Será que Miguel Sousa Tavares tem razão?

Insolvente? O raio que os parta!

O Financial Times em artigo recente, dedicado a Portugal, Espanha, Grecia e Itália, perguntava se Portugal não seria insolvente!

Este é o mesmo país que Sócrates nos vende como estando no caminho certo, no caminho do progresso e da felicidade.

Para além da humilhação fica a imagem que têm de nós, um jornal que é lido por milhões de pessoas em todo o mundo. E quando a imagem é esta, de um jornal tão prestigiado, é porque há muita coisa que não sabemos e que um dia vai rebentar debaixo dos nossos pés.

Ainda ontem eu apresentava aqui alguns índices da nossa desgraça.

110% de dívida pública

6% de déficit orçamental

– 3.7 de crescimento negativo do PIB

10% de desempregados

O “manso” pode vir agora fazer actos de contrição que as mentiras do “feroz” não serão esquecidas, a prepotência de quem não ouve ninguem, o ignorante armado em Estadista.

Portugal não fecha. Temos 900 anos de História e não será um grupo de incompetentes que derrubará este país, mas que fique bem claro que hoje há a certeza que Portugal vai empobrecer rapidamente e muita gente vai passar mal.

Nos últimos 14 anos o PS esteve no governo 11 anos, o que levará esta gente a querer continuar ? Com uma dívida astronómica, estes senhores têm uma obsessão fixada nos grandes projectos, cujo dinheiro para os fazer não temos, em que a tecnologia vem toda lá de fora e a criação de emprego só se iniciará daqui a dois anos.

Portugal insolvente pela mão destes senhores que se dizem socialistas e que meteram o nosso dinheiro em bancos e em negócios para salvarem o grande capital!

Tudo para nosso bem! O raio que os parta!

Sabem o que é a UTAO?

É a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, um grupo de peritos independentes que, no Parlamento, apoia os trabalhos dos deputados.

No relatório de orientação orçamental de 2009, divulgado a 15 de Maio, o Governo não apresenta, como está obrigado por lei, qualquer informação sobre a evolução das finanças no médio prazo ( os próximos três anos).

“Não existe, actualmente,nenhum quadro válido a médio prazo para as finanças públicas portuguesas.”, refere uma nota no site da Assembleia da República, salientando que sem essas projecções não pode pronunciar-se sobre a estratégia de saída da crise!

O governo lança mão de tudo para esconder a situação miserável a que nos levou com as suas políticas vesgas.

O trabalho mais chato do mundo é…

… o de Vigilante dos Exames Nacionais do 12.º Ano. Durante duas horas e meia, que nalguns casos podem ser três horas e meia, não se pode fazer rigorosamente nada. Nem ler, nem escrever, nem falar, nem olhar para o telemóvel. Nada.
Apenas, e só, olhar para os alunos que estão a fazer o exame. Sentados. Em pé. Andando de um lado para o outro a ver se os minutos passam mais depressa. De novo sentados. De novo em pé.
E quando um aluno pede que lhe cheguemos a sua garrafa de água (não a pode ter à sua beira porque podia fazer copianço no rótulo…), ou quando pede mais uma folha, é um momento tão emocionante que não queiram imaginar!

A Governação do Banco de Portugal

A governação do Banco de Portugal tem sido, ao longo dos tempos pós-25 de Abril, um privilégio do “centrão”. A excepção, em meu entender, fica-se pelos mandatos de Jacinto Nunes, académico com posicionamento independente dos epicentros partidários dominantes, PS e PSD. Foi governador nos períodos de 1974 a 1975 e de 1980 a 1985.

Nos restantes períodos, a governação do Banco Central foi distribuída por José da Silva Lopes (1975-1980), Tavares Moreira (1986-1992), Miguel Beleza (1992-1994), António de Sousa (1994-2000) e Vítor Constâncio, em 1985 e 1986 e de 2000 até hoje.

Se, de facto, o cargo é remunerado com um salário mensal bastante exagerado, superando as remunerações de estrondosa maioria de governadores de todos Bancos Centrais, diga-se, em abono da verdade, que é um pecado transversal em relação a todos os governadores. Personalizar, portanto, o problema em Vítor Constâncio parece-me redutor, não o furtando, porém, a críticas, em particular pela desfaçatez de defender a redução de salários dos trabalhadores portugueses, com o objectivo de contribuírem, dessa forma, para a recuperação da economia.

