O estranho fenómeno da twitterização da vida e do desfasamento das novas gerações

Dizem que são “luxury lovers”, ouvem podcasts sobre economia onde jovens brancos mimados que não entendem um cu de economia debitam alarvidades, nunca abriram um livro nem sabem o que é um “relatório” ou uma “ficha técnica”, rejeitam todo e qualquer meio de comunicação tradicional com a premissa de que é tudo “um lixo”, mas adoram youtubers e tiktokers com discursos vazios de “auto-ajuda” e acham que o MaisLiberdade é o pináculo da “literacia financeira” e da independência (spoiler alert: há gráficos para tudo, consoante o que se quiser mostrar e não, não é independente, é da IL) e que o Ventura até diz as verdades (spoiler alert: um relógio parado está certo duas vezes por dia). Acham que comportamentos racistas, xenófobos ou homofóbicos são mera “liberdade de expressão”, e exercem-na no Twitter ou no Facebook, porque nunca leram a Constituição para perceberem que tais actos são crime, não opinião e que liberdade de expressão é outra coisa.

Admiram o Elon Musk de cada vez que este se peida, acham que o Raul Minh’Alma é o melhor escritor português e o Cristiano Ronaldo é o role-model das suas vidas, consomem Prozis porque vão ficar muito bombados (e assim sempre estão na moda), acham que são os impostos o grande flagelo das sociedades, acreditam piamente que uma taxa plana de 15% num ordenado de 1000€ os vai deixar milionários, são contra taxar as grandes fortunas mas ganham menos de 1000€/mês… e vivem num T1 em Gueifões pelo qual pagam quase um ordenado mínimo, compram na Zara e conduzem um Ford Focus…

Não admira que a Iniciativa Liberal tenha tantos bots que a apoiem, quando vende a política como se de um sonho se tratasse, achando que riqueza é mero sinal exterior de quem “lutou muito para lá chegar”, mas depois quem tem de levar com um barbeiro que cobra 8€ por corte e que paga 600€/mês pelo arrendamento de um espaço comercial, mas que acha que vai ser milionário a trabalhar, na caixa de comentários de um qualquer jornal português sou eu. [Read more…]

Quem regula o PS?

Santos Silva tem razão. As redes sociais estão a enfraquecer as instituições. Mas nada que se compare ainda aos danos causados por partidos como o PS que, com os seus boys, má gestão pública e esquemas mais ou menos corruptos, enfraquece transversalmente a democracia e estende a passadeira vermelha aos herdeiros de Salazar.

Pela criação de uma Entidade Reguladora da Charlatanice

Se estamos numa de apelar, queria aqui apelar à criação da Entidade Reguladora da Charlatanice, para supervisionar vendedores de curas milagrosas a troco de dízimos, personal coaches de cenas cósmicas, que garantem que ficamos milionários se quisermos muito, e burlões populistas com santos no calçado e lágrimas de crocodilo. São mais perigosos que a unipessoal do André Ventura. Porque André Ventura, honra lhe seja feita, diz ao que vem. Os charlatões são mais dissimulados. Todo o cuidado é pouco.

O Chega é o farol do ódio e do racismo nas redes sociais

Esta página CHEGA Portugal Força Nacional foi cancelada em 2021 pelo Facebook. Era uma página onde desabridamente se incitava quotidianamente ao ódio e à violência racial, à misoginia, à homofobia e onde, mais pontualmente, se incitava ao genocídio de minorias étnicas. Tenho as capturas de ecrã e divulgarei aqui progressivamente a identidade dos prevaricadores (o que está abaixo é apenas um amuse-bouche do ódio que esta página destilou). Esta página em particular era gerida por um perfil falso, Sophia Vilaverde, que se declarava como militante do Chega e que comunicava com os integrantes do grupo como se fossem todos apoiantes do Chega. A maior parte dos comentários da página indiciam uma utilização muito intensiva de botes, mas os comentários mais ofensivos e que violam a lei são proferidos por perfis bem reais. Há obviamente polícias e militares, mas não quero contribuir para estigmatizar estes grupos, porque o que constatei é transversal e estende-se a todo o tipo de pessoas. Se há alguma coisa que une toda esta violência é a simpatia pelo Chega e por André Ventura. Apesar desta página ter sido cancelada, o Chega continua a ter páginas informais como esta e que estão ativas (lá iremos).

