Vamos falar de casamento?

O Valor Simbólico do Casamento discutido por Miguel Vale de Almeida e que João Miranda comentou no blasfémias coloca uma importante questão sobre a essência da coisa.

Para o João Miranda a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo destrói o valor simbólico do casamento.

Sendo eu casado fiquei apreensivo. Será que o meu casamento está ameaçado? Será que os motivos que me levaram em 1999 a casar estão a ser violentados por esta decisão da Assembleia da República?

Eu casei com a minha mulher por ela ser de sexo diferente do meu? Não. Juntamos os trapinhos, como se costuma dizer por estas bandas, por nos entendermos, por considerarmos que gostávamos suficientemente um do outro para partilhar casa e cama, comida e roupa lavada, casa de banho e mesa de refeição, cão e gato. Ou seja, partilhar uma vida. Será que casamos para ter filhos? Não. Tivemos, até agora, uma. Quando entendemos ter chegado a hora. Será que casamos por um qualquer dever religioso? Deus nos livre. Mas então o valor simbólico deste decisão é a diferenciação do género?

A decisão de casar deriva de algum valor simbólico? Qual?. Não será que depende da vontade das partes em apreço independentemente do seu sexo, credo ou filiação partidária. Ou seja, é um acto de liberdade, o mais importante valor do liberalismo: a liberdade.

Estará o JMiranda e MVA, quando refereM o “valor simbólico”, a falar de amor? Ou a vontade das partes resume-se a uma mera questão jurídico, com maior ou menor grau de simbolismo? Fica a dúvida.

Em memória de Elvis: Long Live The King!

Um pouco por toda a parte, Elvis Presley está a ser recordado pelo seu 75º aniversário.

Não é caso para menos: foi um dos artistas mais influentes de todos os tempos.

Hoje, mantem toda a actualidade, como se pode ver pelas adaptações das suas canções, como é exemplo a do vídeo.
Long Live The King!

Irakafeganiémen

 

Irakafeganiémen, a paradisíaca trilogia dos bons e dos justos

Um velho clínico da aldeia, meu amigo, dizia-me:”antes quero que me considerem mil vezes tolo, do que uma só vez burro”. De facto é deprimente a gente sentir que algumas pessoas tentam comer as papas na nossa cabeça, considerando-nos lorpas, e rindo-se ainda por cima.

Eu li que a CIA começara há cerca de um ano a treinar comandos iemenitas, e li que o conselheiro antiterrorista John Brennan, durante as férias de Obama no Hawai, lhe transmitiu que o general Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque e Afeganistão, tinha tido um encontro muito “produtivo” com o presidente do Iémen.

Eu li que a CIA começou há cerca de uma ano a treinar comandos iemenitas, e que Brennan e Patraeus se deslocaram várias vezes ao Iémen desde o verão.

Eu li que a ajuda militar dos EUA ao governo do Iémen era em 2006 de 4,6 milhões de dólares e em 2010 vais ser de 190 milhões.

De acordo com Sebastian Gorka, perito norte-americano em operações especiais citado pela CBS, as operações militares terrestres de 17 e 24 de Dezembro, e o bombardeamento com mísseis, foram executadas pelos EUA, com o apoio do governo iemenita.

Entretanto, um argelino, homem solitário vindo do deserto e do interior do Iémen, vence a sofisticada tecnologia da maior potência mundial e engana os serviços secretos mais poderosos do mundo, enfiando-se num avião, em pleno dia de Natal, com explosivos agarrados às cuecas, e que não explodem.

A CIA sabe tudo quando lhe interessa, mas “falha” nos momentos “apropriados”. Eu li que A CIA já estava informada do plano através da embaixada dos EU no Iémen e já tinha previamente a identidade e o curriculum do indivíduo, os quais foram divulgados imediatamente a seguir à tentativa de atentado. [Read more…]

Dicionário de Futebolês – Árbitro

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Embora seja uma entidade fundamental no futebol, a palavra raramente é utilizada na língua futebolesa. Para o adepto, o árbitro é quase sempre, entre outros mimos, filho de uma mulher de vida fácil. Para jogadores e treinadores, a avaliar pela leitura labial a que a magia da câmara lenta nos dá acesso, o árbitro é, curiosamente, filho da mesma mulher. É fácil prever que, no futuro, possamos assistir ao seguinte diálogo entre dois adeptos do mesmo clube:

– Este árbitro já nos está a roubar…

– Quem é que está a roubar?!