Insisto, todos os ‘soundbytes’, à volta de Constâncio, não me fazem esquecer os chorudos ganhos de outros, em alguns casos prolongados, para além do tempo de trabalho, por reformas sumptuosas. Com efeito, de uma maneira ou de outra, nenhum deles escapa à imoralidade. Esta conclusão leva-me a acreditar que, a partir das intervenções na Comissão de Inquérito Parlamentar ao BPN, está a incorrer-se num erro de subjectivação do tema à volta do actual governador, omitindo que outros foram premiados igualmente com elevados vencimentos. Para mim, a análise objectiva entronca na seguinte pergunta: é socialmente justo que um Governador do Banco de Portugal, quem quer que seja, ocupe o 3.º lugar dos melhores pagos por Bancos Centrais de todo o mundo? Estou ciente de que não, chame-se ele Vítor, José, Tavares, Miguel ou António. E mais: trata-se de um problema institucional do regime que o poder político tem a obrigação de resolver, a breve prazo. Mesmo assim, já não irá a tempo de corrigir em baixa as avultadas pensões de reforma concedidas.

A supervisão é outro tema importante, mas fica para próxima oportunidade.

Joana Lopes – Acidente na curva (com som)*

Soube da iniciativa do Aventar e quero participar. Mas como não tenho grande jeito para escrever, vou deixar um vídeo que encontrei no youtube. O «link» do vídeo é http://www.youtube.com/watch?v=aquTrZGTJCw&feature=related. Espero que gostem. Têm de ter som no vosso computador.

* Joana Lopes é leitora do Aventar.

De recuo em recuo: a avaliação de professores

A Ministra da Educação acaba de admitir que a versão simplificada do modelo de avaliação de desempenho docente irá continuar no próximo ano lectivo, o de 2009/2010.
De recuo em recuo, a Ministra da Educação nem percebe que o seu prazo político já se esgotou há muito. Primeiro, era o modelo inicial, excelente, maravilhoso e os professores não tinham razão nenhuma. Durante meses, não admitiu mexer sequer uma vírgula.
Depois da segunda grande manifestação de professores, encostado às cordas, o Governo inventou o «simplex» – agora já não havia desculpas, era tudo muito simples e fácil, mas era só para este ano. Pior a emenda do que o soneto, e se a avaliação inicial não era quase nada, com o simplex tornou-se um simples arremedo.
Há dias, pudemos ouvir o Primeiro-Ministro a reconhecer que o modelo inicial fora um erro. Depois de tudo o que disse na altura em que ainda estava em vigor, é preciso ter lata!
Quanto à Ministra, acusada por muitos de ser uma das responsáveis pelo desastre eleitoral do PS, nem assim se mancou. Agora, volta a recuar e o «simplex» até pode ser definitivo.
Seria possível lembrar a senhora que o próximo ano lectivo já não vai ser da sua responsabilidade?

Nem TGV, nem Aeroporto, nem Auto-Estradas

São 28 os economistas que pretendem uma reavaliação dos grandes investimentos públicos, como noticia hoje o «Público». Entre eles, Campos e Cunha, Daniel Bessa, Augusto Mateus ou Henrique Neto.
Nada de surpreendente. Apenas puro bom-senso. Num país minúsculo como o nosso, é um crime fazer um TGV, um «elefante branco» que ninguém vai usar. É um crime fazer um novo Aeroporto quando o actual ainda poderia ter muitos anos de vida e quando o futuro da aviação é incerto. É um crime fazer certas Auto-Estradas, sobretudo aquelas que vêm apenas duplicar ou triplicar a ligação Porto – Lisboa.
Mas como construir dá dinheiro, muito dinheiro, por cima e por baixo do tapete, então constrói-se. Tudo o que for preciso. Tudo o que der dinheiro.

Estás bêbada, sua puta?

A frase, dita exactamente como aparece no título, ouvi-a ontem, mesmo à minha frente, de um filho para sua mãe. «Estás bêbada, sua puta?»

A senhora ia a andar normalmente, com o filho ao lado, quando de repente tropeçou no passeio e quase se estatelou no chão. O pirralho, que teria uns 4 ou 5 anos, saiu-se com aquela em tom bem audível. Não sei o que a mãe lhe respondeu, mas vi-a a segredar qualquer coisa e a ficar vermelha.

