Abaixo de deus…acima de deus

Quando temos a sorte de fazer um diagnóstico correcto, sobretudo em situações graves, e conseguimos equacionar uma terapêutica adequada que resolva a situação, quase sempre o doente ou a doente diz: abaixo de deus foi o sr. dr. quem me salvou.

Não há muito tempo, uma doente minha e minha amiga, foi acometida de um síndrome coronário agudo grave, o que significa uma obstrução importante de uma artéria coronária, ou seja, uma situação de quase enfarte do miocárdio extenso. Teve a sorte da artéria recanalizar parcialmente, evitando, por assim dizer, o descalabro. No entanto, o perigo persistia, com a possibilidade de recidiva a cada momento. Isto é, a espada mantinha-se bem afiada por cima da cabeça. Por duas vezes recorreu ao hospital e por duas vezes recorreu ao médico assistente. Com toda a negligência e incompetência, quer num caso quer noutro, deram-lhe uma palmadinha nas costas e mandaram-na embora.

Resolveu vir ter comigo. Não foi difícil inteirar-me da gravidade da situação. Imediatamente foi realizado cateterismo cardíaco, com vista a angiografia coronária, tendo sido detectada uma lesão grave na principal artéria coronária. Foi feita uma angioplastia, isto é, uma desobstrução da artéria com implantação de um stent, um dispositivo metálico que impede a reestenose da artéria. Resumindo, foi afastado o perigo, e a morte, pelo menos por enquanto, meteu o rabo entre as pernas e foi-se embora.

A minha amiga virou-se para mim e segredou-me: é costume dizer-se, abaixo de deus foi o sr. dr. quem me salvou. Neste caso, acima de deus foste tu que me safaste. Se não fosses tu e as coisas fossem deixadas nas mãos de deus, bem lixada estava.

Eu respondi: olha minha menina, fico muito grato pelas tuas palavras e pelo teu reconhecimento. Apesar de nós médicos não andarmos em competição para ocupar o lugar de deus, a verdade é que é deprimente ficar sempre em segundo lugar, quando, se as coisas ficassem só nas mãos de deus, bem que os doentes iam pró galheiro.

Para o Carlos Loures:

Sob o segredo da (in)decência

Entrou numa empresa como a PT directamente para Director sem qualquer experiência prévia. Entrou numa lista de 25 pessoas presente ao governo sem qualquer ajuda política. Foi escolhido para administrador sem aproveitar o conhecimento e amizade pessoal com o primeiro ministro . Tudo protegido pelo segredo de Justiça! Não respondo, não posso responder!

Como é que se entra para director para a maior empresa do país , directamente, aos 27/28 anos ele não explica, como aliás ninguem consegue explicar. Como se entra numa lista de vinte e cinco crâneos aos 32 anos sem ajuda amiga tambem passa ao lado. Como é Administrador da maior empresa do país aos 32 anos sem ajuda política, para a quota do Estado, note-se, ainda se percebe menos.

Mas neste país o inexplicável tornou-se banal, contam-nos histórias que fazem de nós mentecaptos, atrasados mentais, gente sem capacidade de análise e  gente burra que não sabe nada da vida de empresas, nenhum de nós tem experiência, nenhum de nós precisou de ter uma carreira, tudo nos caiu no colo.

Bem se percebe que o primeiro ministro nos queira vender esta versão, afinal foi o que aconteceu com ele, nunca teve um emprego digno desse nome, foi subindo nas Jotas e no aparelho do partido, chegou a ministro sem experiência profissional e de vida, é pois natural que ache normal ter uma vida assim.

Não é, e ninguem acredita numa só palavra das que estes rapazes foram debitar para a Assembleia da Republica. E a prova, é que são tão maus que se deixaram apanhar numa caricata operação de controlo de uma estação televisa, a mesma que tinha uma jornalista que atacava o chefe, o seu querido e admirado chefe!

É com esta gente que chegamos ao último lugar no que ao bem estar diz respeito e a um país profundamente injusto, temos dois milhões de pessoas abaixo do limite da pobreza e outros tantos a receberem o salário mínimo, tudo num país onde rapazes com 36 anos ganham 2.5 milhões de euros/ano!

Acredita quem quer!

Gisberta

Foi no 5Dias que reparei que já passaram quatro anos sobre um dos mais vergonhosos crimes a que o meu Porto assistiu. Fica a homenagem através da música.

