Francisco Assis, o demagogo

francisco-assis

O Sr. Eurodeputado Francisco Assis não só foi um dos “socialistas” que traiu os cidadãos e serviu o grande capital, ao votar, na quarta-feira passada, em favor do CETA, como ainda vem deitar areia para os olhos para justificar essa cobarde posição, escrevendo:

  1. “O Parlamento Europeu aprovou esta semana um acordo comercial entre a União Europeia e o Canadá, comumente designado pela sigla CETA, depois de um longo processo negocial e de uma ampla discussão política e pública.”

“Uma ampla discussão política e pública”? Isso em Portugal??? Pois, o Sr. como anda lá por Bruxelas e Estrasburgo é natural que tenha tido acesso à discussão pública que houve em alguns países; agora em Portugal, que é o país que o Sr. representa, afirmar que houve discussão pública sobre o CETA é faltar à verdade.  E ainda:

  1. “Sem pretender excluir outros motivos, creio que a razão principal para esta atitude de grande hostilidade em relação a este tipo de tratados, que vai ganhando terreno, resulta da importância que os impulsos de índole nacionalista ou etnocêntrica têm na determinação dos comportamentos individuais.“

A principal razão contra o CETA é de “índole nacionalista ou etnocêntrica” ??? E porque é que o Sr. crê tal coisa??? Em vez de invocar não se sabe que estudos, por acaso já se deu ao trabalho de conhecer os argumentos da ampla aliança de actores da sociedade civil que contesta estes acordos? Actores que vão desde associações de profissionais, a PME, Igrejas, sindicatos, a especialistas pertencentes aos próprios partidos “centro-esquerda” que apoiaram este acordo???

Mas que fácil é fugir a todas críticas fundamentadas ao conteúdo do acordo, transpondo a argumentação para esta esfera mole, não é? O favorecimento das multinacionais através do ICS (o tribunal todo especial para os investidores poderem processar estados e que vai ser pago com o nosso dinheiro), as listas negativas, a impossibilidade concreta de sancionamento a atentados aos direitos laborais, ou a tão justa crítica da sua companheira de partido, Ana Gomes, sobre a falta de “um capítulo sobre regulação financeira e fiscalidade para as empresas que dele beneficiam”, que vai permitir às “grandes multinacionais e a criminalidade organizada” aproveitaremse “da mobilidade internacional do capital para artificialmente transferir lucros para jurisdições onde a fatura fiscal é diminuta ou para “lavar” os proveitos do crime, fiscal e outro”, não serão estas as principais razões para a “atitude de grande hostilidade em relação a este tipo de tratados”??? Posso então especular também que a principal razão para o facto de o Sr. não dar importância às críticas concretas é o impulso de querer fortalecer a posição dos investidores frente à dos cidadãos? Que fácil é manipular a opinião pública em Portugal!

Só numa coisa tem razão, Sr. Eurodeputado F. Assis, destacando-se assim honrosamente de Vital Moreira, expoente máximo da invencionice (palavra inventada pelo próprio expoente máximo da mesma) no que respeita aos acordos em Portugal,  quando escreve: Uma das coisas, por exemplo, que não faz qualquer sentido, é a tentativa de identificação entre a extrema-esquerda e a extrema-direita. (…) Nunca ouvi qualquer deputado da extrema-esquerda europeia a proclamar o racismo ou a xenofobia.” Como diz o nosso colega Francisco Miguel Valada, efectivamente.

Comments

  1. Como o meu vocabulário “faltar à verdade” é uma MARIQUICE pseudo-correta prefiro afirmar, quanto à “??ampla discussão publica???”….em Portugal…qual Portugal???? do Assis que isso É UMA GRANDE MENTIRA…MENTIROSO! Será melhor mudar-se para a São Caetano para o doutoramento em TRAFULHICE, ALDRABICE, MENTIRA,… podendo ainda fazer um estágio em traição a principios de cidadania e PATRIOTISMO. Pode ser que assim, ao deixar o PE, lhe dêm uma qualquer consultoria no Canadá…da Monsanto/Bayer, ou lugar de “infiltrado” em Portugal.

