E/ou

O Tribunal Constitucional (TC) chumbou, mais uma vez (a terceira vez desde que a Lei foi aprovada na Assembleia da República), a Lei da Eutanásia.

No seio da discórdia está uma conjunção. Quando se lê que, aquando do pedido do paciente para ser eutanasiado, este tenha de estar dotado de sofrimento “físico, psicológico e espiritual”, o TC questiona se “e” quer dizer “ou”.

Quando andava no ensino secundário, eu até era bom a Português. Ainda assim, a parte gramatical era a que me subtraía pontos em cada teste escrito. Contudo, acho que estou em condições de aferir que “e” significa “e” e não “ou”.

Em primeiro lugar, é improvável que uma pessoa que sofra fisicamente não seja, também, afectada psicologicamente. Se psicologicamente está afectada, por conta de questões físicas, então está afectada espiritualmente. Como tal, faz sentido o “e” na frase “físico, psicológico e espiritual”.

Em segundo lugar, há uns tempos, quando João Caupers (que, ao que parece, até é a favor da aprovação da Lei) foi anunciado como o novo presidente do TC, vieram a público umas (estranhas) opiniões sobre vegetarianismo e homossexualidade, algumas já datadas, por parte do mesmo. Escrevi aqui, deixando um conselho ao então recém eleito presidente do TC, “(…) Quanto a João Caupers, um conselho: coma folhas de alface. Ou leve no cu. É à sua escolha. (…)”. Ora, a conjunção “ou”, na frase supracitada, pressupõe a liberdade de escolha por quem é receptor das palavras proferidas. Se tivesse escrito “coma folhas de alface [e] leve no cu”, estaria a fazer uma relação entre as duas partes, como na frase “físico, psicológico [e] espiritual”, em que existe relação entre as três (em oposição a “físico, psicólogo [ou] espiritual” – se assim o fosse, pressupor-se-ia que o paciente pudesse pedir a Eutanásia caso as três características não fossem cumulativas).

O que é certo é que, agora, a Lei é devolvida ao Parlamento, deixando os deputados com uma batata quente nas mãos. Ao mesmo tempo, sabe-se que alguns dos juizes que votaram contra a Lei com base das conjunções e/ou sairão brevemente. Não se sabe é se serão substituídos por juizes mais progressistas.

Eutanásia – uma discussão pervertida

Eu até sou a favor da eutanásia. Não sou é a favor de visões ideológicas e trafulhas sobre o problema.

Desde o tão bronco quanto imbecil e desonesto dogma dos “direitos individuais não se referendam” até à fraudulenta “mentira” dos “avanços civilizacionais, a grande parte dos argumentos aduzidos são uma” mão cheia de nada”. O que, infelizmente, não deixa de ser lógico e expectável porque a questão que devia ser algo transversal a toda a sociedade e bem acima dos espartilhos ideológicos, foi ilegítima e asquerosamente “confiscada” pela esquerda. E como em tudo o que tem o selo da esquerda, a infalível conclusão só pode ser: estamos a ser “endrominados”.

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My body, my rules

A propósito da aprovação da Lei que despenaliza a morte medicamente assistida, decidi apropriar-me desta expressão que costuma ser utilizada para outras lutas. Porque também é isso que está aqui em causa, o direito a decidirmos parar de viver, se colocados perante um sofrimento atroz, causado por doença incurável. E ninguém melhor que cada um de nós, para decidir quais os limites que suporta, aceitando como é óbvio o direito à objecção de consciência pelos profissionais médicos, que na condição de pessoas, também têm as suas próprias convicções, naturalmente merecedoras de total respeito, como qualquer outra, mas não mais que isso, se um médico não estiver disponível para praticar determinado acto médico, deve informar o paciente, que poderá recorrer a outro clínico. [Read more…]

A semântica da eutanásia

O chumbo da lei da eutanásia pelo colectivo de juízes do Tribunal Constitucional, levou Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura a celebrar uma vitória que é sobretudo semântica: a inconstitucionalidade da nova lei assenta, fundamentalmente, no texto apresentado pelos deputados, e enviado por Marcelo para subsequente validação do TC, e não naquilo que é o objecto e o conteúdo da lei.

