Sporting com esta defesa…

O grande problema da equipa do Sporting é a defesa, e na defesa a sua baixa estatura. Então não é que aqueles crâneos foram comprar o defesa de mais baixa estatura que joga no campeonato?

Ontem, mais uma vez, lá tivemos um daqueles golos quase rídiculos, um canto que ninguem consegue afastar, incluindo o guarda-redes que sofre falta, e a bola a bater na perna do adversário e a entrar.

Doze golos em em quatro jogos, mostra bem, o que só um cego é que não vê, que nenhum defesa é um bom jogador, são todos maus, ou pelo menos nenhum tem classe para jogar num clube com pretensões. A equipa tem um bom meio campo como se viu ontem, mas o melhor do filme está agora a perceber-se com a troca do Ismayelov pelo Pongolle que nem sequer remata quanto mais fazer golos…

Os Sportinguistas ainda não viram que o clube compra o que os outros têm em saldo? Isto é como um gajo entrar numa loja para comprar um sobretudo que precisa e sai de lá com seis camisas que a balconista, o convenceu a comprar…

Hitchens

O divino em Mr. Hitchens

 O próximo convidado do ciclo de conferências Livres Pensadores, que regressa dia 18 de Fevereiro, pelas 18h30, na Casa Fernando Pessoa, é Christopher Hitchens.  (n. 1949) é frequentemente considerado um dos mais proeminentes representantes do moderno ateísmo, e é descrito como fazendo parte do movimento do “novo ateísmo”. O seu livro Deus não é Grande – Como a religião envenena tudo (D. Quixote/ LeYa), publicado em 2007, levou a que ascendesse a essa posição de grande destaque. É colaborador da Vanity Fair e professor convidado de estudos liberais na New School. A conferência que fará na Casa Fernando Pessoa intitula-se A Urgência do Ateísmo/ Necessity of Atheism e tem tradução simultânea. A entrada é livre.

Os golos do Porto 2 Arsenal 1

O Porto venceu a equipa dos bracarenses de Londres, vulgo Arsenal.

Em destaque a arbitragem, que me fez lembrar Bruno Paixão com a única diferença que Martin Hansson penaliza ambas as equipas e vai ao Mundial.

É bem feito, para não dizermos que estas coisas só acontecem aqui.

1-0

http://rd3.videos.sapo.pt/play?file=http://rd3.videos.sapo.pt/LnzhqN2p1Zm3ZoBBQ6DT/mov/1

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Bufos (III)

A Carlos Vidal deu-lhe para crismar  Orwell de bufo. Orwell, companheiro de Andres Nin, assassinado pelos esbirros de Estaline. Bufo. Pois. De bufaria percebe bem o PCP que Vidal defende com a fé de uma varina em Nossa Senhora dos Milagres na hora de um naufrágio. Ora vejam (este exemplo é um clássico, a crer na denúncia de alguns anarco-sindicalistas e que não anda muito estudade, insere-se numa tradição que remonta à fundação do próprio partido):

Cuidado com Eles, Avante nº 349, Dez 1964

Presidente da AMI quer ser Presidente da República

Fernando Nobre, presidente da AMI, anunciou a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República. É, como se sabe, um candidato não político, com invejável obra feita um pouco por todo o mundo. Ao contrário do meu colega J. Mário Teixeira, não creio que Cavaco Silva durma tranquilo, ou esfregue as mãos de contente. Fernando Nobre, penso, poderá aparecer como um cadidato transversal, capaz de ganhar votos à esquerda e à direita. Entendo que transporta consigo um capital de seriedade, de capacidade e de interesse por causas humanitárias e “justas”, capaz de mobilizar pessoas de vários quadrantes. Seja como for, é de saudar esta iniciativa surgida da sociedade civil. Como dizia o outro, já é tempo de mudar as coisas.