– O filho da puta!

– Ah, o árbitro! Tu não te sabes explicar!

Se, em Português, tratar alguém por “senhor” é sinal de respeito, em Futebolês, a mesma palavra aplicada ao árbitro é antacâmara ou substituto de palavrão. Efectivamente, nos estádios, o vocativo “ó senhor árbitro!”, normalmente, antecede, em poucos minutos, as referências à profissão mais antiga do mundo desempenhada pela mãe do juiz. Entre os frequentadores dos inúmeros painéis televisivos constituídos por adeptos comentadores, o árbitro é tanto mais tratado por “senhor” quanto mais prejuízos tenha causado ao clube de quem esteja no uso da palavra. Conclui-se, portanto, que, em futebolês, “senhor” é equivalente a “filho da puta”.

No mundo da comunicação social futebolesa, muito mais importante que as transmissões dos jogos é a quantidade de tempo que uma multidão de comentadores passa a prever e a explicar as “incidências do jogo”. Sempre que algum dos comentadores é parte interessada, o árbitro é filho da mãe porque é mãe de todas as derrotas. No caso do clube vitorioso, o próprio triunfo é alcançado apesar das aleivosias cometidas – sempre intencionalmente – pelo árbitro.

De acordo com as leis do futebol, o jogo disputa-se entre dois grupos de 11 jogadores; as leis do futebolês estipulam que o principal adversário de qualquer equipa é o árbitro.

Elvis Presley nasceu há 75 anos

Se fosse vivo, Elvis Presley faria hoje 75 anos. Não criou o rock, era um cantor pouco mais que sofrível, apesar de um registo vocal amplo, um actor medíocre. Mas sabia mexer bem as ancas. E tinha imagem. E algum carisma. Sabia do que era ou não capaz, daí ter reconhecido nada saber sobre música. No seu estilo não precisava.

Elvis Presley tinha 42 anos quando morreu. Pelo menos é o que consta.

Dicionário de Futebolês – prefácio

capa_para_pirulito_Bola_de_futebolGosto tanto de futebol que chego a gostar mais de futebol do que do Benfica, o que, tendo em conta os últimos 20-30 anos, só pode ser saudável. Não renego a necessária irracionalidade com que o clubismo deva ser vivido, mas, como em muitas outras coisas na minha vida, procuro não ceder à estupidez, especialmente se estiver em público, porque acredito que há coisas que só devemos fazer ou dizer no recato do nosso lar. É por isso que, encerrado na sala com a Sporttv, deixo escapar palavreado impróprio, especialmente nas muitas ocasiões que o meu clube me tem proporcionado para me revoltar ou para me entristecer.

Devo esta atitude quase correcta ao meu pai, que, nos inúmeros jogos a que assistimos, nunca se exaltou a não ser com a qualidade do futebol, nunca lhe tendo ouvido um insulto a nenhum dos intervenientes no espectáculo. Também por isso, nos estádios, sou de uma discrição a toda a prova, até porque, ainda por cima, a irracionalidade agressiva que aí campeia é algo que me desagrada visceralmente e, por prudência cobarde, parto sempre do princípio de que não vale a pena arriscar o palminho de cara que Deus me deu, que não é nada de especial, mas não é para estragar.

Ao longo destes anos como espectador e ocasional candidato a atleta, tenho-me deliciado com comportamentos e linguagens que, podendo ser perigosos, não deixam de ser cómicos. Nos últimos anos, aliás, partilhei essa paixão com um amigo, entretanto falecido, o jornalista Manuel Dias, que juntava à paixão pelo Futebol Clube do Porto uma imensa cultura nascida de uma vida profissional intensíssima, com destaque para os anos que passou n’ O Primeiro de Janeiro (e muito a propósito, no dia de hoje, amigo de José Maria Pedroto). Um dos nossos passatempos preferidos consistia em assistir às transmissões televisivas, comentando não só o jogo, mas também – e muito – o linguajar futebolês, cultivado por comentadores, treinadores, dirigentes e até espectadores. [Read more…]

Big Bang ou Fiat Lux?

Big Bang  ou  Fiat Lux ?

