Jesus não foi o Salvador

Esperava-se o Messias, Aquele enviado de Deus que nos viria salvar. Poucos judeus acreditaram em Jesus, muitos continuaram e continuam à espera do Salvador, outros abraçariam mais tarde o profeta Maomé.
O que estava em causa? A imortalidade, claro, não do visível que se via a apodrecer, mas do invisível, a alma, noutro ou sem corpo, que o original ficava na terra-Mãe a cumprir o seu papel de adubar a terra para aos vindouros.
Jesus foi homem como nós, sem o prodígio de salvar a alma fosse de quem fosse, para além da morte terrena. Não tratou de salvar almas, nenhuma que haja relato ou notícia, mas curou de, pela Palavra, mostrar o caminho ético, moral, de uma vida de solidariedade comungada com todos sem qualquer exclusão.

Titian – Christ Carrying the Cross (cerca de 1560)

Para aqueles que sonhavam com uma unção que os salvasse permanentemente do pecado e lhes garantisse presença junto do Pai, Jesus deu a sua vida a apontar o caminho, o do arrependimento do homem pecador, arrependimento que não era consubstanciado na palavra, mas na conduta de não tornar a pecar.
Jesus apontou os maus caminhos e indignou-se com quem os percorria: do poder, da seita farisaica que ditava em nome de um deus, da exploração que enriquece poucos e pauperiza muitos, colocando-se sempre ao lado dos enjeitados.
Jesus morreu como homem e pela mão do homem e como homem duvidou perto do fim terreno, mas acabou a pedir ao Pai que perdoasse os que não sabiam o que faziam.
Jesus não foi o Salvador, mas foi quem pela Palavra nos indicou o caminho que cada um de nós deve percorrer nesta vida para alcançar a sua Salvação na imortalidade da alma.
Não sei se Jesus morreu por nós, mas creio que viveu por nós em nome do Pai.
Não creio no prodígio, mas abracei a Sua Palavra – o caminho que cada um escolhe trilhar na vida é que nos eleva o carácter ou não. Por outras palavras, sou mais atento à cruz que carregou até ao Calvário do que à sua cruxificação.

Comments

  1. Lucinha Pisarro says:

    Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
    JOÃO 3:16
    Jesus é o meu Salvador e Senhor da minha Vida
    Ninguém vem ao Pai a não ser por mim
    JOÃO 14:6
    É o único que ressuscitou dos mortos
    Todos os criados por homens pereceram e seus restos mortais foram corroídos pelo tempo.
    Eu tenho me preparado para morar no Céu por toda a eternidade

    • POIS! says:

      Pois a mim não me parece…

      Que seja o único. O Bolsonaro, por exemplo, tem ressuscitado bastante. Demais, até!

    • Paulo Marques says:

      Resta saber porque é que não lhe segue o exemplo e prefere odiar o mundo.

      • Faz algum sentido. Bolsonaro tem como nome do meio “Messias”.

  2. Lucinha Pisarro says:

    Ao contrário do infeliz comentário, Ele é O Salvador

    • Rui Naldinho says:

      Só cá faltavas tu para nos martirizares nesta Páscoa. Já não bastava a pandemia, ainda temos de levar com alguns néscios virtuais.
      Segundo creio, o teu Salvador chama-se Jair Bolsonaro, um profeta chegado à quatro anos ao topo da hierarquia política Brasileira, como Chefe de Estado, para arrastar consigo e toda a sua sabedoria divina, 300.000 cidadãos para a morte.
      O teu Deus não é nenhuma entidade divina mas a tua própria ignorância e estupidez, Lucinha
      Se o inferno existe, tu e muitos outros idiotas, terão de certeza direito a um solário em chamas.

    • POIS! says:

      Pois tem V. Exa. toneladas de resmas de razão.

      O Grande Santo Fábio Bolsonaro escreveu até, a propósito, um importante salmo:

      Jesus é meu Salvador,
      Já me deu graças demais.
      Bastaram cinco minutos,
      Choveram vinte mil reais.

      Quando viu que me corria,
      Muito mal minha vidinha,
      Logo Ele m’enviou,
      A luzente Rachadinha.

  3. Ana Moreno says:

    “(…) mas curou de, pela Palavra, mostrar o caminho ético, moral, de uma vida de solidariedade comungada com todos sem qualquer exclusão.” E isto é, em qualquer época, o que de mais admirável existe na essência humana. Mas que sorte isto não ter acontecido hoje: hoje, iriam dizer que lá estava o “politicamente correcto” a pregar …

    • Filipe Bastos says:

      Se me permite, Ana, creio que o politicamente correcto é algo um pouco diferente. Sobretudo nos últimos 20-30 anos.

