
Tarrafal. Para que a memória nunca se apague.
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Dicionário da Língua Portuguesa, editado em 1986, Porto Editora
O João Mendes trouxe o texto do Ricardo Araújo Pereira (RAP) no qual se demonstra que, afinal, os cadernos não eram assim tão sexistas como se apregoou. E que o trabalho jornalístico à volta da questão deixou muito a desejar. Na verdade, os meios de comunicação social pegaram numa montagem de duas páginas para, a partir delas, tecerem ilações. E, por fim, a Comissão para a Igualdade de Género (CIG) laureou-se de poderes censórios e, “por orientação do Ministro Adjunto”, Eduardo Cabrita, recomendou à Porto Editora, que “retire[retirasse] estas duas publicações dos pontos de venda”.
RAP desmontou a questão, no programa Governo Sombra, implacavelmente e com graça, conforme se pode visualizar no vídeo seguinte. [Read more…]
Um excelente documentário com a assinatura de Joaquim Furtado, José Solano de Almeida, Cesário Borga e Isabel Silva Costa – RTP
Isto faz sentido porque vivemos num país onde as reformas mínimas são exorbitantes, o desemprego é baixíssimo e só vive mal quem quer.
No jogo Bayer Leverkusen – Borussia Dortmund, perante a teimosia do treinador do Leverkusen em não sair de campo, depois de ter sido expulso, o árbitro chateou-se e foi embora.
“O principal factor de morosidade nos tribunais está relacionado com a falta de funcionários judiciais, aponta o Conselho Superior da Magistratura no relatório anual de actividades relativo a 2014/15.” [Público]
E só descobriram isso agora?
Os oficiais de justiça sempre foram os parentes pobres da justiça. Quer em termos de vencimentos, quer de progressões na carreira. Enquanto as carreiras dos oficiais de justiça foram congeladas, nas dos juízes e procuradores sempre houve progressões.
Mas se não forem os oficiais de justiça a colocarem os processos nos gabinetes e a dar cumprimento aos despachos os processos ficam parados. Infelizmente o poder não quer saber e a opinião pública desconhece.
(foto do FB do próprio datada de 2 de Outubro de 1978)
Para o José João Cardoso, um poema do José Gomes Ferreira.
Devia morrer-se de outra maneira
“Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados,
fartos do mesmo sol, a fingir de novo todas as manhãs,
convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer:
“Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se
em nuvem hoje às 9horas. Traje de passeio”.
E então, solenemente, com passos de reter tempo,
fatos escuros, olhos de lua de cerimónia,
viríamos todos assistir à despedida.
Apertos de mãos quentes.
Ternura de calafrio.
“Adeus! Adeus!”
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes…
primeiro, os olhos… em seguida, os lábios…
depois os cabelos… a carne, em vez de apodrecer,
começaria a transfigurar-se em fumo…
tão leve… tão subtil… tão pólen…
como aquela nuvem além vêem?
Nesta tarde de Outono ainda tocada por um vento de lábios azuis…”
“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado.
Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos.
Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!
De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto.
Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”
Salgueiro Maia, 24/04/1974
Carregam na barriga, mas é no coração que os ou nos guardam.
São chatas. Impõem regras. Obrigam a fazer, mas fazem também.
Lavam, limpam, varrem. Os lixos e o que nos vai na alma.
Correm para a frente para dar o exemplo, e levam os filhos atrás.
Contam histórias dos livros, outras constroem-nas, por analogia, para o que é amargo de dizer.
Controlam, mas fingem nada saber quando, em torrente, os filhos despejam o que os atormentam.
Ser mãe é ter a profissão mais completa e complexa que existe.
E as nossas são sempre as melhores.
O que seriam os nossos mundos sem elas?
O que seriam os mundos dos nossos filhos sem nós?
Um feliz dia a todas as mães e a todos os filhos que sabem sê-lo.