Enquanto agitavam as suas bandeiras e decretavam a derrota da maioria parlamentar, que incluiu BE, IL, PAN, Verdes, a maioria dos deputados socialistas e 14 deputados do PSD, Rodrigues dos Santos e Ventura não terão certamente dado ouvidos ao presidente do Constitucional, sobretudo quando este afirmou que “O direito à vida não pode transfigurar-se num dever de viver em qualquer circunstância”, algo que pode ser traduzido à letra como “ser humano algum deve ser obrigado a viver em sofrimento atroz, se assim não pretender”, ao que eu acrescentaria “apenas para servir os interesses ideológicos e religiosos de pequenos lobbies que se estão nas tintas para a liberdade individual de cada um”. O presidente do TC foi ainda mais claro, quando afirmou que a inviolabilidade da vida “não constitui obstáculo inultrapassável”. Posto isto, parece-me claro que, ultrapassada a questão semântica, a lei passará pelo crivo do Tribunal Constitucional sem levantar grandes ondas. É uma questão de tempo e de gramática.

Compete agora aos deputados dos partidos proponentes, rever os textos apresentados no hemiciclo e rescrever a lei de maneira a ultrapassar os obstáculos semânticos que a fizeram bater na trave do Constitucional, em particular o conceito de “lesão definitiva de gravidade extrema”. De resto, estamos no bom caminho: no caminho do reforço das liberdades e dos direitos civis. Já faltou mais para nos libertarmos desta amarra conservadora e egoísta, que reserva o direito à morte medicamente assistida apenas e só àqueles que podem pagar pelo privilégio de o fazer na Suíça, ou noutro país onde o procedimento é legal.

Direita Política: a estupidificação ao serviço da extrema-direita

O Direita Política, um site de extrema-direita que se dedica à produção e divulgação de notícias falsas, questionou os seus leitores, a propósito da posição do PAN sobre o tema da eutanásia:

Que partido é este que é contra a eutanásia nos animais e a favor da eutanásia nas pessoas?

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Os privados não farāo eutanásias. Pudera!

É óbvio que os hospitais privados não vão fazer eutanásias. Manter os clientes vivos, custe o que custar, é um excelente negócio.
Não é preciso ser um mago da gestão para perceber que um cliente vivo continua a pagar, enquanto que um cliente morto deixa de o ser.
A questão aqui não é a de saber se eles querem ou não, mas se podem. E por razões óbvias, não devem poder.
Num assunto tão sensível como é o de organizar a morte medicamente assistida de alguém, temos de nos assegurar de que todas as questões éticas são tidas em conta e que o lucro, naquele momento, não faz parte da equação.
Da mesma forma que só o Estado faz julgamentos, da mesma forma que só o Estado devia fazer exames de acesso à Universidade, só para dar um exemplo, também só o Estado deve poder praticar eutanásias.
Porque só o Estado oferece todas as garantias necessárias. Ou seja, o SNS. Aquele para onde os privados mandam os clientes que deixam de poder pagar ou cujas doenças não conseguem curar.

Cavaco Silva esqueceu-se do Acordo Ortográfico de 1990

NAGG
I hope the day will come when you’ll really need to have me listen to you, and need to hear my voice, any voice.
Samuel Beckett, “Endgame

… the opportunity to use our voice for the voiceless.
Joaquin Phoenix

Todos os meus discursos saem com o acordo ortográfico mas eu, quando estou a escrever em casa, tenho alguma dificuldade e mantenho aquilo que aprendi na escola.
Cavaco Silva

***

Esta notícia chegou-me no preciso momento em que ouvia, vinda de algures, a voz do Anthony Blanche a declamar à varanda do Sebastian Flyte o The Waste Land do T. S. Eliot (“His vanity requires no response,/And makes a welcome of indifference”). Momentos antes, pensara na razão pela qual Charles Ryder/Jeremy Irons diz “we were eating the lobster Thermidor when the last guest arrived”, quando no livro temos Ryder a indicar que “when the eggs were gone and we were eating the lobster Newburg, the last guest arrived”. Aliás, antes de passarmos ao assunto do costume, ficai a saber que, embora haja (Scottish) lobster Thermidor no Simpson’s in the Strand, no filme a sugestão é “roast beef and Yorkshire pudding”, mas no livro recomenda-se “saddle of mutton”. Quer num, quer noutro, para que não haja dúvidas, “cider to drink”.