Posts históricos da blogosfera: Bruno Reis no «Barnabé»

Hoje, nas cartas ao Director do «Público» (tantas cartas ao director que escrevi na minha adolescência!), o ex-Simplex Bruno Reis dá conta de que nunca foi condicionado no blogue de apoio ao Governo, nem nunca tentaram infuenciar qualquer uma das suas opiniões.

Imagina-se, pois, que se ele tivesse começado a defender o PSD, não haveria qualquer problema por parte de Galamba e companhia.

Ao invés, diz Bruno Reis, foi muito condicionado e pressionado no histórico blogue «Barnabé», que nas suas palavras era um blogue plural de Esquerda com muita gente ligada ao Bloco.
Confesso que acho estranho que, num blogue de apoio ao Governo, uma das condições prévias não fosse precisamente apoiar o Governo. Se calhar pela mesma razão que não se contrata um motorista perguntando-lhe se ele tem carta de condução. Aquela gente é realmente muito democrática!
Pelo meio, Bruno Reis atira-se ao ex-aventador Carlos Santos por causa da polémica dos mails, dizendo que ninguém achou mal agora, mas na altura todos criticaram os mails do «Público» dados à estampa no «Diário de Notícias». Supõe-se, então, que Bruno Reis também achou mal na altura.
Porque tem interesse neste contexto, fui ao «velhinho» Barnabé buscar um «post» do Bruno Reis, que se seguiu ao «post» de despedida de Daniel Oliveira. O actual Arrastão deixou de se rever num blogue onde Bruno Reis começara a assumir posições claramente de Direita e anunciou que saía.  Bruno Reis anunciou que ficava, ao estilo de «daqui nao saio, daqui ninguém me tira, convidaram-me, saem por causa de mim, mas isso agora não interessa nada»….

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Ontem – era o sr Pinto de Sousa, Hoje – estou muito agradecido ao sr Primeiro Ministro

E depois toda a gente sacode a água do capote:

– “se ribeiras não fossem canalizadas teria sido muito pior”

– “a pressão demográfica é que obrigou a toda esta construção”

– ” a mim não chegaram estudos”


Um conto da vida de Zé Pequeno (7)

(Continuando)

Seguiu-se mais um dia de trabalho.

Zé Pequeno ritmava o batimento na pedra pela repetição da frase do Senhor Nogueira “Tem cuidado, Zé. Olha que quando aparecer um gajo rico és posto fora. Aquela gente é assim”.

O seu orgulho sentia-se ameaçado. Não lhe entrava na cabeça, nem com um pico, a ideia de ser preterido, escorraçado, ser “posto fora”.

Aquela jornada, parecia ser a mais longa de sempre. As horas pareciam arrastarem-se para um infinito e Zé Pequeno trabalhava mecanicamente. A sua atenção fugia-lhe da pedra e perdia-se num poço de revoltas.

Manteve-se calado durante o almoço, repetindo o mesmo ritual do jantar em sua casa. Fazia-se atento às conversas dos seus colegas, mas as vozes não lhe chegavam aos ouvidos.

Desfeita a comida desfeita a companhia, e todos volveram ao seu posto, à lida do sustento. Tal como voltou Zé Pequeno à rotina da sua rebeldia que descarregava sobre a pedra dura.

De longe, o Senhor Nogueira mirava-o com afinco e abanava a cabeça sempre que o estudava. À sua memória latejavam imagens da sua parca juventude, do dia em que cortejara uma menina rica e foi esperado pelos irmãos dela à saída de uma festa. Não queria que Zé Pequeno sofresse o mesmo vexame, embora soubesse que não seria uma luta que o iria amedrontar ou fazer mudar de ideias. Tudo parecia repetir-se, com a mesma certeza que se repetia o fado sucessivo das vidas de trabalho. Como ele havia repetido a Zé Pequeno a frase que outrora ouvira do Jocas, um colega de trabalho dos tempos da pedreira de São Martinho. Nunca mais o viu desde o encerramento da pedreira. Apenas soube que fora para França, a salto.

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Mente cultural

Para Manuela Raminhos

Crianças brincam enquanto a sua mente cultural trabalha

Parecia-me que começara o texto com uma gralha. Todo o cabeçalho ou definição deve começar por um artigo. Mas, como se trata de um conceito, retirar o artigo não é gralha, é apenas reduzir o campo de pesquisa do que se quer falar do conceito e não a universalidade do fenómeno, que acaba, assim, por nada definir. Se disser a mente cultural, falo de actividades múltiplas; se digo mente cultural, reduzo a ideia a um fenómeno que pode acontecer universalmente. E falar de Antropologia de forma hermenêutica, é aprofundar no campo do significado do conceito e não da acção do conceito, que varia de sociedade para sociedade. [Read more…]

Alerta Vermelho!

