Síria, 15 anos após as armas de destruição maciça que ninguém conseguiu encontrar no Iraque

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Fotografia: Associated Press

Passaram 15 anos desde a invasão do Iraque e as armas de destruição maciça do regime de Saddam, cuja existência Bush, Blair, Aznar e Barroso juravam poder provar factualmente, continuam em parte incerta.

Esta noite, Trump, May e Macron bombardearam um Estado soberano, em violação da Carta das Nações Unidas, do seu Conselho de Segurança e das mais elementares normas do direito internacional que norteiam as relações internacionais entre estados civilizados, partindo do pressuposto de que o regime de Assad terá usado armas químicas contra a sua população, sem, contudo, apresentarem ao mundo as provas irrefutáveis que afirmam ter. Tal como aconteceu em 2003, quando o Iraque foi invadido. Com todas as consequências que isso teve, da escalada da violência ao sólo fértil onde germinou o Daesh.

Hoje seria o dia em que os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas entrariam em Douma, na Síria, para investigar o alegado ataque químico do regime. Porque não esperar mais uns dias antes de bombardear a Síria? Teriam Trump, May, Macron e restantes aliados e financiadores do sector militar e da construção receio que o alegado ataque não pudesse ser confirmado? Talvez. E isso seria um problema para os lucros de uns e para o financiamento das campanhas eleitorais de outros.

Porque será que isto acontece? Porque os EUA, Reino Unido e França estão preocupados com a segurança dos sírios inocentes que são vítimas do regime opressor de Al-Assad? Não deve ser. Se fosse por aí, não venderiam armas à Arábia Saudita. Acontece porque o Ocidente quer mostrar as garras à Federação Russa, principal aliado da Síria, apesar de não mexer uma palha para incomodar minimamente o dinheiro sujo que os oligarcas amigos de Putin fazem circular através dos bancos, sector imobiliário ou clubes de futebol europeus, apenas para dar alguns exemplos. E talvez aconteça, quem sabe, para condicionar a instalação de gasodutos que, em muitos casos, precisam de uma Síria alinhada e servil para chegar à Europa.

No meio de tudo isto, Putin aproveita para fazer o papel do moderado e o Daesh exulta, de Corão e Ak-47 na mão, perante o enfraquecimento do regime sírio, que, opressor ou não, tem causado danos profundos na organização terrorista. A factura, essa, será paga pelos suspeitos do costume. E depois ficamos muito admirados porque milhares de desgraçados decidem arriscar a vida num barco de borracha para fugir para a Europa que anda há décadas a bombardear e a financiar guerras no Médio Oriente.

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Comments

  1. Fonix says:

    Ingleses, americanos e franceses com o apoio do sionismo Israelita deram mais um passo na demonstração da sua arrogância e desprezo pelos direitos dos povos, da soberania de um país e do direito internacional.
    ” A decisão dos EUA de realizar ações militares contra a Síria na véspera do início da investigação da (OPAQ) sobre o suposto ataque químico na cidade síria de Douma prova que Washingtom quer “encobrir seus rastos”, disse o vice-chefe da Comissão de Assuntos Internacionais do Senado russo .
    “É chocante que o ataque aéreo conjunto conduzido por norte-americanos, britânicos e franceses na Síria seja feito na véspera do início da missão dos especialistas da OPAQ [organização para a Proibição de Armas Químicas ]. Isso significa que Washington compreende que os especialistas confirmarão que não teve lugar um ataque químico. Deste modo, destruindo algumas instalações os EUA vão declarar que nessas instalações foram utilizadas armas químicas, mas que devido ao ataque aéreo os especialistas não conseguiram encontrar nenhumas provas”,

  2. Onde é que nós já vimos isto?

  3. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Guterres e as Nações Unidas demonstraram a sua hipocrisia e utilidade nulas. Há um inquérito para apurar responsabilidades e a comunidade internacional que apoia este acto, bateu no fundo, no que toca à responsabilidade e idoneidade políticas.

    Guterres não passa de um simples palhaço que vira as costas ao problema como um dia, fez em Portugal. Até nisto, os elementos do Arco da Governação são iguais na irresponsabilidade.
    Temo pelo que se passará a seguir. Putin não é quem se pinta e seguramente, não se vai ficar.
    Mas o que está na base de tudo, é o ataque indiscriminado, quando deveria existir uma comissão de inquérito a mexer, tal como foi aniunciado.

    Uma palavra para a hipocrisia do nosso governo e presidente. Diz este que o ataque é compreensível, mas deveria ser investigado o uso das armas químicas. Estes hipócritas das selfies apanham-se rapidamente e duvido, com toda a honestidade da sua inteligência.
    A democracia ocidental está de rastos, desde o “chiffon” do Macron à lambe-cús da May e da mentira e hipocrisia do governo e presidente portugueses.
    Ponham os olhos na Itália.
    O mundo, felizmente ainda não é todo dos lambe cús.

    • Bento Caeiro says:

      GUTERRES, O VIDENTE
      “O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou, esta sexta-feira, para o retorno da Guerra-Fria e denunciou que a situação na Síria no presente representa o maior perigo para a paz mundial.”