Como é óbvio, são coisas que o miúdo ouve em casa, provavelmente ditas pelo pai para a mãe. Como é óbvio, aquele miúdo irá um dia para a escola e dará azo a toda a sua educação. Como é óbvio, os professores serão as vítimas.

Quanto àquela mãe, tive muito pena dela. Quem não se respeita a si próprio, não pode ser respeitada pelos outros.

O Povo de Esquerda zangado

Diz Freitas do Amaral: O “povo de esquerda” ficou zangado ao ver governos socialistas salvarem da morte certa o grande capital, com o dinheiro dos contribuintes.

Quando alguns de nós dissemos isto fomos apelidados de ignorantes. Os senhores que estão sempre à espera do sinal para saberem para onde se virarem, prestaram um mau serviço ao governo socialista!

Quando dizíamos que o dinheiro injectado no BPP, BPN e BCP não ía chegar à “economia real” o Jugular João Pinto e Castro, perguntava se sabíamos o que era isso!

Agora já sabe, são os 500 000 desempregados, as PMEs a fecharem, e as exportações a caírem fragorosamente.

Quanto ao dinheiro dos bancos anda a ser oferecido a quem não precisa!

A mim telefonam-me de quinze em quinze dias. Temos aqui um crédito em condições excepcionais, pode utilizar como quizer, só falta oferecerem baldes de plástico para brincar na praia.

Mas para o Atlier do meu filho é que a coisa não chega, pelo contrário, concursos públicos não há, os projectos são entregues por ajuste directo aos amigos e, não contentes com isso, têm que pagar o IRC por conta, a Segurança Social…

O paraíso de José Sócrates e amigos!

Semana Aberta até Domingo


Relembramos
que todos os nossos leitores podem ser autores do Aventar até Domingo. Basta que nos enviem os vossos textos para o mail blogueaventar@gmail.com ou para a caixa de comentários deste ou de outros «posts».
Até agora, temos tido participações muito interessantes. Um obrigado a todos eles.

«Quero renunciar a todos esses luxos do Parlamento Europeu»

«Quero renunciar a todos esses luxos do Parlamento Europeu», diz Elisa Ferreira acerca da sua candidatura à Câmara Municipal do Porto.
… mas entretanto, não vá o Diabo tecê-las, assegura o lugarzinho em Bruxelas!

Falando sobre Transportes – A Falácia do Ministério das Obras Públicas: O TGV (III)