Por isso, mais importante que julgar os 591 militares e polícias, seria bem mais relevante investigar toda esta rede de botes e de páginas informais que o Chega criou para espalhar ódio nas redes sociais, como foram financiadas, e levar o Chega à pedra. Temos uma constituição muito clara sobre o que é a dignidade humana, logo se há uma associação qualquer que não respeita a nossa lei fundamental, estamos perante uma associação que não está dentro da legalidade.

Valha-nos o humor, que a política é uma tragédia

Há quase um quarto de hora de publicidade antes do Isto é Gozar com quem Trabalha. Achei importante começar por aqui para enquadrar o impacto do RAP – o gajo que não tem redes sociais – na televisão portuguesa. E a televisão, sublinhe-se, é um bocado como o Facebook: toda a gente diz que está obsoleta, que já ninguém usa aquilo, mas os números dizem o contrário.

Bem sabemos que os humoristas não decidem os destinos do mundo. Nos EUA, antes de ser eleito, John Stewart, Steven Colbert, John Oliver e Conan O’Brien foram implacáveis com Donald Trump. Foi um esforço inglório, mas rendeu quatro anos de boas piadas. Algumas fizeram-se sozinhas.

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Ricardo Esgaio e a grunhósfera da bola

Percebe-se bem o crescimento da extrema-direita, quando olhamos para a forma como o ódio se propaga no futebol, no seio do qual individualidades muitíssimo inteligentes concluem que insultar em massa um jogador vai fazer com que jogue melhor. Não admira, portanto, que o CH tenha sido cozinhado num programa de “debate” futebolístico, nessa ágora de erudição que dá pelo nome de CMTV.

Não sou do Sporting, não vi o jogo com o Braga e não reconheço a cara do Ricardo Esgaio se o vir na rua, mas tem toda a minha solidariedade. Já os adeptos de futebol chegados de 500.000 AC deviam ter acesso bloqueado às redes sociais. Desejar a morte de alguém por um erro num jogo de futebol é estar ao nível de um neo-nazi. Não tem espaço numa sociedade democrática e, seguramente, não encaixa nos parâmetros de liberdade de expressão. É, isso sim, discurso de criminoso.

Elon Musk, o Twitter e os outros

A tentativa “hostil” de Elon Musk tomar conta do Twitter tem sido tópico de discussões acesas. Podemos confiar tão poderoso instrumento de geração e partilha de informação a um homem só, ainda por cima tresloucado? Que ameaça poderá representar este homem, tão poderoso, com ainda mais poder?

É interessante assistir a esta discussão, quando o próprio Twitter tem, entre os seus accionistas, um príncipe Saudita e vários fundos abutres. Quando Bezos é dono do Washington Post e a grande maioria da imprensa mundial está nas mãos de oligarcas do bem. E mesmo que Musk tomasse conta do Twitter, que é uma empresa privada como outra qualquer, ainda ficaria a anos-luz de Mark Zuckerberg.

Qual será, então, a nova ameaça que o dono da Tesla representa?

Suspeito que nenhuma. Suspeito, aliás, que terá incomodado alguém com poder, para estar agora debaixo de fogo. Ou então é circo para entreter o povo, que se vai esquecendo que o essencial não é quem manda nas redes, mas a ausência de regulação sobre o imenso poder das tecnológicas.