      O estratega da treta, Guterres descobriu, não se sabe que por artes mágicas, que a guerra está fria. Julgo que se estivesse bem atento e olhasse para fora do edifício das ONU, verificaria que não está tão fria como lhe parece – a não ser que para ele só o inferno tenha a temperatura que ache suficientemente quente. Mas, se assim é, pode ficar descansado que o parolo do Trump, a sua serva May e o palerma do Macron acabaram de dar o primeiro passo e já acenderam as achas da fogueira, a fim de dar início ao espectáculo, atacando a Síria e provocando a Rússia.

  4. whale project says:

    Disse hoje o Sr. Ministro Santos Silva que Portugal compreende as razões que levaram a mais um ataque sob um pretexto que, na realidade, já todos vimos e que provavelmente, tal como o pretexto lançado há 15 anos, é falso. Disse um editor de internacional da TVI que o que era preciso era conseguir acabar com o regime sírio de uma vez por todas. Para o substituir por quem? por gente como a que, na Líbia, vende escravos em mercados dignos do Século VI? Porque é nesse Século que vivem todos quantos foram fazer a jihad para a Líbia. Na Líbia os russos assobiaram para o lado e, após seis meses de bombardeamentos indiscriminados, seis milhões de pessoas caíram nas garras dessas almas negras. Milhões de outros que por lá iam trabalhar e matar a fome são agora vendidos como escravos em mercados, mulheres são violadas e vendidas. É isto que queremos na Síria? Onde os rebeldes crucificam um desgraçado porque é cristão, e isso é indesmentível, foi filmado pelos próprios. A ideia era meter medo e resultou. Tal como resultaram as imagens de gente metida em jaulas e afundada lentamente numa piscina. Os de Goutha eram “moderados”. Estão a gozar com a minha cara? Não, estão a gozar com a cara de 20 milhões de pessoas que simplesmente não podem cair nas unhas de gente que vende mulheres como se fossem gado. Gente que decapita, gente que crucifica, gente que afoga. Saberá o Sr. editor de internacional da TVI quanto tempo leva a morrer quem é crucificado? Pode levar meia dúzia de horas, mas também pode levar três dias. Sim, um dos suplícios mais cruéis que já foram inventados.
    O Sr. Santos Silva diz que Portugal compreende as razões”. Não, meu bandalho, eu não compreendo nada disso. Eu tenho o ordenado congelado há 10 anos. Eu levanto-me todos os dias para trabalhar. Eu esforço-me todos os dias para pagar as minhas contas. Eu pago as minhas contas. Eu vivo com honra. Eu ando com a minha cara levantada nas ruas da minha terra. Eu não tenho nada a ver com um bando de ladrões, sem respeito pela vida humana, que querem controlar, leia-se roubar, recursos, seja na Líbia, seja na Síria, seja até na Rússia. Diga, o Governo de Portugal compreende. O Governo que, num país onde os hospitais têm condições cada vez mais miseráveis que legalizar a eutanásia compreende. O Governo que não quer alargar os cordões á bolsa para assegurar cuidados paliativos mas quer dar a possibilidade aos médicos de nos dar uma injecção como se faz aos cães compreende. Quem luta todos os dias para viver com honra não compreende. Eu não compreendo. Como disse há 15 anos “Não em meu nome”.

  5. Bento Caeiro says:

    DIREITO DE RESPOSTA À PROVOCAÇÃO
    Por vezes, pergunto-me porque acham certas pessoas e países que tudo lhes é lícito fazer, mas, da mesma forma, negam aos outros o direito que lhes assiste de procederem de igual modo e de responder. Obviamente que tais indivíduos e países procuram sempre arranjar justificação para o que fazem, mas depois de o fazerem, os outros, nós – pelas consequências – logo descobrem quais as reais motivações subjacentes ao que fizeram.
    Veja-se: Bush e companhia invadem o Iraque.
    Resultados: morte de Saddam, destruição de um país, milhares de mortos, perseguição aos cristãos e aos yazidis, fuga da sua população, agora meramente refugiados; os mesmos países incentivam e apoiam o que dizem Primavera Árabe – quando mais não é que Inferno na Arábia, a gosto dos sionistas de Israel, que também se entretiveram a boicotar os esforços da Rússia e do Irão para acalmar a situação na região.
    Resultados: destruição de países como a Líbia – com a morte de Kadafi – da Siria, conflitos no Egipto, perseguição aos cristãos, centenas de milhares de mortos e milhares de refugiados que a Europa se vê forçada a suportar e não sabe como resolver o problema. Mas, também, fundamental a criação da Al-Qaeda e do Daesh que, tal como Bin Laden, se devem ao Ocidente, mormente àquelas intervenções. .
    Contudo, quando alguns países – como a Rússia e o Irão – procuram resolver a situação criada pelos anteriores, estes, vendo a sua influência desaparecer, procuram boicotar o trabalho dos outros e o que fazem: Inglaterra começa por encenar o ataque com gás aos ex-espiões russos e, não satisfeita, leva a efeito o mesmo, agora na Síria. E, por fim, lá vão eles, novamente, a provocar mais desestabilização na região, bombardeando a Síria.
    Agora, na sequência da questão que comecei por pôr, eu diria: no lugar da Rússia e do Irão responderia, afundando de imediato vários navios dos agressores e com muita razão. Mas parece que Putin não é tão radical como eu seria. Mas que estão a pedi-las estão!

  6. Paulo Marques says:

    Entretanto, na Al-Jazeera, no documentário “Death by Design”, os americanos (e todos nós…) a deixarmos milhões a ser intoxicados por químicos terríveis para termos estas magníficas maravilhas tecnológicas com que falamos uns com uns outros.

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