O extremismo é isto, Dr. Rui Rio

Numa das várias vezes em que André Ventura entalou Rui Rio no lamaçal, durante o frente a frente na SIC, o líder do PSD não foi apenas incapaz de afirmar, de forma categórica, que o CH não entra nas contas do PSD, perdendo-se em ambiguidades e engasgando-se em “se’s” e “mas”. Dias depois, num outro debate, chegou mesmo a usar parte dos seus 12 minutos para defender a posição do líder da extrema-direita sobre a prisão perpétua.

Rui Rio foi igualmente incapaz de explicar aos espectadores em que medida o CH é extremista. Como não sei se foi por ignorância, cobardia ou tacticismo, aqui fica uma lista, com vários exemplos daquilo que é o extremismo do Chega, no improvável caso de se voltar a encontrar com Ventura para debater:

  • Defesa de um modelo de Estado autoritário
  • Defesa da monitorização das redes sociais (afirmou Ventura que “se o CH vencer as eleições (…) o Twitter deixará de ser a bandalheira que é”)
  • Instrumentalização da fé e do fundamentalismo religioso (“Deus confiou-me a difícil mas honrosa missão de transformar Portugal.”)
  • Chauvinismo
  • Homofobia/Transfobia
  • Misoginia
  • Racismo (Ventura foi recentemente condenado pelo Supremo por segregação racial)
  • Xenofobia
  • Islamofobia (num país onde a comunidade islâmica é residualíssima)
  • Defesa do confinamento étnico da comunidade cigana
  • Defesa o desmantelamento do SNS e da Escola Pública (claro como a água no programa de 2019)
  • Promoção do ódio contra minorias
  • Promoção do ódio e do estigma contra os mais pobres/beneficários de prestações sociais, tratando-os como parasitas
  • Utilização constante de notícias e informações falsas para criar divisão e alimentar o ódio entre as pessoas
  • Glorificação de extremistas como Bolsonaro, Abascal, Trump, Orbán
  • Federou, no seio do CH, vários movimentos ultranacionalistas, fascistas e neo-nazis, como o NOS, de onde vieram alguns dirigentes do CH
  • Narrativa do inimigo comum: o socialismo (como agregador de toda a esquerda) ou os beneficiários do RSI com Mercedes à porta
  • Defendeu, abertamente, o derrube do regime democrático
  • Defendeu que se cortassem mãos a ladrões, como nos regimes totalitários governados pela Sharia
  • Alguns dos seus militantes defendem monstruosidades como reintroduzir a pena de morte e remover os ovários a mulheres que abortam
  • Defendeu, no seu programa de 2019, a proibição do sindicalismo
  • Agita, permanentemente, o papão do securitarismo, num dos países mais seguros e menos violentos do mundo

Não sei como Rui Rio não conseguiu apanhar nenhuma destas. E outras que agora me estão a escapar. Diz quem viveu no Porto, durante o seu consulado, que não ficou surpreendido. Porque será?

Comments

  1. JgMenos says:

    Pois os agentes do corretês não são atendidos prontamente e com deferência por quem tem um trabalho a fazer?
    Inadmissíve!

  2. JgMenos says:

    «Racismo (Ventura foi recentemente condenado pelo Supremo por segregação racial)»

    VIGARISTA!

    O que o Supremo fez foi anular a parte da sentença de primeira estância que referia uma qualquer componente racista.

    Nem leio, nem ouço, nem quero saber do Chega.
    VOTO CHEGA só para contrariar os esquerdalhos de merda, pestilência maior do meu país!

    • POIS! says:

      Pois foi,

      O Supremo anulou a primeira estância. Porque não terminava como a terceira e estragava o efeito. Era suposto a rima ser cruzada.

      A malta do Supremo, nestas coisas da poesia, não perdoa!

      Quanto ao resto: ó Menos, não é preciso pedir desculpa! Que arrojo! Que coragem!

      Mas eu, se fosse a Vosselência, fazia ainda melhor: escrevia o comentário no voto e assinava por baixo!

