E vão três – o chimbalau na Bayer

É o terceiro caso em que um júri dos EUA pronuncia uma pesada sentença contra a Monsanto, colocando de rastos a Bayer, que há apenas uns meses a comprou por 54 mil milhões de euros.

Mais uma vez cancro, mais uma vez o herbicida Roundup e o seu funesto glifosato.

A primeira condenação em 81 milhões de dólares, a segunda em 290 milhões e agora em mais de dois mil milhões de dólares. A Bayer anunciou que irá recorrer da decisão e espera que os veredictos sejam anulados em segunda instância – o que é pouco provável; mais provável será uma redução dos valores. Seja como for, os custos dos processos são substanciais e entretanto, o seu número nos EUA disparou para 13.400, com tendência crescente. [Read more…]

O interesse público primeiro

Uma boa notícia vinda do Tribunal da União Europeia: A Agência de Segurança Alimentar é obrigada a dar acesso a estudos sobre a toxicidade do glifosato.

Arrogantemente, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) tinha recusado o acesso a estudos científicos sobre a toxicidade do glifosato – argumentando que a sua disponibilização poderia prejudicar os interesses comerciais e financeiros das empresas Monsanto (entretanto Bayer) e Cheminova, elas próprias autoras dos estudos.

Foi com base nesses estudos e contra a opinião do Centro Internacional para a Investigação do Cancro (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde – o qual, em 2015, tinha classificado o glifosato como “provavelmente cancerígeno” – que a EFSA concluiu que o glifosato não apresentava riscos cancerígenos, o que por sua vez levou, em Novembro de 2017, à aprovação pela UE do contestado herbicida até 2022.

Quatro eurodeputados dos Verdes decidiram recorrer ao Tribunal Europeu para exigir o acesso aos estudos, nomeadamente aos capítulos sobre “Materiais, condições e métodos experimentais” e “Resultados e análise”.

Na sentença agora emitida (sujeita a recurso no prazo de dois meses), o Tribunal deu razão aos eurodeputados, considerando que o público tem direito a conhecer os detalhes da pesquisa e que o interesse público está acima do interesse empresarial.

Seria preciso explicar isto a muita gente.

O glifosato e a morte das abelhas

As abelhas têm estado a morrer sem que se conheça a causa. Porém, um estudo realizado por investigadores da Universidade de Texas, em Austin, vem lançar alguma luz sobre o assunto. De acordo com os resultados obtidos, o glifosato destrói bactérias específicas dos intestinos das abelhas, expondo-as a infecções bacterianas mortais.

Imagem: Alterações na composição do microbioma intestinal de abelhas após exposição ao glifosato (fonte)

[Read more…]

Brasil reabre alas ao glifosato

Foto disponibilizada por Isabel Falcão

A Bayer e o seu presidente administrativo Werner Baumann devem ter respirado muito fundo e agradecido profundamente, sabe-se lá por via de que modalidade, ao presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), Kássio Marques, que aceitou, a segunda-feira passada, “o recurso contra liminar da Justiça Federal que suspendia o registro do Glifosato e demais agrotóxicos até a conclusão da análise de toxicidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a decisão do TRF, os agrotóxicos voltam a ter o uso liberado nas plantações brasileiras.“

O que interessam argumentos em defesa da Saúde e do princípio da precaução, se “sua proibição causaria impacto nos lucros da indústria do agronegócio, modelo de negócios seguido no país”???

O Brasil é o segundo maior mercado da monstruosa Monsanto, e portanto da Bayer, e a Bayer Cropscience do Brasil é a quarta maior operação do Grupo Bayer no mundo, possuindo duas importantes fábricas localizadas em São Paulo, cidade onde também fica a sede brasileira, e em Belford Roxo.

No que diz respeito ao controle das transnacionais sobre a agricultura brasileira, o que mais chama atenção nos dias de hoje é a crescente difusão das sementes transgênicas pelas grandes empresas do setor, como Monsanto, Bayer, Syngenta, que também são as grandes produtoras de agroquímicos, o que contribuiu para a transformação do Brasil no maior consumidor mundial de agrotóxicos (…).