Adiante.

Efectivamente, é essencial acabar com a pobreza. É importante desenvolver a rede de cuidados paliativos. A corrupção deve ser combatida. Portugal não pode estar na cauda da União Europeia nem em matéria de desenvolvimento, nem em qualquer outra matéria. Tudo isto é importante, fácil de dizer, mas difícil de fazer. Todavia, acabar com o AO90, além de essencial, é fácil. Muito fácil. Extremamente fácil. Acabemos com isto, sff:

Obrigado.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

***

Eutanásia: Mataram, mas não querem deixar morrer

 

Mataram milhares de portugueses fruto das suas políticas governativas. Porque não era possível salvar vidas a qualquer preço. Longe vão os tempos em que só restava esperar que os portugueses morressem.
No entanto, agora querem impedir que um adulto, consciente e de livre vontade, decida abreviar o seu sofrimento extremo.
Querem impedi-lo a qualquer preço. Que o povo deve ser ouvido, dizem. Como se algum dia tivessem tido algum interesse no que pensa ou no que diz o povo.

Até os mortos aparecem para falar sobre a eutanásia


Fala-se de despenalização da morte medicamente assistida e eis que, de repente, o reino dos mortos dá sinais de vida.
Os próximos tempos prometem.

Eutanásia, o boomerang português

[Francisco Salvador Figueiredo]

Parece um assunto bastante complicado, mas só o deve ser para as pessoas que sofrem e que a querem. Não é fácil alguém decidir se vai acabar com a sua própria vida ou não. Nem sequer é justo. Mas para se chegar a este ponto é necessário ter havido bastante sofrimento. O corpo e a vida de cada um de nós apenas ao seu respetivo dono diz respeito.

Da mesma forma que temos um carro, um quadro ou um aquecedor, temos o nosso corpo e a nossa vida nas nossas mãos. Ao longo do nosso crescimento, fazem-nos acreditar que não precisamos de ninguém para alcançar o que queremos, que temos de lutar, que temos de chegar aos nossos objetivos.

Com que direito o Estado impede que uma pessoa possa optar pelo futuro da sua vida? Nenhum. O Estado não tem o direito de impedir uma pessoa de querer colocar um fim à sua própria vida. Pior do que o Estado querer ou não despenalizar a Eutanásia são aquelas pessoas que apoiam o Estado a não despenalizar a mesma. A Eutanásia sendo legal dá liberdade de escolha às pessoas. Ao ser legal, ninguém está a obrigar doentes que sofrem a morrer. Apenas lhe dão o poder de decisão. [Read more…]

Eutanásia: é urgente combater a manipulação emocional dos instintos mais básicos e irracionais do ser humano

Fotografia: Nuno Botelho@Expresso

Um dos argumentos mais falaciosos daqueles que se opõem à legalização/despenalização da Eutanásia, é aquele que reza que a alternativa a “matar os velhinhos” está na expansão da rede de cuidados paliativos. E não é preciso ser-se um grande académico ou um profissional de saúde para perceber que este não é argumento sério.

Por muita importância e valor que possamos atribuir aos cuidados paliativos, e eles têm, na minha opinião, um enorme valor, a verdade é que, quem procura a eutanásia como solução, não quer cuidados paliativos, até porque, muito provavelmente, já fez esse caminho. Quem procura a eutanásia, com todas as salvaguardas que os ultramontanos afirmam não existir, quer, efectivamente, deixar de viver. É uma solução drástica, uma solução que choca e divide, mas não é, de forma alguma, a mesma coisa que procurar terapêuticas que minimizem o sofrimento e contribuam para proporcionar o máximo de qualidade de vida para um doente terminal. É outra coisa diferente. [Read more…]

A eutanásia é uma escolha individual

folha

[Helena Ferro de Gouveia]

A eutanásia não é um programa de eugenia social, não é a eliminação dos mais velhos, dos mais fracos, dos deficientes. A eutanásia é uma escolha individual, não da família ou dos médicos, é o direito a uma morte sem sofrimento.
Chama-se compaixão e está acima de todas as ideologias ou crenças religiosas.