Geoffrey Galante

Um nome a ter em conta no futuro:

Carta de uma sapa a Sua Alteza Real

Sua Alteza Real,

Queridíssimo Príncipe

Fosse eu uma sapa sensata, cumpridora do pouco que se espera de uma criatura da minha espécie, e jamais me atreveria a dirigir-me a Vossa Majestade.

Saiba, porém, Vossa Alteza que tentei certa vez chamar-vos a atenção, quando, a caminho da fonte de S. Bento, passou a real comitiva junto ao meu pequeno charco. Mas a passarada andava inquieta nesse dia, com uma invasão de gaivotas dadas à ladroagem, acabadas de chegar do litoral, e o ruído era tanto que Vossa Alteza não pôde ouvir o meu humilde coaxar. Afastastes-vos com passos rápidos, e com tamanha pressa, que das vossas reais botas saltaram uns salpicos de lama, que me acertaram em cheio. [Read more…]

Ir para a PT é como sair o Euromilhões

A coisa funciona assim, a golden share do governo (que Bruxelas anda, há anos a dizer que é ilegal) controla uma empresa onde não tem a maioria do capital, é uma espécie de “primus inter-pares” o que só consegue porque quem lá tem a massa tira grandes proveitos com a cobertura do governo como se viu com a OPA da Sonae. Os grandes accionistas não têm, cada um, mais que 5/7% e juntos andarão pelos 27% mas controlam tudo e todos. Vejam, a título de exemplo, o BES. Além de accionista e dos respectivos dividendos é o primeiro banco da PT, sem risco, está lá dentro controla segundo o seu interesse, ganha os juros correspondentes aos empréstimos, tem as seguradoras do grupo (negócios de milhões), tem as suas empresas de assessoria e consultores (mais milhões). É Deus com os anjos!

Os dois “boys” que Sócrates lá meteu nada sabem de telecomunicações ou de gestão de empresas, este menino Rui Pedro Soares nunca foi quadro em empresa nenhuma, estava lá a ganhar milhões, e agora, como sai por causa de um serviço que não soube prestar ao chefe, e alguém tem que sair para armar que a culpa é dele (ninguém o mandou telefonar), sai  com uma absurda indemnização, pois o que ele fez em termos empresariais não é crime nenhum. E, saindo por razões políticas, recebe um monte de massa!

Fala-se numa indemnização de um milhão de euros!

Coitado, vai para a miséria

Rui Pedro Soares sentiu-se forçado a abandonar o lugar onde com tanto sacrifício, e depois de uma esforçada e laboriosa carreira, auferia uns 2,5 milhões de euros por ano.

Curiosamente a notícia é acompanhada deste detalhe:

A comunicação é omissa quanto a eventuais compensações monetárias que possam vir a ser atribuídas ao antigo gestor.

e deve fazer parte do esforço de Granadeiro e Bava para limparem a imagem da PT. Tenho dúvidas é que esse processo de limpeza não seja também de branqueamento do papel do governo em toda a estória.

Ao jovem desempregado não posso deixar de manifestar a minha solidariedade. Agora quem lhe irá dar emprego?

Cavaco Silva ganha de novo à primeira volta

Já antecipava a ideia aqui:

Já Cavaco Silva, tem uma grande oportunidade para assegurar o segundo mandato: forçar o PS a apresentar um candidato (que não é difícil de sustentar, dadas as diversas reacções alérgicas que a disponibilidade de Manuel Alegre cedo provocou) para, com Manuel Alegre – que teve mais uma inábil estratégia de arranque de candidatura, agora ao aparecer colado ao Bloco de Esquerda –, dividir a Esquerda e ganhar à primeira volta. Depois é só deixar o PSD arrumar a casa e encontrar um líder com um mínimo de substância, e fazer cair o Governo no momento certo – ou seja, a mesma estratégia de Jorge Sampaio que abriu as portas do poder ao PS -, e José Sócrates poderá ainda sair de um pesadelo governativo como pobre vítima.