(continuação de aqui)
3 – Sem que haja um Plano Ferroviário Nacional aprovado, os sucessivos governos – face ao nosso atraso – procuram acertar o passo com a restante Europa, mas de forma atabalhoada e voluntarista.
Em contraste, os nossos vizinhos aprovaram o PEIT a que fizemos referência no Capítulo anterior pouco mais de 9 meses após a tomada de posse do 1º Governo de J. L. Zapatero; aliás, as suas linhas gerais, programáticas, já tinham sido anunciadas pela Ministra do Fomento (responsável do Sector), numa grande entrevista publicada três meses após a tomada de posse. O que demonstra a sua grande preparação e a da sua equipa.
Nesse Plano é bem visível que não se pensa, unicamente, investir na AV; apresentam, sim, um programa ambicioso de modernização de toda a rede ferroviária que, neste momento estão a concretizar passo a passo, nomeadamente no que se refere às ligações com os portos, em franco desenvolvimento. Englobando, também, a rede rodoviária, as plataformas logísticas e os chamados portes secos, assim como os aeroportos, tudo isto numa visão de conjunto bem estruturada.
Cito, como exemplo, o corredor ferroviário previsto neste Plano Estratégico, ligando o Atlântico com o mar Cantábrico, isto é, a Corunha com Oviedo e Santander, prolongando-se para Irum e França; é uma solução que favorece, claramente, os portos do Norte de Espanha – nomeadamente La Coruña, Bilbao e Gijón – criando mais uma via de acesso à Europa. Desnecessário será dizer que esta solução visa criar outro canal ferroviário, a acrescentar ao já existente por Valladolid/Irun e poderá afastar de Leixões, ainda mais, uma boa parte do tráfego do Norte da Galiza.
E em Portugal? Lembro as numerosas e sucessivas alterações aos traçados das novas linha ferroviárias e a modo (que ainda se desconhece) como se chegará a Leiria a partir de Lisboa, optando-se pelo lado Oeste das Serras de Montemuro e dos Candeeiros ou, então, privilegiando a ligação com o Entroncamento, passando a Leste da Serra de Aire; as hesitações, o suspense e finalmente a escolha bombástica da localização do NAL (quando já estavam atribuídas verbas, provenientes de Bruxelas, para o arranque da Ota); e, ainda, a ausência de um Plano Faseado de Mudança de Bitola a acordar, em grande parte, com os espanhóis. Já para não falar da implementação das A-E marítimas cujo interesse é por demais evidente para o desenvolvimento dos nossos portos, além de que são obras a financiar, em parte, por Bruxelas.
Julgo que este último assunto é manifestamente de interesse e merece algum destaque.
Com efeito, há alguns anos atrás, a Comissão Europeia identificou 22 projectos prioritários relativos às infra-estruturas de transporte mais importantes. Entre elas, quatro “auto-estradas marítimas” em relação às quais os Estados abrangidos deveriam preparar projectos de interesse comum.
O seu sucesso passaria, sobretudo, pela melhoria das redes logísticas, pela simplificação e automatização dos processos administrativos e alfandegários, assim como pela concretização de sistemas comuns de gestão de tráfego.
Mas, para que possam beneficiar de um financiamento comunitário, esses projectos deverão:
 ser propostos, pelo menos, por dois Estados membros;
 dizerem respeito a um número limitado de portos (idealmente dois para cada Estado membro);
 atenuar a saturação de tráfego rodoviário nos grandes eixos.
Entre estes projectos encontra-se o chamado Arco Atlântico, ligando a Península Ibérica ao mar do Norte e ao da Irlanda. Desnecessário será focar a importância excepcional dessa auto-estrada marítima para os portos portugueses; projecto este que não deveremos deixar escapar tanto mais que, repito, é apoiado financeiramente pela União Europeia.
Dada a posição geográfica que ocupamos – nem sempre a posição periférica é uma desvantagem – e dadas as características naturais dos nossos portos estamos, à partida, melhor posicionados que os espanhóis para captar uma boa parte do tráfego marítimo que passa relativamente perto da nossa costa, especialmente no que se refere a operações de “transhipment” com a restante Europa.
De sublinhar que os investimentos necessários para se concretizarem estes projectos não serão uma despesa sem contrapartida, mas sim um investimento reprodutivo muito importante para a nossa economia e que poderá ser suportado – além das ajudas europeias – por eventuais parcerias Estado/Privados (portugueses e estrangeiros).

Rui Neves da Silva – A Comendadora (I)*

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Não podia no entanto fechar os olhos aos muitos atributos físicos da rapariga. De facto, ainda que Clarimunda não alimentasse qualquer gosto pelo safismo, era óbvio que o corpo de Clara a perturbava. A começar pela pele, de um branco leitoso, que lhe cobria com a maciez do mármore as coxas roliças e firmes, que uma cintura de inusitada delgadeza ajudava a realçar. Os seios, empinados, não ofendiam o equilíbrio da sua estrutura física, e o rosto… Bem, um esteta diria que aquele rosto era de uma perfeição absurda em alguém tão moralmente imperfeito.
Mas o que emocionava Clarimunda era a visão dos órgãos genitais externos de Clara, sobretudo dos lábios menores e do vestíbulo da vagina, que apesar de as milhares de penetrações sofridas mantinham uma saudável cor coralina.
– Clarimunda, ajuda-me…! O teu… dedo, depressa!
A urgência a manifestar-se num grito…
Clarimunda ainda hesitou, mas receou que a jovem ninfomaníaca perdesse o controlo e com os seus gritos deitasse tudo a perder. E acabou por enfiar-lhe no sexo dois dedos compridos e ossudos, que passou a movimentar como um êmbolo com furiosa violência até sentir o corpo de Clara aquietar-se após uma sucessão de violentos espasmos.
(…)
Clarimunda pensou que o nome de Esperanza na dona de um bordel era uma ironia do destino. Esperança de quê?
Maria da Glória adivinhou-lhe o pensamento.
– Para raparigas como nós, sem família, sem dinheiro e sem estudos, exploradas e abusadas pela sociedade que devia proteger-nos, o recurso à prostituição é a última, senão a única, esperança.
– Pois… – concordou Clarimunda, cuja vontade de argumentar foi vencida pelo cansaço da viagem.
Doña Esperanza era uma mulher alta e extremamente elegante. Não teria mais de cinquenta anos e conservava os traços de uma beleza que murchara de forma controlada. Recebeu Clarimunda, agora Delfina, com mostras de simpatia. A rapariga, que receava ser rejeitada por não ser um modelo de beleza, ficou agradada quando a sua futura patroa a informou, num castelhano falado de forma lenta e martelada para melhor ser entendido, que nunca tinha conhecido uma mulher que não pudesse ser, se assim o quisesse, o objecto do desejo de qualquer homem.
– Temos de corrigir umas coisitas, mas vais sair das minhas mãos mais atraente do que Diana – afirmou com um sorriso enquanto lhe dava uma palmadinha na face.
Depois de lhe comunicar que, à noite, ela teria de partilhar a sua cama com Delfina e de lhe pedir que a informasse sobre as regras da casa, deu a entender a Diana que gostaria de ficar sozinha com a nova recruta.
– Quero ver como és… despida.
Clarimunda estremeceu. Nem mesmo o idiota que a desflorara vira o seu corpo totalmente nu… E era um homem!
Mas mandou o pudor às urtigas e obedeceu, não tardando a ficar inteiramente nua diante dos olhos inquisidores da futura patroa.
Por segundos nada aconteceu. A mulher passeou o olhar pelo corpo de Clarimunda, detendo-se nos seus seios relativamente pequenos, na delgadeza das suas ancas, no monte-de-vénus exageradamente peludo, na magreza das coxas e nas nádegas firmes mas talhadas quase a direito, como as das mulheres asiáticas.

