Cecília Meireles: meltdown em directo na SIC

Cecília Meireles, como qualquer político profissional com uma longa carreira parlamentar, terá as suas clientelas. A grande distribuição, ao que tudo indica, será uma delas. Não vejo outra explicação para o meltdown a que se assistiu na SIC Notícias, em debate com Mariana Mortágua sobre a inflação artificial que alguns hipermercados estão a impor aos seus clientes.

No início desta montagem, temos uma Cecília Meireles cheia de certezas. E grita, como nunca a tinha visto, em defesa dos lucros da grande distribuição. Chega a ser comovente, tanta convicção, e uma pessoa até fica com a sensação de haver no horizonte um qualquer lugar num conselho de administração. [Read more…]

O PSD já percebeu?

…ou é preciso fazer um desenho?

O Chega é, também, isto. Sou insupeito, como bem sabem os leitores do Aventar, de gostar de Catarina Martins/BE mas ainda menos de grunhos e o PSD/Montenegro ainda não percebeu o que para ali vai..

BE: A querida líder

Após as eleições legislativas e perante o desastre eleitoral o PSD foi a votos para escolher nova liderança. O PCP fez exactamente o mesmo. O destroçado CDS idem. Todos os grandes derrotados foram a votos internamente. Todos?

Não. O Bloco de Esquerda nem pestanejou. A querida líder está agarradinha que nem uma lapa. Ainda bem. Já o outro dizia: Olha para o que eu digo e não para o que eu faço….

Autoridade Tributária, o homem do fraque da Brisa

Ouvi, a espaços, partes do Fórum TSF de hoje. Já tinha ouvido, lido aqui e ali, mas só naquele momento me apercebi da perversidade que é ter a Autoridade Tributária a fazer o papel de homem do fraque de empresas como a Brisa, destruindo vidas por conta de dívidas de cêntimos. À Brisa, não à AT.

A Brisa é um daqueles negócios ditos da China, que começa com o contribuinte a pagar tudo, passa para uma privatização em várias fases, durante as quais sucessivos governantes envolvidos, do PSD, PS e CDS, saltam da decisão para o conselho de administração, e termina com o privado a lucrar pesado, mas sempre com a possibilidade de recorrer novamente ao bolso dos contribuintes.

Ou, dito em português corrente, uma chulice.

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“Quem os pariu que os lamba”

Vocês (nós) que continuam a votar nos partidos do sistema. Vocês (nós) que continuam a pagar os impostos sem ai nem ui. Vocês (nós) que continuam a aceitar ter serviços públicos de merda pagando imposto de nórdicos. Vocês (nós) que continuam mais revoltados com o golo em fora de jogo contra o vosso clube do que com a mão que embala os vossos impostos para as mordomias dos senhores da política. Vocês (nós) que se irritam mais com as entrevistas do Ronaldo do que com as tristes figuras do Presidente da República. Vocês (nós) que preferem votar no que rouba mas faz na vossa autarquia do que ouvir gajos que sejam sérios e que se limitam a dizer a verdade. Vocês (nós) que preferem a novela da TV a pensar e agir em colectivo contra a forma como esta merda é sugada pelos mesmos de sempre.

Vocês (nós) não se podem queixar da senhora dos 500 mil ou de qualquer um dos outros senhores de outros tantos 500 mil dos nossos impostos gastos em despesas cómicas (entre telemóveis, carros de serviço, gota, férias, jantaradas e outras mordomias x 300 municípios e um sem número de institutos públicos ou direcções gerais ou o caralho a quatro) mensais todos os anos. Não, vocês (nós) não se podem queixar porque não fazem nada para o evitar. Não se organizam. Não tomam em mãos a acção. Na verdade não quereis saber. E nem vos passa pela cabeça organizar uma desobediência civil a, por exemplo, não pagar impostos (é onde lhes dói mais). Nada. E por isso, não se queixem sobre os 500 mil da senhora e de tantas outras senhoras e senhores. Porque vocês (nós) são cúmplices. A culpa não morre solteira. É vossa. É nossa.

Como dizia  a minha avó, “quem os pariu que os lamba”. É começar a dar à língua…

Política não é folclore

Que António Costa Silva continue ministro da economia nos tempos mais próximos.

Projecto de Resolução do Bloco de Esquerda plagiado pelo Chega

A extrema-direita tem muito que fazer. Produzir e disseminar o ódio dá muito trabalho e nem todos os Putins têm dinheiro para contratar Bannons e Cambridge Analyticas.