Há 40 anos vivia num aldeia da zona oeste, num vale assente entre montes, onde só ia quem tinha que ir, pois não era zona de passagem. E esse isolamento sentia-se na mentalidade das pessoas, fechadas sobre si próprias, sobre o trabalho nos campos, ao ritmo da migração da geração mais nova para a zona da Grande Lisboa e sobre a vida uns dos outros. Os homens usavam um barrete preto com uma borla na ponta, que servia também para guardar o tabaco e as poucas moedas que tinham disponíveis para o dia a dia, as mulheres vestiam-se de escuro, e na hora da missa usavam véu sobre a cabeça.
A vida das mulheres resumia-se à casa, a lavar no chafariz (já que água canalizada era uma miragem, tal como a luz eléctrica em muitas delas) e a alguns pequenos trabalhos no campo. Era o Portugal do “respeitinho é muito bonito” e o homem é que mandava na casa, na mulher e nos filhos.
Os meus pais eram muito jovens, na casa dos 20 quase à beira dos 30, mas tinham já feito uma incursão pela estranja. Meu pai tinha emigrado primeiro, com uma das famosas autorizações de Salazar, depois de ter passado 31 meses, em Alto Moloqulé, em Moçambique, em plena zona de guerra, onde vira morrer muitos dos seus camaradas. Primeiro partira ele, com contrato de trabalho, mas sem casa. Mais tarde juntar-se-ia a minha mãe e, só tempo depois, tinham voltado para me vir buscar.
E se lhe oferecessem um chocolate quente quando faz compras num Centro Comercial, aceitaria? E se esse chocolate fosse tão amargo, que fosse impossível de beber, como o é a vida das crianças que trabalham nos campos de cacau na Costa do Marfim, conseguiria ficar indiferente?
Numa iniciativa da Getinspirit, uma organização de sensibilização para o flagelo do trabalho infantil na Costa do Marfim, foi feita, há uns dias, no Oeiras Parque, uma prova, sem que os visados soubessem o que iam provar. As reacções estão espelhadas no vídeo.
O Movimento Irrevogável tentou hoje, oferecer um bilher de avião a Pedro Passos Coelho, para um destino à sua escolha .
O objectivo, segundo o lider do movimento, é que o Primeiro Ministro «faça aquilo a que vem obrigando os portugueses e emigre para longe».
Aconteceu em em Santa Maria da Feira.
Que pena ter entrado por uma porta secundária e o bilhete ser apenas simbólico.
Isto é para quem diz que temos estradas boas demais, sem utilidade alguma e governa no conforto dos gabinetes esquecendo que o país real não é só o Terreiro do Paço
Uma das razões porque ainda faz sentido celebrar o Dia da Mulher
Conheço a Júlia desde sempre. Lá na aldeia éramos vizinhas, mas até à altura da escola primária, contactávamos pouco uma com a outra.
Nos primeiros anos, era eu que andava a “conhecer mundo” (como se até aos 6 anos tivéssemos consciência disso), primeiro pela grande cidade, com os avós e, mais tarde, pela “estranja” com os pais e os avós, quando o único mundo que a Júlia conhecia era o da “bica” e do chafariz, para ajudar a mãe, a criar aquela prole de 10 filhos, já que a única irmã mais velha que tinha, não era muito amiga de trabalhar.
Na escola primária da aldeia, a Júlia dava nas vistas: os resultados escolares não eram os melhores e a coisa acabava normalmente à reguada ou a poder da cana-da-índia (mas isto só até surgir uma professora novinha, que tudo fez mudar). A forma da Júlia reagir era fazer xixi sentada na tábua da carteira, daquelas que tinham uma parte de cima inclinada, e que povoavam as salas de todas as escolas primárias do país, de frente para o quadro preto e as fotos do Marcelo Caetano, do Salazar e do crucifixo.
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Os tempos que se seguiram ao 25 de Abril, foram de grande ânimo para a criançada da aldeia, onde a luz ainda não chegava a toda as casas e muito menos a água canalizada.
Essa recolhia-se na “bica”, com “canecos” de um plástico azul grosso, tarefa que era deixada para os mais pequenos, assim que conseguiam provar ter força para tal.
Para além das idas à bica, a mando dos pais, onde para animar os dias se faziam verdadeiras batalhas de água, que, ao chegar a casa, davam direito a umas boas chineladas, o tempo corria muito devagar.