* Rui Neves da Silva é escritor e Revisor Oficial de Contas.

A boca de Cisshoko


Com esta boca, como é que o FC do Porto queria transferi-lo para o AC Milão?

(também) É a cultura José!

Eu titubiei muito em escrever este texto. A cultura, entre nós, é qualquer coisa que balança, entre o que se diz das pessoas que vivem da cultura, e os monumentos, os teatros, os museus que caem aos bocados e as pessoas que, como eu, não percebem nada de cultura, mas sabem que gostam e visitam e sofrem por ver tudo tão mal tratado.

Quando me lembro do estado em que estão os nossos monumentos, velhos de séculos, e me dizem que não há dinheiro para reabilitar a Janela Manuelina do Convento de Tomar, fico com a ideia toda da cultura dos nossos políticos!

E quando a Isabel Pires de Lima, armada em tia da linha, gasta cerca de um milhão de euros, numa exposição temporária de parte do acervo do Museu de São Petersbourg e não tem dinheiro para acabar as obras do Palácio da Ajuda, também fico a perceber tudo sobre esta gente dita da cultura.

Quem conhece este Museu Russo percebe muito bem porque fazem eles estas exposições temporárias. É para tratarem muito bem da sua cultura, enquanto os pobretas portugueses pagam a factura.

Tudo isto para lembrar ao nosso Primeiro Ministro, que em todos estes anos nunca falou de cultura, uma definição de cultura desse artista e escritor que se chama Milô Fernandes.

Diz ele: Cultura é tudo o que nos resta quando perdemos tudo!

E esta José?

PS: este texto dedico-o ao meu companheiro de comentários na Jugular, Jorge C, do blogue “entre Deus e o diabo”

A Nova Setúbal e o Plano de Pormenor inexistente (mais uma, só mais uma…)

noname

E a confusão interessa a quem?

“O diploma está publicado e o Governo já pode nomear o primeiro mediador do crédito, figura distinta dos mediadores de crédito que actuam no mercado financeiro e cuja actividade vai estar sob a alçada do novo mediador do crédito, que funciona junto do Banco do Portugal (BdP). É confuso. A diferença está no mediador “de” crédito, que é relativo aos intermediários que actuam sem enquadramento legal específico, e no mediador “do” crédito, figura criada para defender os direitos dos consumidores em relação às instituições financeiras.”

Isto é confuso. É desnecessário. Para quê alterar a designação da personagem se o objectivo e a missão são as mesmas? Se assim é, esta trapalhada serve para quê? E para quem?