Parece que no fim-de-semana vamos ter um alerta vermelho. Aliás, Portugal é ele todo um imenso alerta vermelho, seja por causa do nosso Primeiro e dos seus bons amigos, seja pelo arranque do Fantas, seja pelo sempre polémico Mourinho ou pelas eleições no PSD. A baleia assassina certamente nasceu na nossa costa…e o tipo que fez esta campanha, pela estupidez, é português de certeza!

Yo bliye peyi nou?

O alucinante ritmo cíclico com que somos bombardeados com tragédias, não nos dá tempo para descansar nem os sentimentos nem a mente. É, tal como a vida em geral, algo frenético e alienante.

Não deixamos de ficar tristes, incomodados até. Mas também não deixamos de comer o bife ou peixe que temos no prato, enquanto pela televisão nos servem orgias de imagens trágicas. Aos poucos vamos ficando como que habituados à tragédia, ganhando uma espécie de imunidade.

Acontece que a tragédia, tal como o sexo, vende. E também vende-se, é verdade. Mas no que toca à comunicação social, a tragédia vende: audiências, tiragens, etc. Ombreia com os escândalos, mas ganha na força das imagens.

Já foi Etiópia, Afeganistão, Timor-Leste, Rodésia, Somália, Bangladeche, Entre-os-Rios, Iraque, Haiti,  etc, etc. Fome, mortes, guerra, sangue, pânico, violência, cataclismos, lágrimas e um pouco mais de tudo quanto urde uma desgraça.

Ainda agora, depois do massivo consumo da tragédia do Haiti, o assunto parece que esgotou. Mas não esgotou a tragédia. Ela continua a existir. Apenas deixou de nos ser servida. E também nós, incluindo os da blogoesfera, também deixamos de “nos servir” dela. Porque o tal alucinante ritmo cíclico não permite continuar a olhar para o “mesmo”, ainda que o “mesmo” não esteja para trás, mas sim ao lado.

Hoje, um haitiano poderia perguntar a qualquer um de nós: yo bliye peyi nou? (esqueceu-se do nosso país?).

Diríamos: não esquecemos, mas agora, e por agora, temos a Madeira. Mas, também ela, irá ser substituída em breve.

Portucale, ou o que também vai acontecer ao processo Face Oculta

Vá lá, “31 meses depois de os arguidos terem sido acusados no âmbito de um inquérito que demorou quase tanto tempo a ser investigado como a entrar na fase final da instrução” começou o debate instrutório do processo Portucale, ou se quiserem do caso BES/CDS.

Como é natural os ex-ministros nem sequer são arguidos e estes mesmo que sejam condenados recorrerão até ao infinito, cumprindo eventualmente pena depois de atingirem a simpática idade de 102 anos, não houvesse uma prescrição pelo meio.

Valham-nos as escutas, as fugas ao segredo de justiça e o jornalismo de buraco de fechadura.

(Des)mentindo

“Nunca da Procuradoria Geral da República (PGR) saiu alguma informação. Essa é uma manobra concertada, não tem o mínimo de fundamento e têm de se apurar as responsabilidades. Os tribunais têm de apurar e sancionar isto”, afirmou Pinto Monteiro

De salientar o cuidado de Pinto Monteiro na utilização das palavras: da Procuradoria e não do Procurador. Dito assim parece-me indesmentível.

Já agora, as reacções às notícias de que foi após a reunião onde Pinto Monteiro ter tomado conhecimento da existência de escutas que os escutados mudaram de telemóveis, e de conversa, são curiosas. Primeiro porque alguma comunicação social está a fingir que não leu. E segundo porque na Aspirina B já se fala em guerra civil (“Não pode haver empate neste confronto Aveiro-Lisboa“) e João Galamba comenta: “Isto só vai lá com uma espécie de FMI da justiça. Não existe?, invente-se.”

Perderam, já perceberam que perderam, e isso é bom sinal.

Pensamentos XXIII e XXIV

XXIII

Crescei e multiplicai-vos.

Continuai a crescer e dividi-vos.


XXIV

Cansado? Isso passa.

Basta que te canses de estar cansado.


Conheça o primeiro Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz.

