Andam por aí umas quantas carpideiras, a rasgar as vestes da Mocidade Portuguesa que estavam no baú com as traças, porque a esquerda poderá não votar favoravelmente a eleição de um deputado eleito pelo CH para o cargo de vice-presidente da AR. Segundo estas pessoas, isto é pouco democrático. Democrático seria votar como as carpideiras pretendem. Percebe-se: são saudosistas de um tempo em que a União Nacional decidia como se votava e o votante não tinha voto na matéria. Faz sentido.
Ora, o indivíduo proposto pela Unipessoal do Ventura é nada menos que Diogo Pacheco de Amorim. Dos 12 deputados, o CH decidiu-se precisamente pelo mais extremista de todos, aquele que tem provas dadas. Pacheco de Amorim foi militante do MDLP, organização terrorista de extrema-direita que levou a cabo centenas de atentados em solo nacional, na década de 70, incluindo ataques bombistas que mataram vários inocentes. A escolha não é inocente. É uma provocação e um insulto a todos os que sofreram às mãos do Estado Novo e do MDLP.
É interessante notar que, caso o nome de Pacheco de Amorim não passe no crivo dos deputados, tal não será, como alguns garantem, enquanto carpem, uma estreia por terras lusas. Por mais do que uma vez isto aconteceu, sendo que a última vez, se não estou em erro, foi quando Fernando Nobre, proposto pelo PSD para liderar a AR em 2011, foi chumbado pelos parlamentares, duas vezes, até ser substituído por Assunção Esteves. E, se olharmos para o que se passa no Parlamento Europeu, onde, imaginem lá vocês, a direita é maioritária, verificamos que o cordão sanitário se tem mantido intacto, no que a permitir o acesso da extrema-direita a lugares de direcção na assembleia dos 27. Nunca, em momento algum, conseguiu a extrema-direita eleger um presidente ou vice. E ainda bem.
Portanto, e para rematar, entendo que anda por aí muita gente que tem de se deixar de merdas e aceitar o processo democrático. O mesmo processo de democrático que permite que forças apostadas em derrubar a democracia se possam candidatar aos lugares que a democracia democraticamente disponibiliza a todos os que a eles se propõem, caso consigam persuadir o eleitorado nesse sentido. Que permite que o CH proponha Diogo Pacheco de Amorim para vice-presidente da AR. E que permite que os deputados votem contra ou a favor. Existem formas mais inteligentes de normalizar a extrema-direita. Acusar de falta de espírito democrático aqueles que se recusam a votar um nome só porque sim é só estúpido e sem sentido.
Dito isto, faço votos de que a esquerda e a direita democrática sigam o exemplo dos eurodeputados, e até de Angela Merkel, que preferiu entregar a governação da Turíngia ao Die Linke, ao invés de validar uma coligação liderada pelo seu próprio partido com a AfD como parceiro minoritário. A extrema-direita não pode passar. Deve ser combatida, todos os dias, com a melhor arma que a democracia nos concedeu: a liberdade. Não gostam? Azaruncho: faz parte. Como se diz agora por aí, é lidar.
É óbvio que uma democracia tem o direito de barrar o ascendente de um partido que faz a apologia de um passado que prendeu, torturou e matou milhares de compatriotas apenas porque não comungavam da sua ideologia e que foi apelidada de fascista. A história ensina-nos que ceder a estes grupos que se intitulam de extrema direita é meio caminho para cavarem a sua própria sepultura.Portanto, não ceder é o lema.
Claro!
E eu lanço aqui mais uma coisa que ainda não vi explorada: já alguém vasculhou as publicações do Quarto Pastorinho aquando da eleição da mesa da AR em 2019? Em quem votou?
Alguém me convence que o Quarto Pastorinho votou a favor, pelo menos, de alguns dos membros da mesa, por “respeito institucional”? De Ferro Rodrigues? De José Manuel Pureza? Duvido!
Seria uma vitória do equiparado a catedrático Passos, o homem porque muitos anseiam num remake a roçar a farsa de outra história com um lavrador letrado professor da Universidade de Coimbra no século passado. Lembrem-se de quem apoiou inicialmente Ventura e quem foi ao lançamento do livro do Gabriel Mithá..
O MDLP lutou pela liberdade!
Contra o totalitarismo esquerdista e comunista.
Não matou ninguém! ( ao contrario dos assassinos das FP 25, Brigadas Revolucionárias, ARA, etc etc etc)
Ora pois!
Tudo terroristas bonzinhos!
E não mataram ninguém, a não ser alguns casos “nunca decifrados”.
E sem falar no padre Max e na Maria de Lourdes.
Cito Miguel Carvalho “Quando Portugal Ardeu”:
” Os atentados bombistas mais violentos e mortais ocorrem precisamente em 1976. “Os meses de Abril e Maio são os mais sanguinários: é assassinado o padre Max, a embaixada de Cuba em Lisboa vai pelos ares, matando dois funcionários diplomáticos, um jovem morre na sequência do rebentamento de um carro armadilhado junto à sede do PCP na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma bomba explode numa residência em São Martinho do Campo, Santo Tirso, matando Rosinda Teixeira, a mulher de um trabalhador fabril”.
Terão sido estas as vítimas de bombas que “não mataram ninguém”.
Por mim só me dá gozo que o Costa não fale com o Chega, que ninguém do Chega seja eleito para cargos na Assembleia ou onde quer que seja.
Mais livres ficam para arrasar a cambada do novilíngua e das fitas idiotas que dizem ser o essencial da democracia.
Menos
Se calhar também andaste pela rede bombista do MDLP
O teu silencio confirma, bombista
Tanta coisa porque o homem não pode viver ainda melhor à custa do estado? Que vá trabalhar, pá.
Vou partilhar com a cambada, toda a minha experiência com bombas:
Um dia, em 1975, apanhei uma boleia no carro do amigo de um amigo, a caminho dum comício do Soares, de repúdio pela esquerdalhada.
No regresso ao café donde saíramos, no carro apinhado, ao meu lado ia um miúdo de uns doze anos filho do condutor, com um embrulho no colo.
A dado momento, o condutor diz para trás, ‘Onde está a bomba’? ‘Está no meu colo, pai’ – disse o miúdo.
… seriam operacionais do MDLP?
Disseste bem MDLP
“a caminho dum comício do Soares, de repúdio pela esquerdalhada.”
Confere. Esse bochechas, o cónego Melo, o bandido do Marco de Canaveses e muitos outros apoiavam o MDLP, a colocar bombas a assaltar sedes, a queimar carros etc.
Estas bem informado, PIDESCO
Pois, por essa altura…
Ouvi também uma história muito curiosa, que se passou numa sessão de esclarecimento do PCP. A certa altura, o Otávio Pato virou-se para uma individua que estava do lado direito da mesa e disse: “Ó camarada, abra aí a janela que está aqui muito calor”.
Fez-se um longo silêncio na sala. Estava tudo na espectativa do que iria sair dali.
Sem perder a compostura a tal “camarada” ripostou: “Ó camarada Pato, lá em Beja as abetardas andam à solta e comeram as cerejas todas”.
Seria operacional das Brigadas Vermelhas?