Após o terramoto do Haiti, este blogue preocupou-se em divulgar não só os cuidados a ter em tal caso, como a aprofundar o célebre Terramoto de 1755, bem como o histórico dos sismos em Portugal. Fez-se mesmo um cuidadoso caderno – onde, possivelmente este texto também vai parar -, dedicado ao tema.
Passado o terramoto do Haiti, o assunto esmoreceu, apesar do recente caso do Chile.
Ora, lendo aquele dossier, apercebo-me que ninguém tratou de abordar o enorme contributo que o Terramoto de 1755 e as suas consequências trouxeram para as expressões populares. Haverá, até, quem desconheça a origem de algumas frases que, no entanto, usa de modo rotineiro.
É o caso da expressão: “Resvés, Campo de Ourique”.
Ao que parece, esta expressão surgiu pelo facto do mar, após o sismo, ter invadido Lisboa e chegado às imediações do Campo de Ourique.
Mas há mais…
Durante o sismo, ouviu-se por toda a Lisboa um enorme estrondo: tinham os Conventos do Carmo e da Trindade. Terá daqui surgido a expressão “Cai o Carmo e a Trindade”.
“Fazer tijolo” terá resultado do facto de ter sido usada, para a reconstrução de Lisboa, argila proveniente de antigos cemitérios árabes, sendo por vezes encontradas ossadas.
As catástrofes são marcantes, e dificilmente as marcas não se fazem sentir na cultura dos povos.
Acima de tudo, serve este texto para lembrar que o que usamos com vulgaridade, tem muitas vezes origem em algo de único, e muitas vezes trágico.
Estas não sabia. Mas há “ir a nove” que é a velocidade máxima dos electricos da Carris. “Vai para o maneta” general Francês que roubava tudo o que via para alimentar o exército, “ir às malvas” largo no Porto “das Malvas” onde eram executados os condenados. “obras de Santa Engrácia” obras que duraram quase dois séculos naquele convento,…