Na falta de melhor plagia-se o Bloco, que fazer projectos de resolução dá muito mais trabalho que gerir grupos no WhatsApp e trolls no Twitter. Também podiam ir mas é trabalhar, mas viver à custa dos outros é mais fácil. E todos sabemos que se há coisa que a extrema-direita aprecia, são facilitismos. E “mamar” no Estado sem fazer nenhum.

Criminalizar os exorcistas da reconversão, já!

Assinalam-se hoje 31 anos desde que a OMS colocou um ponto final num absurdo alimentado por um cocktail de crueldade, ignorância, preconceito e fanatismo religioso, retirando a homossexualidade da lista de doenças reconhecidas pela ciência como tal.

Hoje, para assinalar a data, o Bloco de Esquerda recupera um projecto que tem o meu total apoio, e que só peca por tardio, pese embora seja uma luta antiga do partido: criminalizar a chamada terapia de reconversão, uma charlatanice ao nível do exorcismo e do teatro mal-amanhado das curas milagrosas que um sem número de seitas oferece a troco do habitual dízimo.

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Conversas Vadias 51

Na quinquagésima primeira edição das Conversas Vadias, marcaram presença os vadios António de Almeida, Fernando Moreira de Sá, João Mendes e José Mário Teixeira, que conversaram sobre irritante, irritado, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, vichyssoise, chumbos, Elvira Fortunato, Fernando Medina, João Gomes Cravinho, Mariana Vieira da Silva, sociedade civil, PSD, estadistas, desafios do PSD, Pedro Duarte, Carlos Moedas, Câmara Municipal de Lisboa, Cristina Rodrigues, animais, animalistas, Chega, MRPP, morte aos traidores, emigrantes, círculo Europa, PCP, Iniciativa Liberal, BE, transferência de votos, falta de óleo, Espanha, Pacheco Pereira, José Magalhães, Nogueira de Brito, Lobo Xavier e Cavaco Silva.

No fim, as habituais sugestões:

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Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 51







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Mariana Mortágua: Um pedido de desculpas aos leitores

Ontem errei. Escrevi um texto com o título: Mariana Mortágua, a moral e a Lei entram num bar…. e, sem saber, induzi em erro os leitores. Passo a explicar:

Dei a entender que a deputada em causa desconhecia a Lei. E com isso, erradamente, desculpei-a em parte. Acontece que fiquei a saber hoje de um dado que desconhecia: a deputada Mariana Mortágua foi uma das subscritoras da lei em causa. Não tendo, por isso mesmo, qualquer desculpa para não a ter cumprido. Pelo meu erro, mesmo tendo sido involuntário, peço desculpas aos leitores e ao Aventar.

Marco Galinha, Mariana Mortágua, a oligarquia russa e o tablóide Tal & Qual

Marco Galinha, proprietário do Grupo Bel, que detém a Global Média (DN, JN e TSF), tem estado nas bocas do mundo pela sua ligação a Markus Leivikov, oligarca russo com vários investimentos em Portugal, sócio e sogro do tubarão da comunicação social portuguesa.

As ligações de Leivikov ao regime cleptocrata de Putin e a outros oligarcas são já bastante conhecidas, e foram alvo de análise na RTP, no programa A Prova dos Factos, não deixando grande margem para dúvidas, pese embora o negacionismo de Marco Galinha, quando confrontado com a natureza sombria do enorme património do seu sogro e sócio, com ligações estreitas à cúpula do regime russo.

Mariana Mortágua, o maior pesadelo da elite financeira e empresarial versada na trafulhice, foi quem denunciou a ligação de Marco Galinha a Markus Leivikov. Meteu o dedo na ferida e afrontou o big shot, como é seu costume. Poucos dias depois, no tablóide Tal & Qual, Mortágua é acusada de, e cito, “Só depois de a avença ter sido suspensa se lembrou de atacar quem lhe paga…” referindo-se a condição de colunista do JN da deputada do BE.

Mas o que tem o tablóide renascido das cinzas a ver com esta trama, se nem faz parte do império de Marco Galinha?

Nada de mais. Apenas o facto de Marco Galinha ter feito tudo para que o Tal & Qual voltasse a ver a luz do dia, como nos permite concluir a publicação em baixo, de José Paulo Fernandes-Fafe, jornalista ligado ao tablóide desde os seus primórdios, que volta a integrar a equipa após a ressurreição do título. E o tablóide, ao contrário daquilo que acusa Mariana Mortágua, não ataca quem lhe paga. Opta antes por fazer o frete, com honras de capa, como se de um grande acontecimento se tratasse.