O Verão, o estio, era o período do ano mais longo e chato de atravessar, com os seus dias grandes e de calores como nunca mais vi, já que a aldeia ficava no fundo de um vale, onde só ia quem tinha que ir, pois não era zona de passagem, para nenhumas das “terras importantes” das redondezas.
Na colectividade, cujo edifício naquele tempo já existia, mas que não passava de um pavilhão para realizar um baile por mês, começaram a aparecer, aos fins de semana, grupos de “gente de fora” (“as brigadas de alfabetização” ou como lhe chamavam na terra “as brigadas culturais”), que projectavam filmes, tentavam fazer debates e “educar” os autóctones, com longas explicações, pouco entendidas – parece-me – “que depois da revolução, quer os homens, quer as mulheres tinham os mesmos direitos.”
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Para Ministro da Educação os Sindicatos fazem “uma oposição sindical quase soviética”
O jogo de futebol do Campeonato Distrital de Coimbra, entre o Vigor e o Poiares, acabou aos 65 minutos, depois de o árbitro ter expulso 6 jogadores do Vigor, num jogo que, segundo a Antena 1, “não foi nenhuma batalha campal”.
Segundo relatou na Antena 1, o Presidente do Vigor da Mocidade Clube de Coimbra, o “árbitro deve ser um psicopata”, pois segundo afirma, não houve qualquer problema no jogo e tudo não passou de “coisas” entre árbrito e jogadores.
O futebol tem coisas muito estranhas!
Nota: Esta é a minha primeira colaboração como “Aventadora” e não como convidada.
E este post não significa que os “futebóis” sejam um dos meus temas de eleição, mas a este não consegui resistir pelo estranho e caricato da situação.
Foi enquanto lia uma compilação da correspondência entre dois autores que comecei a pensar: “Ah, bons tempos!”, o que nunca augura nada de bom, é certo. Mas reparem: a carta chegava, quase sempre a horas previsíveis, e podia ser aberta de imediato ou guardada para momento mais oportuno. Guardá-la podia ser, aliás, mais saboroso do […]
Autoria da foto (e os meus agradecimentos): http://permanentereencontro.blogspot.com/2012/12/amores-de-perdicao.html
A propósito desta notícia de hoje.
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Ontem, Mário Cláudio falava acerca da “objectificação da mulher“. Hoje, o Presidente da República diz: «Mas a filha ainda apanha uma gripe! Já a viu bem com o decote?».
Pois eram. Ilda Figueiredo, “uma das 37 signatárias da petição que pede a remoção da obra, voltou atrás“.
saberia que aquela mulher não é Ana Plácido: “aquela mulher é simbólica – representa a mulher na obra do Camilo, no Amor de Perdição. Não é, nunca quis ser, um retrato de Ana Plácido“.
Direitos das crianças? É relativo. Para haver direitos tem de haver deveres, e as crianças não têm deveres. Enquanto Deus entender que a pedofilia na Igreja tem um benefício para a sociedade, irá continuar a existir.
A notícia é a reacção de Pinto da Costa ao acontecimento que o Porto Canal não noticiou. Uma tristeza. Siga.
(porque é um canal de fretes, apesar de o FC Porto não ser o clube da cidade do Porto), não transmite esta notícia. Porquê?
sem espinhas, no Expresso.
Já que na terra dele o ignoram (lembrei-me logo da “pátria que vos foi ingrata“, de Vieira), aproveite-o Lisboa, depois da nega do 17.º Patriarca.
“Feijóo quer reunir-se com Sánchez para que viabilize o seu Governo em Espanha“. Assim, não: “Durão Barroso vai casar em jJulho“.
uma política externa digna de um regime totalitário não é suficiente. Netanyahu e os seus extermistas querem acabar com a separação dos poderes. E estão a consegui-lo.
CH obrigado a reintegrar José Dias, militante e fundador do partido, expulso por invocar o santo nome do Bolsonaro da Wish em vão.
“O STOP e a cidade que queremos construir“, artigo aberto, no Público.
vem a Portugal com o Al-Nassr inaugurar um centro de alto rendimento. Triste.
“O Mundo a seus pés” é um podcast do Expresso que merece ser ouvido. O último episódio foi sobre a “iliberal” Polónia.
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