No que toca ao agronegócio, modelo de produção agrícola dominante no Brasil, também os governos de esquerda produziram um colossal desastre, para mal do planeta e de toda humanidade. Nem é bom pensar no futuro.

Catrapum, Bayer!

Werner Baumann, presidente do conselho de administração da Bayer AG e Hugh Grant, presidente e director executivo da Monsanto. | Fonte: picture alliance / dpa

“E desejar que esta decisão se faça sentir e denotar na queda das acções desse violento portento agro-químico que, a nível mundial, atenta contra a Sustentabilidade, a Biodiversidade, a Saúde e a Democracia.”

E hoje elas caíram de facto e aparatosamente na Bolsa de Frankfurt: mais de 12%, para cerca de 82 euros – o nível mais baixo desde o outono de 2013. E os 5.000 processos semelhantes contra a Monsanto em fila de espera nos EUA podem abrir mais buracos milionários. Claro que a Bayer tem, bem oleada e em alta rotação, a sua maquinaria de Lobby e o desfecho do recurso é imprevisível. Mas hoje, o sorriso cínico de Werner Baumann, presidente do conselho de administração da Bayer AG, deverá estar bem amarelecido. Para nós, cidadãos, razão para basto regojizo!

 

Uma boa notícia

Dewayne Johnson, que sofre de cancro linfático em fase terminal, processou a Monsanto

Ultimamente, dado o estado prostituído dos governos face às multinacionais, é o terceiro poder, o judicial, que tem produzido algumas boas notícias. É o caso desta:

Na sexta-feira, um tribunal de São Francisco, nos Estados Unidos, condenou a Monsanto a pagar 290 milhões de dólares (253 milhões de euros) por não ter informado sobre os perigos do herbicida Roundup, na origem do cancro desenvolvido pelo jardineiro Dewayne Johnson.

Claro que o monstro, a dantesca Monsanto agora deglutida pela Bayer, vai recorrer da sentença e activar o seu poderoso e eficaz lobby, que há bem pouco tempo vergou vergonhosamente a comissão europeia. Essa mesma comissão pervertida que continua a promover e financiar com o dinheiro dos contribuintes uma política agrícola baseada no veneno e nas monoculturas intensivas.

Mas por agora, há que festejar. E desejar que esta decisão se faça sentir e denotar na queda das acções desse violento portento agro-químico que, a nível mundial, atenta contra a Sustentabilidade, a Biodiversidade, a Saúde e a Democracia.

P.S.-  Pode assinar uma petição pela proibição do Glifosato em Portugal: http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT76615

Luz verde para a Baysanto

União Europeia aprovou a fusão entre Bayer e Monsanto – Mais um passo a caminho do “admirável mundo novo”.

75% do mercado global de sementes é já controlado por apenas 10 empresas, outras tantas dominam 95% do mercado global de pesticidas. Com a megafusão, vai emergir uma corporação que, a nível mundial, dominará 30% do mercado de sementes e 24% do de pesticidas.

A Baysanto vai influenciar grande parte do que comemos, o modo como cultivamos os alimentos e os medicamentos que tomamos. Às mãos deste monstro agro-químico espera-nos maior redução da biodiversidade, mais pesticidas, organismos geneticamente modificados e monoculturas, aumento dos preços e perda de acesso a sementes, maior sujeição dos pequenos agricultores à prepotência e concorrência dos tubarões….

Mas com que direito andamos a dar cabo disto tudo como se não houvesse amanhã???

Um casamento fatal

Na assembleia geral realizada sexta-feira passada em Bona, o chefe da Bayer garantiu aos accionistas que “a aquisição da Monsanto se adequa perfeitamente à estratégia da empresa” e irá contribuir para o seu sucesso a longo prazo. O negócio, que a Bayer prevê fechar até ao fim do ano (obtido que está já o OK de Donald Trump, em troca da promessa de investimentos de milhares de milhões e de postos de trabalho nos EUA) e que só depende de luz verde de autoridades reguladoras em 30 países e da Comissária europeia da Concorrência, vai criar um quase monopólio sobre os mercados globais de sementes e produtos químicos agrícolas.