Curiosamente, vemos na mesma capa André Ventura em grande destaque, por uma alegada e não provada tampa que terá dado a Vladimir Putin, o que não deixa também de ser curioso, ou não tivesse Marco Galinha assumido querer mais espaço para o CH – do qual o seu irmão é militante activo e bem relacionado – nos títulos da Global Media. Uma coincidência, seguramente. Sobre essa e outras coincidências, vale a pena ler o Miguel Carvalho, na Visão.

E ainda há quem ache que é a esquerda que controla a imprensa deste país. Yeah right…

Os luso-McCarthys, o PCP (e o BE) e dinheiro sujo dos oligarcas

Lembram-se da luta dos luso-McCarthys, que, durante anos, combateram a crescente influência de oligarcas russos, chineses, angolanos e de outras nacionalidades na economia portuguesa?

Pois não, não lembram. Não lembram porque nunca aconteceu. Estavam ocupados a garantir o seu quinhão de dinheiro sujo, extorquido a milhões de pessoas oprimidas por governos totalitários, a quem vendemos grupos de comunicação social, empresas, mansões e nacionalidade através do branqueador preferido das elites capitalistas: o Visto Gold.

Então, o que mudou?

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Nuno Melo mentiu ou é só mais um incompetente a gastar o nosso dinheiro em Bruxelas?

Das duas uma: ou Nuno Melo é um aldrabão, ou então é um incompetente que não está a fazer nada em Bruxelas, que não seja gastar o nosso dinheiro. A votação em causa é anterior à invasão e nada tem a ver com a guerra desencadeada por Putin. Estará Melo a aproveitar-se do sofrimento dos ucranianos para obter ganhas para o CDS? Se não é, parece.

A direita, em particular a liberal e a radical, onde se insere Nuno Melo, tem estado mais focada em atacar o PCP do que em discutir o que se passa na Ucrânia. Mas desengane-se quem pensa que isto tem a ver com a posição do PCP ou que vai parar por aí. A seguir, como se vê neste caso, será o BE. Seguir-se-á o Livre e, finalmente, o PS. Todos serão culpados pela invasão da Ucrânia, a guerra chegará ao fim e os financiadores da direita reunir-se-ão novamente com os oligarcas, num abraço emotivo com mãos invisíveis e bolsos cheios.

O PCP…..espera, olha aqui o Bloco com o rabo de fora…

….mas não digam nada a ninguém, xiuuuuu.

Há 2 semanas, o Parlamento Europeu aprovou um pacote de ajuda à Ucrânia 1,2 mil milhões de euros. Os Deputados Marisa Matias e José Gusmão (este esteve numa manifestação a proclamar solidariedade total com a Ucrânia) não votaram favoravelmente esta ajuda de emergência. (Rui Rocha, Twitter)

Ao cuidado da extrema-direita que ainda não saiu do armário

Há quem não compreenda as dimensões racista, xenófoba, misógina ou globalmente autocrática – to name a few – do Chega. Pior: há quem as compreenda, compreendendo também as consequências que daí resultam, mas opta por desvalorizar e normalizar, por ódio à esquerda, por simpatia envergonhada pelo Chega ou por comungar do mesmo ideário. Ou por todos estes motivos. E mais alguns.

Daqui salta-se quase sempre para a vitimização. E uma das modalidades de vitimização mais comuns é esta: então e a extrema-esquerda? Quando me deparo com esta sobrevorização do papel de micropartidos como o MRPP ou o MAS, fico sempre perplexo. Bem sei que o MRPP defende a morte dos traidores, mas será que alguém os leva a sério? Têm relevância política? Recebem financiamento significativo que possa transformar estes partidos numa ameaça real? Não, não e não. Três vezes não.

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16 de Janeiro

Razões apontadas: necessidade de clarificação quanto antes, urgência em novo orçamento, blá, blá, blá, tudo em nome do País e dos Portugueses.