Mais uma candidatura a piscar o olho à Esquerda, a de Fernando Nobre, e Cavaco Silva passou a ter mais firme a possibilidade de ganhar à primeira volta. Isto a acreditar que Manuel Alegre não desiste, o que seria, neste momento, o aniquilar do capital político que alega ter desde as últimas presidenciais.

O prazo de validade do Governo PS, dependerá, em larga medida, do desfecho das eleições presidenciais e da composição entretanto operada dentro do aparelho partidário social-democrata. E o próprio PS sentir-se-á liberto do pesadelo da obrigação de governar.

Entretanto, enquanto o Carnaval ao invés de terminar, vai engrossando, há quem se preocupe com a estética da República, discutindo se não seria de actualizar o busto da República. Nesta época faz todo o sentido preocuparmo-nos com tal: a República funciona bem, muito bem, estará é com má cara

As adolescentes da Guerra Junqueiro

A Av. Guerra Junqueiro estende-se (pouco) entre a Alameda D. Afonso Henriques e a Praça de Londres. Na Alameda, temos o Instituto Superior Técnico de um lado e do outro o Monumental Fontanário, que eu já tive o prazer de admirar por dentro, ver as enormes máquinas que sugam a água e a deitam de grande altura. No meio, um tapete verde de relva, onde miúdos e graúdos se divertem, famosa pela manifestação que nos idos de 70 travou a unicidade e destemperos revolucionários…

Depois é subir encostados à direita, onde podemos encontrar todas ou quase todas as marcas de roupa e perfumaria, com uns bancos à mistura. Belos prédios ( 6 assoalhadas que eu já lá andei a sonhar com um) sombreados por frondosas árvores e com garagem privativa no que começaram por ser quintais.

Já a chegar à Praça lá está a Mexicana e a sua famosa esplanada onde gerações de estudantes iniciaram amores e desamores, vitrine natural de gente bonita, onde se passam belas tardes no paleio ou a ler o jornal, mas lá dentro é que está o trabalho do Arqto Jorge Ribeiro Ferreira Chaves, com o seu passarinhário(?) com clarabóia de luz natural e envidraçado para se verem os pobres enclausurados. Mas o máximo, mesmo, está na parede o Painel Cerâmico ” Sol Mexicano” de Querumbim Lapa de Almeida ( por acaso tenho muitas dúvidas, sempre pensei ser do Abel Manta ou do Keil do Amaral) que tem sido defendido com unhas e dentes dos ataques ferozes de quem quer fazer da Mexicana mais um banco ou outra coisa qualquer, desventrando, claro está, o belo painel cerâmico…

Do outro lado temos a bela Igreja que podem apreciar na imagem, da autoria do arqtº António Lino, com a particularidade de ter três naves cercando o altar pela frente e pelos lados. Moderna, esbelta e bonita, cercada por jardins e belas estátuas e dominada pelo Ministério da Segurança Social, com os seus 32 andares (durante muito tempo o mais alto de Lisboa).

O cinema Londres, só com duas salas, onde se vê cinema sem coca-cola e sem barulho de maxilares alarves, com um raro toque de telemóvel a trazer-nos à realidade, volta as costas a um “fast-food” que tresanda…

As adolescentes é que, entretanto, já passaram, como todas em qualquer avenida em qualquer parte do mundo!

Mas dão um belo título!

Bufos (II)

A denúncia hoje feita no CM, informando o resto do mundo daquilo que estávamos fartos de saber, que sim, que parte da equipa governamental é paga para dar apoio ao blogues governamentais, encerra algumas questões interessantes sobre as quais me apetece opinar.

Primeira: é legítima a utilização de meios do estado para fazer passar a mensagem governamental?