 Não sei se alguém teve a infelicidade de ouvir hoje na Antena 2 o programa Quinta Essencia, em que o amigo João Almeida entrevistou um tal Senhor Luís Archer, jesuita tido e apresentado como brilhante cientista e homem de fé.

 Deus meu!!!

Logo ao fim do primeiro rol de disparates, eu mudei de estação. Mas vocês sabem como é, quando a asneira e o disparate atingem um tal grau de estupidez, nós sentimos uma necessidade quase masoquista de ouvir, embora façamos todos os trejeitos e sintamos todos os arrepios que a situação nos causa.

 Quanto á entrevista de João Almeida, acho muito infeliz a escolha do entrevistado e acho a entrevista desumana e até cruel, por três razões principais:

 1-Com tanto cientista a sério, que daria tanto gozo e prazer ouvir, gasta tão nobre tempo de antena, enfiando-nos nesta insípida caldeirada de asneiras e disparates.

2-Penso que é desumano fazer espectáculo com a estupidez, seja em que circunstância for, e ridicularizar a este ponto o entrevistado, por mais simpático que João Almeida procurasse ser na sua argumentação.

3-Penso que é cruel o amigo João Almeida, inteligente como é, argumentar com tanta sagacidade perante uma inépcia quase total. É quase como se eu, pessoa de alguma cultura, ridicularizasse a ignorância do Sr. António lá da minha aldeia. Até faz doer a alma. Isso não se faz, João Almeida. Creia que a determinada altura eu até já tinha pena do homem. Fiquei chocado!

 Nota: Se tiverem a oportunidade e a possibilidade de ouvir a gravação, não deixem de o fazer. Por puro masoquismo.

Quantos 25 de Abril houve? (Vasco Lourenço escreve a Sousa e Castro sobre Manuel Bernardo)

continuação daqui

Carta do coronel Vasco Lourenço ao coronel Sousa e Castro sobre a carta aberta enviada pelo coronel Manuel Bernardo a Marcelo Rebelo de Sousa, que prefaciou o livro de Sousa e Castro

Caro Sousa e Castro,

O homem (com h bem pequenino) tinha de voltar a atacar. E, mais uma vez, me envolve nas suas diatribes, invenções, aldrabices e quejandos.

Faz-me rir (apesar do assunto ser sério) a nova calúnia que me dirige (desta vez, juntando-me a ti) quando afirma que “(…) pode ser imputada a estes dois militares a inveja de não terem conseguido atingir o almejado posto de general, apesar de o terem tentado mais do que uma vez, enquanto membros do Conselho da Revolução, ou quando este órgão político-militar foi extinto”.

Tu já lhe respondeste.

Por mim, lembro que estive graduado em oficial general (Novembro de 1975 a Agosto de 1976, brigadeiro; de Agosto de 1976 a Abril de 1978, general) durante dois anos e meio, desempenhando o cargo de comandante da RML e governador militar de Lisboa, em condições difíceis e com resultados que muito contribuíram para o orgulho pessoal que tenho do meu currículo. Acção essa a que, diga-se de passagem – como já te disse na crítica que fiz ao teu livro – prestas pouca atenção nesse mesmo livro. O que não invalida, como te referi, que, em termos globais, tenha gostado do mesmo. Lembro ainda que é por demais conhecido publicamente (tu estavas lá e participaste activamente nisso) que, quando terminou o Conselho da Revolução e me quiseram promover a brigadeiro, recusei liminarmente tal hipótese.

Como voltei a recusar, há pouco tempo, quando me sondaram para ser usado como “moeda de troca” na inqualificável promoção do Jaime Neves a general! [Read more…]

LAC – Dia Aberto

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Inaugura hoje e decorre até domingo o Dia Aberto do Laboratório de Actividades Criativas – LAC – em Lagos. O evento destina-se a mostrar uma seleção do trabalho dos artistas residentes no Lac durante o ano 2009.

Ainda antes da inauguração, e em exclusivo para o Aventar, mostro algumas fotos do PREC – Processo de Ratização Em Curso, a intervenção que este ano decidi efectuar, enchendo o edifício com centenas de ratos, que se passeiam pelas paredes e pelos tectos de várias divisões da casa. A ratização em curso prosseguirá nos dias seguintes com o acrescento de novos ratos noutros locais do LAC.

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Já não era sem tempo!