Vivi um ano sem redes sociais: eis o que aprendi

Há uns anos decidi, num acesso de consciência, apagar todas as redes sociais. Facebook, Instagram, Twitter, tudo. Deixei apenas o Whatsapp por forma a comunicar com as outras pessoas (as SMS’s estão em desuso, não estão?) mas a verdade é que cortei toda e qualquer ligação às chamadas redes sociais.

Se, no início, o choque foi grande, não só o vazio que de repente pareceu existir na minha vida, como a estranha sensação de perceber a clara dependência que tinha das redes, a verdade é que continuei focado na ideia e isso deu origem a um ano extraordinário, em termos de vivências e conquistas pessoais.

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A Força das Redes Sociais e a Ucrânia – Crónicas do Rochedo #53

Um dia ainda vamos saber qual foi o verdadeiro papel das redes sociais em toda esta guerra. Porém, neste momento, já não tenho muitas dúvidas da sua importância nalgumas tomadas de posição surpreendentes dos governos ocidentais – sim, nas democracias é quase impossível termos governantes imunes à força da opinião dos seus cidadãos.

Os principais governos europeus eram completamente contra lançar a “bomba atómica financeira” chamada Swift contra a Rússia. Ora, foi claro nas redes e nas ruas que essa era uma das exigências e quando os governos ocidentais divulgaram a segunda fase das sanções e não estava lá a retirada da Rússia do sistema Swift a revolta fez-se ouvir e em menos de 48h os governos mudaram de posição. Outro exemplo mais flagrante foi o caso da eterna neutralidade da Suíça. A força esmagadora da opinião dos seus cidadãos nas redes foi suficiente para este país dar um passo de gigante e quebrar a neutralidade. Ou que dizer do caso da FIFA? Primeiro veio com a velha história de que o desporto está fora da política. A seguir, graças à verdadeira avalanche de críticas começaram as federações locais a pressionar e a FIFA decide assim uma coisa meio parva de que os russos podiam jogar mas sem hino e bandeira. A coisa piorou e neste momento já é dado como adquirida a decisão de expulsão da Rússia do Mundial – e cheira-me que no fim de tudo isto vão rolar cabeças nas mais altas esferas da FIFA… E o que dizer das decisões tomadas pela Alemanha? Basta olhar para as redes sociais ou para a grandeza das manifestações de rua e a coisa está minimamente explicada.

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Faz falta pensar devagar

Créditos: Susano Correia

Quantas vezes demos por nós a sentir algum tipo de ansiedade em relação ao mundo? Quantas vezes sentimos que estamos atrasados, que quem nos rodeia sabe mais do que nós, que não vamos conseguir cumprir os prazos, as resoluções, as tarefas, enfim, que andamos constantemente numa corrida contra o tempo?

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A magnânima arte de saber sair

Quando, em 2004, o FC Porto venceu a Liga dos Campeões, com José Mourinho, uma imagem ficou marcada na minha cabeça para sempre. Com 8 anos na altura, não sei se a minha primeira memória dos factos remonta ao dia da final, ou a uma visualização posterior na Internet. Mas, o que interessa é, então, essa imagem: o festejo praticamente inexistente de Mourinho, acabado de vencer a mais prestigiada competição de clubes do mundo.

Marcou-me essa imagem pelo pouco sentido que, aparentemente, teria. Como é que alguém que atinge o topo, na sua área, não esboça qualquer tipo de reacção? Não salta, não grita, não esperneia? Levantar estas questões era ver-me nelas, pois a minha reacção, naquele contexto, seria algo desse género.

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Da hiper-simplificação da realidade

 

@florencejimenezotto

Parece-me mais ou menos claro de que vivemos, actualmente, numa era de obscurantismo. Algo que a pandemia da covid-19 apenas veio agudizar. Esse obscurantismo nasce da forma como recebemos, tratamos e processamos a informação que nos chega sobre o mundo. Ou seja, esse obscurantismo nasce daquilo que é ser humano. A experiência do humano. Não sendo eu filósofo, antropólogo ou sociólogo, em princípio sou um humano, o que me permite dizer uma ou duas coisas sobre o assunto.