Bardamerda, adiante*

São comentários de blogues? Isso é o lixo de Portugal. Não vou comentar uma única frase de blogues.

Miguel Sousa Tavares, em entrevista ao CM.

*citação do mesmo autor no mesmo local

José António Saraiva na Comissão de Ética

Pense-se o que se pensar sobre  José António Saraiva, director do SOL, não há como ignorar as suas declarações na Comissão de Ética sobre Armando Vara, o BCP, Pinto Monteiro e sobre o presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

Faro, A Defesa de Faro

Poucos blogues locais terão o número de leitores que este consegue (média superior a mil visitas por dia). Eminentemente local, com links e destaques para as principais instituições, associações, acontecimentos desportivos e culturais, balança entre a difusão, a denúncia e a discussão, apelando, como se lê no cabeçalho, à participação dos farenses. O subtítulo “participe na defesa de Faro” permitindo leituras múltiplas, não é inocente e aparenta revelar-se eficaz no que toca ao seu envolvimento com a cidade.

Na Volta a Portugal em Blogues que o Aventar vem realizando, eis-nos outra vez no Algarve, agora destacando “A Defesa de Faro“.

O problema do país é mesmo uma questão de capacidade

Os desafios existem, como sempre existiram. Tal como cada um de nós, também o país facilita quando as coisas vão bem, e confiam quando não vão. É normal, faz parte do nosso modo de ser.

Em mais de 800 anos de história, não nos faltam grandes momentos, para o melhor e para o pior, e continuamos aqui, portugueses.

Tal só se consegue quando, com todos os defeitos e virtudes, um país tem gente capaz: seja de liderar, seja de pensar, seja de se sacrificar. Tivemos de tudo, e chegamos até aqui. E daqui continuaremos.

Tivemos, e temos, gente com capacidades: de liderança, de pensamento, e de sacrifício. O número, obviamente, vai crescendo de um grupo para o outro: há poucos capazes de liderar, há mais com capacidade para pensar, e a esmagadora maioria consegue sacrificar-se.

O problema, está num grupo que se mede, também, pela sua capacidade: são que não são capazes de nada, e os que são capazes de tudo.

Este grupo composto de extremos, que trespassa as instuições da República, os partidos políticos, os grupos económicos de maior peso – banca, seguros, comunicação social, energia, etc. -, aparelho empresarial detido ou que conta com a participação do Estado -, conseguiu dominar a situação política, económica e social do país. Estamos reféns dos que não são capazes de nada e dos que são capazes de tudo, que na sua aparente luta de opostos  se complementam, e que, assim, jogam entre eles o futuro do país, enquanto exaltam a liderança, exortam ao pensamento, e demandam-nos sacrifícios.

A Lusofonia, espaço ideal para a cultura galega (Memória descritiva)

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Neste vídeo podemos ouvir um breve trecho de uma canção popular açoriana, que Adriano Correia de Oliveira tornou muito conhecida, cantada pela lisboeta Raquel Tavares e pela galega de Mós (Vigo), Uxía Senlle – “Morte que mataste Lira”. Um belo mosaico lusófono. O espectáculo “Cantos na Maré”, onde este vídeo foi gravado, realizou-se em 19 de Dezembro passado, em Pontevedra.

Uxía Senlle é uma cantora galega de que aqui tenho falado por diversas vezes, dada a sua estreita relação com a cultura portuguesa. Numa entrevista recente dada a Margarida Martins, do Portal Galego da Língua, fez diversas afirmações que demonstram a sua convicção na unidade entre as duas vertentes da língua. Não vou transcrever essa entrevista, mas apenas salientar alguns dos seus aspectos mais relevantes.

«É um grave erro estratégico não afirmar que galego e português são a mesma língua», disse Uxía que em dado momento conta como nasceu o projecto “Cantos na Maré”: [Read more…]

Diz-me quem confia em ti, dir-te-ei porque desconfio

I perguntou a 50 pessoas se ainda confiavam em Sócrates. Destaco dois depoimentos:

“Deus lhe dê forças para continuar o trabalho que está a fazer. Estas coisas da justiça, cada um no seu galho. José Sócrates foi eleito e não vi nada para que eu, pessoalmente, deixe de continuar a confiar nele.”

Joe Berardo

Sim, confio em Sócrates porque ninguém chega a primeiro-ministro com aqueles defeitos todos. Há um grande exagero em tudo o que se tem dito nestes últimos meses.

Octávio Machado

Com amigos destes não precisa de inimigos.

