Carta Aberta ao jornalista Pedro Tadeu (DN)

O jornalista Pedro Tadeu escreveu ontem, no DN, um artigo sobre jornalismo. Sobre o que se passa no jornalismo actualmente. Citando:

“Desde que esse meu amigo me contou o que se passou com ele, sempre que vejo uma notícia sobre a covid-19 fico desconfiado: “Será mesmo assim ou isto foi uma encomenda?” E quando constato a grande quantidade de peças que estão dentro da área de interesses destes “recrutadores de jornalistas”, quando vejo que essas peças se repetem no foco e na mensagem, exageradamente, nos últimos meses, fico espantado com a minha ingenuidade estúpida: “Como é possível eu ter achado que isto era, apenas, um exercício editorial insensato e incompetente, mas genuíno?” A seguir vem o desgosto: “Como é que a minha profissão chegou a este ponto!?”

Aqui fica a minha carta aberta ao Pedro Tadeu:

Caro jornalista Pedro Tadeu, eu tenho um amigo, não sei se o mesmo, que já nos idos de noventa me contava existirem jornalistas no activo a fazer assessoria de comunicação para privados. Esse meu amigo deparou com altos quadros, dirigentes, de canais de televisão cujas mulheres (ou irmãs ou mesmo primas, a minha memoria já não me ajuda muito) trabalhavam ou eram donas de empresas de assessoria de comunicação e ele, pasme-se, avisava que se o “pedido” viesse por essa mão amiga, a coisa teria direito a telejornal e tudo, veja bem. Isto já em pleno novo milénio e, suponho, não deve ter mudado assim tanto. E advogados comentadores nos media que, simultaneamente, tratavam dos problemas pessoais dos seus entrevistadores? E o mesmo se diga no tocante a médicos? Já ele me falava na confusão entre o que era pessoal e o que era profissional. Nisso e nos políticos que conseguiam ser, simultaneamente, informadores do jornalista A ou B e articulistas no mesmo jornal ou comentadeiras na mesma televisão. Uma festa. Ou, usando as palavras desse meu amigo (será p mesmo?), um festim.

Caro Pedro Tadeu, pelo que percebi do seu amigo e juntando com o meu, desconfio que não se fique apenas pelo Covid, ao que parece já não se pode confiar em praticamente nada do que se vê nos noticiários tal a confusão entre o que são noticias e o que são apenas encomendas. É claro que aqueles 15 milhões não ajudam nada. Isso e a propriedade actual dos meios de comunicação. De qualquer forma, obrigado pelo seu artigo e que nunca nos faltem os amigos.

Com os melhores cumprimentos.

Comments

  1. Vila do Conde says:

    Lembram-se da perseguição feita ao site ” truques da imprensa pportuguesa” acham que foi por acaso

  2. Paulo Marques says:

    Alguns. Outros alguns, e muitos “contabilistas” que por aí andam, contentam-se em concordar porque como está dá-lhe importância e um bom salário.
    Mas já era assim noutros tempos e progredimos na mesma. A ver vamos.

  3. Manuel Barrosbel Cavalheiro says:

    Quem não sabe que os jornais,de verdadeiro,só trazem a data?

    • POIS! says:

      Pois é!

      Desde que me deixei de jornais e passei a frequentar as redes onde se sabem as verdades que tenho descoberto coisas que nunca tinha descoberto antes de ter sabido que se descobriam coisas que não se sabiam.

      Por exemplo, o terramoto que dizimou Almada, deixou o Cristo Rei em cacos e fez aparecer restos de tijoleira nas caldeiradas em Cacilhas, só foi conhecido pelas redes.

      Foi o Venturoso Enviado da Providência que denunciou o caso na rede Tuitler, aproveitando para responsabilizar pelo terramoto uma praga rogada por membros de um grupo étnico que não quis nomear por enquanto.

    • Paulo Marques says:

      Verdades, só no grupo da tasca que agora se ampliou e reúne no fakecoiso. Até há taxistas a fazer palestras.

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  1. […] A somar a isso temos a denúncia feita pelo jornalista Pedro Tadeu sobre a prática de “recrutamento de jornalistas” para a produção de peças “de alfaiate” noticioso a colocar nos tais […]