Mais um post sobre futebol e cabelos

Manuel Solá-Morales, o arquitecto conhecido entre nós pelo edifício Transparente ? do Parque da Cidade no Porto – o que não se trata propriamente de um bom cartão de visita – escreveu há alguns anos um excelente texto – como quase todos – sobre a área metropolitana de Barcelona em que dizia, citando Cruifj – sim o treinador –, que um arquitecto/urbanista deve pautar a sua intervenção na cidade, tal como o jogador de futebol dentro do campo, em dois modos. O modo curto e o longo. No modo curto tem de perspectivar o campo de todo, o gesto deve ser entendido como uma manobra estratégica de longo alcance e no longo deve ser perspectivado por forma a permitir que o gesto curto se faça de maneira mais eficaz. Bem, eu não sou o Luís de Freitas Lobo, nem nunca poderia ser. Para mim, tácticas são como os indicativos dos telefones e o que eu quero é que o Benfica ganhe (como dizia o grande Artur Semedo) após o que cumprida essa premissa, o futebol é um jogo, não haja dúvida, fantástico.

Mas quando se olha para o Barcelona jogar, não sou insensível ao que o Cruifj queria dizer. Pela mão do Guardiola, esse ávido leitor de Rilke e Lorca, temos a noção que todos os jogadores entendem perfeitamente esse conceito. Através de passes curtos a bola roda por todo o campo de forma paciente como se a equipa adversária não existisse. Os onze jogadores movimentam-se pouco e sem grandes correrias, mas o suficiente para disponibilizar uma, duas, três linhas de passe ao portador da bola. Todo sabem onde estão, mas também onde e o que fazem os que estão a 50 metros de distância. De maneira que um passe curto não é feito em função de quem está mais perto, mas precisamente de quem está mais longe. A bola anda dois metros, mas já está a pensar no que vai fazer nos próximos cem. Por vezes, como contraponto, tal como numa cidade há momentos de excepcionalidade, a bola chega ao Messi, mas vem de tal maneira que metade das fintas já estão feitas. Só se lhe exige a outra metade. Ideias curtas e ideias longas, portanto.

Manjas, Carla?

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Isto está um portento de simulações…

  2. carlos ruão says:

    yo, este «post» é sobre o Belo, man ! e a bela arent… e por falar nisso, já não há mulheres assim, como bem sabemos … nem heideggers, «as a matter of fact» … do you feel me ?

  3. carlos ruão says:

    ah, esqueci-me de dizer
    … este é o meu «post» favorito de todos quantos foram «postados» até agora
    … yo, um bocadinho de lucidez faz-lhes bem, man!
    … duvido é que sigam as tuas lições, LOL
    … mantem-te fino e em forma, brother

    black power é que falta por aqui !!!

  4. Miguel Dias says:

    essa coisa da coisa em si ainda não alcancei.
    mas deixa-te mas é de merdas, cut the bullshit. prometo que um dia destes também volto para o sinatras. o jotajota manda-te a palavra passe.
    Keep it real man