Ser radical no dia 4 de Outubro

Isabel_Moreira

«É radical, no verdadeiro sentido da palavra. A nossa escolha é radical. Dia 4. Manter PSD e CDS no poder ou votar para os derrubar. A segunda hipótese chama-se PS. Qualquer voto no BE ou no PCP é um voto na direita. É no que a direita aposta. Na dispersão da esquerda. Dia 4 é um dia radical. Ou PSD e CDS ou PS. Os homens e as mulheres de todas as esquerdas têm o nosso destino colectivo nas mãos. Não o dividam. Dividir não é, dia 4, nem patriótico, nem de esquerda.»
Isabel Moreira

Ser radical a sério, radical-mesmo, será outra coisa, claro, embora a perspectiva de Isabel Moreira (fazendo tábua rasa do evidente eleitoralismo do enunciado) encontre sustentação na obstinação sectária do BE e do PCP em não alinhar numa solução governativa de compromisso. Bem como na trágica (trágica para o povo) incapacidade do PS para ser aquilo que anuncia que é: socialista. Nesse sentido, talvez apenas o Livre/Tempo de Avançar seja suficientemente radical para o híbrido PS, uma vez que à esquerda são os únicos que parecem estar disponíveis para a união. A História pós-25 de Abril pesa, bem sei, bem sei. Mais interessante (interessante para o país e para a Europa), e até mesmo radical, seria a convergência de uma esquerda pragmática, empenhada em agir sobre aquilo a que a direita chama, com propriedade (em todos os sentidos, também literais), a realidade.

Comments

  1. Ó, ó! Os homens e as mulheres de todas as esquerdas e de todos os esquerdos, mai-l@s tod@s cãezinh@s e bichan@s, caraças.
    Cumpts.

  2. Nightwish says:

    Tirando o facto de o PS estar do lado errado da luta de classes com coisas pequeninas como o TO e o TiSA. Coisa pouca.

  3. A história pós-25 de Abril é aquela em que o PS se juntou ao PPD, CDS e MIRN para incendiar centros de trabalho do PCP, com vítimas mortais a lamentar?

    • Sarah Adamopoulos says:

      A história que refere é apenas uma pequena parte, já que houve também o reverso da medalha, com a destruição das sedes dos partidos adversários do PCP.

      Sucedeu que a parte maior dessa história foi o longo e doido PREC, e o que representou em termos de caos social, com as consequências que se conhecem, também ao nível da cisão e radicalização das esquerdas – devido à acção do PCP e de Vasco Gonçalves que, depois das eleições para a Constituinte em 75 (as mais participadas de sempre, e em que o PCP não teve o apoio do povo para governar), chegou mesmo a dizer no famoso discurso de Almada que não iam perder pelas urnas aquilo que tinham ganho revolucionariamente (entenda-se militarmente, pela instrumentalização dos militares e dos civis constituídos em autoritárias brigadas de vigilância do país).

      Essas eleições foram ganhas pelo Partido Socialista, com mais 600 mil votos que o então PPD. Poderíamos também falar dos SUV e do excêntrico juramento de Bandeira no RALIS dias antes do 25 de Novembro, mas talvez não valha a pena.

      Leia a Natália Correia, o seu diário desses dias, e terá um retrato fiel do que foi o país durante a tentativa de instauração em Portugal de uma “ditadura do proletariado”. Mas sim, tudo começa aí, nesse tabu (para o PCP) que passou a ser o 25 de Novembro. É preciso olhar para tudo isso com um olhar limpo, distanciado como manda a historiografia, assumir os erros e as responsabilidades, sanar os ressentimentos por mais amargos e abrir espaço para um diálogo à esquerda sem macacos no sótão.

      • A Natália Correia foi aquela deputada do PPD na Constituinte, certo?

        • Nascimento says:

          Claro que foi. Mas, a senhora ,só leu o diário, o que é que se há-de fazer? Que chato que foi o PREC. Ocupou-se terras ( a esmagadora maioria) desocupadas, ao abandono total ,cujos donos andavam ( talvez) no Bairro Alto ,coçando os ditos!!
          E que gandas malucos pá! Até nacionalizaram a banca , cujos donos coitados , fugiam diariamente com o guito para Espanha afim de patrocinarem o ELP- MDLP..e isto para não falar dessa coisa horrenda dos AVENTUREIROS DOS GUEDELHUDOS ,como foi porem em letra de lei o direito ao sub. de Férias mais férias,e 14º mês! Salário minimo? Ops….
          Sim ,e que dizer, desses guedelhudos, que andavam com manias de ALFABETIZAR os Portugueses do interior? Ui, Horrível!!! Dizer que o PCP ocupou terras, revela não saber nadinha do que é o PCP e qual foi a sua politica ( real) nesses tempos…..e isso ,lamento ,mas não se aprende com um qualquer diário, por muito bem escrito que esteja.

          Ps. Curioso, o sangue que correu, de gente que se manifestava junto á PIDE, depois do Padre Max e uma companheira, depois mais tarde em Castro Verde ,dois camponeses ( Pai e Filho) assassinados pela GNR A MANDO DE ANTÓNIO BARRETO, assassinato de manifestante em em concentração da CGTP-IN na Av dos Aliados ( Porto) no tempo de Ângelo Correia,saneamentos, purgas etc …

  4. O mesmo texto poderia ter sido escrito, com poucas adaptações, para as legislativas de 2011, quando Sócrates e o PS lutavam pela conservação do poder e a convergência neste partido dos votos da esquerda também seria muito “patriótica”, ou, falando português de gente, daria um jeitão do caraças.

    «É radical, no verdadeiro sentido da palavra. A nossa escolha é radical. Dia 5. Manter o PS no poder ou votar para os derrubar. A segunda hipótese chama-se PSD. Qualquer voto no BE ou no PCP é um voto na direita. É no que a direita aposta. Na dispersão da esquerda. Dia 5 é um dia radical. Ou PSD e CDS ou PS. Os homens e as mulheres de todas as esquerdas têm o nosso destino colectivo nas mãos. Não o dividam. Dividir não é, dia 5, nem patriótico, nem de esquerda.»

  5. Ou então podemos imaginar um exercício um pouco mais ousado, apelar aos votos da esquerda em 2011 para derrubar de vez o governo socratino, o que só poderia ser feito pelo PSD. Fez-se com frequência, nomeadamente na blogosfera, que isto do voto útil é assim mesmo, só é útil para quem o recebe mas há sempre quem caia na esparrela.

    «É radical, no verdadeiro sentido da palavra. A nossa escolha é radical. Dia 5. Manter o PS no poder ou votar para os derrubar. A segunda hipótese chama-se PSD. Qualquer voto no BE ou no PCP é um voto em Sócrates. É no que o PS aposta. Na dispersão dos votos dos descontentes. Dia 5 é um dia radical. Ou PS e a bancarrota ou o fim do socratismo e um governo de homens sérios. Os homens e as mulheres de todas as esquerdas têm o nosso destino colectivo nas mãos. Não o dividam. Dividir não é, dia 5, nem patriótico, nem de esquerda.»

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