O gigante do mercado de viagens de turismo, TUI, através do seu presidente Marek Andryszak, lançou um comunicado a informar quais as tendências nas actuais reservas do mercado alemão para a temporada de férias de verão deste ano.
Pela primeira vez, as ilhas gregas atingem o primeiro lugar como destino escolhido pelos alemães (principal mercado para o turismo da Europa). Aliás, Grécia e Turquia são quem mais sobe. Já Portugal e Espanha quem mais desce. No Top 15 das reservas já contratadas pelos alemães, o Algarve aparece num assustador 15º lugar e Espanha vê a eterna número 1 das escolhas dos alemães, Maiorca, descer para segundo lugar, ultrapassada pela grega Creta. Algo inimaginável nos anos anteriores à pandemia. E a Riviera turca à frente das Canárias. Aliás, nos cinco primeiros lugares, a Grécia coloca três destinos e a Turquia um – só a espanhola Maiorca , em segundo lugar, se intromete nesta guerra. Antes da pandemia, a guerra pelo top 5 era dividida entre as espanholas Canárias e Maiorca com a Turquia a tentar espreitar. Como chegou aqui a Grécia em tão curto espaço de tempo? Pelo preço? Não. Com campanhas de marketing? Não.
A Grécia está, desde o início da pandemia, a transmitir uma imagem de uma imunidade surpreendente ao vírus que assola todas as regiões do planeta. Nos noticiários internacionais raramente surge a Grécia com valores elevados de infectados com Covid-19 ou de caos no seu sistema de saúde. Obviamente, os principais concorrentes do destino turístico Grécia estão a desconfiar dos números, entre dentes surgem dúvidas quanto à veracidade dos mesmos, dos valores transmitidos pelo governo grego. Se é certo que a Grécia nunca foi conhecida pela fiabilidade dos seus números nem por ter um sistema de saúde de topo mundial, a verdade é que está a passar por toda esta tempestade por entre os pingos da chuva. Os seus principais adversários, no complexo mundo do turismo internacional, deveriam estar mais preocupados em descobrir o que de bem fez a Grécia do que resumir tudo à dúvida quanto aos números apresentados pelos seus responsáveis. Porque alguma coisa eles devem ter feito em condições e de diferente. O quê? Não sei. Mas os responsáveis pelos destinos ultrapassados, Espanha e Portugal, já deveriam estar no terreno a procurar entender o porquê e como. É que está um elefante na sala e chama-se Grécia.
Bom texto. Demonstrativo de como a economia está sempre em primeiro lugar, apesar da demagogia sobre os efeitos nefastos desta pandemia. Ela existe, deixa um rasto de destruição em vidas e vidas. Como refere o Carlos Araújo Alves, num belo texto hoje publicado, sob a forma de pensamento, para além das vidas que desaparecem, ficam as vidas que sobram, desprotegidas, debilitadas economicamente, cheias de amargura, de incertezas, até de fome. Mas a realidade é só uma. Nem todos a vivemos da mesma forma.
Convém no entanto descodificar parte da mensagem dada pelo Fernando Moreira de Sá.
A Grécia e a Turquia sempre foram um dos destinos preferidos dos alemães. Contrariamente a Portugal, por exemplo, mais ligado aos britânicos. É verdade que a Espanha também recebe milhões de turistas alemães, mas “nuestros hermanos” são a par da França e Itália, as maiores destinos turísticos europeus. Nós não podemos entrar nessa escala de comparação. Preocupa-me mais o Brexit, na nossa relação comercial com o Reino Unido, do que os números da pandemia.
Recordemos o célebre resgate à Grécia, no ano de 2010. Resgate esse que terá sido mais um resgate aos bancos alemães, enfiados até ao tutano em tudo o que é negócios com os gregos, incluindo no turismo. Tudo isso acontece, porque as relações entre gregos e alemães, sempre foram fortes a todos os níveis. Até na corrupção.
No caso Turco as coisas são diferentes e similares ao mesmo tempo. Uma das maiores comunidades migratórias na Alemanha, é a Turca. Aliás, a Alemanha, está recheada de Jugoslavos e Turcos. Com vantagem substancial para estes últimos. A Turquia a par da Grécia sal duas nações milenares, onde o islamismo e o cristinanismo se cruzam permanentemente. Com a vantagem de a Turquia ter sido até há bem pouco tempo, um país laico.
Mas quero continuar a acreditar que os alemães continuam a confiar mais nos números portugueses, tanto na economia, como nos da pandemia, apesar da enorme propaganda que o PS faz de cada vez que vacina um grupo prioritário.