  2. Francisco de Assis está doente. Desde que levou aqueles socos na terra da sua “camarada” fatucha de Felgueiras que lhe devem ter afectado as meninges nunca mais foi o mesmo. O PS em vez de o internar mandou-o para o bem bom em Bruxelas onde do alto do palanque para além duns fretes à direita vai acumulando um chorudo ordenado à custa de todos nós.

  3. Que confiança pode merecer um tipo que se diz socialista – ou sequer, apenas, democrata; ou sequer, apenas, moderno – e vota a favor do feudalismo empresarial consagrado no CETA?

  4. Não faço ideia do que é o CETA para me pôr aqui a botar faladura contra ou a favor. Lendo os comentários daqui só aprendo o enorme ódio a um deputado PS que carrega o crime de ser contracorrente. Mas nesta coisa do CETA esse deputado não foi contracorrente mas deixou-se levar na corrente do PS. Então porque lhe batem? Porque não vejo aqui plasmado o mesmo ódio contra Zorrinho, Liliana Rodrigues, Manuel dos Santos, Maria João Rodrigues, Silva Pereira, Serrão Santos e Elisa Ferreira?

  5. Ana Moreno says:

    Caro Xico, com a sua primeira frase já está a confirmar o que expus no ponto 1: Em Portugal não só não houve qualquer debate, como a esmagadora maioria das pessoas nunca de tal ouviu falar. E no entanto, vamos apanhar-lhe com as consequências em cima. Portanto, quando Francisco Assis escreve num jornal (viu o link?) que houve uma ampla discussão pública, está, no mínimo, a ser demagógico; e o mesmo se aplica ao segundo ponto, ao usar uma argumentação meia esotérica para contrapor argumentos reais e objectivos.

    A única eurodeputada do PS que teve a coragem de ser contracorrente foi a Ana Gomes (pelas razões que pode ler aqui: https://aventar.eu/2017/02/18/ana-gomes-a-corajosa-e-consequente/ ). Todos os outros PS Zorrinho, Liliana Rodrigues, Manuel dos Santos, Silva Pereira e Serrão Santos suscitam-me o mesmo sentimento que Francisco Assis. Não sendo de ódio, é de revolta por se denominarem socialistas e votarem em favor do capital em detrimento dos cidadãos.
    Elisa Ferreira e Maria João Rodrigues não estiveram presentes, talvez por não quererem que se soubesse que eram contra, ou por terem dúvidas.

    • Cara Ana Moreno, pelas razões que expõe, o meu comentário não foi para o seu post, mas para os outros comentários. Uma coisa é criticar um artigo de opinião, no seu caso, e que eu não comentei porque não percebo do assunto, outra é o ódio destilado sobre um eurodeputado que se limitou, desta vez, a fazer o que o seu partido lhe mandou que fizesse, como se ele tivesse sido o único a votar o acordo do CETA. Comentei os comentários. Quanto ao CETA, tem toda a razão. Ninguém se preocupou em nos explicar o seu conteúdo, mas fico preocupado em ver o Bloco e o PCP alinharem com Le Pen neste assunto. Espero que seja por motivos diferentes!

      • Ana Moreno says:

        Certo. Sim, por motivos bem diferentes, como o próprio Francisco Assis refere, o que mencionei positivamente. Esse argumento de meter ambas as posições no mesmo saco é outro argumento demagógico, que é muito querido a Vital Moreira.
        O que está aqui em causa são as implicações deste CETA a nível de regulação dos nossos standards para um nível inferior e diferente (o princípio da precaução falta no acordo) e da imposição de um tribunal especial ao serviço dos investidores, para poderem processar estados. Vamos pagar não só para a sua própria constituição, como depois as indemnizações a que vamos estar sujeitos quando os investidores acharem ameaçadas as suas “legítimas expectativas de lucro”. E se o tribunal também servisse para processar multinacionais por atentados a direitos, por exemplo, laborais? Era bom, mas não é isso que se pretende. Os cidadãos? Que se lixem.

  6. Abel Barreto says:

    O que o gajo afirma (e uso esta palavra porque tipos desta índole não merecem mais), não será “faltar à verdade” nem uma mentira, é apenas e simplesmente o que ele pensa, e vivendo dentro da “sua narrativa” não vislumbra mais além e estará sempre convencido da justeza das suas ideias.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading