto os restantes trabalhadores tinham um gabinete digno, o meu mais parecia uma entulhada de papeladas, com caixotes cheios de papéis acima da superfície e pastas de arquivo no chão.

Torturada, trabalhava num gabinete onde estava uma máquina de grandes dimensões que alimentava todo o sistema informático das empresas do Grupo de toda a Região Norte; essa máquina trabalhando normalmente já fazia um ruído incomodativo, como eu me queixava desse ruído resolveram pôr a máquina a fazer um ruído insuportável, a porta da máquina trepidava por causa do mesmo. Estive assim durante uma semana, nesses dias quando à noite ia dormir parecia-me ouvir esse ruído, só colocaram a máquina com o ruído normal, quando um dos meus filhos foi lá para ver a minha situação.

Resisti a todo o desgaste psicológico que os corruptos me aplicaram, mas em Dezembro de 2008 fui despedida, porque a lei de trabalho em vigor favorece os corruptos que só estavam interessados em trabalhadores do sistema.

Portugal jamais poderá prosperar enquanto as empresas agirem como aquela aonde trabalhei, pois preferem ter trabalhadores medíocres, mas que cooperem com a corrupção. Os bons trabalhadores, mas honestos que podem ajudar as empresas e o País a prosperar são tramados.