Escola: conteúdos e memória

A Educação mudou muito nos últimos anos e não foi para melhor – poderia citar os 30 mil professores que NUNO CRATO despediu nos últimos três anos, mas desta vez vou falar de Educação pelo lado dos alunos e das suas aprendizagens.

O que é um bom aluno?

A resposta mais comum andará em torno destas respostas: um aluno que tira boas notas, um aluno que aprende bem, um aluno que tem sucesso, que

Ora, tenho vindo a pensar nisto porque enquanto profissional me sinto cada vez mais condicionado a dirigir a minha prática pedagógica para um caminho que está errado – os exames (ou os testes).

Na Escola de hoje tudo parece ser mensurável e para medir nada mais fácil do que quantificar tudo o que mexe como se a escola fosse uma linha de montagem. Não é e não pode ser.

Com a febre do accountability às Escolas são pedidos resultados que se medem pelas notas que os alunos têm nos testes, isto é, nos exames. Ora, qualquer pessoa que tenha passado pela Escola sabe que há uma diferença MUITO significativa entre ser um bom aluno e ter boas notas nos testes (exames).  E trago apenas dois argumentos para abrir uma discussão a que quero voltar mais vezes: [Read more…]

a descontinuidade entre a oralidade e a escrita na aprendizagem

CPE Bach. Cello Concerto

A DESCONTINUIDADE ENTRE A ESCRITA E A ORALIDADE NA APRENDIZAGEM *

Raúl Iturra

1. O OBJECTO DO PROCESSO EDUCATIVO

a) O Problema

Dizia já Durkheim (1922) que educar envolvia uma geração de adultos que sabe, outra de jovens que aprende e um processo entre eles. É este processo que é problemático: os conteúdos e as formas em que acontece definem-se conforme conjunturas que dão os limites do que se ensina e como se ensina. As variadas formas de ensinar que acontecem de cultura para cultura., bem corno dentro de uma sociedade em épocas históricas diferentes, são urna prova da proposta anterior. Mas, talvez, o que é variável no processo educativo é o seu próprio objecto e o entendimento dele por parte de geração de adultos e da geração de jovens. Uma sociedade jamais é homogénea, embora o processo educativo tenha por objectivo homogeneizar em algumas delas; as sociedades, pode talvez dizer-se, pensam que numa altura da vida dos seus jovens podem pô-los todos no mesmo nível do saber, enquanto noutras especializam-nos segundo as funções que definem o sistema classificatório das pessoas. [Read more…]

o conteúdo do processo educativo

Para os candidatos ao Mestrado em Antropologia da Educação do ISCTE. 1ª Edição, 2003. E para Graça Dias

conteúdos de aprendizagem, o regimento humano

A quantidade de opiniões teóricas, o facto de combinar as teorias políticas, religiosas, as conveniências democráticas e as mudanças de governo, não permitem manter apenas uma teoria. Como defini recentemente, educar é introduzir a criança e os púberes dentro da heterogeneidade do saberes, deveres adequados à organização social, a simpatia dessa organização e a paz e alegria de viver em sociedade, apesar das diferenças em saberes, posses e ocupações. O conteúdo do processo educativo tem por objectivo ensinar a igualdade possível entre pessoas diferentes. É esta a preocupação dos membros do Aventar ao longo dos tempos.

Definir processo educativo, parece ser uma palavra, ou ideia, comum. Parece-me no entanto, ser um labirinto de teorias, opiniões e factos. Dediquei o meu tempo na pesquisa desse conteúdo (temática do meu texto publicado na Revista Educação, Sociedade Culturas, Nº1, em 1994). No entanto, ficou por referir uma ideia importante que, por hábito, não associamos ao processo educativo: a análise da catequese, quer em Portugal, quer noutros países que usam a teoria cristã para orientar a sua vida. [Read more…]

o conteúdo do processo educativo

Acabado o comercial Dia Internacional da Criança,toca trabalhar

Já lá vão uns anos quando, num artigo que publiquei na Revista Educação, Sociedade e Culturas, Nº 1, 1994, defini o conceito «processo educativo». Porém, nessa data e nessa definição, ficou por referir uma ideia importante que, por hábito, não nos lembramos que faz parte do processo educativo. Essa ideia é a análise da catequese nos países, como Portugal, que usam a teoria cristã para orientar a sua vida. Ideia que denomino, noutros textos publicados pela Editora Afrontamento, como a lógica da História. A Catequese, baseada no livro de Karol Wojtila de 1992 e de Bento XV de 1919, extraída da Summa Theologica de Tomás de Aquino (1267 e 1273), que por sua vez recorreu aos textos muçulmanos de Averröes e à obra de Aristóteles, defende que o corpo e a alma são uma continuidade que pensa, sente e raciocina com toda a liberdade, inseridos na Lei Natural, tendo por limite a Lei Civil e/ou Penal. Antes de uma criança entender o que é a relação íntima a dois, já lho é ensinado, por Catequistas, Missionários, Padres, Freiras, Professores e no universo da Casa. Ensino Doméstico que o teólogo liberal e moralista da Igreja Presbiteriana da Escócia, Adam Smith, orientado pelos textos de Jean Calvin de 1535, considera, no seu trabalho de 1759, A teoria dos sentimentos morais, como o melhor sítio para aprender hábitos e sentimentos. [Read more…]

Nem todo o perigo é tão perigoso como a cabeça de alguns adultos

É mãe galinha? Super-pai? Salta-lhe o coração quando o seu filho quer subir a uma árvore? Desata aos gritos se ele brinca com um pau? Esconde o martelo para que ele não dê uma martelada num dedo? E um fogo? O seu filho já acendeu um fogo? Já usou um canivete? Você acha que o ajuda afastando-o de TODO o perigo? Gever Tulley acha que não. Decida-se, o seu filho é uma criança ou uma alface? Ou melhor, quer o seu filho pronto para enfrentar o mundo, ou para ser devorado por ele? Ou de outra forma: quer que o seu filho compreenda o mundo e o risco ou está à espera que o mundo se adapte a si e ao seu medo do risco?