Não devia ser mas é. Para todos os efeitos os governos têm assessores cuja missão consiste nisso mesmo, e nunca ninguém se abespinhou por tal. Haverá aqui assessorias que o não são para a comunicação social, e alguns gastos mínimos do orçamento do estado, mas isso são amendoins, como dizem os anglo-americanos: qualquer câmara mais municipal e menos corporativa gasta o décuplo por mês em publicidade a si própria. Não me escandaliza, desde que os envolvidos nunca tenham tido a lata de criticar a célebre central de comunicação santanista. O argumento muito usado nestes dias de que os outros também fizeram não é um argumento, é uma tolice, ou começamos todos aos tiros uns aos outros porque outros também já o fizeram.

Segunda: é correcto dentro de uma coisa chamada netiqueta que num debate político um dos lados tenha subterraneamente as assessorias todas de que precisa, sem o referir explicitamente?

Não é, mesmo que a netiqueta seja uma entidade vaga, e feita de pouco mais que senso comum. O leitor, e o problema está na recepção, tem o direito de saber que fulano escreve isto ou aquilo baseado na fonte x ou y. Servir de mero testa de ferro fica logo mal a quem o faz. Acresce que ao contrário do que alguns neófitos tentam defender o anonimato na net é uma prática de putos e de imbecis, neste caso de quem assinando com pseudónimo tenta fazer dos outros parvos.

Terceira: neste caso concreto a denúncia vinda de alguém que esteve no blogue oficioso da campanha do PS é bufaria? [Read more…]

E eu que pensava que tinha liberdade de expressão…

Apareci em Portugal, sem saber como nem por onde, a convite da Gulbenkian e do ISCTE, hoje IUL. Vinha da Universidade de Cambrige, onde ensinava e era Doutor em Ciência. Devia estar em Portugal apenas dois meses, não tinha mais licença de Jack Gody. Aliás, vinha do País da liberdade de expressão e da revolução temprana.

Pensei: se o UK é país de expressões livre, quanto mais não será Portugal que fez a sua Revolução apenas em 1974! Pareceu-me bem e fui ficando. Esses dois meses pasaram a ser 31 anos!

Esses 31 anos em que pensei que a liberdade de expressão era tão grande, que fiz em Portugal o que no Chile não me permitiam: falar e criticar a política do Governo, almoçar com o Presidente da República, sair com os meus discentes. Sem saber como, todo isso acabou. O Governo que nos quer orientar anda a levar-nos pelas ruas da amargura. A primeira felonia, escutas telefónicas, mas com aparência de outras intrigas palacianas.

A seguir, a ameaça do fecho do jornal «Sol» por revelar esta temática das escutas e outras ervas sobre o Primeiro-Ministro que nos governa, ou que pretende  governar-nos. Mas não parou aí quem  pretende ser um excelente Engenheiro, tanto, que em honra do socialismo que penso e executo e do meu Senhor Pai, apoiei a quem tem um aparente dom de mando e votei por ele.

Revelo assim o segredo da urna de voto, porque me sinto ameaçado. A minha liberdade de expressão acabou com o mandato do fechar o Semanário «Sol» [Read more…]

Pensamentos V e VI

V

Faltam dois dias para depois de amanhã.

Se leres isto dentro de dois dias, faltarão ainda dois dias.


VI

Pensa duas vezes antes de pensar.

Pensar, sem pensar antes, pode revelar-se perigoso.

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Conheça o primeiro Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

Presente e futuro da advocacia: uma questão de República (5)

Continuando o que já escrevi aqui.

O Direito aprende-se na Faculdade, não é na Ordem dos Advogados (OA). Nesta deve-se aprender teoria e prática forense, a par de deontologia e ética profissionais.

Não podem, pois, os candidatos à Advocacia, continuarem a ter um modelo de estágio afastado da realidade forense, que só os prejudica, bem como prejudica quantos, no presente e no futuro próximo, se irão socorrer dos seus préstimos.

Nem é aceitável que a formação profissional do estagiário seja paga. Ela deverá ser gratuita, na melhor tradição da OA.

