Para os meus netos, em tempo de crise

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Meus meninos,

Quem me dera ser capaz de vós explicar com palavras simples e calmas, esta época pela que estamos a passar. Explicação entregue nas vossas línguas britânica e neerlandesa, ou holandesa, como também a denominam. Mas, como tenho sido privado de escrever em outra língua que não seja a luso portuguesa, vamos a essa. De certeza, os vós pais podem traduzir línguas que os meus pequenos não conhecem… ainda: os Isley, à língua britânica, os van Emden, ao Neerdanlends. Assim May ouvirá mas nada será capaz de entender por ser muita nova, apenas um ano e três meses… Os van Emden, é diferente: esta Tomas com quase onze anos e que é um sábio e pode explicar a Maira Rose, sua irmã dois anos mais nova que ele.

Bem sabem que moramos em países diferentes, mas, com tudo, mantemos fortes laços de família. Se Oma Gloria para os vam Emden, Grandma para os Isley, anda de viagem fora da Gtã-Bretanha, a sua volta, de certeza vai explicar com palavras bem faladas e com inteligência as avarias que os nossos países andam a sofrer. São apenas duas, mas de imenso tamanho que não nos permitem nem comprar carne para assar, ainda menos chocolates, que, como o meu neto mais velho, Tomas Mauro sabe, parte os dentes, causa indigestão e faz mal a saúde. Como os vossos pais podem também dizer, como Oma e Opa ou Grand Pa explicaram às vossas mães quando eram das vossas idades, que o chocolate causa colesterol, doença apenas para velhos! As vossas mães em pequenas, roubavam os chocolates, especialmente Mum Camila. Mas tarde, já adultas, começaram a repara no dano falado e largaram as guloseimas: apenas fruta e pão com doce de amora (strawberry).

Adultos e crianças têm os seus problemas para resolver. Vós, as comidas; nós, os dinheiros, as crises políticas e financeiras ( finances) que nos obriga a poupar até mos vícios que fazem mal e matam, mas que gostamos, como fumar. Grand Pa ou Opa (Abuelo em Castelhano, Avô em Portugês, acaba de largar o tabaco. Cada vinte cigarros na sua embalagem, custa, 4€! Sinto-me bem melhor sem fumar…

Bem sabem que o mundo em que vivemos, é redondo, por isso temos alvoradas e entardecer. O sol está parado, a terra é que dá voltas e conforme a distância que passa do sol, é o de noite ou de dia. Como devem saber, apenas em 1492 soube-se destes movimentos: antes, pensava-se que a terra era plana e se chegarmos ao fim do mar, os barcos caiam no vazio. Esse problema acabou com as descobertas do Almirante Cristóvão Colombo, descoberta oferecida à Monarquia do Estado Espanhol.

Foi assim que os problemas começaram: as batatas vinham do novo mundo, o trigo e hortaliças, da Europa. Foi preciso construir barcos, silos para armazenar comida que não apodrecia se estava bem guardada. Os problemas começaram porque nasceu o comércio, é dizer, trocar o que não se tinha por bens que outros tinham.

Com o nascimento do comércio, foi preciso criar novas leis e regulamentar as trocas. A mais importante, a base de todas as outras, era a Constituição do Estado, que o declara livre e soberano, como refere o artigo 1º: Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. No 2º acrescenta: A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

Para acrescentar no primeiro codicilo do artigo 3: 1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

Eis o problema. Um assunto é a letra da lei, outro o que acontece na realidade. Para a realidade, todo país deve produzir bens que venda a outros, o que o pão da sociologia, Émile Durkheim, em 1893, denominou a divisão social do trabalho. Mas, muito enganado estava o nosso pai científico, porque o mundo passou a ser uma corrida para enganar aos outros, agarrar o poder, comercializar para eles e assim os políticos ficarem ricos. Não apenas a corrida política enriquece, porque os seus ordenados são altos, como também porque todo gasto efectuada pelo representante do povo, é pago pelo Estado. É dizer, nós que pagamos impostos para assegurar os gastos dos poderes que pretendem governar-nos, e não conseguem O gasto público é tão alto, que foi preciso aumentar impostos, inventar outros e taxar o preço das comidas. O escândalo foi tão grande, que as alternativas oferecidas pelos governantes do partido maioritário, uma alternativa válida, passaram a ser uma burla para todo o parlamento, tendo que se demitir o Primeiro-ministro, entregar o seu cargo ao Presidente da República, quem a aceitou em vinte minutos.

Queridos filhos e netos, mais nada digo. É suficiente ter que explicar estas histórias aos mais novos. Mas, Tomas Mauro, com a ajuda do pai, vão poder conversar e entender-se entre eles, para, a seguir, escrever sobre estas crises e organizar um lindo debate. A política é uma palavra que vem do latim e significa planificar dentro de limites inteligentes para não roubar os cofres do estado.

Cumpro apenas o meu papel de avô, mais velho do que todos vós, e assim desde pequenos entender como se gere uma casa, um conjunto de familiares e amigos, e o país que habitamos Tomas Mauro, fala com o pai, com o tio Felix, o marido da irmã da tua mãe e vás entender melhor esta salada de batatas, que nem o nosso povo consegue perceber…

Raúl Iturra, o vosso Opa Daddy ou Grandpa,ou Avô,e Abuelo Parede, 2 de Abril de 2011.

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