A experiência do ser (verbo) humano mudou radicalmente nos últimos anos com a introdução e massificação do mundo digital, nomeadamente das redes sociais. Como o próprio nome indica, a experiência social entre as pessoas alterou-se. Uma das diferenças que me parece mais clara foi o imediatismo que se gerou. Nasci em 1996. Se eu já achava que a minha geração e as suas “irmãs” eram pessoas de gratificações instantâneas, de pouco tempo de espera para alcançar um objectivo, o advento das redes sociais apenas veio intensificar essa situação.

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Assédio de menores: Um manto de silêncio insuportável…

Ontem, no seu facebook, Filipe Ribeiro denunciou um caso de assédio à sua filha feito pelo conhecido artista plástico Jorge Curval (vou colocar aqui a palavra ALEGADAMENTE para evitar chatices para o Aventar). A sua filha tem 12 anos.

O que mais me choca é que passadas 24 horas persiste um manto de silêncio estranho na comunicação social. Sempre tão lesta quando toca a políticos ou jogadores de futebol…

 

Crónicas do Rochedo – 41: O Debate na TVI24 (Política e Redes Sociais)

Ontem, a convite da TVI24, participei num debate em que me foi pedido para falar sobre a presença dos partidos políticos nas redes sociais (o efeito das redes sociais na política). No debate participaram, igualmente, Paulo Pena (jornalista), Diogo Faro (Humorista) e Francisco Teixeira da Mota (advogado).

Ao decidir aceitar o convite da TVI24 iria quebrar um prolongado silêncio, uma vez que, desde a minha entrevista ao Miguel Carvalho (Visão, 2013), tenho recusado este tipo de convites. Obviamente, sabia que ao participar no debate iria despertar dois grupos, velhos conhecidos meus: as virgens ofendidas e os amnésicos. Ora, eu vivo e trabalho em Espanha há mais de cinco anos. Não trabalho, nem directa nem indirectamente, com qualquer partido ou empresa portuguesa, o que, a meu ver, me permite o distanciamento necessário para abordar a matéria para a qual fui convidado. O Paulo Pena foi convidado porque, reconhecidamente, é um dos jornalistas portugueses que mais tempo e atenção dedica ao fenómeno. O advogado Francisco Teixeira da Mota foi convidado porque é um dos especialistas na matéria. O Diogo Faro foi convidado, pelo que percebi, porque é activo nas redes sociais e está (ou esteve) envolvido numa polémica nas mesmas recentemente. Eu fui convidado porque, no entender da TVI24, conheço o meio no tocante à participação dos partidos nas redes sociais.  [Read more…]

Daqui a 20 minutos

Às 22h45, Fernando Moreira de Sá estará em ‘dirêto’ na TVI 24, para falar sobre política e redes sociais.

Praticar o distanciamento de nós próprios: a questão do eu

 

@dougsavage

 

Não será de todo irreflectido pensar que vivemos uma constante e abrangente crise de identidade. A procura pelo significado do eu pintou a história de aventuras, da realidade à ficção ou mesmo na intersecção de ambas. Somos, afinal, eternos contadores da nossa própria história.

A ideia de sermos história cria, desde logo, uma crise de identidade: somos a nossa história ou os contadores dela? E se a contarmos, ela deixa de ser nossa?

Coloca-se o problema do distanciamento. Será proveitoso pensar que quanto maior o distanciamento, maior a incapacidade de encontramos o eu na história. Precisamos de estar próximos de algo para podermos dissertar sobre esse algo. A proximidade e a convivência garantem-nos experiência acumulada que se transforma em conhecimento de causa. Mas esta proximidade tem, em si mesma, encerrado um paradoxo existencial do distanciamento: não será a nossa visão mais clara quanto mais nos distanciarmos do objecto em análise, neste caso, nós próprios?

