Estes novos-ricos do petróleo têm atitudes que oscilam entre a discrição – quando o preço baixa – e a arrogante empáfia -, quando existe uma maior recolha de proventos. Se durante anos nos habituámos às variantes de humor de Putin, existe agora um novo ponto de interesse.
Lula da Silva herdou uma situação económica mais saneada e de facto, a presidência de Fernando Henrique Cardoso marcou a viragem há muito aguardada pela imensa maioria dos brasileiros. Lula prosseguiu a sua política de aproximação às camadas mais pobres e foi capaz de capitalizar a esperança de dezenas de milhões. A ele se deve o renascimento da esperança para uma mole imensa de desesperados pela miséria.
O gigante brasileiro hoje pode surgir de forma mais evidente na arena internacional, proporcionando também a oportunidade dos seus dirigentes, sobretudo Lula da Silva, de por vezes assumirem posições pouco consentâneas com o almejado estatuto de “futura grande potência”. Embora faça parte do grupo “BRIC”, o Brasil ainda está longe de ser uma Rússia ou China.
Relações controversas com alguns dos párias da comunidade internacional, mancham aquela desejada credibilidade que é apanágio de regimes estáveis e cumpridores dos requisitos impostos pela diplomacia internacional. A lista é conhecida, desde Chávez a Moralles, os irmãos Castro e Ahmadinedjad. Com profundos laços económicos estabelecidos há muito com o seu grande vizinho do norte – os EUA -, estranha-se esta insistência no fechar de olhos perante aquilo que todos reconhecem ser situações anacrónicas, onde o despotismo se mescla com o populismo revanchista. Internamente usando da retórica conveniente dos “direitos humanos”, Lula passeia-se como um igual nas capitais dos ditadores, num ostensivo silêncio perante abusos que inevitavelmente desacreditam o posicionamento do seu governo noutras latitudes bem mais decisivas, no hemisfério norte. Se a isto acrescentarmos os ímpetos rearmamentistas com o claro propósito de fazer figura – apesar das controversas compras efectuadas em França -, urge colocar a questão: quem quer Lula impressionar? Pretenderá apenas tomar posições para consumo interno, excitando uma opinião pública onde hoje já se denotam euforias de prometida grandeza, ou pelo contrário, terá Lula da Silva qualquer tipo de ilusões acerca do verdadeiro conhecimento que americanos e europeus têm acerca da realidade política e económica brasileira?
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