Leituras: Um guia para os perplexos

Excelente análise de Pedro Magalhães no seu Margens de Erro.

Olhares sobre as legislativas 2015: Factos notados

Sérgio de Almeida Correia

Quaisquer que sejam os resultados finais do apuramento que vier a ser feito no dia 4 de Outubro, há, todavia, dez factos que ficarão a assinalar estas eleições:

 

Primo: Nunca umas eleições foram tão marcadas pelo passado. Não pelo passado próximo, não pelos últimos quatro anos de governação da coligação PSD/CDS-PP, mas pela imagem que ficou do período entre 2005 e 2011. Essa foi a aposta dos incumbentes, esse foi o erro de quem deixou que a discussão sobre o futuro resvalasse para esse ponto.

Secundo: Nunca os emigrantes foram tão mal tratados pelo Governo. Gozados num pretenso programa de retorno à pátria, alvo da ofertas de folhetos promocionais de um licor por parte do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, nas portagens de Vilar Formoso – como se já não houvesse mortes suficientes na estrada para que um membro do governo se associasse à promoção de uma bebida alcoólica junto dos automobilistas emigrantes -, e cerceados nos seus direitos de voto no círculo de Fora da Europa pela incompetência da máquina do MAI, com boletins de voto a chegarem na data de já estarem a caminho de Lisboa, as contas dos emigrantes ficaram baralhadas com o alargamento da base eleitoral. A solução foi evitar que os emigrantes votassem a tempo e horas e desvalorizar o seu voto.

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Ser radical no dia 4 de Outubro

Isabel_Moreira

«É radical, no verdadeiro sentido da palavra. A nossa escolha é radical. Dia 4. Manter PSD e CDS no poder ou votar para os derrubar. A segunda hipótese chama-se PS. Qualquer voto no BE ou no PCP é um voto na direita. É no que a direita aposta. Na dispersão da esquerda. Dia 4 é um dia radical. Ou PSD e CDS ou PS. Os homens e as mulheres de todas as esquerdas têm o nosso destino colectivo nas mãos. Não o dividam. Dividir não é, dia 4, nem patriótico, nem de esquerda.»
Isabel Moreira

Ser radical a sério, radical-mesmo, será outra coisa, claro, embora a perspectiva de Isabel Moreira (fazendo tábua rasa do evidente eleitoralismo do enunciado) encontre sustentação na obstinação sectária do BE e do PCP em não alinhar numa solução governativa de compromisso. Bem como na trágica (trágica para o povo) incapacidade do PS para ser aquilo que anuncia que é: socialista. Nesse sentido, talvez apenas o Livre/Tempo de Avançar seja suficientemente radical para o híbrido PS, uma vez que à esquerda são os únicos que parecem estar disponíveis para a união. A História pós-25 de Abril pesa, bem sei, bem sei. Mais interessante (interessante para o país e para a Europa), e até mesmo radical, seria a convergência de uma esquerda pragmática, empenhada em agir sobre aquilo a que a direita chama, com propriedade (em todos os sentidos, também literais), a realidade.

Snowden no Twitter

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[slate.fr]

«O que acontece se numa eleição os votos brancos e/ou nulos forem superiores aos votos nas candidaturas?»

Nada.
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«Os votos em branco, bem como os votos nulos, não sendo votos validamente expressos, não têm influência no apuramento do número de votos obtidos por cada candidatura e na sua conversão em mandatos. Ainda que o número de votos em branco ou nulos seja maioritário, a eleição é válida e os mandatos apurados tendo em conta os votos validamente expressos nas candidaturas.»
Apenas os votos expressos são válidos.

Onde votar

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* O Cartão de Eleitor não é necessário para votar mas para saber onde votar é preciso saber o número de eleitor. Como fazer? Passando por aqui. Ou então por aqui. Ou ainda enviando um SMS (grátis) para o 3838 com a mensagem: RE <espaço> nº de Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão <espaço> Data de Nascimento com a seguinte sintaxe AnoMêsDia <AAAAMMDD>.