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Livre arbítrio e imposição coerciva: descubra as diferenças


Faz-me imensa confusão, esta comparação disparatada entre a possibilidade do governo nos enfiar uma app telefone adentro, transformando agentes de segurança em monitorizadores de telemóveis, e os dados que entregamos voluntariamente aos Facebooques da vida. Será assim tão difícil de perceber a diferença entre uma imposição coerciva e uma decisão pessoal e voluntária?

Sejamos sérios: se eu, ou qualquer um de vocês, decide entregar informação pessoal a uma plataforma digital, bem ou mal, é de uma escolha livre que se trata. Uma escolha que pode ser revertida a qualquer momento. Se um governo decide impor uma aplicação, fazendo uso de multas e de patrulhamento policial, é o espírito da democracia que está a ser posto em causa. São os nossos direitos, liberdades e garantias que estão na prancha. [Read more…]

Contra a propagação do vírus do alarmismo e da estupidez

Discutir saúde pública, em particular um caso tão delicado como aquele que estamos a viver, não é como discutir política, futebol ou religião. Ter opiniões, estúpidas ou ser inteligentes, sobre estes três temas, é legítimo. Andar nas redes sociais armado em médico, académico ou cientista, quando não se é nenhum dos três, é só parvo e irresponsável. Ver Anatomia de Grey, ou ler conspirações no Facebook, não nos habilita a dizer coisas construtivas, válidas ou úteis sobre temas tão sensíveis. Só nos habilita a dizer merda e a contribuir ainda mais para o alarmismo. Think about it, folks! E aproveitem para seguir as indicações das autoridades competentes. Elas, melhor do que todos nós, sabem do que falam.

Redes

José Meireles Graça

Os senadores da opinião, com banca montada há décadas na sala-de-estar do cidadão distraído, não gostam das redes sociais.

Não foi sempre assim: Pacheco Pereira, por exemplo, alimentou durante anos o Abrupto, até 2016. E não deve ter sido apenas a decadência da blogosfera (que não medi; é uma observação impressionista) a afastá-lo, mas antes a constatação de que todo o cão e gato pode fazer, e faz, blogues.

Miguel de Sousa Tavares espumava há tempos de raiva contra o Facebook. E não é possível ler as caixas de comentários dos jornais on-line sem um sobressalto, tal o primarismo das opiniões, a violência das soluções defendidas para problemas reais ou imaginários, a ausência de gramática ou um módico de cultura geral, e o intenso ódio que se manifesta a propósito da indignação da semana.

Depois, Trump foi eleito com o subsídio do Twitter (uma rede especializada em espirros opinativos) e Bolsonaro do WhatsApp (semelhante grosso modo ao  Facebook, com grande difusão no Brasil). E estes dois, Trump e Bolsonaro, carregam o ferrete ignominioso de não serem de esquerda, nem da direita que a esquerda tolera por não ser de direita – navegamos em pleno escândalo.

(Nota: Antes destes dois já Obama tinha sido eleito com grande campanha no Facebook; a esquerda, na altura, orgulhou-se, achou muito “moderno” e “despojado” e “popular”, mas agora está com amnésia). [Read more…]

Controlo social digital e lucro, um paradoxo da modernidade

Os governos mantiverem sempre um controlo apertado sobre a capacidade dos indivíduos se organizarem em grupos. De uma forma mais ou menos descarada, a liberdade de associação tem sido sujeita a regulamentação e exercícios de força que funcionam como diques reivindicativos.

Por exemplo, a criação de ordens profissionais está subordinada a legislação específica; as manifestações de rua estão dependentes de determinados procedimentos; houve alturas nas quais as pessoas não se podiam juntar em grupos; e durante muito tempo, o acesso a canais de comunicação com as massas estavam sujeitos a diversos impedimentos, legais e económicos.

Sem querer discutir a necessidade e justeza de tais medidas, é factual que algumas existiram e outras continuam a existir. Excepto quando passamos para as chamadas redes sociais.