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Sentido de Estado e a memória curta da direita: o caso do irrevogável Paulo Portas

Agora que o chumbo está consumado, e voltando ao spin dos últimos dias, a propósito das críticas que foram sendo feitas à postura do BE e do PCP, esses bandalhos que estavam a enganar o país com uma encenação desavergonhada, confortavelmente instalados no bolso das moedas de António Costa, e que acabariam por vender o seu voto e a sua integridade por cinco tostões, mas que lá se juntaram aos seus detractores para sepultar o que restava da Geringonça – paz à sua alma! – vamos lá viajar até 2013. E vamos de submarino.

Aquando da demissão de Paulo Portas – que era irrevogável, assumia o próprio em comunicado – o país mergulhou numa crise política que significou um aumento de 8% dos juros da dívida pública, qualquer coisa como 2,3 mil milhões de euros. Foi este o preço da birra do último governo de direita: 2,3 mil milhões de euros. Acontece que as convicções de Portas, mais a irrevogabilidade da sua demissão, tinham, também elas, um preço, que Passos Coelho decidiu pagar: promoveu Portas e vice-primeiro-ministro e cedeu mais um ministério ao CDS-PP, desta feita o da Economia, com a pasta a ser entregue a Pires de Lima. E o irrevogável deixou de o ser.

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Conversas vadias 32

Sejam bem-vindas, e bem-vindos, à trigésima segunda edição das “Conversas vadias”.

Desta feita, os vadios foram António de Almeida, Carlos Araújo Alves, José Mário Teixeira e João Mendes (que entrou em andamento). E, ainda, a assinalar, a ausência especial de António Fernando Nabais, por razões de sono estético.

Temas da vadiagem: o Orçamento do Estado; o cai ou não cai o Governo; o papel e o futuro dos partidos políticos da Esquerda à Direita; líderes partidários e candidatos; o papel(ão)do Presidente da República; os desejos íntimos (políticos) de António Costa; bazucas e bombas avulsas; impostos e serviços públicos; a crise e a transição energéticas e os caminhos da Europa; e Rabo de Peixe e o inquérito aos crismandos adolescentes (incluindo sobre sexo fora do casamento ou até mesmo com animais). Para finalizar, as habituais sugestões que contaram com cinema, música e televisão (lulas incluídas).

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas vadias 32







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Cavaco, algures entre o ódio e a mentira

Na ânsia ressentido e ressabiada de atingir o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português, Cavaco Silva decidiu reescrever a história e afirmar que o governo do Syriza, “arruinou a economia do país”. Sucede que a economia grega há muito que estava arruinada, após anos de desgovernos do PASOK e do Nova Democracia, mais as épicas manobras de engenharia financeira que permitiram ao país, com a ajuda do Goldman Sachs, ludibriar as autoridades europeias para garantir a adesão da Grécia ao Euro. Foi aqui que começou a destruição da economia grega, em 2001, não em 2015, quando o Syriza chegou ao poder. O Syriza é criticável por inúmeros motivos, mas não foi esse governo que destruiu a economia grega. A economia grega estava em frangalhos há mais de 15 anos. Cavaco sabe-o, perfeitamente, mas opta pela fabricação de “factos alternativos” à la Trump. Não surpreende. Este é o mesmo Cavaco que disse ao país que podíamos confiar no BES, dias antes do estouro, e que praticamente insultou uma jornalista que o confrontou com essas palavras. A honestidade não lhe assiste. Nunca assistiu. Nem que nascesse duas vezes.

Silêncio que se vai aumentar o combustível

Em plena pandemia, os combustíveis subiram em flecha. Sobem há 12 meses. GPL incluído.

As pessoas ficaram em casa, e os combustíveis aumentaram. A produção industrial arrefeceu, e os combustíveis aumentaram. Diminuiu o tráfego rodoviário, e os combustíveis aumentaram. Diminuiu o tráfego aéreo, e os combustíveis aumentaram. Há menos turistas, menos carros alugados, menos caldeiras de hotéis a trabalhar, etc., e os combustíveis aumentaram.

Perante a evidente especulação, o barulho é pouco. Muito pouco. Aliás, até soa a silêncio.

O BE não faz grande barulho, porque defender combustíveis não é ser “esquerda moderna”. O PCP também não, porque não são “direitos dos trabalhadores”. O PAN  também, porque não vai defender o consumo de combustíveis, nem o assunto interessa ao bem-estar animal. O PSD também não faz barulho porque… porque, enfim, este PSD não é muito de fazer barulho. O CDS pouco barulho faz, porque não é matéria suficiente para exigir uma demissão ministerial. O mesmo se diga da IL porque, se calhar, ainda não conseguiu arranjar modo de conseguir um bom “soundbite” à custa disso. E o Chega não se rala com o que não pode culpar ciganos, migrantes ou refugiados. E não me esqueci do PS. O PS é que se esqueceu de o ser, e não é de agora.