A hipócrita argumentação da Bayer para ocultar a lógica da avidez de lucro e de poder soa assim: Como poderemos, em 2050, alimentar 10 mil milhões de pessoas sem prejudicar o meio ambiente? Tendo em conta as mudanças climáticas e o limite de terra cultivável, é importante aumentar a produção de alimentos usando menos recursos, para assim satisfazer a crescente necessidade de alimentos. A Bayer está convencida de que, para isso, a promoção activa de abordagens inovadoras na agricultura é essencial.

Patranhas de lobo em pele de cordeiro. O sector agrícola já hoje se caracteriza por uma forte concentração: 75% do mercado global de sementes é controlado por apenas 10 empresas, outras tantas dominam 95% do mercado global de pesticidas. Com a megafusão, vai emergir uma corporação que, a nível mundial, dominará 30% do mercado de sementes e 24% do de pesticidas. A Baysanto determinará em grande parte o que comemos, como cultivamos os alimentos e os medicamentos que tomamos. [Read more…]

Há que proteger os monstros

bayer

A compra da Monsanto pela Bayer representa mais um ponto alto neste absurdo sistema insustentável que tão bem serve os interesses dos grandes e no qual os pequenos engolem tudo por mor do existencial argumento do emprego.

Nunca uma empresa alemã pagou um valor tão elevado (66 mil milhões de euros) por uma empresa estrangeira e, mesmo sob o ponto de vista empresarial, ainda está para se ver se o espectacular negócio irá dar certo. Não raro, a fusão de duas culturas empresariais diferentes acaba em pesadelo, como aconteceu com a Daimler, que pagou 40 mil milhões de dólares pela americana Chrysler. Mas isso é um problema deles. O nosso problema é que este tubarão da indústria química adquire um bombástico “valor sistémico” e catapulta-se para posição ainda mais confortável no que concerne à manipulação de governos e coacção de cidadãos. A Monsanto – conhecida pelas suas obscuras práticas, como a proibição de utilização de sementes provenientes de colheitas das suas sementes transgénicas e pelas funestas consequências do pesticida glifosato – passa agora para as mãos de uma empresa farmacêutica que já tem que se lhe diga. [Read more…]

Medo

é aquilo que sinto quando um colosso farmacêutico compra uma produtora e distribuidora de doenças.

Monstro à vista?

monsanto e bayer

Imagem: Campact

55 mil milhões de Euros é a maquia que a Bayer oferece para engolir a mais tristemente famosa transnacional: a Monsanto.

“Estão a brincar”, responde, por agora, a Monsanto e simultaneamente,  só devido a esta hipótese, as acções da Bayer desceram 8%. Obviamente, estes trejeitos fazem parte dos preliminares e a procissão ainda vai no adro. Se o negócio se vier a realizar, estará criada uma mega-corporação que vai controlar quase tudo o que comemos. E o que comemos será produzido com recurso a uma quantidade crescente de fábricas agrícolas, tecnologia genética e pesticidas, já que a fusão só será rentável se a Monsanto-Bayer obtiver ainda mais lucro com o glifosato, a manipulação genética e as sementes patenteadas.

O mercado agrícola global é hoje dominado por meia dúzia de multinacionais: enquanto em 1985 as dez maiores empresas de sementes detinham, em conjunto, uma parcela de mercado de cerca de 12,5%, em 2011 dominavam 75,3%. Uma Monsanto-Bayer passaria a ser a maior produtora mundial de sementes e pesticidas, com um poder de Lobby gigantesco – haja em vista o sucesso da pressão que ambas já vêm exercendo sobre os governos e a comissão europeia.

Além de um quase monopólio sobre a nossa alimentação, a compra da Monsanto – que seria também um caso a analisar à luz da regra de concorrência comunitária – representaria uma aposta de 55 mil milhões de Euros na carta da exploração, manipulação e destruição desenfreada da natureza. Mais um empurrão dos donos do mundo para o precipício, como se houvesse algures um outro planeta novo a estrear. Adeus sonho de uma agricultura agroecológica não industrializada…