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Miguel Sousa Tavares, o criador de fake news

Antigamente, dizia-se boato, desinformação ou mentira, conforme o emissor ou o emissário; agora, em pleno trumpismo, parece que é fake news. Seja.

Miguel Sousa Tavares (MST), que olha para as redes sociais e para os blogues como a Inquisição olhava para os judeus, escreveu, a propósito da greve dos professores e no último Expresso, o seguinte:

(…) nenhum professor trabalha mais de 35 horas: teoricamente, têm 22 horas de horário ‘lectivo’ (mas só alguns e algumas vezes) e 13 horas ocupadas em coisas de definição ampla, como ‘reuniões’, ‘preparação de aulas’ e ‘formação’

Outra coisa que MST odeia: professores. Está no seu direito. O facto de ser cronista num semanário – segundo dizem – de referência e de ter sido jornalista deveria levá-lo a investigar e a provar aquilo que afirma. Por exemplo:

1 – como é que sabe que nenhum professor trabalha mais de 35 horas? Ou menos? Ou só 35? Como é que sabe?

2 – se alguns têm 22 horas lectivas, quantos são e porquê?

3 – os que têm 22 horas lectivas só têm essas horas “algumas vezes”? E nas outras vezes, quantas horas terão?

4 – um homem tão frontal como MST terá usado um eufemismo? A expressão “definição ampla” quererá dizer “mentira”? Os professores não passarão tempo a reunir, a preparar aulas ou a receber formação ou outras actividades de “definição ampla” como ‘corrigir testes’? MST será daqueles que faz aspas com as mãos, abrindo muito os olhos para explicar que está a ser irónico? E como provará, então, que os professores estão a mentir? [Read more…]

O combate ao crime não é (nem pode ser) um reality show

Não quero viver num país onde um polícia fotografa criminosos capturados para alimentar radicalismos justiceiros nas redes sociais. Aliás, quero inclusive viver num país que pune exemplarmente um polícia que não sabe o seu lugar nem honra a enorme importância e responsabilidade da sua função. Para descredibilizar o país já nos chega (e sobra) a classe política que temos.

Vem isto a propósito da divulgação das imagens da captura dos três criminosos que na Sexta-feira fugiram do Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Não sei se terá sido um polícia, se terá sido um popular que furou o (inexistente?) perímetro de segurança, mas sei que, poucos minutos depois, a fotografia estava na página de Facebook do Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública. De uma forma, ou de outra, estamos perante uma situação de enorme gravidade, com contou com a colaboração de elementos das forças de segurança portuguesas.

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Botões de partilha nas redes sociais

O Aventar deixou de usar há algumas semanas os botões padrão para partilha de artigos no Facebook e no Twitter. A razão desta opção não é nova e até já é conhecida há muito. Estes botões adicionam código ao Aventar (e a todos os sitios que os usem, na verdade) que permitem ao Facebook e Twitter saberem o que é que os nossos leitores fazem no blog. Inclusivamente para não utilizadores destes serviços, há recolha de informação que é usada para alimentar perfis sem nome atribuído.

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Ronaldo, Sobral e o nacional-parolismo

Por estes dias, as redes sociais crucificaram o Salvador Sobral, pagador de impostos, por declarações que ele NÃO fez sobre os impostos que o Cristiano Ronaldo não queria pagar, algo que resultou de uma mistura de manipulação de informação, incompetência jornalística e ódio colectivo do rebanho digital, que engole tudo sem questionar. E isto é estúpido por vários motivos. Pela situação em si, pela forma como nos deixamos enganar e, entre outras coisas, pelo ridículo que é o endeusamento do Cristiano, como se só se pudesse falar do homem para o elogiar. É o nacional-parolismo em todo o seu esplendor.