Se baixarmos os nossos números para valores similares aos do final da primavera passada, e se o processo de vacinação continuar sem grandes atropelos, mesmo que de forma mais lenta, acho que voltaremos a ter milhões de turistas, nas ruas das nossas cidades e vilas.
Permita-me alguns números para explicar melhor o que escrevi:
Os alemães são a segunda nacionalidade nos turistas estrangeiros que visitam Portugal (os Britânicos são o primeiro). Com um pormenor interessante: enquanto os britânicos gastam em média €75/noite e ficam em média 9 dias, os alemães gastam €104 e ficam em média 10 noites – dados do Eurostat. Chamo a sua atenção para o caso do Algarve (a principal escolha dos alemães no que toca a Portugal e concorrendo directamente com os dois casos citados na crónica).
Já no caso de Espanha a coisa ainda é mais grave: os alemães representam a grande fatia do turismo das Baleares (lideram há muitos anos ao ponto de Maiorca, por exemplo, ser considerada mais alemã que espanhola) e se é verdade que no total global, ou seja, contando todos os destinos turísticos de Espanha, os britânicos sejam, a exemplo de Portugal, lideres e os alemães os segundos, já no que toca às ilhas (Baleares e Canárias) os alemães lideram – 1/3 dos alemães que fazem férias de verão fora do seu país vão para as Canárias (32,5% para ser mais exacto). Juntar esse dado ao das ilhas Baleares e melhor se entende o teor da crónica.
Por isso quando diz que a Grécia e a Turquia sempre foram os destinos preferidos dos turistas alemães, não é bem assim. Espanha lidera e se analisar os dados no tocante ao turismo de férias de verão, essa liderança era (já não vai ser, ao que tudo indica) destacada e a Grécia e a Turquia discutiam com o Algarve as sobras – o mercado português estava em crescimento na Alemanha desde 2017.
Boa noite, Fernando M. de Sá.
Não discuto os seus números, até porque tenho a certeza que os domina muito melhor do que eu.
É verdade que o número de turistas alemães têm crescido muito nos últimos anos, em Portugal, fruto de um forte investimento promocional, nas feiras de turismo, como a de Berlim, por exemplo, mas historicamente, os alemães sempre viajaram para a Grécia com muita incidência, talvez por ter muitas ilhas, tal como o têm feito para as ilhas espanholas.
O crescimento do turismo alemão em Portugal é muito recente. Isso é bom, mas comparativamente com os gregos estamos muito longe.
Os hoteleiros que agradeçam a situação actual aos governantes tótós que decidiram aliviar a circulação de pessoas ( e doença ) na semana de Natal / Reveillon. Gajos de vistas curtas. ( pudera, os partidos são enxames de gentalha lambe botas com capacidade de analise e decisão ao nivel dos mentecaptos. Mentecaptos mas yes men )
E ao sucesso das vistas curtas do sérvio, já agora.
Estranho saber a Grécia atrás de Portugal em alemães: é mais perto deles e é melhor. Não em tudo, mas em muitas coisas. A gestão do covidas, seja verdade ou não, é apenas mais uma.
Como o Naldinho, mal passe a histeria covideira também espero voltar a ver turistas aos magotes.
Talvez não tantos como antes; talvez isto tenha mudado alguns hábitos durante uns anos. Muita gente ficará com medo, outra sem dinheiro, outra sem tempo para viagens.
Mas Portugal continuará um destino quente e barato, Lisboa e Porto continuarão a encantar hipsters à procura do ‘autêntico’, o Algarve ainda será uma Espanha rasca mas baratucha.
Bom seria aliviar a especulação imobiliária, mas não se vê como. Muito chulo tuga está ansioso por continuar a mamar nas casas, nas rendas e no Airbnb. Sabe-lhes bem a mama.
Não é forçoso que a Grécia tenha feito algo melhor do que nós e a Espanha. A Grécia pode pura e simplesmente ter tido sorte. Pode, por exemplo, acontecer que os gregos tenham alguns genes mais prevalecentes que lhes conferem uma maior imunidade ao covid-19.
Acho profundamente errada esta ideia que os governantes difundiram, de que a epidemia se expande por nossa culpa e devido ao nosso comportamento (e dos nossos governos), e que portanto, se a epidemia se expande menos num país (Grécia, neste caso), isso é porque o povo ou os governantes desse país fizeram algo excecionalmente bem.