Mas que raio de números são estes?

Perante os resultados ontem conhecidos do crescimento económico, revelados pelo INE, várias são as análises que podem ser feitas. Deixo-as para os economistas. A mim interessa-me mais olhar para este crescimento de 2,8%, que se saúda, e tentar interpretá-lo à luz do culto apocalíptico que surgiu no final de 2015, que anunciava o fogo do Inferno e a danação eterna. O tal conto para crianças que nos foram contando, até o ridículo se tornar insustentável, que garantia que nada de bom poderia vir de um acordo de incidência parlamentar entre o PS e os hereges de esquerda. O desemprego subia em flecha, o investimento estrangeiro a fugia a sete pés, não fosse o imposto sobre o património apanhá-lo, o défice descontrolado como nunca, profetizava a matemática infalível de Maria Luís Albuquerque, e as sanções, meu Deus, as sanções, tantas e tão tenebrosas, mas que nunca deram o ar da sua graça. As sanções e o Dr. Belzebu, que continua em parte incerta, possivelmente alojado num hotel da Baixa do Porto, a aproveitar o que o melhor destino europeu de 2017 tem para oferecer. 

Chegados ao dia de hoje, os sobreviventes do dilúvio bíblico podem contemplar o milagre do crescimento económico de 2,8%, no primeiro trimestre do 2017. Um milagre que contraria a lógica, como é apanágio dos milagres, e que contraria também a irrepreensível aritmética da Dra. Maria Luís, que em Agosto de 2016 nos garantia, como só os números podem garantir, que era “indesmentível” que as políticas do governo estavam a “conduzir a economia à estagnação. Estranhamente, ou não estivéssemos nós sob um regime destrutivo e sanguinário, de natureza estalinista-madurista-kim, o crescimento económico, que à data já se encontrava em trajectória ascendente, não mais parou de subir. Coisas do demo, eze eze.

Mas que raio de números são estes, que ousam contrariar as sagradas escrituras da Igreja do Neoliberalismo da Catástrofe dos Últimos Dias? Era expectável que tivessem passado pelo lápis azul (vermelho?) do Glavlit, mas vieram directamente do INE, que como se sabe é um antro de esquerdalhada. Most of the times. Ainda assim, PSD e CDS-PP perfilam-se para assumir a paternidade destes resultados. Ao que tudo indica, terão sido as reformas, aquelas que estes partidos afirmam diariamente terem sido revertidas, as responsáveis pelo sucesso injustamente atribuído à Geringonça.

Maria Luís prosseguia: “O que nos preocupa mais são as consequências negativas de continuar a seguir uma estratégia que está comprovadamente errada“. Portanto, em Agosto, a estratégia estava “comprovadamente errada“. Presume-se que, no que à mesma tocava, tudo o que era dedo ou reforma do anterior governo havia sido suprimida, ou não estivesse a estratégia “comprovadamente errada“. E qual era a solução? Ora, a solução, segundo a anterior ministra, passava pela criação de emprego sustentado, o que pelos vistos está mais ou menos a acontecer, e crescimento económico, que no trimestre passado atingiu máximos de 10 anos. Se esta estratégia está errada, com a estratégia certa transformamos isto numa Noruega e nem precisamos do petróleo. Desde que não seja a Dra. Maria Luís a fazer as contas, tem tudo para correr bem.

Foto: Miguel Baltazar@Jornal de Negócios

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Ainda hei-de ouvir a direita dizer, que a Geringonça corrompeu o Eurogrupo, fez favores ao Sr. Schauble, é afilhada do Mário Draghi, e anda de braço dado com a Sr.a Merkel, entre mais algumas alucinações prováveis.
    Todos os argumentos servem, até a canonização dos dois videntes de Fátima, para justificarem, mais o insucesso da sua retórica, do que este presumivel alívio na nossa contabilidade nacional, caso o crescimento se mantenha acima dos 2,0%, no final deste ano.
    O que eles ainda não perceberam, nem nunca perceberão, é que depois daqueles argumentos falaciosos, por vezes até sádicos, com que nos brindaram durante quatro anos e meio de austeridade recessiva, com cortes nos rendimentos e desregulação da legislação e das obrigações patronais, ninguém quer ouvir falar mais em troika, PàF, PSD e CDS, nos próximos anos de Governo.
    Esse é o seu drama. Pressentem que o seu discurso, e os seus argumentos moralistas e regeneradores da sociedade Tuga, caíram por terra. E que mesmo tendo de voltar a apertar o cinto, já ninguém confia nas suas palavras.
    Mal por mal, estes parecem ser mais confiáveis.