Hoje, os estagiários não podem exercer em sede de Apoio Judiciário, pois que é entendido pela actual Direcção da OA que o Apoio Judiciário não deve transformar-se em instrumento de financiamento dos estagiários. Nem estes, uma vez que não estão definitivamente dados como aptos para o exercício da profissão – que só acontece com o exame final de agregação com que se conclui o estágio -, deverão exercer o Patrocínio forense, pois que lhes falta a devida preparação para representar e intervir em juízo em nome de terceiros.

Concordo com o entendimento. Mas falta fazer com que à falta de meios financeiros, se assegure a subsistência dos estagiários durante o tirocínio. Até mesmo para que o elemento económico não seja um crivo de selecção, por tão injusto que é. E para tal, não é necessário que a OA assuma o encargo de remunerar o estágio. É necessário, sim, que se chame o Estado às suas responsabilidades – as mesmas que, como já disse aqui e aqui -, [Read more…]

Covilhã: A Minha Gazeta

Ainda sobra alguém de esquerda no PS? sobra, pelo menos na Covilhã. Sou suspeito para falar do João Correia, que além de ter sido meu companheiro em várias aventuras é um velho amigo, mas afirmo que na sua Gazeta mantém a sua coerência e lucidez, porque é verdade, e quem diz a verdade não merece castigo.

Um blogue nem sempre tão local como isso, mas o João do seu cantinho não pode deixar de olhar para o mundo. E faz muito bem.

Bufos (I)

Bufo-real (Bubo bubo)

Depois do polvo, hoje é dia do bufo.

A maior das rapinas nocturnas portuguesas, o bufo-real é uma das espécies mais cobiçadas pelos observadores de aves, mas nem sempre é fácil de encontrar.

Enorme, com os seus 60 cm de tamanho o bufo-real é inconfundível.

Possui dois penachos sobre a cabeça, que fazem lembrar duas “orelhas”. Os olhos, muito grandes, são cor-de-laranja.

O seu canto “Uhu” pode ser ouvido a vários quilómetros de distância.

Tal como a maioria das outras rapinas nocturnas, o bufo-real raramente aparece de dia, o que torna a sua observação bastante difícil e pode dar a ideia de se tratar de uma espécie muito rara. Contudo, esta espécie não é especialmente rara e pode mesmo ser encontrada com regularidade em certas zonas no interior. No entanto, devido aos seus hábitos nocturnos é mais facilmente ouvida que vista. A sua actividade vocal é mais intensa nos meses de Inverno (particularmente de Novembro a Fevereiro).

Aves de Portugal

O Carnaval é sempre que um político quiser

Por mero acaso, o Entrudo coincidiu com mais um festival carnavalesco concebido e protagonizado por notórios elementos da nossa classe política.

Há gente formada em Direito que, obrigatoriamente, sabe que não se elegem Primeiros-Ministros, mas sim deputados para o Parlamento de cuja representatividade partidária votada em maioria sai a formação do Governo. É esta a concepção da nossa Constituição. A mesma que é sempre tão enaltecida a par das conquistas de Abril e do cravo na lapela, mas que depois, tal como a Bíblia, é “interpretada” conforme as conveniências.

O desafio da moção de censura lançado por destacados militantes do PS, além de espelhar desespero de causa patético, configura um insulto à inteligência. Não é o Governo que está sob suspeita, mas sim o seu Chefe que, repito, pode ser perfeitamente substituído nos termos da nossa Constituição.

Tal não acontece porque se vive numa hipócrita fantasia de Carnaval, em que Chefes de Partidos e Chefes de Governo são a mesma pessoa, e se quer convencer que tal não afecta o regular funcionamento do Parlamento. Evidentemente que afecta, pois que cumpre ao Parlamento vigiar e sindicar o Governo, e logo o Chefe de Partido maioritário é o Chefe do Executivo. Além de que, numa situação como a que se vive agora, esta perversão só serve os interesses da dramatização: se cai o Chefe de Governo cai o Chefe de Partido e é o caos! Santíssima Trindade!