      Havia de ver a cara dos esquerdeiros de serviço quando o abrissem! Caía que nem uma bomba! Aposto que desmaiavam!

    • POIS! says:

      Pois mas aconselho Vosselência,

      A informar-se melhor, ó Professor Doutor em Leis e Outras Merdas JgMenos, doravante “Simplesmente Menos”.

      Olhe que, segundo consta, o Supremo não anulou coisa nenhuma!

      Nem da primeira INSTÂNCIA, nem da Relação.

      Em primeiro lugar, porque o Supremo indeferiu o recurso por falta de requisitos processuais, não se pronunciando sobre a parte relativa ao tratamento discriminatório que tinha motivado as condenações em primeira e em segunda INSTÂNCIAS.

      Em segundo, porque até nem foi a primeira INSTÂNCIA que deu relevância ao tratamento discriminatório em função da cor da pele.

      Na realidade, foi a Relação. Cita-se:

      “Aceita-se a opção assumida pelo tribunal a quo na medida em que as imputadas, e reconhecidas, ofensas à honra e ao direito de imagem dos autores, por um lado, absorvem a vertente discriminatória em função da cor da pele e da situação socioeconómica dos autores e, por outro, tal autonomização não é essencial para efeitos de subsunção jurídica”

      Ou seja: reconhece a Relação que há uma ofensa discriminatória em função da cor da pele, mas a sua autonomização não é essencial (até que não se trata de matéria criminal, comentário meu) e tudo o resto é suficiente para justificar a condenação por ofensas aos direitos de personalidade dos queixosos, a partir do momento em que essas mesmas ofensas sejam reconhecidas. E foram!

      Que eu saiba, a sentença não está acessível, mas não tenho motivos para duvidar do que está aqui:

      https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/andre-ventura-foi-condenado-com-transito-em-julgado-por-racismo-como-disse-catarina-martins

      Se quer votar no Quarto Pastorinho vote. Como a União Nacional, por modéstia, não concorre, a opção de Vosselência está plenamente justificada!

      Deixe-se então Vosselência de choradinhos e de desculpinhas parvinhas! Vosselência é amplamente conhecido pelo Menos de Ginjeira!

      • POIS! says:

        Pois só mais uma coisinha…

        Vosselência, ó Menos, não estranha que o Venturoso Quarto Pastorinho Enviado nunca tenha divulgado os acórdãos por sua própria iniciativa?

        Nem depois das acusações de que foi alvo cara a cara?

        Para Vosselência não é estranho?

        Bem sei que a coisa exige mais que uma fotocópia, mas mesmo assim…

        • JgMenos says:

          Gasta o teu latim de esquerdalho como quiseres, mas nada no CHEGA invoca discriminação por causa da raça, o que inclui excluir o privilégio por tal motivo.

          Ao contráro da esquerdalhada que me querem por a pagar o que um qualquer branco tenha algum dia feito a um preto!
          Racistas de merda!

          • POIS! says:

            Pois estou a ver!

            Aliás estamos todos a ver!

            Que Vosselência está muito irritadinho e a meter desajeitadamente as patas da frente pelas de trás.

            Porquê? Porque tentou meter aqui uma patranha e houve quem se deu ao trabalho de o desmascarar!

            Pois é evidente que, no programa da Venturosa Agremiação não vem nada disso! Acha Vosselência que o Venturoso Quarto Pastorinho colocaria isso no programa?

            O gajo o que quer é pote e nunca iria colocar-se em posição de ser ilegalizado. Aquilo da “passagem á clandestinidade” é “bluff”!

            Um choninhas daquele calibre sabe lá o que é isso!..Havia de ser lindo, a movimentar-se ilegalmente com um pelotão de seguranças musculosos e engravatados à volta!

            Está Vosselência em estado completamente burro ou estará a tentar fazer dos outros burros?