O problema está mesmo no objectivo

Uma anedota velhinha conta o episódio de um médico estabelecido na vida que resolve tirar umas merecidas férias, deixando o consultório a cargo do seu filho, recém-licenciado em medicina. “Então, como correram as coisas?”, perguntou-lhe o velho médico no seu regresso. “Muito bem papá, até curei um doente.” O embevecido pai quis saber mais e o filho continuou. “Lembra-se do Sr. Itelvino que vinha cá há anos fazer curativo por causa da crosta na perna? Pois bem, arranquei-a, desinfectei e já não precisa de cá voltar mais.” Lívido, o pai exclama “Ai, que me levaste o melhor cliente!”

Vem isto a propósito do Facebook.

Agora, a empresa [Facebook] quer encontrar novas formas de ajudar as pessoas a encontrarem notícias que lhes interessem, assegurando que vêm de fontes seguras. [Slashdot]

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Facebuques e quejandos

As redes sociais têm tanto de bom como de (muito) mau. Só que a parte (muito) má é, avassaladoramente, irritante e desprezível. Nem que não seja pelo evidente “double standard” na viralidade das opiniões publicadas.

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Não consigo imaginar porquê, senhor da maçã

SM

via Expresso

Como o governo chinês fabrica conteúdos nas redes sociais para distração estratégica

We estimate that the government fabricates and posts about 448 million social media comments a year. In contrast to prior claims, we show that the Chinese regime’s strategy is to avoid arguing with skeptics of the party and the government, and to not even discuss controversial issues. We show that the goal of this massive secretive operation is instead to distract the public and change the subject, as most of the these posts involve cheerleading for China, the revolutionary history of the Communist Party, or other symbols of the regime. We discuss how these results fit with what is known about the Chinese censorship program, and suggest how they may change our broader theoretical understanding of “common knowledge” and information control in authoritarian regimes. [PDF do trabalho de investigação]

A estratégia não é discutir com os descrentes do regime ou abordar os assuntos que sejam polémicos, mas, isso sim, arranjar assuntos alternativos, para inundar o espaço comunicacional.

É um recentramento do focus mediático, usando uns meros 2 milhões de chineses, numa espécie de abrantização e mariadaluzização em ponto grande, a publicarem hinos de glória, em vez de gráficos coloridos.

Canalhas, cabrões e filhos da puta

Nunca Paulo Portas fez tanto sentido. Exceptuando, claro, quando deu aquela célebre entrevista, em que falava dos quadros muito medíocres do seu antigo partido. Mas esta tirada, do longínquo ano de 2010, imortalizada por este tweet do seu partido, é tão actual que me merece algumas considerações, ou não atravessássemos hoje um dos períodos mais negros da nossa história contemporânea, com esta vaga de fogos florestais, devastadora e mortal.

Ora, efectivamente, fazer politiquice com o flagelo dos incêndios é imoral. Eu diria mesmo que é uma filhadaputice, só ao alcance da mais desprezível cria da mais ordinária meretriz, ainda que a senhora, coitada, não seja responsável pelas canalhices do rebento gerado. Porque é preciso ser-se muito canalha, muito cabrão, para usar a oportuna terminologia que está a marcar o debate no Aventar desde ontem, para usar este drama como arma de arremesso político. Infelizmente, não estamos perante uma novidade no debate político, onde a moralidade raramente tem lugar e a filhadaputice abunda. [Read more…]

Mark Zuckerberg prepara-se para destruir o que resta da imprensa portuguesa

O Facebook prepara-se para reduzir a pó a esmagadora maioria da imprensa portuguesa, senão mesmo toda. Como é sabido, a imprensa nacional atravessa uma fase extremamente delicada, caracterizada pela descredibilização, pelos conteúdos manipulados e pela perda de receitas. E o pior poderá estar ainda para vir.

O recente anúncio do grande irmão Balsemão, que se prepara para vender todas as revistas do grupo, incluindo referências com a Visão e a Exame, a par das situações financeiras ruinosas do grupo Newshold (Sol, i) ou do grupo Cofina, que deve milhões ao Estado, ilustram na perfeição o estado a que a imprensa nacional chegou. [Read more…]