A dignidade da pessoa humana passa por respeitar o sofrimento do Outro e por aceitar que este lhe queira por um ponto final, se não o consegue fazer sozinho pela sua condição clínica, que um acto de piedade ( não um acto médico ) não seja criminalizado. Pela vida sempre, pelo sofrimento que nenhum cuidado paliativo atenua nunca.
O meu pai morreu numa cama de hospital e nem a morfina nos dias finais lhe aliviava a dor. Nenhum ser humano merece morrer assim, sem paz.

Já alguém deu os parabéns ao Observador, pela grande vitória parlamentar de ontem?

via Uma Página Numa Rede Social

Quando o empenho é notório e dá frutos, o reconhecimento é merecido. O Observador foi uma das plataformas políticas que, a par do CDS e de algumas estruturas paralelas à Igreja Católica, mais se bateu pelo chumbo das quatro propostas que ontem foram rejeitadas pela geringonça alternativa que se formou no Parlamento para o efeito. Está de parabéns!

Depois admiram-se porque as igrejas estão cada vez mais vazias

A propósito do debate sobre a legalização/despenalização da eutanásia, e correndo o risco de não estar a par de outras imbecilidades proferidas pelas várias figuras públicas que se pronunciaram a propósito do tema, de um e de outro lado da barricada, descobri ontem que o arcebispo de Évora, D. José Alves, comparou a eutanásia ao Holocausto. É lamentável, é patético, chega mesmo a ser insultuoso, mas o fanatismo e a falta de noção do ridículo não escolhem instituições. E a Igreja Católica, apesar do Papa Francisco, é sempre muito forte neste tipo de imbecilidades. Não é preciso desrespeitar a memória das vítimas do Holocausto para fazer política, senhor prelado!

Depois admiram-se que as pessoas se afastam cada vez mais da Igreja.

A eutanásia e a posição do PCP

Como era de prever, a questão da eutanásia e a posição do PCP sobre o tema – sustentada, goste-se ou não, concorde-se ou não, por textos sobre a matéria que não são de ontem – provocou uma resposta que inibe aqui, imediatamente, qualquer discussão séria. A grosseria campeia – não me refiro à posições discordantes, mas ao modo como muitas delas são expostas – e a alergia à complexidade leva muitos às velhas tretas, entre as quais o argumento, vazio e de uso detestável seja qual for a origem partidária do emissor, de que o partido tal e tal vai votar com a direita – até com o CDS, valham-nos os céus! Como se o fundamento das posições fosse o mesmo, como se isso representasse uma qualquer identificação política, como se não fosse necessário fazer uma análise interna das posições para lhes julgar o valor e o significado. Quem tem pensamento fundamentado sobre o tema acaba por recuar e multiplica-se o argumento da autoridade, entre outras falácias de uso expedito. Só resta o silêncio neste forum e o debate noutros onde o diálogo se faça olhos nos olhos ou em escrita articulada e argumentos procedentes. E com tudo isto, os próprios textos dos projectos-lei em discussão – onde se encontram interpelações importantes e matéria de debate bem interessante – naufragam nesta cacofonia que se produz mais em redor que no centro das questões decisivas. É pena

A eutanásia mata. A estupidez (ainda) não.

Eis a mais recente lapalissada do CDS-PP. Na sua campanha contra o direito individual de cada um decidir sobre a sua vida, o partido de Assunção Cristas saiu-se com esta obra de humor, digna de figurar no Inimigo Público. A eutanásia, dizem os centristas, mata. Thank you, Captain Obvious! É claro que a eutanásia mata. O objectivo é esse, amiguinhos! Sabemos que vocês gostam muito de liberdades individuais, principalmente aquelas que permitem a rebaldaria financeira ou o financiamento de colégios privados elitistas pelo depauperado erário público, e é com estranheza que verifico que optam por essa postura totalitária de negar um direito individual a quem vive em democracia. E são livres de o fazer. Mas um pouco mais de seriedade não vos ficava mal. Para fazer cartazes palermas, já cá temos a JSD.

