Sergei Lavrov meets George Orwell

As negociações que decorreram ontem na Turquia, já se sabia, não passariam de uma mera formalidade, para europeu ver. Lavrov exigiu a capitulação total e incondicional da Ucrânia, Kuleba recusou a solução proposta, por não pretender entregar de mão beijada a sua soberania, que a trôpega Blitzkrieg de Putin não conseguiu açambarcar com a mesma facilidade com que ocupou a Crimeia.

Segue tudo como dantes, quartel general em Abrantes, mas a propaganda, essa, que há muito atingiu proporções orwellianas, conheceu ontem um novo e delirante episódio. No rescaldo do encontro, e sem se rir, Sergei Lavrov afirmou que a Federação não planeia atacar nenhum país, garantindo, inclusive, que não atacou a Ucrânia. Os prédios em ruínas, as cidades arrasadas e o ataque repugnante contra a maternidade de Mariupol foram, seguramente, encenados em Hollywood. E eu ia jurar que vi a Khaleesi, em modo Mad Queen, a derreter o sul da Ucrânia montada no Drogon. E toda a gente sabe que os Targaryen andam a soldo da NATO.

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Alexandre Guerreiro e o Aventar

O jurista e comentador Alexandre Guerreiro diz que Putin e Lavrov receberam um relatório com a sua sugestão sobre como invadir o Donbass protegido pelo direito internacional. Ex-espião, nega ser pago para ser um “agente de influência”, mas assume que quer influenciar para que nem tudo o que vem de Leste seja diabolizado – Expresso.

Ao longo dos últimos dias, o Aventar publicou vários artigos sobre o “comentador” Alexandre Guerreiro que geraram uma enorme curiosidade dos leitores com audiências recorde no nosso blogue. Hoje, o Expresso publicou um trabalho sobre a personagem em causa. Um trabalho do jornalista Vitor Matos.

Nessa entrevista, alguns dos dados agora tornados públicos pelo Expresso já os leitores do Aventar os conheciam, nomeadamente a ligação umbilical à Rússia, a sua participação num evento da Universidade de MGIMO (Rússia) e da ligação desta (e do Alexandre Guerreiro) ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

Agora sabemos quem pagou as despesas: “Na segunda participação, o governo da Crimeia ofereceu a viagem e a estadia” mas o homem continua a dizer que não é pago pelos russos. Aliás, começou por dizer que nunca recebeu nem um chupa-chupa para mais à frente reconhecer que afinal lhe pagaram a ida à Crimeia. Mais uma das múltiplas contradições da personagem, algo já visto antes nos seus escritos nas redes ou intervenções na SIC.

De todo o modo, depois de uma leitura atenta à peça jornalística, ficam algumas dúvidas que espero ver respondidas nos próximos tempos:

  1. O que é que realmente fazia no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED)? Analisava o quê? Só para saber se era o gajo que tirava fotocópias e servia café ao chefe de serviço ou se era coisa mais importante e; por via do que temos visto (e nas companhias com se relaciona) , qual o motivo para ter sido exonerado do cargo no SIED? Sim, segundo as fontes do Aventar, o rapaz foi exonerado.
  2. Qual o motivo para, depois de ser exonerado do SIED, a  Presidência do Conselho de Ministros (PCM) lhe ter criado um posto de trabalho alegadamente “à medida” no governo da PAF, em 2015?

  3. Qual a relação entre a sua ligação à Rússia e em alguns dos seus posts partilhar ideias comuns com as do Chega? Será que temos aqui uma ponte?

Estou certo que vamos ter, aqui no Aventar (e não só), “cenas dos próximos episódios”.

(já agora, a foto deste artigo é de Alexandre Guerreiro, militante do PAN, sim, do PANe foi retirada DAQUI)