João Cotrim de Figueiredo: E depois do Adeus

(João Cotrim de Figueiredo, Presidente da Iniciativa Liberal e deputado à Assembleia da República)

A revolução estava planeada. As tropas, de prevenção, aguardavam a senha para dar execução ao plano. Na verdade, duas senhas que tinham de chegar, simultânea e discretamente às várias unidades conjuradas. Em 1974, só através de uma rádio se poderia fazê-lo.

Foi assim que, às 22:55h do dia 24 de Abril de 1974, quem estava sintonizado na frequência da estação Emissores Associados de Lisboa pôde ouvir, sabendo-o ou não, a primeira senha do movimento militar que haveria de derrubar a ditadura no dia seguinte. Paulo de Carvalho cantava “E depois do Adeus” e Portugal nunca mais seria o mesmo.

Quis saber quem sou/

O que faço aqui/

Quem me abandonou/

De quem me esqueci

(Letra: José Niza. Música: José Calvário)

 

A canção devia ser, por esses dias, das mais ouvidas na rádio. Menos de um mês antes tinha representado Portugal no Festival da Eurovisão em Brighton. Ficou em último lugar, sem surpresa. Mas a sua popularidade entre portas continuava alta pelo que ninguém estranharia, nem mesmo a polícia política, ouvi-la na rádio. Era uma canção popular e sem conotações políticas. Foi escolhida como primeira senha da revolução exatamente por isso: para passar desapercebida a todos menos aos capitães de Abril. [Read more…]

Futebol é dos adeptos?

Sim, basta querer. Vamos ver qual é a próxima cambalhota dos socialistas para colar a Superliga Europeia ao capitalismo.

A Euroliga e a infalibilidade liberal

Os liberais defendem a livre concorrência como garantia da melhoria da qualidade seja do que for, de empresas a escolas, passando por hospitais e mercearias, porque o mundo é sempre simples se olharmos para ele com as lentes do dogma.

No mundo das empresas, e de acordo com o pessoal liberal, o sucesso é sempre resultado do mérito. Se alguém ganha mais, é porque fez por isso e, portanto, merece. Se uma empresa tem lucro, é porque os gestores foram competentes. Críticas à distribuição de dividendos por uma minoria ou reclamações por melhores salários são sempre desvalorizados pela onda liberal, em nome da meritocracia – quem não está melhor é porque não dá para mais e, desde que os mercados funcionem, quem estiver em lugares cimeiros estará sempre por merecimento.

Qual não é o meu espanto, quando vejo tanto liberal adepto do futebol a criticar a ideia da Euroliga (que nem sequer é nova), usando, de maneira inábil, o argumento de que tudo isto é contrário à meritocracia, essa alegada essência do capitalismo! Ora, há muitos anos que os clubes que defendem este projecto se transformaram em empresas cujas receitas são, em grande parte, geridas pela UEFA ou pela FIFA, centrais de negócios disfarçadas de confederações. Estes clubes, para usar a vulgata liberal, estão na posição em que estão graças ao mérito, foi esse mérito que lhes deu poder e projecção, tornando as suas marcas globais. [Read more…]

Os donos de Abril

25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais. Upssss:

#istoaindanãoéacoreiadonorte

Até no futebol: mais capitalismo, menos amiguismo!

Houve algo que sempre me fascinou no futebol. Mais do que grandes golos, belos passes, jogadas monumentais. É o sonho. O sonho daqueles que ambicionam sempre mais um bocado e, por vezes, conseguem feitos que nos fazem querer a todos sentir um pedaço daquele momento. Quem não vibrou minimamente com a chegada do Braga à final da Liga Europa? A ida do Paços de Ferreira à Champions? A ida do Leixões à Taça UEFA por ter chegado à final da Taça de Portugal? Com o Leicester Campeão? Com a chegada do Ajax às meias-finais da Champions? Com a passagem do Porto contra a Juventus?

 

O futebol tem destas coisas. O futebol dá-nos uma certeza: ganha quem marcar mais, quem conseguir melhores resultados. As dimensões dos campos são as mesmas, as balizas também e o campo é plano. [Read more…]

O FC SHeriff Tiraspol e a Superliga Europeia.

Quando na época passada O FC SHeriff Tiraspol da Moldávia defrontou o Cercle Sportif Fola Esch do Luxemburgo, provavelmente nenhum de nós terá naturalmente ligado muito. Nessa eliminatória, o campeão de um dos países mais pobres da Europa defrontou o vencedor do país mais rico. Mas naquele jogo quase insignificante não estiveram apenas dois clubes, mas sim símbolos de países, cidades e culturas. Um bocadinho da Europa esteve ali. Uma Europa que não pertence a esta Superliga.

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