Pelo direito a decidir morrer

Fotografia via The Local

David Goodall viajou até à Suíça, onde agendou a sua morte medicamente assistida para o dia de ontem. Aos 104 anos, e com a sua saúde a deteriorar-se mais do que o botânico australiano pretendia suportar, David decidiu morrer.

Não o pôde fazer na Austrália, como não o poderia ter feito na maior parte dos países do planeta, porque a liberdade individual é um conceito relativo. Mesmo nas orgulhosas democracias ocidentais, ainda existem aqueles que defendem que o direito a colocar um ponto final na nossa vida, ainda que manifestado por alguém na posse de todas as suas faculdades, lhe está vedado. Como se a vida de cada um fosse propriedade do Estado ou dos defensores do politicamente correcto. [Read more…]

Completamente de acordo com o CDS

Excelentes medidas, aquelas que defende o CDS no que diz respeito aos cuidados paliativos. Mas nenhuma delas invalida a descriminalização da eutanásia.

A eutanásia vista por um adolescente de 15 anos

A eutanásia tem sido ultimamente mote para larga discussão em todo o mundo. Há os que a defendem, há os que a atacam, há enfim uma opinião bastante dividida sobre o assunto.
Por um lado, uma visão religiosa que não aceita que o Homem mate o que Deus criou. Por outro lado, uma visão talvez mais realista, que defende a eutanásia como a única forma de aliviar o sofrimento de muitos doentes já condenados.
A posição das organizações estatais de todo o mundo é clara: a eutanásia é proibida, ou melhor, não é sequer reconhecida. É conhecido o caso das enfermeiras austríacas que foram presas em virtude do seu «crime de compaixão»: ao verem doentes idosos sem salvação, agonizando nas camas do hospital, só à espera da morte lenta, resolveram dar um fim a essa agonia, terminando com a sua vida vegetativa e sem sentido. Viu-se o que lhes aconteceu…
Já passou, inclusivamente, uma série na RTP – a «Clínica da Floresta Negra» – que abordava o problema num dos episódios, mostrando dois idosos desesperados com o facto de os médicos lhes terem salvo a vida. Não passava de uma série, é certo, mas o que lá se passava é mais frequente do que podemos imaginar. O mesmo acontece com os recém-nascidos com deficiências profundas para toda a vida: [Read more…]

A morte assistida e a carta de Lincoln

Marquis_Warren_Samuel Jackson

Laura Santos

Quando não aguentar mais, vão dizer-me que não reflecti o suficiente?

O último filme de Tarantino, Os oito odiados, situado uns anos após a Guerra Civil americana, começa com uma cena em que, numa tempestade de neve assustadora, um caçador de recompensas negro, Major Marquis Warren (Samuel Jackson) [foto], pede “boleia” a uma diligência, de modo a poder levar no tejadilho os cadáveres de três criminosos à cidade de Red Rock. Dentro da diligência está outro conhecido caçador de recompensas, O. B. (James Parks), algemado a uma mulher que vai levar para a forca na mesma cidade
O.B. identifica o Major como sendo aquele negro envolvido na Guerra a quem o próprio Lincoln teria escrito uma carta de amizade. Devido a esta fama, dá-lhe de facto boleia, pergunta-lhe se leva consigo a carta e lê-a em silêncio. [Read more…]

“O carácter sagrado da vida”

“A experiência de vida (…) é que me faz pensar que se tivesse de escolher entre aceitar a eutanásia ou aceitar que lhe manchassem os estofos do carro facilmente se decidiria pela primeira opção.” (in Âncoras e Nefelibatas)

Bilhete do Canadá: Prós e contras

Segunda-feira discutiu-se a Eutanásia.

Qual não foi o espanto, aquém e além mar, do lado Contras estavam as mesmas damas que se bateram contra o Aborto. Usaram a mesma argumentação e o mesmo discurso. Não sei se os cabelos são pintados. Só sei que são loiras.