Mas o PSD não podia ficar atrás. Mais concretamente, Paulo Rangel, que insiste na ideia que a sua candidatura é sustentada na ruptura. Mas em ruptura com quem? Com a actual Direcção do PSD que apoiou e enalteceu? Ou com a ruptura da unidade do PSD?

Este burlesco momento político que se vive é bem revelador das fragilidades e incongruências da nossa intelectualidade política.

Isto é puro Carnaval: máscaras e fantasias. Mas falta-lhe a graça do samba, pois que por cá o que temos é triste fado.

O rebanho, a família PS, o pregador no deserto e o carnaval

O PS parece preferir a fuga para a frente quando se sente acossado. O ataque é a melhor defesa, postulam os socialistas, esperando encontrar Cavaco encostado ao seu reduto defensivo. Talvez seja esta a forma de desviar as atenções relativamente aos recentes escândalos envolvendo o governo e meios de comunicação social e aos reais problemas do país, como é o caso do desemprego, que atinge, pela primeira vez, os 10%.

Os acionistas da PT, por sua vez, esperam que Granadeiro e Zeinal Bava se expliquem sobre o caso da “alegada” compra da TVI. Para que as atenções não se desviem do caso, contribuem também os trabalhadores da PT, dispostos a tirar a limpo as revelações do Sol sobre o envolvimento da empresa nos planos de controle dos media por parte do governo. Sempre alerta para tirar partido dos momentos de crise está Joe Berardo, nem que seja para ir lançar pequenas provocações e minar o terreno, enquanto no deserto vai pregando Mário Lino, de quem ninguém parece sentir saudades. Mais dia, menos dia, é vê-lo num destes lugares.

O Carnaval ameaça durar 365 dias por ano. Aproveite e faça furor.

Israel – a recorrência da Shoah no discurso político – (Memória descritiva)

Circulam pela net, e em e-mails, fotografias de uma manifestação realizada em Londres pela comunidade muçulmana (ao que parece, recentemente, mas não consegui obter a data). Vêem-se manifestantes exibindo cartazes onde se diz entre outras coisas: «Matai aqueles que insultam o Islão», «Europa: Pagarás, a tua demolição está em marcha»; «O Islão dominará o mundo»; «Europa, pagarás. O teu 11 de Setembro vem a caminho»; «Prepara-te para o verdadeiro holocausto». Segundo se diz também nessas mensagens, tratava-se de uma manifestação pacífica.

Habituei-me a acolher com cepticismo e cuidado estas informações que, muitas vezes mais não são do que desinformações. Lá estão as fotografias, com os cartazes escritos em inglês, mas todos sabemos como é fácil manipular fotografias. Verdade ou mentira, não há dúvida que entre os muçulmanos passa uma corrente de intolerância e ódio que nada contribui para que, quem não compartilha a sua crença, possa ao menos ser solidário com a sua legítima revolta.

Existem, mas são poucas, as vozes que nos defendam a causa palestiniana, por exemplo, com serenidade e isenção. Compreendo que seja difícil ser isento quando estamos a ser chacinados, vemos as nossas casas bombardeadas, as nossas crianças assassinadas, a nossa terra ocupada. É difícil, mas aos muçulmanos pede-se esse supremo acto de heroísmo.

Do lado judaico existem , sempre existiram, essas vozes. Bem sei, que os judeus, embora em permanente perigo de extermínio à mínima distracção, estão numa situação diferente. Mas não se julgue que a posição dos israelitas é fácil.

Como disse num texto anterior, entendo que a criação do Estado de Israel foi um erro da diplomacia britânica. No entanto, hoje a nação judaica é um facto consumado. Milhões de pessoas a povoam. A sua destruição, como propugnam os fundamentalistas islâmicos, seria um crime.

O crime que foi o dar o território dos palestinianos aos judeus, não se apaga com o crime de exterminar os israelitas. Não se deve desistir da utopia de um estado em que judeus, muçulmanos, cristãos, ateus, convivam pacificamente. É uma utopia própria de quem vê o problema do exterior e que não agrada nem a judeus nem a palestinianos. Mas é a única solução digna de seres humanos.

