Os Conselhos do Chico

Há vários anos que é assim. Quando a inquietação me assalta de rompante e não consigo encontrar uma explicação lógica para compreender ou tentar explicar esse acontecimento, ou até mesmo quando não encontro uma explicação lógica para explicar algo que se está a passar no mundo, pego nos meus discos do Chico para ali encontrar a explicação. É impossível não conseguir achar a resposta nos Conselhos do Chico. A obra do Chico é tão vasta, tão genial, tão sublime, tão humana ao ponto de crer que o Chico não é do século passado, não é deste século e não é dos próximos – é um ser transcendente a todos nós que vive noutra era, muito mais avançada – é outra forma, é outra matéria. É um ser que foi enviado para nos ensinar a saber como lutar. Nós é que somos ao lado dele gente tola na lufa-lufa que são os nossos dias, metidos quase sempre nas nossas vidas mundanas, na nossa eterna insatisfação, no nosso esforço abnegado para querer mais deste mundo quando o mundo não nos quer dar mais nada.


O Chico é esse ser que domina tudo, que tudo nos ensina. Ensina com mestria o amor e o humor, as paixões como a mais bonita forma de arte que podemos executar neste mundo, a amizade, a coragem, a força que está no nosso interior, mesmo quando acreditamos que não a temos e quando achamos que não somos capazes, a lealdade, a força do carácter, a mesquinhez e a pequenez daqueles que diariamente nos tentam derrubar. O Chico é como um pai.

Carrega-nos ao colo para nos embalar. Ajuda-nos a levantar do chão quando mais precisamos. Explica-nos a realidade deste mundo cruel. Explica-nos também o lado mais positivo desta vida, a festa em que o nosso coração (Natascha) pode ser transformado por alguém durante anos que mais parecem décadas.

Ajuda-nos lado a lado a derrubar todos os tiranos que encontramos durante esta nossa caminhada. E depois disso tudo, o Chico, olha para nós, olhos nos olhos,

com aquela pose de príncipe encantador, com aquela afabilidade de gentleman, com aquele ar de alegria de um Garrincha, com aquela precisão de um Rivelino, com aquela magia de um Zico, com aquela marotice de um Neymar, com aquela raça de um Bebeto, com aquele pragmatismo de um Romário, com aquela garra de um Dunga, sorri e despede-se.

Afasta de mim esse Cálice. O cálice da mediocridade. Dos que se conformam. Dos que se refugiam na conformidade e nas frases feitas do conservadorismo. Daqueles que vivem na hipocrisia do moralismo. Dos que se calam quando são oprimidos. Dos que se contentam com o mundo consumista moderno. Dos que fraca figura fazem quando defendem os opressores. De todos os que enriquecem a troco de sangue. Dos que não tem escrúpulos. Dos que vendem a alma ao diabo. Dos que se corrompem e dos que se deixam corromper. Dos velhacos. Dos fracos de espírito. O Chico nunca me deixa beber dessa bebida amarga, desse vinho tinto de sangue.

Não tenho sido nem mais nem menos do que Duran durante toda a minha vida. Sejamos todos Duran com orgulho, com força e com vigor. Juntos edificaremos o mundo que pretendemos. Seremos sempre os melhores! Bom domingo!

bas-dos

Comments

  1. Ana Moreno says:

    Obrigada João. Não faço ideia quem é o Duran 🙂 e quanto aos melhores… enfim, quero muito menos ser a melhor do que fazer o certo, juntamente com outros, e conseguir melhorar algo, mesmo que pouco. Mas tudo o resto, é isso mesmo, e escrito primorosamente.

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