Com mais ou menos protestos, com gente ainda a clamar pela família e pelo casamento procriador, com quem aceita olhar para o outro lado desde que não se lhe chame “casamento”, e até com quem fica a vociferar contra a decadência de costumes, hoje avançamos um pouco mais em direcção à efectiva igualdade  de direitos entre todos os seres humanos. Que ainda falta muito? Com certeza. Mas isso não retira importância a esta conquista.

Há quem diga que a questão é de escassa importância, que o país tem problemas maiores e mais prementes. Eu digo que ninguém deve viver o amor como algo sórdido ou indigno da sociedade.

E que ninguém deve enfrentar a humilhação pública, a discriminação, quando não a violência verbal e física por amar um homem ou uma mulher. E se isto não vos parece essencial, então vemos o mundo de maneira muito diferente. [Read more…]

Apontamentos de Inverno (14)

Vila Nova de Famalicão

(Gavião, Vila Nova de Famalicão)

Noticias do dia

Ocupam hoje as capas dos jornais duas noticias.

A primeira fala-nos do casamento gay, aprovado na AR pela esquerda burguesa e decadente. É um retrocesso civilizacional e mais um pilar em que assenta a nossa civilização que é derrubado.

Sou daqueles que acreditam que a homossexualidade é uma doença, que os homossexuais não devem ser descriminados, mas que a instituição casamento serve para um homem e uma mulher e não para pessoas do mesmo sexo.

Em nome da modernidade esta esquerda fracturante, que tão longe anda da cultura operária de Marx falava, destrói muitas das estruturas que sustentam a nossa civilização, faz o jogo do capital, a quem interessa mão de obra sem valores, sem cultura e sem pátria.

“Nova Esquerda” é uma expressão informal. A par de um revolucionarismo essencialmente anedótico, que permitiu a um certo número de jovens solidarizar-se com uma “revolta da juventude” de dimensão internacional e de romper com o tédio dos anos cinquenta, um dos seus méritos foi ter feito emergir um novo tipo de reivindicações, que já não eram somente de natureza quantitativa, mas que assentavam sobre a qualidade da vida. Parece-me que o movimento de Maio de 68 viu exprimir-se simultaneamente duas tendências muito diferentes: de um lado um protesto, na minha opinião perfeitamente justificado, contra a sociedade de consumo e a sociedade do espectáculo (Guy Debord), do outro, uma aspiração de tipo mais hedonista e permissiva, muito bem resumida pelo slogan “jouir sans entraves” (gozar sem limites). Estas duas tendências eram totalmente contraditórias, como vimos nos anos que se seguiram, quando os representantes da segunda tendência começaram a perceber que era precisamente na sociedade de consumo que as suas aspirações individualistas melhor se podiam realizar. [Read more…]

Conversa…sões

A Lei Parece Uma Peneira

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BURACOS E MAIS BURACOS
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A lei que o PS quer fazer passar, está cheia de buracos. No que diz respeito à adopção de crianças por casais homossexuais, então, a coisa parece uma peneira. Um “gay” ou uma “lésbica” podem adoptar enquanto solteiros, mas não o podem fazer enquanto casados. Uma “lésbica” pode recorrer à inseminação artificial ou então arranjar um parceiro que a “ajude”, podendo assim ter um filho, mas não pode adoptar enquanto casada. E por aí fora.
É o que acontece quando se querem fazer as coisas à pressa, atropelando tudo e todos, e fazendo com que as coisas importantes para o País percam a importância, e que problemas de poucos se sobreponham à maioria.
Pobre País em que vivemos.
Pobres de nós, governados assim.

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Tão original como a roda, Clara inventa o orgasmo publicado

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Clara Pinto Correia inaugurou Sexpressions, onde  se mostra a ter orgasmos fotografados pelo companheiro Pedro Palma. Tudo bem. O exibicionismo massivo já é parte das artes e costumes do séc. XXI (ao ponto de a indústria porno estar ameaçada de extinção, mas isso agora nem é para aqui chamado),  e Clara Pinto Correia, que depois de ter sido uma excelente repórter e ter atingido o zénite com Adeus Princesa já  fez tanto disparate criativo, até podia com esta exposição regressar ao seu melhor, embora pelo texto da exposição tal se demonstre impraticável.

Agora quando declara isto ao Correio da Manha:

Não precisei de ser convencida na medida em que sempre achei que estávamos perante uma ideia inédita e extraordinária.

