Sob os auspícios da Turquia decorreu ontem um encontro entre os ministros dos Negócios estrangeiros da Ucrânia e da Rússia para, supostamente, negociar caminhos conducentes a um acordo de fim de guerra. Depois de no dia anterior o Kremlin ter dados sinais de algumas cedências nas suas pretensões, a declaração final de Lavrov intensifica-as, a ponto de tornar inviável não apenas um acordo, mas também o prosseguimento de qualquer ronda negocial.
De permitir a continuidade da independência da Ucrânia, na véspera, passa a exigir que a Ucrânia não se aproxime do Ocidente (adesão à União Europeia), e que a sua riqueza não seja explorada por capitais ocidentais.

Pieter Bruegel – A Queda dos Anjpos Rebeldes
Isto é absolutamente inaceitável para ucranianos, mas também para nós ocidentais. A independência de um país não se negoceia, nem se deve sentar à mesa com quem a não pretende reconhecer.
No início desta invasão, o Kremlin começou por dizer que se tratava de uma “operação militar”, ficando agora à vista que ontem, mais não fez do que a DECLARAÇÃO de GUERRA que tinha recusado fazer, cujo objectivo é a capitulação e aniquilação de um Estado e de um povo.
Dito por outras palavras, Putin anunciou ontem, através de Lavrov, que a guerra começará agora (para eles) e, prevemos nós, de forma muito mais implacável.
O que pretendo dizer com mais implacável? Ora, se a Ucrânia não tem qualquer hipótese de enfrentar cara a cara o invasor, resta-lhe uma resistência de guerrilha, com ataques cirúrgicos onde os consiga levar a cabo e, infelizmente, líderes e forças armadas entrincheirados nas cidades junto da população civil.
Como responderá a Rússia a esta defesa? Se tentarem entrar nas cidades, nomeadamente em Kiev, sofrerão demasiadas baixas para o que pretendem, parecendo que optarão, ou por cercá-las, tal qual na Idade Média se fazia aos castelos, forçando uma rendição pela sede, fome, e frio, ou bombardeá-las-á sem qualquer misericórdia ou, ambas as hipóteses em conjunto.
Se ninguém acudir os ucranianos a este desenlace que ceifará vidas de civis sem conta, temo bem, como já muitos disseram, que o pior está para vir!
Quem pode acudir? A OTAN, com os Estados Unidos à cabeça, e a China, pois são os únicos que poderão colocar Putin em respeito, mas sem entrar em guerra. Se os Estados Unidos e a União Europeia, os maiores importadores da China, a pressionarem para colocar um travão aos intentos de Putin, deixando-o sem saída, afigura-se-me como a única hipótese de poupar o massacre do povo ucraniano.
Se a União Europeia fez bem em aceitar o pedido de adesão da Ucrânia? Fez, mas é insuficiente para travar Putin! Há que pressionar o envolvimento dos Estados Unidos e da China para se encurralar Putin e para salvaguardar a própria Europa do afundamento da sua economia.
Mas como motivar a China a abandonar o corforto de não condenar a Rússia, mas apenas pedir o cessar-fogo?
Lembro que nem Putin nem Binden são sensíveis às graves perturbações da economia europeia: o primeiro porque não quer saber disso; o segundo porque beneficiaria muito as mesmas. Bem pelo contrário, à China não interessa nem um pouco e, daí, termos essa arma para os ajudar a ver melhor as coisas. Talvez ainda se possa jogar por aí para travar o monstro e salvar largas dezenas de milhar de vidas.
Para o Carlos Araújo Alves é inaceitável que a Ucrânia tenha somente uma semi-independência.
Para mim é inaceitável que os Estados condicionem os seus cidadãos, limitando-os na sua liberdade de fazerem negócios com quem quiserem.
Só se me fiz entender mal. Para mim, são graves ambas as situações.
Ninguém note a hipocrisia em evidência sobre a Venezuela, faz favor.
Onde houver um filho da puta no poder que se diga de esquerda, por corrupto e vigarista que seja, aí estará o teu coração…
Pois vá lá!
Ficamos então a saber que, quando V. Exa. chegar ao poder, conta com o coração de alguém.
Só que do Paulo não será. É de esquerda.
Tente antes o do Mithá. É de Direita, mas mais misto.
O meu coração não está, nem nunca esteve, com o burro de Caracas, está com o povo que não merecia o embargo. Muito menos merecia Gaido.