A Direita não aprende nada. E depois, queixa-se. Haja pachorra, Fátinha, haja pachorra.

Liberdade para decidir

O direito à vida é inviolável, mas não uma obrigação ou fatalidade e muito menos provação ou vontade divina. Viver ou decidir morrer faz parte da liberdade individual, devendo ser respeitada a vontade de qualquer pessoa que solicite uma morte medicamente assistida, desde que na posse das suas faculdades. Vou mais longe, nem deveria ser um caso aplicável apenas a doentes terminais, mas a todos os que incapazes de se suicidarem o solicitassem. Dito isto, admito que os médicos possam ser objectores de consciência e que o acto médico deve ser cobrado ao requerente e não pago por todos os cidadãos. Ao que parece várias figuras publicas pretendem introduzir a discussão da eutanásia na sociedade portuguesa. Seja por via do referendo ou aprovação parlamentar, estarei a favor.

A pausa no meio da tristeza

Laura Ferreira dos Santos

“Já praticou a eutanásia? Já matou pessoas?”. Foi assim, sem mais, que a jornalista inglesa interrogou um médico belga que há pouco perdera a mãe de 82 anos através de um processo de eutanásia. A mãe já observara a evolução do Alzheimer em familiares próximos e não queria acabar do mesmo modo. Por isso, informou o filho médico e as filhas de que pretendia antecipar a sua morte, enquanto ainda lhe era reconhecida capacidade intelectual suficiente para o fazer.
Esta pergunta e esta pequena história está contida num programa que a Radio 4 da BBC emitiu em 9 de Janeiro deste ano sobre a eutanásia na Bélgica, em que se focava sobretudo a questão da possibilidade de estender essa realidade aos menores terminais em grande sofrimento físico que mostrassem discernimento suficiente para a entender e acabassem por dar indicações indesmentíveis de que era isso que pretendiam. [Read more…]

A Bélgica aprova a eutanásia para menores

Laura Santos

Regra geral, os menores com doenças graves adquirem uma maturidade elevada.

1. Ao contrário da lei holandesa sobre a “terminação da vida a pedido”, que prevê a possibilidade dessa prática a partir dos 12 anos, a lei belga (2002) exclui os menores não emancipados. Mas assim como os holandeses não sabem como lidar com os menores abaixo de 12 anos, também os belgas se interrogaram sobre o que fazer com os menores.
Finalmente, o senador do partido socialista Ph. Mahoux, antigo médico – co-autor da lei de 2002 -, tomou a iniciativa de, com outros, elaborar um projecto de lei que visa estender aos menores a lei existente, com as adaptações necessárias. Depois de muitos debates, a proposta foi aprovada no dia 13 de Fevereiro.
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Olha a vida, ó freguesa! Tão baratinha!

Os alegados socialistas, os putativos sociais-democratas e os democratas-que-se-dizem-cristãos, esses parasitas da Democracia, andam, há mais de trinta anos, a cevarem-se uns aos outros à custa dos nossos melhores pedaços. Como é natural, e para confirmar o adágio, estão, agora, a roer-nos os ossos.

Depois de terem, portanto, desperdiçado todos os recursos que lhes pusemos nas mãos sapudas, dizem-nos, com o descaramento dos criminosos sem consciência, que é preciso fazer cortes, que o Estado tal como o conhecemos já não faz sentido, entre outras agressões. Tem sido assim na Educação e é assim na Saúde.

