PSD descobre o parlamentarismo nos Açores

Em Novembro de 2015, o segundo governo liderado por Passos Coelho caía. PS, PCP e BE resolveram aliar-se e formar uma maioria na Assembleia da República, o que fez com que António Costa pudesse ser primeiro-ministro.

Foi um escândalo à direita, de Belém (ah, o Cavaco!) a São Bento: que isto era uma vergonha, que devia governar o partido/coligação que teve mais votos, que o Costa, o Jerónimo e a Catarina estavam a desrespeitar a democracia, que era um roubo, muito disto e mais daquilo! Talvez por distracção, pêéssedês e cêdêésses esqueciam-se de que um governo só pode funcionar se for sustentado por uma maioria parlamentar.

Durante estes cinco anos, pêéssedês e cêdêésses continuam, de vez em quando, a lembrar esse acontecimento, enlutados, enegrecidos, revoltados, cheios de uma estudada vergonha alheia, ainda e sempre esquecidos do insignificante pormenor de que, em Portugal, os governos obedecem ao parlamento (sabemos que há perversões instituídas, sim, mas uma maioria parlamentar é uma maioria parlamentar é uma maioria parlamentar). [Read more…]

Cavaco insiste em governo com maioria parlamentar

«O Presidente da República considera que o próximo executivo deve ter um apoio maioritário no Parlamento.»
[RTP, Maio de 2015]

“O investimento no País seria hipotecado pela instabilidade governativa”

Contra-argumento #4.
E o empreendedorismo, e a competitividade, e a credibilidade junto dos mercados.
Pelo sim pelo não, o melhor será não correr riscos.
arguing

“Isto é tudo muito pouco transparente” (Miguel Relvas no Jornal das 8 da TVI)

Contra-argumento #3.
arguing

“Os votantes no PS, no BE e da CDU não votaram numa coligação”

Contra-argumento #2.
Mas lá está: em 2011, os votantes no PSD e no CDS também não tinham votado numa coligação.

arguing

«Seguir-se-á talvez aquilo que Costa repete:

não fará cair nenhum governo se não tiver alternativa para apresentar.»
[Uma análise de António Pinho Vargas]

As tracking polls, as sondagens, a realidade e o day after.


day_after

As tracking polls (tp) que nos tem sido” servidas ao quilo ” pela RTP e pela TVI têm levantado muita polémica. Tanta polémica que o que se tem discutido nesta campanha são estas e não o que foi feito na última legislatura, nem as ideias e propostas para o futuro do país. Estas são mesmo o ruído de fundo que faltava e interessava à coligação PSD / CDS.

As amostras das trackings polls são pequenas mas são dinâmicas, dado que em média a cada 4 dias, a amostra altera-se na sua totalidade. Os inquéritos são efectuados por chamada telefónica, em norma para a rede fixa, que dão origem muitas vezes a resultados enviesados, atendendo a que um número considerável de portugueses não possuem telefone fixo, bem como a grande maioria da população activa está automaticamente excluída dada a hora em que são efectuados a maioria dos inquéritos. Os inquéritos efectuados através de chamada telefónica produzem também elevados níveis de não resposta bem como de pessoas que recusam responder. Por algum motivo as próprias estações televisivas chamam às tracking polls estimativas eleitorais.

Entendo que as tp permitem observar tendências de subida e descida de cada partido e a evolução dos indecisos. Não são instrumento da medição de intenção de voto. Porém são indicadores que não devem ser desprezados e que a evolução dos dados devem ser seguidos com atenção. As sondagens são mais confiáveis porque têm amostras maiores e, por isso, margens de erro mais baixas, por sua vez, as tracking polls tem margens de erro mais altas, muitas vezes a rondar os 5%, consequência da própria forma como são efectuadas.

Aliás a própria legislação obriga as sondagens a cumprir determinadas obrigações legais, porém a mesma é omissa em relação às tracking polls. Logo aqui pode inferir-se que estamos perante trabalhos distintos que poderão levar, no caso das tracking polls, a estudos menos rigorosos. Esta novidade das tracking polls divulgadas diariamente pela comunicação social deveria merecer uma reflexão profunda pela parte da ERC de forma a que estes tipo de estudos de opinião estejam sujeitos no futuro a uma legislação mais apertada.

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Quem esteja livre de pecado, lance a primeira pedra

A frase não é minha, nem a ideia. A frase foi encontrada no bordo do texto síntese que o Aventar coloca nos textos que nos edita. Frase que diz: Quem não pecou que atire a primeira pedra. E ontem alguns manifestantes fartaram-se de não pecar.

A frase não é também de quem fez a síntese no bordo do meu texto. É o que acontece todos os dias em frente do parlamento português, no fim de una manifestação contra o orçamento de Estado que, de certeza, deve acontecer até o 27 de Novembro, como está convocada pela CGTP.

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