Campeão das diferenças salariais

Entre 2008 e 2013, Portugal foi o país da UE onde houve o maior aumento na disparidade de salários entre homens e mulheres.

Sexo, cebolas e gás lacrimogéneo

Lágrimas femininas diminuem apetite sexual dos homens

De acordo com esta notícia, a desculpa da dor de cabeça ou o recurso ao pontapé nas partes baixas para rejeitar os avanços sexuais está prestes a acabar. A partir de agora, bastará picar uma cebola ou atirar gás lacrimogéneo para si própria, para que o mais insaciável dos brutos seja alvo de amolecimento não só psicológico. Entretanto, a indústria pornográfica já manifestou a sua enorme preocupação face à possibilidade de se poder vir a comercializar lágrimas de mulher.

Mulher

Ideal de mulher, rara na sociedade capitalista

Para a nossa neta May Malen, de três meses e três dias, e para o meu bebé, Maria da Graça

Quem saiba de gramática e sintaxes, dir-me-ia que escrever esta palavra, este substantivo, ficava pendurado por não ter artigo, adjectivo qualificativo, estar no meio de uma frase ou revelar a intenção de colocar a palavra no meio, como se diz no castelhano castiço, da nada e da coisa nenhuma. Ou dicionário que me apoia diz ser uma pessoa adulta do sexo feminino.

E os problemas começam. O que será sexo feminino. Sabemos que o substantivo sexo representa órgãos genitais diferentes dentro da mesma espécie do género humano ou diferença física ou conformação especial que distingue o macho da fêmea. E os problemas continuam entre macho e fêmea. Não deve ser preciso consultar o dicionário para nada. É necessário deixar falar ao coração, aos nossos sentimentos, as idades de vida. A mulher começa por ser a pessoa que nos amamenta, que satisfaz o apetite do corpo que cresce. Matar essa fome que o crescimento causa. A energia do se desenvolvimento, precisa ser alimentada com litros de leite para os décimos de centímetros que a criança usa na vida até a sua autonomia total.

Autonomia heterogénea: ou gatinhar, ou se agarrar ao corpo dos pais porque confia

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Podem os homens viver sem as mulheres?

 Recentemente ouvi um desabafo que não me saiu mais da cabeça.  Um homem contava, aparentemente sem drama nem cinismo, que, após um divórcio mais ou menos civilizado, havia desistido das mulheres. Ou melhor, desistira de relacionamentos com alguma profundidade.

 

Admitia encontros esporádicos, sem compromisso, desde que estivessem claras e fossem aceites por ambas as partes as condições em que os encontros decorreriam. Em síntese, seriam encontros sexuais com a garantia de que nunca se tornariam em algo mais do que isso. Se elas estivessem dispostas, claro. E aproveitou o embalo para fazer um elogio do celibato, garantindo que agora se sentia mais livre, mais autónomo, capaz de decidir sem amarras e sem cedências à vontade alheia.

 

Lembrei-me de uma velha canção do Tom Waits, “Better off without a wife”, um elogio à amizade entre homens e às vantagens de poder dormir até ao meio dia, sair quando se entende, ir de pescaria ou ficar a uivar à lua sem nunca ter de prestar contas a nenhuma mulher. Tudo isto com a ironia de Waits, ou não tivesse ele acabado por casar não muito depois de ter gravado essa canção. 

 

Para os homens da geração do meu pai, e salvo meritórias excepções, viver sem mulher comportava problemas logísticos de tal ordem que não seria exactamente uma opção. Quem cozinharia, quem trataria da casa, quem se ocuparia dos filhos? Quando, ao fim de décadas, se encontravam sozinhos, por divórcio ou viuvez, deparavam-se com um caos difícil de superar, constatavam a sua inépcia para resolver aquilo que sempre lhes parecera fácil, ou no qual simplesmente nem haviam reparado.