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Mas que raio é feito da Drª Teodora, a “Miss Caracolinhos Sedosos” dos tempos da Faculdade, que tanta profecia e maus olhados lançou sobre a Economia e Finanças Portuguesas?
    Tenho saudades de ouvir aquela voz, um misto de caquético e trémulo, tal como as suas previsões “doutorais” sobre o futuro.

    Não quererá a Drª Teodora fazer um duo com a Drª Maria Luís e concorrer ao Festival da Canção da Eurovisão com a música “Tanta letra, tanto falhanço, tanta asneira”, magnificamente conduzida pelo anãozinho Marques Mendes que, sendo tão pequenino, não ofusca a figura das cantoras?

  3. JgMenos says:

    2015 – 2º semestre – eleições significava dúvida e a matilha esquerdalha era suposto que vencesse…economia a abrandar. Adivinha-se a geringonça – pior ainda.
    2016 – 1º semestre – o orçamento da geringonça era suposto ser cumprido e as reversões aceleradas – um semestre de merda.
    2016 – 2º semestre – afinal o orçamento não é para cumprir e a comunada começa a ser contida – melhorias sensíveis.
    2017 – 1º semestre – pelas greves anunciadas o preço da geringonça parece estar pago – excelente notícia
    . O mundo cresce. Os fundos europeus fluem, O turismo e as exportações a bombar. Tudo grandes iniciativas da geringonça.
    Reformas? Mais umas abébias para a clientela…

    • Ernesto says:

      Oh olharapo jgmenosjosépintodacruz, pega lá um osso:
      https://www.publico.pt/2017/05/16/economia/noticia/aceleracao-portuguesa-em-simultaneo-com-abrandamento-nas-potencias-europeias-1772319
      Agora rói isso e depois bolsa bílis, como fazes habitualmente.

    • José Fontes says:

      Olharapo Menos:
      Está confirmado, o Alka-Seltzer esgotou-se nas farmácias.
      Vê se te controlas até à próxima remessa de importação.

    • José Peralta says:

      Hoje, sinto-me “Camões” :

      Ao jgmenos

      Tanta raiva para tão ruim figura
      No mundo quis o tempo que te achasses
      E dos tratos humanos esquecido
      Julga-te a gente toda por perdido !
      Cousa te deixar ver não desejasses
      A Gerinçonça fez-te a vida dura

      Se me pergunta alguém porque assim ando
      É porque, na verdade…estou fodido !

    • Ricardo Almeida says:

      O que seria de nós sem as rezas da D. Maria, aquela que costumava servir de poste para que a múmia não caisse do poleiro?
      Segundo a direita, a “Gerigonça” só tem atrapalhado pois aparentemente o governo PàF de 2011 era um governo automático. Dois anos depois de terem sido corridos do palácio e ainda surgem resultados dessa magnífica era de governação nacional. O que atrapalha isto é o Costa, o Jerónimo e as esganiçadas. O Pedro e o Paulo podiam ter lá ficado na mesma a rir e a fazer Sudokus enquanto a Assunção iam para a praia com os seus 17 filhos, assinando o que fosse preciso de cruz por SMS.
      O governo PàF é como o Tramadol, têm efeito retardado mas mesmo assim o que nos valeu foi as rezas da senhora. É bom saber que mesmo rodeada de bolor e mofo, ainda têm fé suficiente para salvar este país atulhado de hereges esquerdalhos…

    • Nascimento says:

      Abébias dás tu na horizontal…

    • anti pafioso. says:

      Fazia falta um palhaço, ? Está encontrado, um menos.

  4. Nascimento says:

    …uma vaca é sempre uma vaca.

  5. JgMenos says:

    Quando as bestas escouceiam, fico a saber que sentirão o aguilhão.

    • José Fontes says:

      Ó olharapo JgMenos:
      Que belo auto-retrato.
      É precisamente o que tu estás a fazer, pois não acrescentaste nada neste teu comentário.
      Foi só para «lavares a honra perdida».
      Se é que se pode falar de honra quando se trata de um troll como tu és.
      —————-
      Não queres fazer algo útil à sociedade?
      Herdei um pequeno pomar de família aqui em Alcobaça, preciso de trabalhadores (perdão, colaboradores, como agora se diz) para fazer a desinfecção.
      Mas só te posso oferecer ordenado mínimo e um barraco para dormires.
      Sim, porque a economia portuguesa tem fraca produtividade, pelo que não pode pagar ordenados decentes.
      Aceitas?

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