O parecer pedido pelo Ministério da Saúde ao Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida (CNECV) para se descobrir maneiras de se poupar nos tratamentos do cancro é, só por existir, meio caminho andado para a obscenidade. As declarações do presidente do dito Conselho são tão pornográficas que não deviam passar na televisão sem bolinha vermelha no canto:

 “Vivemos numa sociedade em que, independentemente das restrições orçamentais, não é possível em termos de cuidados de saúde todos terem acesso a tudo. Será que mais dois meses de vida, independentemente dessa qualidade de vida, justifica uma terapêutica de 50 mil, 100 mil ou 200 mil euros? Tudo isso tem de ser muito transparente e muito claro, envolvendo todos os interessados”

Vivemos, portanto, numa sociedade tão atrasada que “não é possível em termos de cuidados de saúde todos terem acesso a tudo”? Se não podem ser todos, como escolher os que terão direito a tudo? Se não é legítimo gastar 50 mil euros para se ter mais dois meses de vida, quer isto dizer que dois meses de vida valem menos que 50 mil euros? Para quando a publicação das tabelas com o preço da vida? E quem não puder comprar mais vida? Quanto faltará para que o ministério dito da Saúde peça ao Conselho-Nacional-alegadamente-da-Ética-para-as-Ciências-parece-que-da-Vida um parecer sobre a possibilidade de legalizar o infanticídio das crianças que revelem tendência para adoecer? Isso é que era poupar!

O presidente do CNEVC chama-se Miguel Oliveira da Silva e diz-se que é médico.

Armado em Filho-da-Puta

Este governo está armado em filho-da-puta, só pode.
Não se admirem, pois, quando começarem a aparecer cadáveres na berma da estrada, abandonados. Ou são doentes tombados por um governo masoquista ou são políticos a quem terá sido feita alguma justiça. Neste último caso, aplaudirei de pé. E eu até sou mui católico.

Ética cristã-liberal

Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida clarifica posição sobre a eutanásia: são contra quando é a pedido do doente, mas são a favor quando é a pedido da troika.

Roubado no Facebook ao Luís Branco

Outras opiniões de Manuela Ferreira Leite sobre a saúde dos portugueses


«É deplorável que se consinta que indivíduos que sofrem de moléstias incuráveis continuem a contaminar as pessoas sadias. Isso corresponde a um sentimento de humanidade do qual decorre o seguinte – para não fazer mal a um arruinam-se centenas.»

«Tornar impossível que indivíduos doentes procriem outros mais doentes é uma exigência que deve ser posta em prática de uma maneira metódica, pois se trata da mais humana das medidas.»

«Deve-se proceder, sem compaixões, no sentido do isolamento dos doentes incuráveis».

«Quem sabe exatamente se está doente ou não? Não se verificam inúmeros casos em que uma pessoa aparentemente curada, recai e causa desgraças horríveis, na perfeita ignorância da realidade?»

«Tudo o que se fez foi, ao mesmo tempo, insuficiente e irrisório. A corrupção do povo não foi evitada.»

«O papel do mais forte é dominar. Não se deve misturar com o mais fraco, sacrificando assim a grandeza própria.»

« Educando o indivíduo, o Estado deve ensinar que não é uma vergonha, mas uma lamentável infelicidade, ser fraco ou doente, mas é um crime e também uma vergonha.»

Estas e outras opiniões de Manuela Ferreira Leite na sua última obra

Pub. e Convite:

A Juventude Popular da Maia realizará, no próximo dia 25 de Março, um debate relacionado com o tema da Eutanásia – Morte Medicamente Assistida. O painel contará com personalidades do mundo político, médico-científico e religioso. Certos de que será um tema de elevado
interesse geral, contamos com todos às 21h no Fórum da Maia.


Moderador: Fernando Moreira de Sá, profissional de Ciências da Comunicação
Orador: Dr. Rui Nunes, Presidente da Associação Portuguesa de Bioética
Orador: Pe. Jorge Teixeira da Cunha, Professor da Universidade Católica
Orador: Dr. João Moreira Pinto, Secretário Geral do CDS/PP Porto
Orador: Drª Laura Ferreira dos Santos, autora do livro “Ajudas-me a morrer? – a morte assistida na cultura ocidental do século XXI”

Localização (Google Maps): http://tinyurl.com/yfv3gjm

Nem de propósito, no Sábado, numa organização do Cineclube da Maia: o filme Mar Adentro:

Hora de início:
Sábado, 27 de Março de 2010 às 21:30
Fim:
Domingo, 28 de Março de 2010 às 0:30
Local:
Cinema Venepor
Rua:
Rua Simão Bolivar
Cidade/Localidade:
Maia, Portugal