Enquanto isso, quem tem de trabalhar, de se mover, sem que tenha transportes alternativos excepto o individual, paga cada vez mais caro por isso.

Valha-nos o facto de se estar a salvar a TAP, pois conto com ela para me levar da Areosa à Rotunda da Boavista. A preços módicos, claro.

#DaSérieAmigosaEnviarCoisasBoas:

V. Excias. estão equivocados? Não me parece.

Temos assistido aos pseudo arremessos do BE ao actual governo. Na área da Cultura a tónica tem sido na questão dos precários, nos apoios aos agentes culturais, e recentemente o estatuto dos trabalhadores da Cultura.

Não raras vezes é Ministério da Cultura para ali, Ministério da Cultura para acolá, e por aí adiante. Aliás basta ver o jornal Avante da SONAE, e por exemplo a voz do dono (Governo) neste artigo. Também noutras bandas é igual.

Enfim, a corte no seu melhor.

Mas voltando à questão, não existe Ministério da Cultura. Não no sentido irónico de dizer que esse eventual Ministério não actua, mas de facto não existe.

Desde 1974 até 1980 (6 anos) não houve nos sucessivos governos qualquer pasta governativa  dedicada à Cultura. A partir daí sempre houve Secretaria de Estado da Cultura  e/ou Ministério da Cultura. Com tudo o que isso implica. Em 2011, o Governo da troika extinguiu a pasta. Nesse governo não havia nem Ministério nem Secretaria de Estado. Havia um Secretário de Estado (Francisco José Viegas, e depois Jorge Barreto Xavier, ambos de triste memória). Na altura muita gente  usou o argumento de não haver Ministério. Mas referiam-se à Secretaria de Estado da Cultura, que não havia. Hoje, 2021, passados 10 anos, continua a não haver nem Ministério da Cultura , nem Secretaria Estado da Cultura. Temos uma Ministra e uma Secretária de Estado, mas ambas sem pasta, tal e qual como em 2011. Mas curiosamente o BE nada diz sobre a matéria. Aquilo que seria o exemplo de como o governo da troika tratava (mal) a cultura, não se aplica ao actual governo.

Percebo, e na minha terra esse comportamento tem um nome.

Notas sobre as Presidenciais 3: hecatombe à esquerda?

À medida que os resultados iam saindo, a narrativa da hecatombe à esquerda foi sendo construída, por painéis essencialmente feitos de fazedores do opinião alinhados à direita, que toda a gente sabe que a comunicação social é controlada pela esquerda.

Mas será que foi mesmo assim?

Comecemos pelos resultados PCP, responsáveis pelo primeiro momento de vergonha alheia da noite eleitoral, com assinatura de Rui Rio, que fez questão de dar grande ênfase, no seu discurso, ao facto de João Ferreira ter ficado atrás André Ventura, apesar de tal se dever, essencialmente, a votos do PSD.

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A minha social-democracia é melhor do que a tua

Vejo por aí muita indignação com a afirmação de Marisa Matias, que se autoproclamou social-democrata. Vinda dos lados do PSD é irónico, visto tratar-se de um partido que, de social-democrata, tem apenas o nome. Poderá até tê-lo sido até ao início da década de 80, mas fechou a social-democracia numa gaveta, há muitos anos, e nunca mais de lá a tirou.

Vamos a factos: o PSD é um partido de direita conservadora, cada vez mais liberal no que toca a políticas económicas, característica que se começa a evidenciar com Durão Barroso e que atinge o ponto alto com Passos Coelho. Já a social-democracia, ideologia progressista que se situa no centro-esquerda do espectro, é filha do socialismo e neta do marxismo. [Read more…]

António Costa, orgulhosamente só

Foto: Global Imagens@Notícias ao Minuto

Após as Legislativas de 2019, António Costa recusou acordo formal à esquerda, e optou por sujeitar o seu governo minoritário ao geometria variável do parlamento.

Meses mais tarde, afirmou, de forma categórica, que, se que se precisasse do PSD para governar, o governo caia, derrubando a única ponte possível à direita, ainda antes da venturização de Rui Rio, que, até então, se ia mostrando aberto a alguns entendimentos.