BE propõe a legalização da cannabis

O Bloco de Esquerda apresentou um novo Projecto de Lei para legalizar o consumo e cultivo pessoal de cannabis. O argumento (correcto) é que a cannabis tem iguais riscos (ou menores) para a saúde pública do que, por exemplo, o álcool ou o tabaco e que por isso não faz sentido marginalizar apenas alguns consumidores e não todos.

Nas 26 longas páginas que compõem o Projecto Lei pode-se encontrar toda a argumentação possível e imaginária em defesa da cannabis. Um “pequeno” excerto dos inúmeros argumentos :

“Do nosso ponto de vista, deveria ser, precisamente, o grau de danosidade de cada substância, para o utilizador e a sociedade, a orientar a delineação das estratégias e das políticas de prevenção, minimização de riscos e tratamento, e não a sua classificação como legal ou ilegal. Só assim se poderão adequar as respostas perante a realidade social e os problemas concretos.
Até porque, desde há muito tempo, o impacte das drogas lícitas na sociedade é bem mais grave que o das drogas ilícitas. Por exemplo, refere o relatório da ONU que “o consumo do tabaco, uma substância aditiva, psicoactiva que é vendida livremente, apesar de em mercados regulados, afecta cerca de 25% da população adulta”, ao passo que as drogas ilícitas afectam 5% da população mundial com idades entre os 15 e os 64 anos. “As estatísticas da mortalidade mostram que as drogas ilícitas tomam uma pequena fracção das vidas reclamadas pelo tabaco (cerca de 200.000 ao ano para as drogas ilícitas contra cerca de 5 milhões por ano para o tabaco) ”, aponta. Se formos olhar para o álcool, o cenário também é negro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005), o álcool causa anualmente 1,8 milhões de mortes, estimando-se que nas economias avançadas o custo económico resultante da utilização do álcool varia entre 0,5 a 2,7% do PIB. Na Europa, o álcool é responsável por cerca de 60 doenças diferentes, por actos de violência, homicídios (4 em cada 10 de todos os assassinatos e mortes violentas), suicídios (1 em cada 6 de todos os suicídios), acidentes rodoviários (1 em cada 3 de todas as mortes na estrada), por 60 000 nascimentos abaixo do peso normal, por prejuízos no desenvolvimento cerebral do feto estando relacionado com défices intelectuais nas crianças e sendo a maior causa de debilidade mental evitável na Europa (Anderson et al., 2006).
Ora, é incompreensível que se mantenha um discurso moralista sobre o consumo de drogas ilícitas, quando perante as lícitas, como o álcool e o tabaco, que provocam milhões de mortes todos os anos, a hipótese de proibição à escala mundial é posta de lado de forma
categórica. No caso português, por exemplo, ao mesmo tempo que se assiste a um grave problema de saúde pública associado ao álcool, já que somos o 8.º país com maior nível de consumo mundial (World Drink Trends, 2005) e temos uma taxa de mortalidade padronizada por doenças atribuíveis ao álcool para <65 anos de 18,8 % (Alto-Comissariado da Saúde, 2008), promove-se a sua comercialização, em especial do vinho, uma importante cultura para a economia nacional e factor de valorização cultural e patrimonial do país.”

Não batam palmas nem entrem todos em histeria colectiva, porque escusado será dizer que esta não passará tão cedo. Ainda tem de ser rejeitado o Projecto Lei, ir a referendo, perder, ser apresentado novo Projecto Lei e ser recusado novamente, ir outra vez a referendo e ganhar à rasquinha (com pouquíssima abstenção) e só então o “pessoal” poderá fumar uma “erva” à vontade.

A argumentação de defesa é inabalável, mas a realidade já é bastante mais maleável e desconhecida.

Convém lembrar que nem tudo é um grupo de amigos a fumar cannabis, provavelmente, intelectuais de esquerda com óculos de massa a discutirem o Eterno Retorno de Nietzsche ou as preciosidades escondidas no Museu de Arte Contemporânea em Teerão.
Também é um grupo de amigos a fumar “erva”, provavelmente, clones do Cristiano Ronaldo, mas infinitamente mais pobres e que acham que “devem” dar uma volta com o meu carro, porque precisam de se ir divertir a “armar estrilho” no centro comercial!

Eu até concordo com a legalização, mas fica-me uma questão que acho pertinente: se ainda tantos portugueses não conseguem ser responsáveis com o consumo de álcool, porque haveriam de agir de forma diferente com a cannabis?