Durão Barroso foi, como se sabe, um dos primeiros atletas a trocar um dos três grandes cargos portugueses por um dos maiores clubes mundiais. Pouco antes disso, a sua mulher, recorrendo à obra de Alexandre O’Neill, tinha ajudado o país a arranjar uma alcunha para o próprio marido e Durão passou a ser conhecido por cherne.
Graças às suas qualidades de velocista, Barroso detém o recorde do percurso mais rápido entre Lisboa e Bruxelas. Não fosse já ter sido alcunhado e poderia ter ficado conhecido como “carapau de corrida”, mantendo a referência piscícola e relevando a virtude atlética.
Ora, o cherne foi, esta semana, condecorado por um cavaco, que é, como se sabe, um marisco, facto que ajudou a manter um ambiente de fábula marítima. Marítima, pelos espécimes em causa; fábula, porque só no mundo da fantasia é que é possível acreditar no palavreado absurdo de cada uma das personagens.
Entretanto, uma rápida investigação permitiu-me verificar que as alcunhas não surgem por acaso e são, tantas vezes, premonitórias.
De acordo com o site do Oceanário, este peixe, quando jovem, vive “debaixo de objectos flutuantes”, o que não é mais do que uma referência indirecta ao MRPP. Para além disso, ficamos a saber que o seu nome científico é Polyprion americanus, o que explica a subserviência de Barroso a George Bush.
Outro dado curioso e igualmente premonitório reside no facto de que o cherne é visto, com frequência, junto de destroços. Em inglês, é, aliás, designado por wreckfish (wreck significa ‘destroço’). Margarida Sousa Uva, invocando, mediunicamente, Alexandre O’Neill, já adivinhava o estado em que o marido iria deixar a Europa. A propósito, alguns comentadores mais maldosos chegaram a propor que a alcunha de Durão passasse a ser Chernobil.
Recentemente, ter-lhe-ão perguntado se se sentia incomodado com a alcunha, ao que Durão, com o sentido de humor que se lhe reconhece, terá afirmado, enquanto enlaçava a mulher:
– Nada, até já disse aqui à minha garoupa (risos) para fazer como na canção: continua chamando-me assim cherne!
Cherne? Politicamente falando aquilo é mais polvo. Se utilizarmos linguagem gastronómica não passa de peixe para caldeirada…
Cachupa ou chicharro.
Chern O’Bill pròs amios amaricanos.