O voto electrónico

resolvia o problema de quem quer votar e está emigrado. Tanto “choque tecnológico” e ainda andamos nisto. Lamento quem nada faz para alterar isto. [Público]

Crise na Volkswagen: a catástrofe capitalista que se segue e o silêncio pré-eleitoral do regime

German Chancellor Angela Merkel sits in a Volkswagen eco-up! auto during a visit to the Volkswagen exhibition at the International Motor Show (IAA) in Frankfurt September 15, 2011. REUTERS/Alex Domanski

Aproxima-se da Europa um furação de intensidade 5 que, aparentemente, não causa grande preocupação aos nossos governantes, que substituíram temporariamente as suas funções pelas de ilusionista, podendo, até Sexta-feira, ser encontrados em mercados e feiras, PME’s, associações e ruas da sua cidade, protegidos por um cordão jota de abanadores de bandeiras. Se os virem tenham cuidado. Alguns podem revelar-se perigosos.

O escândalo Volkswagen (VW), que já fez com que a gigante alemã perdesse mais de 24 mil milhões de euros em bolsa, é a mais recente catástrofe do capitalismo sem freios que clama pelo fim de todas as formas de regulação, o tal que os ultraliberais no governo querem impor ao nosso país. A Reuters, essa agência noticiosa marxista-leninista, citou Carsten Brzeski, um outro radical de esquerda que exerce a função de economista-chefe do banco holandês ING, e o aviso não poderia ser mais claro: a crise na VW representa um risco superior ao da crise da dívida grega para a economia alemã. [Read more…]

Para registar no directório da aldrabice pré-eleitoral

[Défice abaixo dos 3%] “já não é uma promessa, é uma questão de honra“. Directamente da cartola de Pedro Passos Coelho.

Última hora: contas de 2012 foram aldrabadas

O governo deu indicações para esconder prejuízos do antigo BPN com o objectivo de não agravar as contas do défice de 2012.

É uma investigação da Antena 1. A empresa pública Parvalorem que ficou com os ativos tóxicos do banco ocultou uma parte das perdas registadas com o crédito mal parado a pedido da actual ministra das Finanças.

Enquanto Secretária do tesouro Maria Luís Albuquerque sabe que a Parvalorem ia ter perdas de 577 milhoes de euros em créditos em risco de incumprimento.
A atual ministra pede para mexer nas contas e exprimir as contas melhores possíveis.

Parvalorem faz uma operação contabilística e o impacto foi adiado para exercícios futuros.

Para responder positivamente a Parvalorem muda as contas auditadas

Uma fonte a que a Antena 1 teve acesso diz que: “foi uma martelada que demos nas contas as ordens vinham de cima, atuamos dentro da margem que tínhamos”. [Antena 1, Frederico Pinheiro, 29/9/2915]

Independentemente das intenções, e das boas está o inferno cheio, o governo teve uma intervenção directa para que as contas públicas não reflectissem a realidade.

Fica claro que é real a possibilidade do governo martelar as contas.

A questão que se coloca é em que outras contas públicas houve ordens de cima para as alterar ? Já sabemos das alterações quanto ao números do desemprego. E o que é que há quanto ao défice? E quanto à dívida pública? E quanto aos cofres cheios? E quanto às exportações? Se algo tão central no que foi a acção do governo houve martelanço, não há garantia de que o mesmo não tenha sido feito transversalmente em toda a governação.

Este caso indicia que, tal como nessa Grécia da qual somos diferentes, os problemas foram varridos para baixo do tapete.

Maria-Luís-Albuquerque-2

Eu não vi, mas parece que anda por aí

A uma boa pergunta, nem sempre se segue uma boa resposta. Ou antes, a resposta até pode ser a correcta, mas…

marcoantonio

Afinal o homem está por aqui, sempre na sombra, onde é eficaz e feliz.

Votem PaF, que é como quem diz Votem MACatrás.

Irresponsabilidade, falta de civismo e comportamentos perigosos na campanha do PàF

PaF 1

Para aqueles que não conhecem a via que surge na imagem em cima, trata-se da variante que circunda a cidade de Famalicão, uma via equiparada a auto-estrada onde se aplicam as regras previstas no código da estrada, que sobre a circulação nestas vias referem, podemos ler no site do IMTT:

PARAGEM EM AUTOESTRADA: A paragem em autoestrada é proibida por lei e sancionada com contraordenação muito grave, tal como previsto no artigo 146.º do C.E. Somente em cenários de congestionamento de tráfego ou por emergência, pode-se parar e apenas em situações imperativas devidamente justificadas.

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E depois dos anéis

O memorando previa 5 mil milhões de euros em receitas provenientes de privatizações, o governo cumpriu a sua promessa de ir além da Troika e quase duplicou o número. O que é que vamos vender quando a próxima crise chegar?