Miguel Sousa Tavares, o criador de fake news

Antigamente, dizia-se boato, desinformação ou mentira, conforme o emissor ou o emissário; agora, em pleno trumpismo, parece que é fake news. Seja.

Miguel Sousa Tavares (MST), que olha para as redes sociais e para os blogues como a Inquisição olhava para os judeus, escreveu, a propósito da greve dos professores e no último Expresso, o seguinte:

(…) nenhum professor trabalha mais de 35 horas: teoricamente, têm 22 horas de horário ‘lectivo’ (mas só alguns e algumas vezes) e 13 horas ocupadas em coisas de definição ampla, como ‘reuniões’, ‘preparação de aulas’ e ‘formação’

Outra coisa que MST odeia: professores. Está no seu direito. O facto de ser cronista num semanário – segundo dizem – de referência e de ter sido jornalista deveria levá-lo a investigar e a provar aquilo que afirma. Por exemplo:

1 – como é que sabe que nenhum professor trabalha mais de 35 horas? Ou menos? Ou só 35? Como é que sabe?

2 – se alguns têm 22 horas lectivas, quantos são e porquê?

3 – os que têm 22 horas lectivas só têm essas horas “algumas vezes”? E nas outras vezes, quantas horas terão?

4 – um homem tão frontal como MST terá usado um eufemismo? A expressão “definição ampla” quererá dizer “mentira”? Os professores não passarão tempo a reunir, a preparar aulas ou a receber formação ou outras actividades de “definição ampla” como ‘corrigir testes’? MST será daqueles que faz aspas com as mãos, abrindo muito os olhos para explicar que está a ser irónico? E como provará, então, que os professores estão a mentir?

Há uns anos, MST criticou o Expresso por não divulgar os Panama Papers. Escrevia o ‘especialista em Educação’ (notastes vós as minhas aspas, o meu olho arregalado?): “não é admissível que se lance uma suspeita genérica sobre todos e cada um dos que fazem vida como jornalistas ou como políticos. Às vezes, dá jeito parar para pensar, contra a voragem noticiosa.”

Suspeitas genéricas, reserva-as MST para os professores. Parar para pensar, perguntar ou investigar são conselhos que, pelos vistos, dá a outros, comportando-se, numa crónica que deveria transpirar rigor, como qualquer tresloucado à solta nas redes sociais ou nos blogues, criando, afinal, fake news.

Já escrevi sobre MST, o homem que confunde frontalidade com honestidade. Aqui fica uma revisitação, porque, por vezes, é preciso voltar aos sítios onde outros não foram felizes:

Miguel Sousa Tavares: ignorante, irresponsável, inimputável ou pior? (21/03/2011)

Miguel Sousa Tavares: desculpas de mau apagador (27/03/2011)

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Tudólogo por excelência e idiota útil do militante nº 1.

  2. JgMenos says:

    Seguramente a suspeita sobre as baldas e benefícios professorais é generalizada, a começar pela multidão ao serviço de sindicatos.

    • ZE LOPES says:

      Mais um título para JgMenos! DPT (Dono dos Professores Todos)! Quem o terá ensinado?

    • António Fernando Nabais says:

      Diálogo entre a senhora menos e o marido, ao acordar:
      – Bom dia, querido!
      – Isto é tudo uma comunistagem esquerdalhada!
      – Quando vieres das caixas de comentários, podes trazer duas latas de atum?
      – Os parasitas comunas dos funcionários públicos é que andam a escaqueirar o trabalho do dr. Salazar!
      – Sim, querido, agasalha-te.

      • ZE LOPES says:

        Senhora Menos? Hummmm! Então e a Ana Teresa? A união vem em todas as revistas venezuelanas de telenovelas! Que não poupam em elogios ao bigode. Da Ana Teresa, evidentemente!

        O Menos éum personagem tão rico, tão multifacetado que nos leva, frequentemente a confundir a realidade com a ficção!

      • Será que vamos ter aqui um novo Tony Silva com o seu humor apimbalhado? Promete.

    • ZE LOPES says:

      Tem V. Exa. toda a razão! Segundo ouvi dizer, Miguel Sousa Tavares descobriu que, dos 100 mil professores, pelo menos uns 80 mil estão nos sindicatos! Dos restantes, uns 15 mil estão de baixa por “doença” e outros 20 mil também de baixa “por doença”, mas dos sindicatos! E ainda há uns 30 mil de férias por terem corrigido exames (uma semana por cada exame!) e mais cerca de 45 mil estão sem componente letiva por preguiça reprodutiva dos pais. E ainda há os que estão ausentes no “espaço virtual”, nem se sabe quantos!

      Não tive tempo de fazer as contas mas creio que restam, portanto, muito poucos no ativo. Quanto a esses, concordo com o Nabais: têm de trabalhar muitas horas para manterem a canalha minimamente entretida!

    • Paulo Marques says:

      Feche-se os tribunais, acabe-se como governo e decida-se por suspeitas generalizadas. O Iluminismo foi uma má ideia que só trouxe comunas, no fundo.

      • António Fernando Nabais says:

        Essa malta dos iluminismos é tudo uma escumalha esquerdalhenta e que gasta muita luz por estar sempre iluminada. Tarrafal com eles!

  3. Os odiozinhos de estimação são tramados…

    • António Fernando Nabais says:

      São, pois, o Miguel Sousa Tavares que não se trate!

  4. OraVamosLáVer says:

    Quem é MST?
    😜

  5. Ricardo Pinto says:

    Coitados dos professores, tem das profissões mais dificeis que existe.
    Profissão de desgaste rápido. E só tem direito ´à reforma aos 53 anos!
    Deviam voltar a ter a reforma ao 50 como no tempo antes do Socrates.

    Ricardo M.Pinto

    • ZE LOPES says:

      Uma das provas de que é uma profissão bem difícil é…o presente comentário! O que não terão passado a aturar V. Exa!

      Um conselho, ó Pinto: para a próxima escreva em Português! Se não tem acentos, fique assentado e caladinho!

      E mais um: se V. Exa. está a iniciar-se nas “fake news” saiba que não é muito inteligente assinar por baixo.

      Fique bem, e cumprimentos, em nome da Associação de Profes Reformados de Kingston.

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