  3. Sentença de primeira estância?
    Afinal Ventura foi condenado por um delito turístico. Já se estava a ver…

    • POIS! says:

      Pois foi!

      Disse mal de um “resort” da margem sul e lixou-se!

  4. Filipe Bastos says:

    Está visto que o Rio acha que se vai juntar ao pulha Ventura, né?

    Será o PSD + Chega pior que mais um governo PS? Talvez… é difícil dizer. É escolher entre merda e merda.

    Por aqui, está visto, preferem merda PS. São gostos.

    • POIS! says:

      Pronto.

      Por aí, está visto.

      Ficamos então assim.

      • Filipe Bastos says:

        Lamento ser desmancha-prazeres.

        A verdade é que são ambos trampa, e dizer “o Chega é mau!” não basta para tornar o Partido Sucateiro bom.

        Contentamo-nos com pouco, demasiado pouco, POIS. Até chamamos a esta trampa democracia.

        • Rui Naldinho says:

          Até hoje, ainda não percebi qual é a democracia que você quer.
          Você por vezes faz-me lembrar o André Ventura. Ainda que, presumo, esteja bastante longe dos desígnios dele.
          Quer uma “democracia” à Trump ou Bolsonaro?
          Acha mesmo que eles não são corruptos até á medula?
          Quer uma “democracia” à Coreia do Norte? Cubana? Vietnamita?
          Ou prefere uma democracia à União Indiana, onde a sociedade está estratificada? Ou à Húngara?
          Já sei, prefere uma democracia tipo Sueca, Norueguesa, talvez a Finlandesa.
          Já procurou conhecer os índices de escolaridade desses países? Taxas de suicídio? Já procurou saber se mantêm a sua antiga moeda, como a Suécia, a Noruega e a Dinamarca, um dos melhores contributos para controlar a corrupção e à evasão de capital, uma vez que implica a conversão de moeda.
          A partir do momento em que países pobres como Portugal, com fortes assimetrias regionais e sociais, podemos afirmar mais ou menos o mesmo para a nossa vizinha Espanha e a Grécia, passaram a dispor de uma moeda forte e transacionáveis em qualquer parte do mundo, mas acima de tudo na Europa, isto ficou em roda livre.
          A nossa democracia é o que é. Todos, incluindo você, contribuem com o seu voto para este cenário.

        • POIS! says:

          Concordo inteiramente com o Naldinho.

          Até porque o Bastos já ganhou as eleições! Por isso, tem especiais obrigações!

          Basta ver que ainda nem começaram e já tem dois milhões de votos garantidos! É canja! Já ganhou, e com maioria absoluta!

          A partir daqui vai ser só a subir!

          Foi pena é não ter feito uma campanha mais enérgica para o “pirete” no boletim de voto.

          O valor do voto seria o mesmo mas, em termos artísticos, seria muito mais criativo.

          E só de imaginar aquelas mamalhudas de grandes decotes com ar debochado a abrir os votos e a corar!

          È realmente uma pena que as contagens não sejam transmitidas em direto!

        • Filipe Bastos says:

          ainda não percebi qual é a democracia que você quer.

          Primeiro, importa entender que isto não é democracia; é partidocracia. V. não decide nada; só distribui tachos.

          Segundo, que seja qual for a minha solução, isto continua a ser inaceitável. Quer a minha seja melhor ou pior, isto não serve. O ‘mal menor’ chega para peúgas ou cervejas. Não devia chegar para gerir a sociedade.

          Logo, a prioridade deve ser encontrar a melhor solução, seja a minha ou outra. Repensar o sistema, os partidos, os governos. Não aceitar bovinamente isto.

          Dito isto, a minha solução. Uma democracia semidirecta, talvez bicameral, com eleitos e com especialistas de várias áreas. Votações locais, regionais e nacionais. Algumas por internet, outras presenciais. (Virá aí o Marques dizer que não é seguro. Querendo, arranja-se soluções.)

