A imprensa de todo o mundo noticia hoje alegados testes do regime norte-coreano com o que se pensa ser a primeira bomba de hidrogénio produzida por Pyongyang. No comunicado lido pela televisão estatal pode ler-se:
A actividade sismica detectada por diferentes centros de monitorização parece confirmar as notícias e o regime não perdeu a oportunidade para enviar avisos à comunidade internacional: o reforço da capacidade militar/nuclear do exército norte-coreano é para continuar e intensificar. Resta saber, a confirmar-se a posse desta arma, se a Coreia do Norte irá usá-la contra civis desprotegidos e inocentes de um qualquer país militarmente vergado como aconteceu com o Japão em Agosto de 1945. Estados opressores e imperialistas tendem a comportar-se da mesma maneira.
Claro é preocupante.
Os imperialismos têm traços comuns.
Contudo tenho questões a lançar, como simples ser mortal.
Se há países que têm a bomba H, porque é que a Coreia do Norte não pode ter? Que acordos internacionais garantem que não precisam da Bomba H para ter progresso sem serem obrigados a submeterem-se a lógicas de outros imperialismos?
Sabemos que a questão última de uma negociação é ganharem todos os negociadores (partilha). Mas não é assim que tem acontecido.
Sentimos que muitos países não podem dizer não ao acordo transatlântico (!?) sem sofrerem hipotéticas represálias comerciais e bancárias. Há outros instrumentos de dominação (moeda).
Qual a legitimidade para impôr à Coreia do Norte que não podem ter a Bomba H.
Se fosse a Arábia Saúdita, já poderia ser admissível?
E o Irão não pode, ou não, porquê?
Se nós tivessemos um Bomba H (em tese) tratar-nos-iam (os nossos amigos (?), assim, sem respeito, impondo-nos austeridade, quotas de pesca, e por aí adiante?
Tenho muitas dúvidas sobre a bondade de uns e a maldade de outros.
Claro o desejável é que não tivessemos estas armas.
O poder é uma coisa do camandro.
Como foi possível chegar aqui? A Caixa de Pandora foi aberta em Hiroshima em 1945. Nesse evento terão morrido instantaneamente, cerca de 300.000 pessoas.
.
Os tipos do Projecto Manhattan, gente com um grande QI, tinham obrigação de saber que, num mundo globalizado: quem com ferro mata com ferro morre.
O assunto é bem mais complexo que isso.
O Projecto Manhattan foi a busca acelerada de chegar à bomba antes do hitler.
Imagine-se que hitler tinha obtido uma bomba atómica antes dos aliados.
A razão do seu uso no japão também foi infelizmente uma necessidade. Segundo estudos de especialistas militares, o número de mortes de japoneses devido às duas bombas foi muito menor do que o que haveria se os aliados gastassem 1 ano ou mais a avançar no terreno de forma convencional até chegar a tóquio. os japoneses nunca se renderiam.
Imagine que era presidente dos EUA e decidia não usar a bomba em 45 e ganhava a guerra 1 ano depois, com mais umas centenas de milhares de soldados americanos mortos desnecessariamente apenas por vocÊ ter pruridos morais em relação ao seu uso!
Note-se que antes da 1ª bomba os japoneses já conheciam o facto dos EUA a terem a funcionar, e mesmo assim não se renderam. Depois da 1ª bomba também não. Depois da 2ª bomba ainda passou uma semana até à rendição.
Pode dar as voltas ao texto que quiser, eu sou uma daquelas pessoas que não me consegue convencer que a eliminação aleatória de 300.000 civis foi justificável. Os fins não justificam todos os meios.
A bomba atómica é uma ameaça seja nas mãos de quem for. Pena que depois de inventada, essa coisa não possa ser “desinventada”. Evidentemente, nas mãos do regime lunático de Pyongyang é caso para ficarmos muitos preocupados. Se eu estivesse em Seul, teria a partir de agora muita dificuldade em dormir à noite.
Não é que eu tenha qualquer tipo de simpatia pelo regime Norte Coreano, mas classificá-lo de imperialismo é ridiculo e só se justifica pelo aproveitar do sentimento contra as armas atómicas e dar uma facadita no imperialismo americano.
O regime norte-coreano é opressor (eu diria mesmo nazi). O regime norte-americano é imperialista. Leia novamente o texto do João Mendes. Devagarinho.