O rasto de sangue de Putin – Crónicas do Rochedo #54

Porque é disto que falamos quando a conversa é Putin. E é por isto e tudo o mais que nem aqui está que nos indignamos seja com o PCP, a extrema direita europeia ou os que se financiaram através deste ditador ou dos seus amigos. Sejam eles de direita ou de esquerda ou do que quiserem. Tudo o mais é treta de quem tenta justificar o injustificável. É por isto:

 

ALEXANDER LITVINENKO: Ex-agente da KGB, crítico de Putin. Morreu três semanas após beber uma um chá num hotel de Londres. O chá foi contaminado com polónio-210. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Rússia pelo assassinato.

 

ANNA POLITKOVSKAYA: Jornalista. Denunciou o governo Putin pelos crimes de corrupção e violação aos direitos humanos. Foi assassinada com cinco tiros, no elevador do prédio onde morava, no dia de aniversário de Vladimir Putin.

 

NATALIA ESTEMIROVA: Activista dos direitos humanos. Denunciava abusos cometidos pelo Estado russo na Chechénia. O seu corpo foi encontrado numa floresta. Tinha ferimentos de bala na cabeça e no peito.

 

STANISLAV MARKELOV: Advogado de direitos humanos. Defendeu inúmeros russos perseguidos pelo Estado. Foi assassinado a tiros ao sair de uma entrevista coletiva a menos de 800 metros do Kremlin. Ao tentar ajudá-lo, a jornalista Anastasia Baburova também foi baleada e não resistiu.

 

BORIS NEMTSOV: Político russo. Foi assassinado, em 2015, próximo ao Kremlin, dois dias após protestar contra a crise financeira russa e a guerra na Ucrânia.

 

VIKTOR YUSHCHENKO: Ex-presidente da Ucrânia. Prometeu aproximar o seu país da União Europeia. Sofreu uma tentativa de assassinato ainda durante a campanha eleitoral. Enfrentou uma desfiguração como resultado do envenenamento. Culpa a Rússia pelo crime.

 

ALEXEI NAVALNY: Principal opositor político de Putin. Foi envenenado com Novichok, uma substância neurotóxica, e hospitalizado em estado grave. NesTe momento, cumpre uma pena de 3 anos e meio imposta pelo Estado russo. A sua pena de condenação ainda pode ser estendida por mais 15 anos.

 

 

SERGEI YUSHENKOV: Político. Foi morto horas depois de registrar seu partido, Liberal Russia, para participar nas eleições parlamentares. Reunia evidências associando Putin a um atentado terrorista – um suposto false flag que tornou Putin popular na sua primeira eleição.

 

YURI SHCHEKOCHIKHIN: Jornalista. Também investigava o atentado terrorista associado a Putin. Morreu misteriosamente, provavelmente envenenado, dias antes de viajar para os EUA, onde ia ter com investigadores do FBI. Os seus registros médicos foram destruídos.

 

DENIS VORONENKOV: Político. Muito crítico de Putin, fugiu para a Ucrânia quando passou a ser perseguido pelo Estado russo. Horas antes de morrer, disse ser um alvo do Kremlin. Morreu assassinado, a caminho de um encontro com outro político russo exilado na Ucrânia.

 

NIKOLAI GLUSHKOV: Empresário. Crítico de Putin, conseguiu asilo político no Reino Unido. Foi assassinado uma semana após o envenenamento de Sergei e Yulia Skripal. A sua morte foi planeada para parecer um suicídio.

 

ALEXANDER PEREPILICHNYY:  Empresário. Entregou documentos a promotores suíços detalhando o envolvimento de altos funcionários russos na fraude do Tesouro do país. Morreu em Londres. Testes toxicológicos apontaram a causa como envenenamento.

 

(Obrigado a Rodrigo Silva pela divulgação)

Comments


  1. Ninguém deve negar os factos. Eu nunca fui apoiante do PC e sempre combati no terreno as suas acções nefastas, mas é importante constatar a cínica campanha anti-PC que grassa em todos os media, como se esse partido apoiasse a invasão. O que o PC faz e bem é não apenas opor~se ao conflito, mas sobretudo denunciar a sequência de factos que a isso conduziu, assim incluindo no contexto os outros actores que a propaganda ocidental procura fazer esquecer. É esse o seu pecado. Claro que dá muito jeito ao establishment diabolizar um único actor para assim ocultar os outros. Um ex-KGB nunca será flor que se cheire, mas está muito longe de ser o único como se quer fazer crer.

  2. Rui Naldinho says:

    O rasto de sangue de Putin, ou melhor, da história das lideranças russas, podíamos recordar o assassinato de Trotsky, no México, no tempo de Estaline, entre muitos outros, não é em nada inferior aos praticados pela CIA e outros serviços secretos ocidentais, no mundo inteiro.
    Podia começar pelos líderes independentistas das muitas colónias europeias, como Patrice Lumumba, Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, isto só para falarmos de Portugal e da Bélgica, já nem falo do Reino Unido, um verdadeiro desastre. Só na Índia já dava uma boa lista de atrocidades.
    Mas no caso Norte Americano, basta consultar na net os documentos desclassificados da CIA até 1970, e ficaríamos a perceber, como foram derrubados muitos líderes e assassinados alguns dirigentes políticos mesmo americanos. Ou acham que John Kennedy, Martin Luther King, Salvador Allende (73), Che Guevara, foram assassinatos pelo KGB?
    Nao, não foram.

  3. Paulo Marques says:

    São brancos, desta vez já contam!