Dia de Reis

Foto de Josep Lluis Sellart

Há poucos meses, no Verão, o líbio Betcha Honorée esteve prestes a morrer. Ele e mais umas dezenas de pessoas que tentavam atravessar o Mediterrâneo para começar uma nova vida na Europa. O barco em que seguiam naufragou, mas foram resgatados pelo navio da ONG «Open Arms» e recebidos em Espanha.

Foto de Olmo Calvo

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A tragédia dos refugiados

precisa de política corajosa, e de «governos [que] não cedam a calendários eleitorais (como o português), como se de uma invasão de marcianos se tratasse.» Bernardo Pires de Lima, hoje no DN

Chamam-lhes migrantes

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Na noite passada. Náufragos na costa da Líbia
Daqui

Os esquecidos

No meio de todos os debates cá e lá, das tempestades noticiosas, dos ruído dos predadores tentando dilacerar as presas, não se ouvem novas desta singela e nobilíssima realidade: na hecatombe trágica dos salvos e mortos do Mediterrâneo, muitos deles vítimas das “primaveras” patrocinadas pela gula imperial, quase todos os náufragos são recebidos pela Grécia e pelo Sul de Itália, áreas de que sabemos bem as carências e o desespero, mas também uma capacidade de solidariedade que é uma lição para as fortalezas do Norte, cujos navios chegam a recolher refugiados que, em vez de serem conduzidos para o país “salvador”, são imediatamente entregues a estes dois países e esquecidos, melhor, recalcados. Assim, Grécia e o Sul de Itália vão acumulando um número gigantesco de refugiados, enquanto a Europa finória vai garantindo que pensará no assunto. Quando tiver tempo e uns trocos nos bolsos.

Ou meios para construir muros, que é sempre um recurso dos imbecis. Enquanto sangram a vitalidade dos acolhedores em operações da mais vil chantagem.

Dos nobres valores alardeados pela Europa, vai sobrando só o da moeda que – ironia do destino – foi inventada pelos gregos ancestrais. Entretanto “os tiranos fazem planos para mil anos”, como dizia o poeta. Sem ver que o fim pode estar para muito mais cedo. Se deixarmos.

Os russos andam aí

e desta vez vieram com os nossos proprietários. Será por isso que ainda ninguém se insurgiu?

O Mediterrâneo somos nós todos

A surpresa da Europa e seus governos perante os acontecimentos no Norte de África radica no preconceito, no desconhecimento e na ignorância.

Agora tenta-se surfar a onda, como se vê no caso Líbio, numa clara tentativa de sacudir o petróleo do capote.

Tropeçamos na ignorância e no preconceito a cada passo, nos postes dos blogues, nos comentários dos jornais, nas declarações dos programas interativos de rádio e televisão. O mouro, o muçulmano, o norte africano, é para parte da população europeia ainda inimigo histórico, ou novo inimigo, emigrante não integrado, terrorista potencial, manhoso, preguiçoso, atrasado, sub-desenvolvido, sub-espécie, raça inferior, etc.

O mesmo -ou algo semelhante- se passa com políticos e governantes. Exceptuando raríssimos casos (como será o do eurodeputado Miguel Portas) desses países pouco mais conhecem do que hotéis, salões governamentais, excursões de propaganda, escritórios de petrolíferas, investimentos aí feitos pelos seus próprios países, a dança do ventre para turistas e a temperatura da água do mar. [Read more…]