Agora, isolado por culpa própria, totalmente dependente do PCP, do PAN e das deputadas não inscritas, já que o entendimento com o BE se tornou praticamente impossível, dispara em todas as direcções e acusa os restantes de empurrar o país para a ingovernabilidade, quando é o próprio António Costa o principal responsável por este desfecho. E eu que cheguei a pensar que era Rio quem queria eleições antecipadas.

Eu cá, Tu lá

João L. Maio

O Bloco de Esquerda já sabia, antes de sequer iniciar qualquer negociação, que o Governo iria fazer os malabarismos do costume para sair a ganhar das negociações para o Orçamento de Estado para 2021 a todo o custo. Fê-lo nos outros orçamentos e este não seria excepção. Tem por hábito o PS baralhar e dar a bel-prazer. Mas o BE não cedeu a chantagens ou a ameaças de crise política, quando a bola esteve sempre do lado do Governo.

Não nego que votar contra o OE’21 é incoerente com o caminho que vinha sendo traçado até aqui desde 2015, com altos e baixos, mas com uma solução de esquerda para Portugal. Mas ficou claro, durante estes últimos cinco anos, que só um partido ganhou com a “geringonça” e esse foi o Partido Socialista.

Depois de reveladas as posições do PCP e do PAN, e tendo quase por certo que bastarão os 108 deputados da bancada socialista e o voto a favor de uma das deputadas não-inscritas (ou do PEV) para o orçamento passar, o Governo ficou com a certeza que não precisava do BE para nada. Posição que, aliás, sempre pareceu demonstrar. A altivez com que António Costa e outros membros do PS se referem e dirigem ao BE não mostra abertura à negociação, antes uma postura autoritária baseada no “eu quero, posso e mando”. Mas, em democracia, não é assim que funciona; e o PS devia sabê-lo melhor do que ninguém. [Read more…]

O meu corrupto é melhor que o teu…

Steve Bannon é uma referência para André Ventura. E corrupto sabe-se agora, facto que o líder do Chega já se apressou a desvalorizar. Pablo Iglesias, também é visado num alegado esquema de corrupção. Não ouvimos uma palavra sobre o assunto às manas Mortagua nem à Dª Catarina, líder da agremiação política irmã do Podemos…

Para o BE, tragédia era não se aproveitarem da tragédia

Se a realidade não acompanhar o que pensamos, é fácil, altera-se a realidade.

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E que tal voltarmos à idade da pedra?

-Defende-se a aposta nos carros eléctricos, mas combater em simultâneo a exploração do lítio. São os mesmos que anteriormente combateram a prospeção do petróleo, enquanto defendiam a redução da factura energética. Ao que parece temos barragens a mais, provavelmente o Alqueva nem deveria ter sido construído, bom mesmo era continuarmos a importar azeite, porque isso de exportar é uma opção política discutível… Claro que algumas alminhas mais exaltadas não se ficam por tiradas mais ou menos divertidas, procuram mesmo impor uma agenda, proibindo o consumo de carne e promovendo o veganismo. Nada contra cada um comer o que quiser, mas porque me estou nas tintas para estes talibãs, hoje almocei um excelente naco na pedra e agora se me dão licença, termino o post porque à minha espera para jantar tenho um bacalhau à lagareiro…
Um conselho, vivam a vossa vida, desfrutem, sejam felizes, mas não tentem impor aos outros a vossa agenda, porque nem todos estão interessados. Pela minha parte, ide-vos…

Temas da silly season – II

Ao que parece o BE pretende cancelar a visita do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a Portugal, por não o considerar bem vindo. Nada que surpreenda vindo de quem pratica o folclore político. Como se fosse possível ignorar os 500 anos de história comum, as centenas de milhares de portugueses que vivem no Brasil, os brasileiros que vivem em Portugal, a língua, tudo porque os meninos amuaram quando os brasileiros elegeram quem bem entenderam, como se nós não fizéssemos o mesmo, quer os outros países gostem ou não das nossas escolhas democráticas enquanto povo livre. A democracia tem destas coisas, claro que percebo a dificuldade dos que tentam impor uma agenda à sociedade em lidarem com a divergência.
Não vou gastar uma linha em defesa de Jair Bolsonaro, estou-me nas tintas para o político, interessa-me mais o que se passa cá no rectângulo, em matéria de relações entre estados, os políticos passam, os países ficam. Os meninos mimados da política portuguesa precisam crescer e aprender…