Adenda: como se não chegasse Alberto JJ afirma:

«Sócrates é uma surpresa para mim»

Até eu fiquei surpreendido.

Infância pobre é para toda a vida!

Cientistas nos US chegaram à conclusão que uma infância pobre até aos cinco anos marca para sempre o ser humano, não só no seu desenvolvimento mas tambem a nível neurobiológico e na saúde para o resto da vida.

“Descobrimos que as crianças que crescem em ambientes desfavoráveis reagem de forma desproporcionada ao stress, e conseguimos medir isso através de avaliações hormonais e neurológicas, utilizando scanners cerebrais, e mais recentemente com análises genéticas”.

Estes estudos vêm comprovar o que o senso comum já observava, principalmente em pequenos agregados urbanos em que todos se conheciam, quem tinha boas condições de vida singrava quem vivia na pobreza mostrava-o na escola e nas relações com os outros miúdos da mesma idade. E na idade adulta quem é conhecido e venceu são os filhos de quem já naquela altura eram os senhores da cidade.

O ascensor social é muito pouco eficaz, mas grande parte da derrota vem, sabemos agora, do facto da pobreza e dos maus tratos marcarem para sempre a saúde das pessoas e permanecem para toda a vida. Isto mostra que o apoio social não é um custo, é um investimento, porque recupera pessoas para a vida profissional activa e, dessa forma, gasta menos do que ter pessoas que são um fardo social.

Erradicar a pobreza não é só um imperativo civilizacional é tambem um objectivo fundamental para termos pessoas mais capazes de contribuirem para o bem estar de todos!

Ando a trabalhar para pagar o Rendimento Mínimo

A frase, ouvi-a ontem à porta de uma IPSS. Pelo que percebi, nos breves momentos em que aproveitei para ouvir a conversa fingindo que espreitava uma montra, a autora da frase falava com uma amiga, Assistente Social daquela IPSS. Exactamente assim: «Ando a trabalhar para pagar o Rendimento Mínimo».
Os calores começaram-me logo a subir, como sobem sempre que ouço uma frase do género. Mas a frase da Assistente Social salvou-me. Valha a verdade que não era uma senhora que devesse muito à beleza (assim um misto de Gabriela Mistral com Catherine Ashton), mas naquele momento só me apeteceu beijá-la.
– «A trabalhar para pagar o Rendimento Mínimo??? Eu não trabalho para pagar o Rendimento Mínimo! É minha obrigação contribuir para aqueles que são menos afortunados do que eu! E não me custa nada. O que me custa é andar a trabalhar para pagar os lucros dos Bancos e de quem não paga impostos.»
Continuou a vociferar – contra os Bancos que pagam poucos impostos, contra quem não paga impostos dos lucros na Bolsa, contra quem não declara o que ganha, contra os privilégios dos políticos e dos gestores públicos – e a outra já não tugia nem mugia.
Contente, segui o meu caminho. Afinal, ainda há gente com um pingo de decência em Portugal.

Apontamentos do Porto (9)

(Escada dos Guindais, Cidade do Porto)

Os golos do Sporting – Everton

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É o efeito Costinha a funcionar. Que tenham gasto todos os golos hoje.
Ver mais aqui, aqui e aqui.

Amor…Sobre o Tempo que Passa:

Tenho um velho hábito de blogger: passear pela blogosfera e ler as novidades nos meus blogues preferidos. O hábito tornou-se quase “profissão” quando no Aventar, juntamente com o JJC, ficamos responsáveis por fazer uma revista semanal de blogues.

Regressado às lides, comecei a deambular, pé ante pé, desenhando a próxima edição do “Destra Sinistra”. De repente, dei de caras com um momento sublime e que diz muito, mas mesmo muito, sobre o seu autor.

Apenas o conheço da blogosfera e de uma ou outra aparição na televisão. Habituei-me a lê-lo com a atenção devida e merecida pela excelência da sua escrita. Sempre olhei para ele com o respeito devido aos seres a quem reconheço uma superioridade intelectual rara. Mas foi com verdadeiro espanto e comoção que li esta sua prosa. De um amor tocante pelo outro. De uma coragem só possível a alguém superior. Fica a minha pequena, comovida e simbólica homenagem, através desta cópia do seu post, a este grande Senhor da blogosfera portuguesa e que justifica, palavra por palavra, aquilo que escrevi anteriormente sobre a importância e o papel de um blogue.

