Há uns dias atrás, após o logro da 3ª ronda de negociações entre Ucrânia e Rússia, onde esta ousou endurecer as suas posições em vez de as desanuviar, ao declarar que nem a independência da Ucrânia aceitaria, sugeria que uma pressão sobre a China talvez ajudasse a travar aquela horrenda tormenta que se abateu sobre o povo ucraniano.
É que, vejamos, por muito que as sanções económicas estejam a afectar a Rússia, podemos já constatar não são suficientes para demover Putin. De facto, o que está a acontecer é que as suas transacções financeiras, arredadas do sistema “Swift”, estão a ser canalizadas para o sistema “Cips”, controlado pela China, aproximando os dois países rivais desde há séculos.
Daí, ter sugerido que, sendo os europeus um dos melhores clientes de produtos chineses, uma pressão no sentido de afastar a China de um limbo de nem sim, nem não ao massacre da Ucrânia, empurrando-a para pressionar Putin e assim o encurralar, poderia ser benéfico.
Como na altura escrevi, “nem Putin nem Binden são sensíveis às graves perturbações da economia europeia: o primeiro porque não quer saber disso; o segundo porque beneficiaria muito as mesmas.” No entanto, a China terá muito mais a perder se vir o mercado europeu em risco de perda.
Como não estamos sós no mundo, raramente temos uma ideia original ou que, mesmo sendo-o, pode surgir pouco depois na mente de outra pessoa, tal como a “minha” ideia surgiu durante uma conversa com Eduardo Barquinha.
Em boa hora, apesar do silêncio da União Europeia, Biden parece ter, finalmente, pressionado a China a rever a sua posição face à invasão de Putin e, talvez por isso, sentimos desde ontem uma pressa da Rússia, até agora ausente, em resolver o conflito.
Mas resolver como?
Pois, sei tanto como todos vós. Será uma pressa de o resolver através de negociações dignas com a Ucrânia ou será através de um bombardeamento selvagem e maciço de Kiev?
Que se poupe o máximo vídas civis, é o que peço! Já morreram pessoas a mais, há milhões de refugiados fora da Ucrânia, mas muitos mais milhões dentro, sem ter tecto, aquecimento, luz ou casa.
E tudo parece ter começado pq a Ucrânia recusou a neutralidade face à NATO. Mas que prejuízo viria à Humanidade se a Ucrânia se tivesse declarado neutral, como outros países? Ter-se-ia poupado um enorme sofrimento e uma imensa destruição. Ah, pois. O amigo americano não deixa. Sabemos como é. Os valores do Ocidental e tal e coiso…
Nem 8, nem 80.
Como poderia a Ucrânia ser neutral se a potencia do lado já lhe tinha sacado parte do seu território a sul e insistia em sacar-lhe mais uns nacos a oriente?
José Oliveira,
A minha preocupação, de momento, bater-me para acabar com a guerra e obter um cessar-fogo imediato até ao final das negociações para que se evite um maior massacre de civis.
Esse antes, neste momento, virá depois disso.
E tudo parece ter começado pc a Rússia recusou aceitar a não neutralidade da Ucrânia face à Nato. Mas que prejuízo viria à Humanidade se a Rússia deixasse o país vizinho em paz com as suas decisões? Mesmo que estas fossem induzidas pelo velho inimigo americano? É realmente necessário o que está a acontecer? Sabemos como é. O quero, posso e mando do tal e coiso…
É esse, exactamente, o problema: o quero, posso e mando das grandes potências.
a China terá muito mais a perder se vir o mercado europeu em risco de perda
O autor deste post quer ainda mais sanções? Ainda mais violações à liberdade de os cidadãos e empresas portugueses comerciarem com quem quiserem???
E eu que pensava que o autor deste post fosse um liberal… Afinal, vejo que não é. Quer o Estado a interferir, de facto a limitar, ainda mais a nossa liberdade.
Liberdade sim! Sanções não!
Sou liberal, sim, como todo o que defende a Democracia Ocidental o é. Poderei ser mais social-democrata, socialista, ou mais conservador, depende, mas sempre defensor da Democracia e da Liberdade indicidual.
Em nome da liberdade individual de outros e, acima disso, da vida dos ucranianos, sou favorável a todos os meios não bélicos que possam pressionar o regime de Putin.
A liberdade individual inclui a liberdade económica. Inclui a liberdade de cada um negociar com quem deseje.
As sanções económicas retiram a liberdade económica aos indivíduos. Impedem-nos de fazer negócios com certos parceiros.
Como tal, as sanções violam a liberdade individual.
Como tal, um liberal (como eu) não pode se não ser contra sanções económicas impostas pelos Estados.
(É claro que cada indivíduo deve ser livre de sancionar economicamente quem quiser.)
Claro que a liberdade individual inclui a económica, mas não é isso que está em causa.
Numa guerra não há liberdade individual porquê? Porque não é um valor absoluto.
O Direito mais inalienável que deveria ser respeitado é o Direito à Vida, mas nem esse é r4espeitado em alguns regimes e nas guerras.
Para salvar vidas, se se tiver de sacrificar alguns dos outros Direitos e valores, o da liberdade ieconómica não me parece ser crucial.
Só os poderosos é que podem assegurar a liberdade económica, mas deixam de a respeitar quando invadem outros países ou lhes aplicam um embargo.