Merece como resposta: vá ter um olho para outra terra de cegos, que neste não será rainha nem por um dia. Seguem-se dois vídeos da página Beatiful Agony – facettes de la petit mort onde centenas de pessoas se fizeram filmar em pleno orgasmo. A página tem anos. Escolhi para o menino e para a menina, que assim ninguém reclama.



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O casamento já está, venha a adopção!


Parabéns a todos.

Os Canalizadores

LSE -Tim Besley – The Global Economics Crisis: one year in

Is the financial system more than plumbing? (…) I think we need to go back to thinking the financial system as essentially plumbing and giving it the right status as plumbing, in the sense that people kind of allowed the financial system (…) to be elevated to a status which probably it didn’t deserved (…).
Sure it’s important and when the financial system fails we all notice but we shouldn’t con ourselves into believing that the future of any economy should hinge on one sector and it’s ability to contribute UNLESS it’s doing the basic plumbing job it’s meant to do.”

A propósito, ainda se lembram…

"Se você não acredita em casamento gay

… então não se case com alguém do mesmo sexo!

– e não se meta em merdas que não o afectam!”

Wanda Sikes dixit

Casamento gay permitirá baixar o desemprego…

… pelo menos na área da hotelaria, restauração e similares, bem como na área do pronto-a-vestir/costuraria, viagens, imobiliário, ménage e têxteis-lar, entre muitos outros.

Em revista 08.01.2010

E aí está José Sócrates a afirmar no Parlamento que a provação do casamento homossexual é “um passo contra a discriminação”. Esqueceu-se foi de dizer que é também um passo a favor de uma outra discriminação: podes casar mas não podes adoptar.
Entretanto o Tribunal da Relação de Lisboa, confirmou a inconstitucionalidade da ASAE, quanto às suas competências policiais. O que é um claro exercício de coragem: arrisca-se que a ASAE ainda lhe feche as portas à custa de umas tantas normas de uns tantos regulamentos.
Mas, voltando a José Sócrates, afirmou ontem que a culpa da crise financeira é dos bancos. Isto a propósito das contas sobre a dívida pública apresentadas pelo BPI. Sócrates não deve ter gostado que fossem privados a denunciar o real estado das contas públicas. É o que dá as zangas entre comadres…
E ainda há o azar destas coisas da natureza, a aumentar aos custos do Estado. Pelos vistos já custa ao erário público cerca de 80 milhões de Euros as chuvas de Dezembro. Se continua assim, precisamos de fazer um fado bem trágico “As águas de Dezembro”, para contrapor às “Águas de Março” de Tom Jobim.
Por fim, uma boa notícia: Manuel Machado teve alta. Sempre gostei do estilo deste treinador, que nunca se escusou a dizer o que pensa. Que regresse o mais cedo possível ao trabalho.

Memória descritiva: Luta armada contra a ditadura (5) – debate com operacionais da LUAR, BR e ARA-

Este debate surge na sequência (e como corolário) de uma série de quatro textos que aqui publiquei sob o título «Luta armada contra a ditadura». Nesses textos, sumarizei os movimentos mais relevantes verificados desde o 28 de Maio de 1926 até ao 25 de Abril de 1974. Numa descrição cronológica (e necessariamente incompleta) englobei os movimentos de natureza militar, os de iniciativa civil, e alguns em que ambas as componentes intervieram. Nos dois últimos textos, tentei sintetizar a acção de organizações clandestinas que, desde o final dos anos 60 e até à Revolução, desenvolveram uma série de acções de sabotagem que constituíram um elemento decisivo no desgaste de um regime fragilizado pela Guerra Colonial, pelas greves, pelas lutas estudantis e por um crescente descontentamento da população.

No arranque deste debate que ficará depois aberto a todos os leitores, vou entrevistar elementos das três organizações que até a 25 de Abril de 1974, moveram essa resistência armada – A LUAR, as BR e a ARA. São eles, por ordem alfabética, Carlos Antunes, comandante operacional das Brigadas Revolucionárias; Fernando Pereira Marques, elemento do comando da LUAR que tentou ocupar a cidade da Covilhã no Verão de 1968 e José Brandão, que integrou a ARA, a organização armada do Partido Comunista Português. Todos eles meus amigos de longa data. É uma conversa entre amigos, portanto, esta que transcrevo da gravação. [Read more…]

Para o anedotário nacional, um acordo entre o Ministério da Educação e os Sindicatos

Imaginem que numa escola apenas existem dois professores que leccionam uma dada disciplina. Imaginem que ambos pretendem atingir um determinado escalão, para o qual haverá uma quota de 30%.

