País real(mente) inacreditável

Vivem com dificuldades numa grande cidade? Então experimentem viver no interior do País, num interior relativo, para não exagerar, por exemplo a caminho das praias do Algarve, em S. Bartolomeu de Messines, ali junto à serra, numa terra onde não há médicos de família para aqueles que foram para lá morar há poucos anos, onde o hospital público mais próximo fica a mais de 30 quilómetros, onde não há um centro de diagnóstico que aceite uma prescrição médica do SNS para fazer uma radiografia, onde a única estação de correios vai fechar, onde apenas um comboio e duas ou três camionetas ao dia que vos podem levar dali para um lugar mais civilizado param, onde não há uma escola secundária, nem um tribunal, nem uma loja do cidadão (para fazer o cartão de cidadão, por exemplo), nem uma repartição de finanças, nem uma sala de teatro onde uma companhia profissional possa apresentar-se com dignidade, nem um cinema, nem uma livraria (e não disse uma papelaria onde também se vendem uns poucos livros), nem uma biblioteca, onde nenhum supermercado tem produtos do dumping para vos vender a metade do preço da concorrência leal dos mercados onde há consumidores sobejos, onde o único supermercado com uma oferta diferenciada aceitável (embora sempre bastante mais caro que nas grandes cidades) fechou, depois de ter empregado e despedido trabalhadores ao ritmo dos imperativos dos ciclos económicos.

Comments

  1. O interior do país vai, não tarde, ser um absoluto deserto. Coisa que, diga-se, pouco parece importar aos políticos e população em geral. Sejam os do interior ou os do litoral.

  2. Messines foi vítima de uma gestão camária PSD que deixou as finanças na falência… e a presidente da câmara além de ter fugido ainda foi premiada com um gabinente nas águas do algarve. Não se aborreçam os mamões do PSD com a verdade que todos sabem… se fossem do PS faziam exactamente o mesmo… Aliás o ex presidente da câmara de são brás do PS estava à espera de ir para a Algar – tratamento do lixo depois de estar impedido de se candidatar por limite de mandatos… Macário correia, outro paspalhão do partido laranja anda a vaguear nas mesmas águas do algarve, ele que começou como deputado em 1985 ao lado de cavaco silva. Sempre na coisa pública, um talento dizem… que não sabe fazer nada.

    Uns e outros são os mamões da democracia, autênticos inúteis, falam de cór mas só sabem pedinchar gabinentes na administração pública. O empreendedorismo é para os desempregados.

  3. O que é que um país que abandona todo o interior do território está à espera?
    Portugal está velho – não nascem crianças suficientes para repor o equilíbrio demográfico; e está desarmado – não tem jovens em idade de combater.
    A política seguida pelos sucessivos governos impõe a emigração da nossa juventude pois aqui não há qualquer trabalho – nem do digno e bem pago, nem do outro, pago a tostões.
    Foi há 13 séculos, ano 700 e pico, que os mouros se atreveram a invadir a Península Ibérica. A coisa correu-lhes tão bem que só no século XV é que foram expulsos. E, ainda hoje, em Marrocos, há quem chore pelo regresso.
    Há quem diga que a História não se repete.
    Mas, ao ver tantos milhares de pessoas a arriscar a vida para chegar à Europa, via Lampeduza, acho que seria altura de rever as prioridades e tentar criar trabalho para fixar os portugueses em Portugal.

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