 

Actualmente podemos acreditar, com algum optimismo, que as mulheres já não são vistas unicamente como donas de casa ou mães, as relações entre homens e mulheres já não têm como um dos alicerces essa complementação de papéis: homem ganha-pão, mulher mãe/dona-de-casa, e já se pode ponderar se os relacionamentos, com as exigências que pressupõem, valem a pena. Os jogos de sedução iniciais, as cedências, os almoços com a família dela, os aniversários para recordar, os raspanetes pelas tarefas por cumprir, as exigências permanentes do romantismo, tudo isso desaparece num ápice e fica apenas a agenda telefónica.

 

Haverá quem diga que o que fica, nessas condições, é a solidão, o vazio pela ausência de laços afectivos sólidos com outro ser humano, mas também isso corresponde a um modelo de vida de que nem todos partilham. Este homem de que vos falava no início não se manifestava contra as mulheres, não proferiu nenhuma crítica, nenhum queixume. Tendo experimentado as alegrias e as amarguras do relacionamento conjugal, chegou à conclusão de que estava melhor sem ele.

 

Dizia Waits nessa canção: “sou egoísta no que respeita à minha privacidade, mas enquanto puder estar comigo damo-nos tão bem que eu nem acredito”.

Desculpem tanto tempo às voltas com este tema, mas confesso que, tal como imagino que deva acontecer com outras mulheres, a ideia de que eles possam e queiram viver sem nós parece-me estranhíssima.

 

Mas, tal como aceito que possa existir um clube de fãs do Fernando Rocha, ou vida fora do planeta Terra, também tenho de abrir espaço nas minhas crenças pessoais para essa possibilidade fantástica. A de que haja, entre o género masculino, quem esteja convencido de que não precisa das mulheres.

 

Aviso: este texto destina-se exclusivamente a mulheres

 Aqui entre raparigas, deixem-me que vos conte o que acabo de ler no diário espanhol ABC. Num artigo publicado na edição online, o jornal resume um estudo publicado no Wall Street Journal que poderá ser o elo que faltava na efectiva divisão igualitária das tarefas domésticas entre homens e mulheres.

Diz-nos o ABC que essas tarefas domésticas podem ser um poderoso afrodisíaco e que quem mais se empenha na sua realização tem mais possibilidade de vir a desfrutar de umas noites fogosas.

Para além de dar por assente que para nós é extraordinariamente estimulante ver os nossos companheiros a esfregar tachos e a passar a roupa a ferro – enganamo-los bem, hem? -, os autores do estudo mostram-se surpreendidos com o facto de os homens também se entusiasmarem perante a imagem da sua companheira ocupada a recolher meias pela casa ou a passar a esfregona no chão. E essa parece ser a grande revelação do estudo, a de que todos – homens e mulheres –  acham excitante fazer e ver fazer trabalho doméstico.

Não sei se estão de acordo comigo quando digo que isto é uma treta?  

A menos que se meta a roupa na máquina ao som do “You can leave your hat on” ou se vá intercalando a limpeza do pó com umas acrobacias no varão, não me parece muito linear a ligação entre uma coisa e outra.

Que a partilha das tarefas domésticas contribua para a harmonia conjugal, e que essa harmonia se pode traduzir, entre outras coisas, em noites românticas, parece-me evidente.

Que nós olhemos para eles de aspirador em punho, ou a esfregar a banheira, ou a secar os pratos do jantar e nos sintamos tomadas pelo fogo da paixão… pois tenho as minhas dúvidas, que querem que vos diga. Mas acho que vale bem a pena convencê-los de que assim é. Já sabemos que é sempre melhor persuadir do que forçar e que melhor forma de persuadi-los?

E logo à noite é vê-los, munidos do espanador, vestidinhos com o seu avental, ansiosos por mostrar o quanto são prendados.  E já está. Tudo em nome da igualdade entre sexos e da harmonia conjugal.

Mas atenção, isto fica só entre nós. Eles não podem saber.