Segundo a proposta ministerial o acordo com os sindicatos, uma vez que ambos os professores necessitam de quem lhes assista a umas aulas, terão de assistir às aulas um do outro. As aulas assistidas, a maior imbecilidade de todo este processo já que qualquer calaceiro prepara 2 ou 3 aulitas à moderna, com uns paurpóins e tudo, mesmo que nas restantes se limite a ditar apontamentos retirados de um manual qualquer, serão uma espécie de intercâmbio: hoje assistes à minha, amanhã vou eu à tua.

Texto parcialmente reciclado do que tinha escrito sobre a proposta ministerial. Esta anedota mantêm-se. Pior do que isso, o processo de avaliação parece-me completamente controlado pelo Diretor da Escola. Ora o modelo de gestão, o regresso do sr. Reitor, foi a pior e mais perigosa herança da ministra anterior, a caminho da privatização / municipalização do ensino público.

Isto não me está a cheirar nada bem, pois não.

Comparação entre Isabel Alçada e Maria de Lurdes Rodrigues (a propósito do acordo com os Sindicatos)

Do nosso leitor Joaquim Ferreira:

Excelente. Finalmente, parece que os professores encontraram uma postura de abertura da parte do Ministério da Educação. Esperemos que o acordo seja capaz, de per si, de contribuir para devolver a serenidade ao processo educativo. Que as escolas possam ter condições para desenvolver o processo educativo num clima de interajuda, de cooperação e não de individualismo, de atrito permanente.

Creio que hoje a vitória não foi nem dos Sindicatos nem do Ministério. Foi uma Vitória da Educação.

Do acordo alcançado, seguramente, não há vencedores nem vencidos. Os professores, se o acordo vai de encontro às suas aspirações, sentirão uma nova energia, uma nova dinâmica para continuar a desenvolver um trabalho em benefício de uma melhor formação das gerações de estudantes que amanhã, serão os governantes deste país. Assim, é o país que fica a ganhar com este acordo. Nenhum cante vitória. Seguramente houve cedências de parte a parte. E isso, sim, contrariamente ao que a notícia do Público que se questionava se Isabel Alçada teria falta de experiência negocial, esta minstra sabia bem o que queria! E preparou-se para levar a “bom porto” o navio que lhe foi confiado. Só os teimosos donos do Titanic insistiram em não querer ver o perigo em que se metiam e obrigaram o timoneiro (comandante) a aumentar a velocidade. para lá dos limites razoáveis suportados pelo navio.

A Ministra da Educação e os Sindicatos deram provas de compreender muito bem o que é negociar. Porque, quando o destino é o abismo, o melhor forma de avançar é “dar um passo atrás”. [Read more…]

Lost (Perdidos) em oito minutos

Lost (Perdidos) é uma das minhas séries de televisão preferidas. É claro que, depois de uma excepcional primeira temporada, reunindo do melhor que já se fez em televisão, entrou numa certa deriva esotérica e de intrincados mistérios.

Cada episódio trazia mais perguntas que as respostas que proporcionava. Às vezes chegava a irritar a ponto de quase nos deixarmos perder no enredo e ponto de quase a deixarmos. Mas quando isso estava para acontecer, como por magia, lá recuperava o fulgor e regressava ao essencial: as teias de complexas relações humanas.

Lost regressa aos ecrãs da televisão nos EUA no início do próximo mês. Em Portugal deve demorar um pouco mais.

Ora, após uma longa pausa de cerca de meio ano, esta parece a altura exacta para recordarmos o essencial que passou. Em oito minutos.

 

http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f9/6555681001?isVid=1&publisherID=769341148

Downsizing, dizem eles

É uma triste realidade aquela em que pequenos e médios empresários tentam obter, junto da banca, liquidez para salvarem as suas empresas, depois de já lhes ter sido sugado todo o património e mais algum para garantia dos financiamentos.

Mendigam apoios àqueles a quem eu, eles, e todo o povo português, avalizou os seus financiamentos externos. Pois convém lembrar que a banca portuguesa foi pedir dinheiro lá fora com o aval do Estado português, ou seja com o nosso aval. E a nenhum de nós algum banco deu de garantia o que quer que fosse pelo aval que o povo lhes deu.

