Pelo que li no artigo de ontem do Pedro Santos Guerreiro no Expresso, o “investimento” da PT na Whatever Espírito Santo (ou Espírito Santo Whatever, depende dos dias) não está a correr lá muito bem. Para além das perspectivas pessimistas dos gurus do mundo financeiro, e da expectativa de que o prazo para o reembolso do investimento não seja cumprido, existe a possibilidade de que as perdas provocadas pelo investimento possam comprometer os objectivos da empresa no processo de fusão com a Oi. Oi?
Após avaliação decorrente do processo de fusão com a Oi, os activos da PT foram estimados em qualquer coisa como 1900 milhões de euros, o que corresponderia a uma participação da PT na nova empresa de cerca de 37%. Ora como sabemos, a PT queimou recentemente cerca de 900 milhões de euros em “papel” – qual papel? – de uma Espírito Santo Whatever qualquer, quase metade do valor da avaliação. Por causa deste tiro voluntário nos dois pés, os tais 37% podem cair para algo entre 20% e 30%. Queima dinheiro, compromete a sua posição num negócio fundamental para as ambições da empresa e ainda vê as suas acções caírem perto de 20% em bolsa, uma das mais acentuadas quedas da história da PT.
Perante tudo isto, alguém por favor me explique isto porque eu aparentemente sou ignorante demais para perceber: quem são os idiotas que remuneram principescamente este tipo de incompetentes? É isto a gestão de topo em Portugal?
Desde já o meu muito obrigado.
P.S. O camarada Maduro envia cumprimentos.
Há uma coisa que se chama “Assembleia Geral”, que é composta pelos accionistas (donos da empresa) que tem direito de voto de acordo com o número de acções que detém (pode complicar um bocado, mas é isso). Essa assembleia nomeia o que chamam “Comissão de vencimentos” que, por sua vez define os salários. Em regra, é isto.
O que conta, neste caso, são os principais accionistas. O resto do capital está muito disperso. Se reparares são outras empresas. Isto é típico.
Fica evidente que é do interesse destes senhores (as administrações das empresas donas) aumentar os salários das administrações. Digamos que se cria um ecossistema de salários altos.
Todo o sistema fica subvertido: os pequenos accionistas (que até podem ter a maior parte do capital) ficam a perder, as administrações são escolhidas de acordo com critérios amiguistas, a competência sai da equação e, no fim, temos destas grandes performances.
obrigado pela explicação Hélder 🙂
essas comissões de vencimentos devem ter como critério preferencial a incompetência, assim já faz algum sentido que sejam tão bem remunerados…