Não é todos os dias que alguém, como José Adelino Maltez, assume com coragem um momento de dor e perda como este. A mim, tocou-me fundo:



Ainda a Arte Contemporânea

Ainda a Arte Contemporânea

O post da Carla “É a Arte Contemporânea, estúpido” gerou uma série de comentários, sobretudo da parte dos amigos Carlos Ruão e Carlos Loures.

Como é matéria em que dificilmente podemos dizer onde é que está a razão, não são comentários fáceis de recomentar num repetitivo e redundante comentário. Por isso optei por voltar a falar do assunto, em forma de post.

Diz Carlos Ruão, no fim de um dos comentários, agora sim, podemos dizer: “É a Arte Contemporânea, estúpido”. Ora bem. Se há situações em que podemos dizer: ”É a Arte contemporânea, estúpido”, não tenho a menor dúvida de que há outras situações em que podemos, justamente, dizer: “Ó estúpida Arte Contemporânea, sou eu”.

 A frase “Muita da arte contemporânea assenta numa enorme estrutura discursiva, sem a qual ela pura e simplesmente viria abaixo e se tornaria indistinguível de um monte de lixo”, parece-me muito arguta, como é arguta a observação da Carla, dizendo que, não pondo no mesmo saco todas as manifestações da Arte Contemporânea, se sente levada a concordar com esta frase.

 O amigo Carlos Loures concorda que, atendendo aos comentários de Carlos Ruão, só um reduzido número de pessoas estaria em condições de apreciar as obras de arte. Diz ainda Carlos Loures, que se aprende a ver, e ao ver e compreender se aprende a gostar. Luís Moreira diz que aprendeu a gostar da pintura de Picasso depois de ler e ter tido a sorte de um madrileno lha ter explicado. Concordo com ele, menos no explicar, porque penso que a arte se aprende mas dificilmente se explica.

 Diz ainda o amigo Carlos Loures que uma boa operação de marketing vende bons e maus iogurtes, vende bons e maus livros, bons e maus quadros… E por isso, a reacção da Carla à permissividade da arte moderna em matéria de mistificação ou mesmo de pura aldrabice (sobretudo nas artes plásticas) é também a sua.

 E dirigindo-se a Carlos Ruão, adverte-o de que não é preciso estudar a fundo a obra de um pintor para poder emitir uma simples opinião, porque, nesse caso, a arte seria dirigida exclusivamente a um público muito reduzido de críticos de arte (avalizados por academias, por exemplo). [Read more…]

Pinto Monteiro ao Sol

Depois da Sábado, agora a suspeita apanhará Sol. E desconfio que ainda chega a Expresso.

Deixem-se de merdas, sff!

Por motivos pessoais estive ausente do Aventar durante longos dias.

Pela primeira vez, desde 2002, estive sem acesso à internet mais de seis dias seguidos e sem telemóvel quase outros tantos. Durante esse período, sem saber, o Aventar viveu uma pequena crise interna e uma segunda crise informática. Hoje, regressado às lides e após leitura de mais de meio milhar de mails, apercebi-me que o Aventar viveu dias agitados – como disse Pedro Correia, foi o nosso PREC: Processo Revolucionário Em Casa.

Para contrariar a minha tendência de escrever postas ligeiras – sim, caro CL, eu sei que nem sempre se agrada aos melhores com ligeireza mas atinge-se muitos quando se procura simplificar o difícil – e reconhecendo o meu gosto pela transgressão através de postas propositadamente incendiárias sobre a bola e a Regionalização, o que irrita alguns amigos meus e camaradas de blog, é chegada a hora de, por uma vez sem exemplo, vos falar sobre o Aventar puxando algumas orelhas pois a minha já está em ferida e não vale a pena continuar em esforço pois “sou filho de uma senhora doente”, como se diz aqui pelas bandas da Areosa.

Foi Gilles Lipovetsky que teorizou sobre a sociedade de consumo e na sua fantástica obra “A Felicidade Paradoxal” lançou o mote sobre a actual sociedade do hiperconsumo, abrindo portas a uma discussão séria sobre a vida actual e é seguindo as suas palavras que vos procurarei explicar que nesta sociedade da abundância onde “surgem incessantemente novas vontades de consumir” não se conseguindo colocar termo a este “alargamento indefinido da esfera das satisfações desejadas” entendendo muitos que nunca, daí o tal paradoxo de que fala Lipovetsky, o indivíduo atingiu tal grau de abandono que surgem fenómenos como os blogues.

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