          Responsabilização efectiva dos eleitos, não a impunidade actual. Avaliação regular de objectivos e resultados – o fim das promessas ocas, sempre incumpridas. Fact-checking a sério, talvez estrangeiro, em vez da treta Polígrafo.

          E também políticos e especialistas estrangeiros. Do esgoto destes partidos aproveita-se pouco ou nada. Deve até ser factor de exclusão: é/foi do PS ou PSD? Rua.

          É normal que eu lhe lembre o Ventura: não leve a mal, v. parece um carneirinho do regime. Tudo fora da sua ‘zona de conforto’ é populismo, etc. Mas v. está mais próximo do pulha Ventura que eu. V. e ele querem uns poucos a mandar em todos. Eu quero uma democracia.

          • Rui Naldinho says:

            Não você parece mais um apologista da chamada Democracia orgânica.
            Quer um exemplo da democracia orgânica?
            O Franquismo.

          • POIS! says:

            Sim, bem lembrado, lembra um tanto a “democracia orgânica” franquista. Marcelo Caetano, aliás, ainda pensou numa coisa desse tipo quando começou a ver as coisas mal paradas.

            E também não anda muito longe do regime dos Sovietes…Até tem muito mais semelhanças do que diferenças, não há dúvida.

          • Filipe Bastos says:

            Não você parece mais um apologista da chamada Democracia orgânica.

            Não vejo como: só v. falou nela; eu nunca falei. Isso era outra farsa pseudo-democrática, ainda pior que esta, tal como a ‘democracia directa’ de Khadafi.

            Naldinho (e POIS), o franquismo, como o nome indica, era de Franco. Um ditador. O que digo é o oposto; tirar poder aos políticos. Democratizá-lo, como numa democracia, estão a ver?

            A haver uma etiqueta para o que proponho, então socialismo libertário será a mais aproximada. Mas para já basta poder participar em mais decisões e controlar mais esta classe pulhítica.

            Claro que não tenho esperança de convencer-vos: estão tão doutrinados pela partidocracia que são incapazes de ver além dela. Precisam de partidos e ‘líderes’; e como todos os democratas faz-de-conta, jamais admitem dar as decisões às pessoas.

          • POIS! says:

            Pois na prática, ó Bastos…

            Você não iria dar as decisões às pessoas.

            Iria, na prática, entregar as decisões aos tais “especialistas”.

            Ou seja aos membros do Partido Bastista.

            À Falange, à Vanguarda Impoluta dos Verdadeiros Cidadãos.

          • Filipe Bastos says:

            Falso, POIS: a última decisão deve ser das pessoas. Os especialistas são necessários, como deve concordar, mas não proponho uma tecnocracia.

            Como já falámos, também não tenho ilusões sobre a capacidade crítica da maioria das pessoas. Décadas de partidocracia, décadas de ditadura saloia e séculos de monarquia tornaram-nos crianças incapazes de pensar e decidir por si mesmas.

            Como mudar isto? Temos de crescer como cidadãos, temos de pensar sobre as coisas e assumir as nossas decisões em vez de as delegar todas. Sobretudo se as delegamos numa corja de chulos e trafulhas.

          • Paulo Marques says:

            Pois digo. Não se diz informático? Continua sem contrariar os limites físicos que apresentei mais que uma vez:
            https://people.csail.mit.edu/rivest/pubs/PSNR20.pdf

            Mas quem não percebe para que servem as duas cameras num regime democrático…

    • Paulo Marques says:

      Não é difícil. Nem digo para os outros, os “privilegiados”, digo-lhe para si, a menos que tenha um plano de milagres para não precisar do SNS ou pensões, ou preocupe-se com a educação dos filhos (que “pagarão” os primeiros com ela).
      E isso é só o que está lá, preto no branco.


  5. Eu como tripeiro sei quem é Rui Rio, não me esqueço do derrube das torres do Aleixo que nada mudaram, o tratamento musculado na escola da Pontinha, e tantas outras coisas… Quem acredita que mudou por ter mistrado o Zé Albino é um simples idiota.