A passadeira

Fica aqui mesmo em frente à ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, em Coimbra. É uma passadeira para peões accionada pelo habitual botão. Não é um cruzamento, portanto os automobilistas param ao semáforo vermelho – e respectivo boneco verde -, mas as cavalgaduras continuam a marcha sem problemas. Como passo lá diariamente e me apercebi, pelas numerosas transgressões,do crescimento desta segunda espécie cavalar, comecei a fazer a minha estatística. Coisa empírica e sem rigor científico, é verdade, mas o suficiente para constatar que as bestas perigosas estão em crescimento, sobretudo se, ao transgredir numa passadeira, não correrem o risco de levar com outra viatura nos delicados lombos. O resultado foi: em cada 10 situações de semáforo fechado, 5 (!) passavam sem parar – é uma média, já que à noite as coisas pioram. Perguntareis se, dada a localização dessa passagem, os condutores teriam especial atenção quando se tratava da travessia de um cego – perfeitamente identificável, por razões óbvias. Para mal do que resta da vossa confiança na espécie humana, tenho a informar que a situação piora! – os invisuais não podem testemunhar, não é?

Escrevo estas linhas pouco depois de eu próprio quase ter sido passado a ferro quando ia a meio desta travessia. E o alarve ainda se ria. Seria atropelado nos termos da lei, direis; e como tal teria – eu ou os que me sobrevivessem – direito aquela indemnização com que a lei portuguesa mostra o valor – de merda – que dá à vida humana. Dispenso, prefiro ficar por cá.

Não é raro ver aqui amigos que, indignados por razões diversas razões, fazem votos para que os que classificam como “filhos da puta” vão para este ou aquele lugar mais ou menos desagradável. Da próxima vez, não se esqueçam destas bostas de gente nos vossos votos.

Os portugueses que vão votar dão uma lição de civismo

Acabo de votar numa das escolas reservadas para o efeito e por verificar, in loco, o civismo de tantos e tantos portugueses no momento do voto.
Ele é estacionamento dos carros em cima do passeio, em cima das passadeiras, nos lugares de deficientes, em segunda fila, enfim, onde calha. Em qualquer sítio que garanta ficar à porta do local de voto.
Ufanos por estarem a cumprir o seu dever, esses portugueses regressam a casa felizes. O seu civismo foi posto à prova e, mais uma vez, a exemplo do seu Querido Líder, ultrapassaram o teste com distinção.

Irresponsabilidade, falta de civismo e comportamentos perigosos na campanha do PàF

PaF 1

Para aqueles que não conhecem a via que surge na imagem em cima, trata-se da variante que circunda a cidade de Famalicão, uma via equiparada a auto-estrada onde se aplicam as regras previstas no código da estrada, que sobre a circulação nestas vias referem, podemos ler no site do IMTT:

PARAGEM EM AUTOESTRADA: A paragem em autoestrada é proibida por lei e sancionada com contraordenação muito grave, tal como previsto no artigo 146.º do C.E. Somente em cenários de congestionamento de tráfego ou por emergência, pode-se parar e apenas em situações imperativas devidamente justificadas.

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Que Natal?


Ontem cansei-me de prazer, do meio da tarde até ao começo da noite, caminhando pelas ruas do meu Porto. De comboio até São Bento, depois subindo a 31 de Janeiro, com uma cena de ‘civismo’ a empatar o percurso do eléctrico, Santa Catarina, Aliados, Mousinho, Ribeira, e, para findar, travessia da Luíz I para o lado de lá, Gaia, que, na verdade é o meu lado de cá, onde um autocarro veio mesmo a jeito. Éramos seis. Filhas, esposa, irmã mais nova, sobrinho. Especámos a olhar para as montras das lojas mais tradicionais no Bolhão, os queijos, os Barca Velha, os frutos secos, os enchidos, um olhar à Charles Dickens. Não me foi pago o subsídio de desemprego, não há Natal.

País da Treta

treta s.f. – manha, ardil, estratagema, artifício [pl] palavreado para iludir

 

Como observamos todos os dias, os “casos” sucedem-se. São robalos em troca de alheiras, são suspeitas de corrupção, são jobs para os inúmeros boys & girls dos corruptos partidos políticos e assim sucessivamente até à exaustão.

Acontece que estes casos são tratados pelos nossos meios de comunicação social na perspectiva da notícia, do imediato. Assim o caso do momento é divulgado até ao limite ou enquanto vender jornais e, após um determinado período de tempo, é esquecido.

Para evitar este esquecimento iniciámos em 2008 o projecto tretas.org que pretende ser um local de preservação da memória do que se vai passando na arena política em Portugal. Sempre de forma devidamente documentada.

 

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Fale baixinho! Não seja urso!

Campanha do Metro de Lisboa

O comboio não foge! Deixe o pessoal sair! (Urso!)

Campanha do Metro de Lisboa

Que tal usar headphones para ouvir música, não seja besta!

Campanha do Metro de Lisboa

Não roube os lugares reservados, urso!

Campanha do Metro de Lisboa

Respeite o espaço dos outros, seu urso!

Campanha do Metro de Lisboa

Deixe o pessoal passar nas escadas rolantes!

Campanha do Metro de Lisboa

Não ponha as patas em cima dos bancos!

Campanha do Metro de Lisboa

Os alunos da Secundária de Ermesinde: Uma educação esmerada

Publiquei há uns meses o relato de uma série de agressões a professores na Escola Secundária de Ermesinde. Tudo rigorosamente verdade, transmitido por professores da Escola e com pormenores que por decência me escusei a transcrever.

Um dos alunos  da Secundária de Ermesinde, sem dúvida um modelo de civismo, brindou o Aventar com um comentário de fino recorte literário. Não poderia privar os nossos leitores de um naco de escrita de tanta elevação intelectual por parte de um aluno que assina com o nome de Unnamed.

OH RICARDO TU DEVES DE TER O FEIJÃO ATRACADO NO CU!!!!

ÉS UM GRANDE PANELEIRO TU E OS JORNALISTA DEVIAM DE IR TODOS PARA A PUTA QUE VOS PARIU.

ÉS UM FILHO DA PUTA DE UM AZEITEIRO!!!

E TRATA LÁ DO TEU BLOGUE DE CHACHA QUE EU NÃO PONHO MAIS AQUI OS PÉS JÁ BOI DO CARALHO.

Este aluno, pelo que sei, deve estar no 11.º Ano. Mais uns anitos e, vão ver, vai ser doutor.

P. S. – Tenho pena que o cobardolas não seja meu aluno. É que, se fosse, teria todo o prazer em ensinar-lhe uma série de regras básicas de civismo e de boa educação. Entre outras coisas, ensinar-lhe-ia que devemos assumir o que escrevemos, ou seja, assinar em nome próprio quando estamos a insultar alguém. E depois sofrer as consequências.
Só não poderia dar-lhe umas palmadas no rabo. É que o menino era capaz de ficar traumatizado.