Vem tudo isto propósito de duas das tais vozes vindas do lado hebraico, de dois livros, um que a professora israelita Idith Zertal (1944), professora de História e Filosofia Política na Universidade de Basileia, nascida antes da fundação do Estado num kibutz de Ein Shemer, ficou entusiasmada por finalmente ver traduzido em hebraico – a obra de Hannah Arendt (1906-1975) «Origens do Totalitarismo» – que li precisamente na sua edição espanhola, outro, um ensaio da própria professora Idith Zertal – «A Nação e a Morte», cuja edição em castelhano foi há dias apresentada e do qual tomei conhecimento por textos que li no El País. Falemos primeiro de Hannah Arendt.

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A Universidade abre-se às empresas

As Universidades de Évora e Aveiro criaram as chamadas ” cátedras patrocinadas” em que uma empresa apoia financeiramente, com “know How” e o saber da experiência de quem está no mercado, a investigação de universitários e de investigadores com provas dadas em assuntos com grande potencial económico.

É o caso das energias renováveis e da biodiversidade já com parcerias a funcionar. Agora vão avançar outras Universidades como a da Madeira, do Porto e da Católica com matérias segundo o interesse das empresas, centradas num investigador com trabalho importante e reconhecido que poderá ser estrangeiro e que com os meios assim obtidos, poderá rodear-se de equipamentos e pessoas altamente prestigiadas.

As empresas ganham notoriedade por estarem envolvidas em investigação credível que poderá levar ao desenvolvimento de novos saberes e tecnologias e fazer o trabalho de transformar a investigação pura em produtos e serviços de mercado e, quanto à Universidade, adquire um músculo financeiro que só por si não  conseguirá alcançar.

Em Aveiro trabalha-se activamente nas tecnologias  das telecomunicações de onde já saíram ideias e produtos comercializados em todo o mundo.

No Alentejo, pela mão de Rui Nabeiro já foi criada uma cátedra com o seu nome e já conseguiu chamar um dos nomes mais importantes em Ecologia e Ambiente (Miguel Bastos Júnior) para desenvolver investigação sobre três pilares: promoção da investigação em biodiversidade e alterações globais, formação avançada em ecologia e divulgação.

Felizmente que a Universidade fechada sobre si própria, como um “bunker” onde só entravam os considerados “pares” e de onde nada saía de novo, está a travar o passo e a dar lugar a uma Universidade aberta à sociedade civil, às necessidade emergentes e aos mercados em parceria com o mundo económico.

Só retirando do palco o peso desmesurado do estado e da administração pública é que o país poderá avançar na senda do desenvolvimento. Enquanto tal não acontecer, continuaremos a ter o lamaçal dos negócios ílicitos, dos administradores “criados” do poder político, da cumplicidade entre poder económico e poder político , e o país a empobrecer!

Miguel Abrantes: E afinal é mesmo um assessor do Governo

E afinal Miguel Abrantes é mesmo um assessor do Governo, segundo o artigo de hoje do «Correio da Manhã» que me chegou ao conhecimento via A Regra do Jogo.
Como refere Eduardo Dâmaso na sua investigação, «Assessores, chefes de gabinete, membros do Governo usaram o seu tempo, pago pelo erário público, instalações do Estado, meios informáticos públicos e informação privilegiada para fins de combate político. Como o CM demonstra nesta edição, o Governo alimentou blogues de campanha eleitoral daquela forma, mas também outros que antes e depois do tempo de eleições continuaram a ser a barriga de aluguer de argumentários e documentos pré-fabricados.»
E assim se percebe quem é afinal Miguel Abrantes e de que forma blogues como o Câmara Corporativa, o Simplex ou o Jugular foram criados ou alimentados numa determinada lógica e com um determinado objectivo. O polvo em todo o seu esplendor