Esse dinheiro que veio de fora á custa do nosso aval está a chegar a conta-gotas às empresas, atrofiando-as em termos de liquidez. E quando o empresário chega à banca, como eu já assisti, para pedir ajuda, volta-meia-volta lá vem a lógica do “downsizing”, ou seja, a diminuição da estrutura da empresa para melhorar a sua viabilidade. Que é o mesmo que dizer mandar trabalhadores para a rua para se gastar menos em salários. [Read more…]

A marcha do dia

Queen – Marcha Nupcial

Agora quero esse acordo muito bem explicadinho

Neste caso fala um gajo sindicalizado. Estou na fase da angústia do gajo sindicalizado no momento do acordo.

E ainda não percebi para que lado vai a bola, quanto mais se o remate é forte ou mais em jeito que em força.
http://video.google.pt/googleplayer.swf?docid=-2508211149010194667&hl=pt-PT&fs=true

Pelo menos espero que não nos saia um penalti à Panenka, que são os mais abusados.

Já agora, o tal de acordo está aqui.

A rapariga que finalmente se viu livre do calhamaço sueco

Lisbeth Salander (adaptação ao cinema de "Millennium")

Pronto. Acabei. Tão cedo ninguém me venha falar da Lisbeth Salander nem do Super Sacana Blomkvist. Isto foi uma espécie de uma doença súbita, com períodos de acalmia após a conclusão de um volume, logo atormentados pelos sintomas de abstinência que me compeliam a começar o ler o seguinte.

Falo da trilogia “Millennium”, do sueco Stieg Larsson. Eu até pensava que não gostava. Basta um livro ser um sucesso de vendas em todo o mundo para eu desconfiar que não gosto. Mas a porra da história bem contada, um policial escorreito, a angústia dos nossos tempos tão bem descrita nessa fusão improvável de estatísticas, personagens ficcionais sólidas, linhas de mobiliário Ikea, gadgets e peças de roupa, tornam as quase duas mil páginas  num vício de que não nos livramos até ao último volume. [Read more…]

Tratar o cancro

Ainda todos nos lembramos da discussão sobre as maternidades, que o Prof .Correia de Campos queria fechar e concentrar os meios técnicos e humanos, num menor número de unidades com vista à excelência.

Começou aí a cair um dos homens que mais sabe de Política de Saúde em Portugal, e que toda a vida se preparou para a Gestão da Saúde Pública.

O argumento, contra utilizado até à nausea, é que as crianças passariam a nascer nas ambulâncias por não se chegar a tempo aos hospitais.

O número mínimo de partos para que uma maternidade ofereça serviços de qualidade seria de 1 200/ano. Há muitas unidades que nem chegam a metade e, é óbvio que quando os casos são mesmo sérios acabam nas tais unidades que têm serviços de excelência. Estejam ou não longe!

Agora vamos ver como é que os nossos políticos vão tratar este assunto do tratamento do cancro. As capacidades e especialidades médicas envolvidas são de tal ordem, em termos de quantidade e qualidade, que dificilmente o argumento poderá ser o mesmo. A tentação é seguir as vozes que se vão fazer ouvir das populações e dos profissionais que poderão ser afectados. Mas aqui o que importa é a excelência do tratamento, e não é uma viagem cómoda e tecnicamente acompanhada que fará a diferença.

Não se podem aceitar argumentos de “economicismo” ou “politiqueiros“, ou populistas, o assunto é demasiado sério, nesta doença os argumentos são os que abrem caminho para os doentes, para o seu tratamento ao nível do “estado da arte“, à excelência!

Vamos lá ver se também vamos ter telefonemas em directo nas televisões vindas de dentro das instituições do Ministério…

Macaco condenado

Este é mais um dos Mitos azuis – o líder dos Super é o melhor exemplo do “poder” do Porto! Pelo mais puro receio – e escrevo a sério – não me atrevo a escrever nada além da informação de que foi condenado.

macaco

Será que a direcção do Porto e os portistas vão achar que isto também é manobra para prejudicar o Porto?
Uma vez houve uma declaração da Direcção quando o carro de um cidadão atropelou um jornalista… Quem sabe também agora surge um comunicado a defender o Porsche!