Ana Barros
Relembro, agora, a primeira vez que nos encontrámos. já lá vão longínquos 30 anos.
as duas “velhotas” numa turma de garot@s, uma a aprender, outra a re_aprender, alemão.
tu a aprendê-lo porque, na altura, querias ler Nietzsche no original para as tuas provas na universidade; eras assistente estagiária. eu, porque, à falta do que fazer, queria ocupar algum do meu tempo a relembrar uma língua que sempre me cativou.
foi instantânea a empatia que se criou entre nós. assim foi durante este tempo todo. e eu sempre a admirar a mulher brilhante que eras.
fui às estantes procurar os teus livros. no meio do caos, encontrei o “Variações sobre o entre-dois” e o “Alteridades feridas”, os marcantes dois volumes do teu “Diário de uma mulher católica a caminho da descrença” e o “Ajudas-me a morrer?“. neste último, releio a tua dedicatória: “Para a Ana Paula, a amiga de todas as ocasiões”. tenho consciência que o não fui. poderia ter sido muito mais presente e nunca te pedi desculpa por isso.
sentia já a tua falta durante estes anos em que tanto sofreste; neste momento, sinto que foi a libertação que te chegou na forma que nos (os outros) dói mais.
descansa, agora, em paz e em liberdade total, minha amiga.
Comentários Recentes