© Bruno Santos
E a Aldeia explicou
A rapaziada da capital do império sempre veio à Aldeia.
Como sempre, o entusiasmo levou-os a cometer alguns excessos. É natural. São rapazes novos, pouco dados a visitar a província e claro, nada habituados a estes momentos. Vieram em estado de euforia. Como sempre acontece. Beberam do fino, comeram comida caseira feita por mãos experimentadas e, sobretudo, levaram que contar. [Read more…]
Não há festa como esta:
“As francesas e as fransuguesas aperaltadas nos seus melhores vestidinhos e dotadas de generosos tacões e atrevidos decotes – nalgumas o umbigo espreitava e os seios gritavam como que a querer sair de semelhante aperto para deleite da rapaziada e espanto das senhoras prendadas da terra” – Ler o resto AQUI.
Sem Internet no Alentejo e na Vida – Uf!
Vida serena, a de Ribeira das Vinhas, minha aldeia adoptiva. Tem cerca de quatro dezenas de casas dispersas. Nem sempre habitadas. Parte da população é flutuante. Os residentes fixos, ao todo, não excedem três dezenas e meia, com poucas crianças. Vivem na companhia de galinhas, patos, perus, coelhos, ovelhas e o porco; sim, o pobre porco condenado à matança no ritual da festança anual – Ah! E os inevitáveis cães. Amanham a terra e praticam a agricultura de subsistência.
Alfacinha de gema, sinto-me filho daquela aldeia alentejana. Hoje não tem sequer um estabelecimento aberto. O último a encerrar foi ‘a venda’ do senhor ‘Maneli’. Não escapou ao furacão feroz e omnipresente das superfícies modernas, na cidade mais próxima. Com o fecho da loja, evaporaram-se os fins de tarde regados a tinto ou cerveja, acompanhados de torresmos caseiros, azeitonas e do casqueiro alentejano; e ainda de farpas e queixumes contra políticos, esquecidos daquela gente. Excepto em tempos de campanha eleitoral, claro.
O espírito de aldeão transformou-se em deleite do meu dia-a-dia alentejano, embora tenha de percorrer 3 km, até Galveias, para tomar um café. É um hábito mais, cumprido sem sacrifício, diga-se. Dois dedos de conversa no café e, de regresso a casa, repito uma das praxes diárias. Acciono o portátil, acedo à Internet. Só que naquela malfadada tarde, e de súbito, a ‘net’ despejou-me ou despejou-se do computador. Verifico o ‘modem’ e confirmo a existência do sinal, via ADSL. “Bom, a merda do computador pifou!”, desabafo de mim para mim. Desfalcado de meios de sobrevivência de cibernauta, fiquei destroçado e em ebulição. Tive vontade de destruir tudo à minha volta. Ímpeto passageiro.
Manuel da Fonseca – poeta
Aldeia
Nove casas
duas ruas
um largo
ao meio do largo
um poço de água fria.
Tudo isto tão parado
e o céu tão baixo
que quando alguém grita para longe
um nome familiar
se assustam pombros bravos
e acordam ecos no descampado
Manuel da Fonseca
PS . aventado pela Manuela, nossa leitora
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