      PC designa um policiamento permanente, que chega à censura, das atitudes e da linguagem para supostamente não ofender certos grupos. Tanto a esquerda como a direita a praticam, mas é hoje mais prevalente na esquerda.

      Jesus, na lenda que dele ficou, era até politicamente incorrecto: a sua mensagem ia não só contra o establishment como contra o pensamento geral da sua era. Por isso foi afastado. Hoje é a esquerda que quer definir esse pensamento único e obrigatório, e afastar quem o contraria.

      Daí, aliás, a emergência de fanfarrões como Trampa, Ventura ou Bolsonaro, que apenas por contrariarem esse pensamento único – por ousarem ser politicamente incorrectos – ganham de imediato atenção e votos. Muita da culpa disto está na obsessão PC e sobretudo identitária da esquerda.

      Em nada disto, claro, defendo Jesus ou o seu culto: é para mim uma fábula como outras, um conto para fiéis.

      • Ana Moreno says:

        Viva Filipe Bastos, eu não defendo absolutamente nada por ser politicamente correcto; mas só e apenas por ser a minha profunda convicção. E, no entanto, meia volta dizem-me isso do PC. Por isso, a meu ver trata-se de uma invenção, um spin, uma gaveta, onde se mete uma data de coisas para as descreditar de uma assentada. Ninguém sabe o que é o PC mas todos falam dele como se fosse algo com contornos e conteúdo perfeitamente identificado.

      • Filipe Bastos says:

        É verdade que o ‘politicamente correcto’ se tornou uma generalização usada pela direita; a esquerda faz parecido quando chama ‘extrema-direita’ a tudo mais umas botas.

        Ainda assim, ambos existem: há de facto extrema-direita e há de facto politicamente correcto. Este manifesta-se todos os dias, até muito mais que a extrema-direita.

        Um exemplo recente entre mil: um professor duma escola secundária inglesa mostrou, numa aula sobre religião, uma imagem de Maomé. Descubra por si o resultado de algo aparentemente tão normal e anódino.

  4. JgMenos says:

    ‘da exploração que enriquece poucos e pauperiza muitos’ – é esta a versão histórica do capitalismo e do progresso económico que todo o idiota sabe articular!

    Para uns, a ambição traz empenho e iniciativa, para outros traz igualdade, que sempre traduzem em saque.
    Da caridade dizem-se ofendidos.

    Pecado, caridade – sempre e só a responsabilidade individual é o essencial da Palavra.

    • Paulo Marques says:

      E sobre o inevitável deixar do “progresso económico” desde que lhes foram tiradas as rédeas nos anos 70, tem alguma coisa a dizer que não seja roubar o crédito, já que não deixaram roubar o material, do sucesso das economias intervencionistas asiáticas?

    • POIS! says:

      Pois tá bem!

      Cada um vê na “Palavra” o que lhe convém.

      V. Exa. torce mais um bocado, para ver se descansa a consciência salazaresca. Tudo normal.

  5. O pensamento do Carlos é muito pouco convincente por várias razões.
    1º, Ele disse:”Eu sou a Verdade, o Caminho e a Vida, e ninguém chegará ao Pai a não ser através de mim”.
    2º, é loucura pensar que um eventual carpinteiro analfabeto dos confins do deserto da Judeia pudesse do nada ter estabelecido a doutrina mais fundamental da história humana, a do Amor acima de tudo e de todos, do Amor total e absoluto, do Amor que é dádiva inteira sem esperar nada em troca.
    Dizer que isso é apenas humano é contrariar a essência egoísta do ser humano.
    Estarei enganado?

    • xico says:

      Onde se baseia para dizer que Jesus era analfabeto? De acordo com os Evangelhos (talvez a única fonte) ele lia os textos na sinagoga, como aliás era normal entre judeus. O seu pai era de famílias distintas. Sua mãe era prima de um sacerdote (Zacarias). Ser artífice não era, naquele tempo, nem agora, sinal de indigência. O casamento em que esteve presente com sua mãe foi, de acordo com os relatos, um evento distinto de gente distinta. Isto é, frequentava a melhor sociedade. A Judeia está longe de se situar nos confins. Província romana, na rota de caravanas, devia ser sítio com algum cosmopolitismo.

  6. Alfredo Correia says:

    Continuo sem perceber como pessoas esclarecidas, cultas continuam a acreditar em figuras míticas, atribuindo-lhes capacidades extraordinárias e status de deuses…

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading