Bem Vindos ao Cairo 004

Estou com algumas dificuldades em pensar na forma  mais correcta de vos falar do cheiro, do sabor e da cor da fruta.
Quando aqui cheguei e fui fazer o reconhecimento do meu bairro, a primeira coisa que me chamou a atenção
e fez toda a diferença na construção da imagem do
sitio onde iria viver uns meses, foram os carrinhos de fruta,
esquina sim, esquina sim, com aquele cheiro que se sentia
20 metros antes e entrava no cérebro como uma mensagem:
come-me, eu sou o néctar dos néctares.
Imediantamente me apaixonei pelas vendas ambulantes de fruta,
que fucionam desde o por-do-sol até para lá da meia-noite.
Às vezes, de manhazinha, há também as tipicamente conhecidas carrroças ambulantes puxadas a burro.
Miudos com idade para brincar, tentam ganhar algum numa vida tristemente miserável.
Mas são felizes parece-me. Sorriem para as fotos, e pedem-nos para comprar tomates, alfaces e batatas. 
Bem, continuando, lalvez se vos disser que a fruta cheira ao que deveria cheirar. Que sabe àquilo que cheira,
Que se trinca e e se sente o que se devia sentir, aquilo que em sonhos imaginamos que será o desejável.
Pega-se numa maçã bordeaux, dá-se uma trinca suculenta e parece mel…
As meloas, são tão doces e têm tanto sumo, que nos escorre pelos cantos da boca
como se fossemos crianças lambuzadas.
As pêras trincam-se, comem-se como maças, e não precisam de ser verdes para ter esta textura.
Naturalmente, sabe a pera, como nunca soubera antes.
Eu, que até nem sou muito de comer frutas, tenho-as comido como se fosse extremamente dependente delas.
Mas há uma coisa, ninca terei descrição para as laranjas e para as bananas.
Uma porque não posso, a outra porque abomino.
Mas deduzo que estejam dentro do limite do excepcional e recomendável.
Ah! As ameixas e Kiwis são do outro mundo. Come-se e chora-se por mais.
Assim como as mangas e abacates.
Depois da fruta, vêm os vegetais. Igualmente bons e coloridos e saborosos e tudo e tudo.
E assim, a cada passeio na minha rua, tenho um supreendente e contínuo cheiro a doce e mel e pomar,
em contraste com o cheiro a lixo e poeira que comunmente se sente.
Como em todos os lugares do mundo, há o bom e o mau.
Há o aceitável e o execrável.
Eu felizmente tenho esta tendência para absorver mais as coisas boas,
e deixar na beira do prato as coisas más.
Sou como as crianças com a comida, se não gosto, fica de lado.
O cão há-de comer os restos.
Cláudia Rocha Gonçalves

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