Neste momento, não deve sobrar um restaurante com lampreia no menu que ainda não tenha sido visitado por um canal de televisão português. Somam-se as extensas reportagens sobre o vento, a chuva, o frio e as ondas, com reportagens em directo, mesmo quando NADA se passa. O exemplos são muitos. Quem tenha paciência para quase duas horas de “notícias” poderá constatar que são espaços para diariamente encher chouriços, com baixo custo de produção. Valha-nos o Jornal 2, da RTP2, para equilibrar um pouco a pobreza informativa nacional.
De facto, tirando o telejornal da RTP2, o resto é:
Vira o disco e toca o mesmo!
Além do ridículo a que o pseudo-jornalismo chegou, a informação televisiva às vezes faz-me pensar que vivo num qualquer país que não Portugal. Ao almoço, em casa dos meus pais (eu não tenho televisão) vi reportagens sobre a Trampa – fala-se tanto na Trampa que começo a pensar que vivo nos Estados Unifos. Mas além da Trampa ainda passaram reportagens sobre a Hungria, Roménia, Espanha, China (só alguns que lembro).
Eu tenho andado a corresponder-me com uma blogger brasileira, que ficou impressionada com o meu conhecimento sobre o Brasil, ao passo que ela nada sabe sobre Portugal. Disse-lhe que acompanhamos de perto a contestação aos Jogos, ao Mundial de futebol, o processo de destituição da Dilma e do golpe do Temer, dos casos de corrupção do PT e do Mensalão, os recentes problemas nas cadeias brasileiras, etc etc. Mas disse-lhe que não sou excessivamente informado, que isto era o que qualquer português mal informado lhe diria! O problema é que nós por cá sabemos tudo sobre todos os outros países do mundo, se calhar sabemos é muito pouquechinho sobre o nosso próprio país.
Se calhar é mais fácil reproduzir reportagens estrangeiras, mostrar notícias do Facebook e Youtube, do que pagar a jornalistas para fazerem reportagens no nosso país real…
Reportagens independentes, feitas por jornalistas independentes, em Portugal, encontram-se em acelerada via de extinção. E quem fala de reportagens, fala de notícias e de todas as subespécies com que a comunicação social nos presenteia.
Estamos verdadeiramente no 3º mundo informativo…
Nem mais…..